Os sete - andre vianco

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— E tu, sabes quem tem culpa em tua morte? Terezão levou rapidamente a mão ao pescoço. Balançou a cabeça afirmativamente e partiu atrás da menininha. — E tu? Tu já me disseste que sabes quem te cortou. Vai-te embora e cria-me tempo. Destrói aquele que te matou. E, se não for pedir muito, deixa alguém louco também. Como já disse, tem castigo que é pior que morrer. Vladimir, o esfaqueado, deu as costas para Manuel mostrando as doze perfurações e foi embora, ajuntando-se aos outros mortos que escalavam o muro tentando transpor a barreira metálica. — E vós três, já sabeis de quem vos vingar?

■ -; ■ O negro balançou a cabeça

afirmativamente. — O gajo, segura estes três! — protestou Inverno. — Então ide e vingai-vos. — ordenou Manuel, sem entender o receio do amigo. Os três soldados partiram em marcha acelerada para cima de Inverno. — É melhor que vós três desistais. Eu não posso matar-vos novamente, mas posso deter-vos eternamente, se preciso for. Os três pareciam não escutá-lo. Afinal, fora aquele estranho homem o responsável pela interrupção de suas vidas. Iriam matá-lo. Retribuir com a mesma moeda era o objetivo do trio. — Vês o que fizeste! — bradou Inverno contra Manuel. — Agora estes três vão me infernizar por cinco dias! O jovem negro saltou sobre Inverno, levando-o ao chão. — Agora chega! Não vos atrevais a me enfrentar! — gritou o vampiro. — O que eu fiz, posso fazer de novo. — Não, vamos te matar! — Não se mata o que já está morto! Inverno arremessou o negro para o alto, fazendo-o subir como uma bola, como um brinquedo infante. O corpo do defunto estatelou-se do outro lado do pátio, caindo em cima do caminhão de carregar cadáveres, provocando um barulho alto e impactante. Inverno colocou-se de pé e, quando o outro soldado saltou para cima dele, teve maior facilidade em se desviar usando sua velocidade vampírica. O jovem soldado não teve tempo de entender o que acontecia. Saltou para agarrar o vampiro, mas acabou se chocando contra o muro lateral do pátio do IML. Quando o terceiro soldado tentou atacar, percebeu que algo errado acontecia. Não conseguia se mover. Pela primeira vez após acordar voltava a sentir o frio. Inverno manteve o braço estendido na direção do soldado até que seu corpo congelasse


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