Manual de História do Brasil

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UNIDADE III – SEGUNDA REPÚBLICA

aproximadamente, os amotinadores foram obrigados a se render na presença do presidente da República. “Metidos em forma e escoltados, foram todos os presos enviados à Casa de Detenção.” Melancolicamente, depois da derrota se reconhecerá que “a posição do 3º Regimento, situado num ponto extremo da cidade sem saída, colocava a tarefa de sair imediatamente da cidade; mas isso não foi possível, porque a luta tinha lugar no seio mesmo do regimento, contra as forças do governo e, além do mais, contra as forças de artilharia concentradas na vizinhança”. Para atingir o centro do poder, os revolucionários escolheram uma guarnição, entre a montanha e o mar, onde poderiam ser facilmente encurralados. Enquanto isso ocorria no 3º RI, episódios semelhantes transcorriam na Escola de Aviação Militar no Campo dos Afonsos, cujo corpo de alunos, oficiais e soldados dos serviços auxiliares de guarda e manutenção formavam um efetivo de cerca de 1,2 mil homens. Sócrates Gonçalves da Silva dirigia o Pavilhão de Aeronáutica e Motores. Os líderes da revolta ali eram os capitães Agliberto Vieira de Azevedo e Sócrates Gonçalves da Silva e os tenentes Benedito de Carvalho e lvan Ramos Ribeiro. Após ampla propaganda da revolução, foi possível formar, entre os alunos da escola – na maioria, cabos do Exército selecionados para o curso de sargentos – aviadores –, um núcleo de revoltosos. O início desta revolta coincidiu, com diferença de poucos minutos, com a do 3º RI. Em vasta área, quase toda aberta, situada entre a estrada Rio-São Paulo, a Estação Deodoro e a Invernada dos Afonsos, está a escola. Vários pavilhões se distribuem a esmo; uns servindo de quartos e alojamentos; outros de oficinas e hangares. Duas estradas lhes dão acesso, ambas situadas à margem da estrada Rio-São Paulo, sendo que uma delas, a mais utilizada, está localizada na embocadura de um caminho que vai ter à enfermaria. Foi essa estrada que, durante a madrugada do dia 27, penetrou na escola o automóvel do capitão Sócrates, conduzindo o capitão Agliberto e os tenentes Benedito de Carvalho e Dinarce Reis. Por um outro portão, entrou o tenente Ivan Ramos Ribeiro, que tentaria sublevar a guarda de serviço. A prontidão não era rigorosa e geral como no 3º RI, mas parcial e compreendia a Companhia de Guardas, a Extranumerária e a Companhia de Alunos do Curso de Sargentos Aviadores. Todavia, em conseqüência dos acontecimentos em Natal e Recife a vigilância havia sido reforçada do dia 26 para o 27. Subitamente, irromperam tiros e rajadas de metralhadoras. O tenente Osvaldo Braga Ribeiro Mendes “friamente assassinou” o tenente Benedito Lopes Bragança. Os capitães Armando de Souza Mello e Danilo Paladini também foram mortos pelos revoltosos logo no início da insurreição.

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