Introdução 31
massa. As empresas jornalísticas, de rádio e televisão,
um tom oficial – apesar do trabalho fundamental das
como ninguém ignora, são predominantemente con-
diversas organizações da sociedade civil que defen-
troladas por empresários ou políticos conservadores.
dem os Direitos Humanos.
Durante muito tempo, o tema e a luta pelos Direitos
fundo da questão, especialmente no tocante às violações
Humanos estiveram vinculados estritamente à socie-
de Direitos Humanos durante o regime militar. Até hoje,
dade civil. Em que momento o governo se apropriou
por exemplo, o País não teve a dignidade de declarar
da questão de maneira a ser figura predominante no
inconstitucional a indecente lei de anistia de 1979, que
foco das reportagens analisadas?
livra militares e policiais assassinos e torturadores de
Até pouco tempo, as violações de Direitos Humanos só
prestar contas à Justiça, quando leis semelhantes foram
chamavam a atenção das autoridades federais quando
anuladas em países vizinhos e declaradas incompatí-
eram denunciadas no exterior – o País ficava com a
veis com a Convenção Americana de Direitos Humanos
imagem ruim perante a comunidade internacional. Foi o
pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. Sobre
que ocorreu durante todo o Império com o problema do
isso, aliás, os meios de comunicação de massa mantêm
tráfico negreiro e da escravidão – e durante a República,
completo silêncio.
Mas os sucessivos governos jamais quiseram ir ao
até bem recentemente. Durante o regime militar, inclusive, a preocupação era de desmentir toda e qualquer denúncia de violação de Direitos Humanos no Brasil. Foi somente com o restabelecimento do estado de direito entre nós que as questões referentes a Direitos Humanos foram ganhando mais espaço nos meios de comunicação de massa. A partir do governo Fernando Henrique Cardoso, a proteção dos Direitos Humanos passou a fazer parte da agenda governamental. Se de um lado ganhamos mais preocupação por parte do Estado, do outro a questão passou a ter