Revista Conceitos - nº 17 | Dezembro 2012

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estão acontecendo, no âmbito das organizações, em relação às mudanças exigidas pelo mundo contemporâneo e às diversidades de inovações que surgem de forma acelerada. Nesse contexto, são claros o interesse e a relevância dados à liderança, tanto no espaço organizacional quanto pelos gestores em relação ao seu conceito, pois a liderança é um dos fatores determinantes, em termos gerenciais, para o mundo dos negócios e para a vida pessoal de um modo geral. Mas, apesar dessa importância, várias questões fundamentais ainda são esquecidas (COHEN, 1974), como, por exemplo, no que diz respeito à pouca tentativa de acumular e avaliar a pesquisa de ordem empírica sobre a confiança na liderança, que ainda é objeto de discussão na literatura, e sobre seus resultados, uma vez que não está claro o que a pesquisa empírica tem descoberto sobre as relações entre confiança e outros conceitos. Do ponto de vista académico, o que temos, em relação à questão da confiança na liderança, são dois enfoques: ela é concebida como uma variável de importância muito significativa (GOLEMBIEWSKI & MCCONKIE, 1975) e (KRAMER, 1999), mas, em contrapartida, esse fator é interpretado como de pouco ou nenhum impacto no que diz respeito à liderança (WILLIAMSON, 1993). Apesar desse enfoque, o conceito de liderança, em relação à confiança no líder, pode ser encontrado na literatura nas mais diversas situações - trabalho, equipe, comunicação, justiça, contratos, relacionamentos psicológicos, relacionamentos organizacionais, gestão de conflitos - e é um tema abordado por meio de várias disciplinas, como: Organização, Psicologia, Administração, Gestão Pública, Comunicação e Educação, entre outras, o que denota que liderança é um assunto que merece destaque nos mais variados âmbitos de estudo. Podemos conceituar liderança, singularmente, como a ação de guiar, conduzir e de antecipar, pois nela estão intrínsecas todas essas atitudes. Podemos afirmar que liderar é uma capacidade rara nas pessoas, mas essa habilidade não é prerrogativa de alguns, ela pode existir em todos os seres humanos. A liderança pode ou não ser desenvolvida, mas, para algumas pessoas, é mais confortável ser conduzido que conduzir, pois tomar decisões exige responsabilidades, mais esforço e acúmulo de trabalho, e poucas 80

são as pessoas que se dispõem a tomar para si essas atribuições, ao contrário, preferem ser guiadas e que os outros decidam por elas, pois é necessário coragem para tomar decisões, já que elas afetam ao grupo e, consequentemente, à vida pessoal de várias pessoas. Tomar decisões em instituições, grupos ou empresas é, de certa forma, responsabilizar-se pelo sucesso ou insucesso que possa advir dessa atitude. Com o avanço da tecnologia, a liderança, atualmente, deriva seu poder na estratégia, com uma nova visão, através de transformação convincente, ao invés de hierarquia, posição ou padrão de procedimentos operacionais (BRAYMAN, 1993). Assim, a liderança encontra-se atrelada a um componente de valor estratégico. Por exemplo: quando do furacão ‘Katrina’, que revelou uma emergência nacional e desordem no sistema de gestão incapaz de responder efetivamente às necessidades imediatas sentidas pelas comunidades ao longo da Costa do Golfo, a crítica centrou-se na falta de liderança em todos os níveis de Governo, especialmente na incapacidade da Federal Emergency Management Agency (FEMA) e do Department of the United States of American of Human Services (DHS), no que dizia respeito a montar um quadro de respostas ao ocorrido e de coordenar uma estratégia para aliviar a desordem. Os críticos apontaram para a emergência da gestão e de respostas para o ocorrido como sendo um problema de liderança (William L. Waugh Jr. and Gregory Streib, 2006). Quanto à liderança no setor público, embora não haja unanimidade em relação a sua definição nas organizações e, menos ainda, quanto ao papel do líder, parece razoável admitir que o papel do líder é o de assumir riscos, fomentar uma cultura própria da organização e definir estratégias adequadas para a concretização dos objetivos da organização, face às oportunidades e às ameaças do meio em mudança num contexto de incertezas (FIRMINO, 2010). Nesse panorama, há que se compreender como as organizações hoje estão estruturadas e tomando suas decisões, frente ao fenômeno da globalização, que modificou o cenário mundial de forma bastante abrangente, não só em termos organizacionais, mas também em todas as instâncias da vida que vivenciamos e incorporamos ao nosso cotidiano e na maneira de interpretar os acontecimentos. C O N C E I T O S Nº 17

Dezembro de 2012


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