Manual de História do Brasil

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MANUAL DO CANDIDATO – HISTÓRIA DO BRASIL

Texto complementar: O SEGUNDO GOVERNO VARGAS: NACIONALISMO X ENTREGUISMO. CERVO, Amado Luiz & BUENO, Clodoaldo in História da política exterior do Brasil. São Paulo, Ática, 1992 O segundo governo Vargas, em termos de política exterior, não assinalou grandes inflexões. O debate interno, todavia, foi grande em torno de como o Brasil deveria relacionar-se com o exterior, pelo fato de esse relacionamento ser um componente importante nas concepções sobre a solução do problema nacional do desenvolvimento. Duas grandes vertentes de opinião, preexistentes, exacerbaram as suas posições no período: a que foi rotulada pelos seus adversários de “entreguista”, por não dispensar, ter como necessária mesmo, a ajuda e a associação com o capital externo; e, em oposição a essa, a nacionalista, contrária à penetração do capital estrangeiro e denunciadora do imperialismo internacional. Esse debate relaciona-se, em parte, com a crise política, que adquiriu tal magnitude e se tornou prioritária nas atenções nacionais. Nacionalismo, soberania e questões conexas foram elementos construtivos da discussão havida no período em tela, verdadeira transição em termos de política exterior, que se desdobrou na Operação Pan-Americana de Juscelino Kubitschek de Oliveira e na Política Externa Independente de Jânio Quadros e João Goulart, consentâneas com o nacional desenvolvimentismo então vivido pelo país. O permanente problema relativo à exportação e à defesa do preço do café – principalmente daquele que era vendido para os Estados Unidos – exacerbou-se no segundo governo Vargas e no de Juscelino Kubitschek. Se se atentar para o alto percentual então representado pelo café na pauta das exportações brasileiras, poder-se-à aquilatar a magnitude de tal questão.61 Vargas chegou mesmo, tão logo assumiu a presidência, a procurar outras alternativas de mercado, sobretudo na Europa, para a sua colocação. O peso do café na pauta das exportações brasileiras e o fato de os Estados Unidos, tradicionalmente, serem os principais compradores, diminuíam, em escala considerável, a margem de manobra do Brasil. Os Estados Unidos tinham, nessa situação, um meio de exercer pressão sobre a economia brasileira.

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IANNI (1972, p. 44-57).

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