Jornal da Adufmat - julho 2013

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Informativo da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso

Cuiabá/MT julho de 2013

REUNI

Modelo criado para aumentar vagas nas IFES funciona sequer sem estrutura Docentes e acadêmicos de Sinop reclamam da má administração e das péssimas condições de desenvolvimento da aprendizagem “Faltam técnicos nos laboratórios, material básico de apoio, a biblioteca não está ampliada por falta de espaço e monitorias. Não temos salas suficientes para atender os alunos e a carga horária é exaustiva, gerando desgaste físico e mental dos professores". Páginas 4 e 5

Indicação de greve, caso resolução 158 seja alterada Professores da UFMT, reunidos em Assembleia Geral dia 4 de julho, decidiram voltar a tratar sobre um indicativo de greve, se houver ameaça do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) votar qualquer alteração da resolução 158/2010. A 158 regula a carga horária docente.

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Estratégia

58º CONAD

Docentes terão como desafio dar concretude às deliberações

ADs reforçam comunicação sindical

Após quatro dias de 58º Conselho do ANDES-SN (Conad), o Sindicato Nacional e suas Seções Sindicais têm como grande desafio dar concretude às deliberações aprovadas no encontro, centradas no tema ANDES-SN: Sindicato de Luta, ampliando a organização da categoria e a unidade classista dos trabalhadores. Página 3

Uma forte comunicação sindical é instrumento indispensável à luta de docentes das universidades públicas estaduais e federais do país. Página 6

Bosque está salvo, mas a luta continua Página 7 Indiciamento de PMs não agrada estudantes da UFMT Página 7

Cultura marca dia de luta dos docentes da UFMT Página 11

Copa do Mundo

UFMT a serviço da FIFA Universidade colocou-se à disposição de um projeto que provoca impactos socioambientais e pode, em longo prazo, endividar o Estado. Página 7

Conjuntura

Por que o povo está nas ruas?

Página 11

11 DEO JULH

GREVE GERAL

Entrevista Carlos Roberto Sanches: “salário dos professores das universidades federais continua sendo o menor da pirâmide do serviço federal” Página 11


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Editorial

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as manifestações de junho e da “paralisação” de 11 de julho, várias lições / constatações/análises/... devem ser destacadas, tais como: o país mudou; os governos estão em cheque e desmanchando; a classe política procurou, como sempre, demagogicamente apresentar saídas com o apoio da mídia oficial; o governo central "defendeu” um plebiscito no primeiro momento; a fortuna do Eike Batista e a popularidade do governo petista, bem como da Dilma, não passavam de “bolhas”, etc. Por outo lado, o povo “dócil”, “alienado” pelo futebol, “indolente”, "consumista”,... cansou/reagiu/acordou/deixou de ser palhaço... Professores das universidades públicas participaram das manifestações de junho e da “ paralisação” do dia 11 de julho mas, na segunda de forma crítica, com reservas, questionando e, a partir de análises/artigos/entrevistas/... desenvolvidas antes e após a mesma, mais uma vez a coerência foi mantida. Cabe ressaltar que “militantes” das CUT e FORÇA SINDICAL foram bem pagos para participar da tentativa de apropriação dos movimentos de junho.

Entre as reivindicações surgidas, evidenciamos: Saúde e Educação com padrão FIFA, PEC 37- A QUAL FOI REJEITADA E, CONSEQUENTEMENTE, GERANDO NOVOS ENCAMINHAMENTOS, COMO POR EXEMPLO, “agora” o Ministério Público vai agir! Sobre a saúde, o governo do PT tirou da manga o projeto (sic)mais médicos – novamente sem ouvir a sociedade e os organismos relacionados com os profissionais envolvidos-, prática conhecida por nós já que, recentemente, sofremos a imposição da Lei da Carreira, nº 12772/12. Ainda, sobre a saúde, novos cursos de medicina foram autorizados pelo MEC e a UFMT foi “contemplada” com 02 (dois) novos, um em Rondonópolis e o outro em Sinop. Se considerarmos as condições de funcionamento do hospital veterinário do campus de Sinop, devemos “botar” nossas barbas de molho, pois os alunos daquele campus encontram-se paralisados como consequência das precarizações gerais de funcionamento e, em especial, pela total falta de experiência prática para a formação de veterinários. Basta observar as reportagens da imprensa do

Estado e as apresentadas nesse jornal. Para nós, precisamos conhecer as condições de funcionamento do H.U.J.M, para recolocarmos o debate sobre a EBSERH. Iniciamos no presente jornal o processo de busca de informações para tanto. Para além da greve dos alunos de Sinop, a qual conta com o apoio explícito do corpo docente, que já vinha debatendo e se posicionando sobre as condições de trabalho e precarizações reinantes naquele campus, evidenciamos também, as manifestações dos professores do campus de Barra do Garças no mesmo sentido. Já, em Cuiabá, deliberamos por indicativo de greve contra a resolução 158, a qual dá continuidade à reforma universitária em curso imposta pelo governo do PT ( reforma da previdência comprada, carreira docente, aumento de carga horária didática e a diminuição de “horas” para a pesquisa,...). Ainda, cabe ressaltar que aprovamos uma “vigília” permanente pela implementação dos 28,86% para todo os professores da UFMT, como determinado pela justiça após a publicação do Acórdão de Execução da sentença.

Pela carreira docente já! Não à privatização dos hospitais-escola! Contra a Ebserh! Contra terceirizações! Contra a exploração do trabalho! Por melhores condições de trabalho! Pelo fortalecimento do tripé ensino-pesquisa-extensão! Fora Prouni, Reuni e falsas políticas expansionistas! Pela democracia na UFMT! Contra o assédio moral!

INFORMES A Direção de Assuntos Sócio-Culturais destaca que haverá happy hours, no jardim da ADUFMAT, em toda primeira sexta-feira do mês, para que se crie a cultura da confraternização. Já anuncia que será realizada uma festa em homenagem aos docentes da UFMT, para marcar o 15 de agosto, Dia do Professor, mas ainda sem data e local definidos. O convite será enviado à categoria. Outra novidade é que serão formados grupos de teatro e dança, além do coral da seção sindical. Quem quiser participar já pode ficar de sobreaviso. E, em dezembro, aguardem o evento para comemorar o aniversário da ADUFMAT!

Tribunal Regional do Trabalho suspende concurso da Ebserh para HU de Brasília Os editais do concurso público da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) para cadastro reserva foram suspensos, após decisão do Tribunal Regional do Trabalho, que julgou procedente o pedido de antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional apresentado

pelo Ministério Público do Trabalho. O MPT entrou com pedido de liminar para a retificação dos editais por entender que os mesmos, ao privilegiar com maior pontuação profissionais com experiência em hospitais de ensino, agridem o princípio da isonomia.

Em sua sentença, a juíza Nátalia Queiroz Cabral Rodrigues determina que a Ebserh “deverá retificar os editais de nºs 02, 03 e 04 que regulam o atual concurso para provimentos de empregos no HUB, nos termos dos itens 1, 2 e 3 da inicial, sob pena de multa diária no valor de

R$50.000,00, por edital não retificado e por obrigação não cumprida”. Esta é umas das várias representações judiciais contra a Ebserh desde sua criação. Fonte: ANDES-SN

Transexuais terão direito a usar nome social na UFPel A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) acaba de entrar para a lista das instituições de ensino superior que permitem o uso no nome social por transexuais nas dependências da universidade. A medida valerá para documentos, como carteira de estudante ou funcional, listas de chamada e arquivos públicos. A decisão foi aprovada pelo Conselho Universitário na segunda-feira

(29) e entrará em vigor a partir de outubro, segundo semestre letivo de 2013. No entanto, o nome civil continuará a vigorar para emissão de diplomas, certificados ou atestados. A medida também já foi adotada por outras instituições, como a Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFSM), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),

Universidade Federal do Amapá (Unifap), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Para o reitor da UFPel, Mauro Del Pino, a medida atende a uma reivindicação do movimento estudantil em todo o país. “É uma maneira de evitar constrangimentos e exclusões”, observou. A resolução está baseada na Constituição Federal

e é adotada após pareceres favoráveis da Procuradoria Jurídica da universidade e da Advocacia Geral da União (AGU). A Resolução atende também ao pedido do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFPel, protocolado na Secretaria dos Conselhos Superiores em maio deste ano. Com informações do G1, Assessoria Comunicação UFPel, Terra Fonte: ANDES-SN

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expediente

Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso ADUFMAT-SSind. do ANDES-SN

DIRETORIA Presidente: Carlos Roberto Sanches Vice-Presidente: Odilzon das Neves Grauz Diretora-Tesoureira: Maria Luzinete Vanzeler Diretor-Secretário: Robson Felipe Viegas da Silva Diretor de Imprensa e Divulgação: Lázaro Camilo Recompensa Joseh

Diretora de Assuntos Sócio-Culturais: Gleyva Maria S. de Oliveira Diretora de Assuntos de Aposentadoria: Iva Ferreira Gonçalves Conselho Fiscal: Juliana Ghisolfi, Sirlei Silveira, Sinthia Cristina Batista Conselho de Representantes de Barra do Garças: Adenil Costa Claro Representante em Sinop: Gercine Sanson Tiragem: 1,8 mil exemplares

O conteúdo dos artigos assinados é de responsabilidade dos autores e não correspondem necessariamente a opinião da diretoria da ADUFMAT-SSind.

Jornalistas: Keka Werneck (DRT-MT 610), Mariana Freitas (DRT-MT 1701) Fotos: Keka Werneck, Mariana Freitas e Renata Maffezoli (ANDES-SN), Duflair Barradas (LATITUDE) e Luiz Fernando Nabuco (ADUFF-SSIND) Revisão: Luana Soares de Souza Endereço: Avenida Fernando Corrêa da Costa, s/nº Campus da UFMT – Coxipó - Cuiabá-MT Fone-fax: (65) 3661-4290 ou (65) 3615-8293 www.adufmat.org.br adufmat@terra.com.br contato@adufmat.org.br comunicacao@adufmat.org.br


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Docentes terão como desafio dar concretude às deliberações do 58º Conad Durante a plenária de encerramento, o secretário-geral do ANDES-SN fez a leitura da Carta de Santa Maria, que traz uma síntese das ações para o próximo período Moções

Plenária do 58º Conselho do ANDES-SN (Conad)

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pós quatro dias de 58º Conselho do ANDESSN (Conad), o Sindicato Nacional e suas Seções Sindicais têm como grande desafio encaminhar às deliberações aprovadas no encontro, centradas no tema “ANDES-SN: sindicato de luta, ampliando a organização da categoria e a unidade classista dos trabalhadores”. Durante a plenária de encerramento, na tarde deste domingo (21), o resultado do intenso trabalho iniciado na última quinta-feira (18) e a qualidade dos debates, tanto nos grupos mistos quanto nas plenárias, foram destacados pela presidente do ANDES-SN, Marinalva Oliveira. Além da avaliação e atualização do plano de lutas geral e dos setores, os delegados aprovaram uma agenda com atividades que serão trabalhadas ao longo do segundo semestre, com ações previstas já para o início de agosto. Como primeiros desafios estão a organização do dia 6 de

agosto nos estados e no Distrito Federal, em articulação com outras entidades, contra o chamado Projeto de Lei das Privatizações (PL 4330) – que permite a terceirização das atividades das empresas e instituições públicas. Além disso, a convocação feita pelas oito centrais sindicais e movimentos sociais para um dia de greves, paralisações e mobilização geral em todo o país no dia 30 do mesmo mês. “Para dar concretude ao calendário de mobilizações, precisamos da agilidade das Seções Sindicais nas ações, mas sem atrapalhar a nossa forma organizativa”, afirmou Marinalva. Para alcançar os resultados esperados, a presidente do ANDES-SN ressaltou a necessidade de ampliar-se a organização da categoria e de levar a campanha de sindicalização para cada local de trabalho. “Temos que apresentar aos novos professores e aos que ainda não são filiados a nossa proposta de

universidade, que consta no Caderno 2 atualizado no Congresso, e ampliar a nossa base para fortalecer o nosso sindicato. Este é o grande desafio. Só assim conseguiremos vitórias”. “Saímos daqui com muita satisfação e certeza que demos conta de discutir todas as resoluções propostas no Conad. Os debates nos grupos foram riquíssimos. Vamos voltar para as nossas Seções e afirmar aos nossos companheiros que um a mais é muito mais”, concluiu Marinalva, fazendo referência ao mote da campanha de sindicalização do ANDES-SN. A sensação de dever cumprido também foi ressaltada pelo presidente da Sedufsm, Rondon de Castro, durante a plenária de encerramento no início da tarde deste domingo (21). Emocionado, o professor agradeceu a presença e empenho de todos os participantes no Conselho de ANDES-SN, e também das pessoas que trabalharam na organização do Conad.

Na plenária de encerramento foram aprovadas 13 moções. Entre as motivações estão o repúdio à repressão policial e criminalização dos movimentos sociais durante as manifestações do último mês, o apoio à greve dos estudantes do curso de cinema e audiovisual da UFPA e o repúdio ao uso da força policial para desalojar os estudantes que ocuparam o prédio da Reitoria da Unesp em São Paulo. Reforçando o caráter internacionalista do Sindicato Nacional, os delegados aprovaram também uma moção de repúdio ao ato ilegal e autoritário do Reitorado da Universidade de Buenos Aires (UBA), que pretende aposentar compulsoriamente centenas de docentes da UBA, descumprindo a lei argentina nº 26508, aprovada por votação unânime no Congresso Nacional, que permite ao professor optar pela aposentadoria ou não aos 65 anos.

Apoio ao movimento de Santa Maria: do Luto à Luta Em agradecimento ao apoio dado pelo ANDES-SN na luta por justiça na tragédia da Boate

Kiss, o representante do Luto à Luta, Flávio da Silva, presenteou a presidente do ANDES-SN com uma camiseta do movimento. “Em nome do movimento e todos os pais e parentes das vítimas e sobreviventes da tragédia, agradeço ao ANDESSN e demais entidades que participaram deste evento pela demonstração de solidariedade e pela homenagem feita com a caminhada. Peço que continuem nos dando apoio e se manifestando em favor da nossa causa”. Marinalva reafirmou o apoio do Sindicato Nacional ao movimento. “O ANDES-SN está junto nessa luta por condições e direitos básicos para a população e por justiça, por cada um dos jovens que tiveram o sonho interrompido de forma brutal, em nome do capital e do lucro. Sintam-se acolhidos por nós enquanto Sindicato Nacional. Muita força na luta”.

Números do 58º Conad Realizado em Santa Maria entre 18 e 21 de julho, o Conselho do ANDES-SN contou com a participação de 53 Seções Sindicais, 49 delegados, 77 observadores, 34 diretores e dois convidados. Fonte: ANDES

Indicação de greve, caso resolução 158 seja alterada Professores da UFMT, reunidos em Assembleia Geral dia 4 de julho, decidiram voltar a tratar sobre um indicativo de greve, se houver ameaça do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) votar qualquer alteração da resolução 158/2010. A 158 regula a carga horária docente. Caso sejam aceitas as sugestões da Administração, haverá aumento da carga horária dos professores em sala de aula de oito a 10 horas para 20 horas, e de 12 a 16

horas para 40 horas. A proposta também reduz o tempo para preparação das aulas de 1h30 para 1h e muda a dinâmica de orientação de alunos. A categoria critica a falta de debate sobre isso junto à base. Só os diretores de Institutos foram chamados às reuniões para conhecer o projeto. Alterações serão aceitas caso os docentes sejam ouvidos e tenham suas sugestões acatadas.

Para os professores, a resolução visa atender a um modelo de universidade que vem sendo implementado com o REUNI, em que o número de professor por aluno pula de 8/1 para 22/1. Com o aumento de alunos na graduação e a falta de concursos públicos que atendam à demanda, os docentes são impulsionados pela regulamentação da carga horária a se manter em sala de aula, em detrimento da pesquisa, extensão e a pós-graduação.


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REUNI: modelo criado para aumentar vagas nas IFES funciona sequer sem estrutura Docentes e acadêmicos reclamam da má administração e péssimas condições de desenvolvimento da aprendizagem

Instalação provisória do RU não comporta acadêmicos e em horários críticos provoca tumulto

“Faltam técnicos nos laboratórios, material básico de apoio, a biblioteca não está ampliada por falta de espaço e monitorias. Não temos salas suficientes para atender os alunos e a carga horária é exaustiva, gerando desgaste físico e mental dos professores". Com esse depoimento abrimos a reportagem para retratar as condições dos docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) - Campus Sinop, a 500 quilômetros de Cuiabá, local em que foi implantado o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). Gerdine Sanson é professora universitária do curso de Medicina Veterinária e está no Campus desde 2009. Embora esteja há pouco tempo, a docente consegue perceber a dificuldade que os professores enfrentam para lecionar na universidade. "Eu vejo que hoje está muito melhor do que quando eu cheguei aqui, mas os docentes mais antigos já não estão conseguindo trabalhar, pois, os entraves são múltiplos. Alguns colegas nos contam que antigamente era quase que impossível dar aula no Campus. Houve melhoras, mas ainda estamos muito longe de alcançarmos o ideal. As dificuldades são muito grandes", relata. Sobre o REUNI, a professora explica que o modelo educacional não tem funcionado como proposto pelo Governo Federal.

"Eu sou uma das professoras extremamente penalizadas com esse modelo de organização. Todos os docentes das áreas básicas, e não de cursos específicos, precisam ter alguma união que permita trabalharem os problemas em comum. O que está acontecendo aqui em Sinop é que os professores estão naturalmente se organizando de uma forma informal, em torno de problemas comuns que não conseguem ser resolvidos por uma organização como essa que foi aplicada em Sinop e que, com certeza, nos próximos anos vai trazer alterações", pontua. A professora ressalta ainda a falta de resolução dos problemas, que implica muito no desenvolvimento das ações dentro do campus. "O que acontece é que ninguém dentro dessa estrutura tem poder pra resolver esses problemas, que só vão se acumulando e futuramente vai gerar uma demanda que vai exigir da administração uma solução. Isso naturalmente vai trazer mudanças e é o que nós esperamos". Uma das maiores reclamações dos docentes, segundo Sanson, é a sobrecarga de trabalho que impossibilita o professor de fazer pesquisa e extensão que são uma das características da Universidade, como aponta o professor Yuri Alexandroveish: “A qualidade de ensino está caindo, pois o professor não tem tempo para pesquisar e levar um ensino de

qualidade aos alunos. Os docentes precisam estar atualizados, fazer reciclagem sempre. Além disso, outro agravante é a situação física dos professores. Muitos estão sendo afastados por problemas de saúde, como doenças físicas e psicológicas. Os docentes já não estão aguentando mais", desabafa. A situação é alarmante. Denúncias dos professores chegaram à Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso – ADUFMAT S. Sind. Uma das mais graves foi o fato de docentes trabalhando até 24h semanalmente, mais que o determinado (normal é entre 8h para os que fazem pesquisas e 16h para aqueles que não possuem projetos em andamento). Mas não é só isso que preocupa a diretoria da ADUFMAT. Outra questão é a produção científica, que no país é medida pela quantidade de trabalhos acadêmicos. Embora o número seja grande, com a falta de tempo aplicada a essas atividades tendem a interferir na qualidade dos trabalhos, que por ventura tem sido inferior a outros países, como mostra levantamento feito pelo grupo SCImago Institutions Rankings (SIR), que consiste em um projeto de avaliação da investigação científica das universidades do mundo. No ranking da pesquisa, o Brasil subiu de 17º lugar mundial para 13º. Só em 2011

os pesquisadores brasileiros publicaram 49.664 artigos, três vezes mais que a produção de 2001 (13.846 trabalhos). Isso mostra que os números são grandes, entretanto, a qualidade dos trabalhos científicos não acompanha o mesmo ritmo a nível internacional, já que os projetos brasileiros são os menos citados em relação a outros países. Para o presidente da ADUFMAT, Carlos Roberto Sanches, que visitou o Campus e ouviu os docentes, a situação em que eles se encontram é preocupante. Segundo ele, o maior entrave para a realização de projetos de qualidade está justamente ligado ao fato dos professores não terem tempo suficiente para as pesquisas. “Eles sofrem muita pressão para fazer os projetos. São avaliados a cada dois anos pela própria Reitoria da UFMT e Ministério da Educação (MEC), e caso queiram uma progressão e promoção relacionado à docência, são obrigados a produzir uma certa quantidade de trabalhos científicos, o que nem sempre é feito como deveria ser", pontua. Sanches ressalta que os projetos científicos dos professores universitários acabam se tornando inviáveis, já que os docentes precisam estar fora do campo didático para realizar as pesquisas. "Com a maioria do tempo dentro de sala de aula, o que é feito nesse pouco tempo que lhe resta acaba interferindo

na realização desses projetos, por isso as nossas pesquisas não são tão reconhecidas em outros países quando se trata de qualidade”, completa. A categoria mais explorada pela Reitoria, na opinião do professor de História e Diretor Secretário da ADUFMAT, Robson Felipe Viegas da Silva, é a dos profissionais recém-ingressos, que se encontram em estágio probatório. “Esses são os que mais sofrem. Como acabaram de ingressar, estão em fase de ‘teste’ e são atingidos psicologicamente e até submetidos a assédio moral”, enfatiza. Outras reclamações vieram da categoria estudantil, que alega não ter a atenção da Reitoria para suas necessidades. Falta de estrutura nas salas de aulas, poucos materiais didáticos e falta de política de manutenção dos ingressantes na Universidade são as principais reclamações dos estudantes, como é o caso do acadêmico Jhony Ourives, do curso de Engenharia Florestal, que relata a falta de atenção da Reitoria dada aos alunos do Campus. "Os problemas são diversos, desde transporte na Universidade, biblioteca, qualidade da refeição do Restaurante Universitário e o valor da xérox. Mas o que mais buscamos mesmo é que a Reitoria entenda que precisamos de espaço para ficar dentro da Universidade. Não temos assistência estudantil adequada. Não existe a casa do estudante e as condições internas no Campus são precárias. Por exemplo, em final de semestre fica impossível de estudar dentro da biblioteca, pois o espaço é pequeno e faltam computadores para pesquisa”, afirma. Em entrevista, o Pró-Reitor Marco Antonio Araujo afirma que mudanças já estão ocorrendo. "O Restaurante Universitário já está em construção, bem como a extensão da biblioteca, para que caibam mais alunos. O Campus é novo e está crescendo. Infelizmente não depende só de nós. Os prazos existem e estamos lutando para que eles possam ser acelerados, mas temos que ter paciência", informou.

História Implantado em 1981, em uma área de 60 hectares, o Campus Sinop teve a sede provisória em 1992, funcionan-


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do improvisadamente na escola Thiago Aranda Martin, mas popularmente conhecida como CAIC, mas só em 2006 deu-se inicio à instalação definitiva no Campus. O município é o principal polo econômico e universitário do norte do Estado, com uma população de 105.762 habitantes, segundo dados do IBGE/2007. Devido ao seu grande potencial econômico, o Campus Sinop possui cursos de graduação relacionados à agropecuária, formação de professores, saúde e meio ambiente. Atualmente oferece dez cursos: Agronomia, Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia Florestal, Enfermagem, Farmácia, Medicina Veterinária, Zootecnia e Licenciatura em Ciências da Natureza, com ênfase em Física, Química e Matemática. Está previsto para o primeiro semestre de 2014 a implantação do curso de Medicina. O Campus Sinop conta com 200 professores efetivos e mais de 3 mil acadêmicos. De acordo com a Pró-Reitoria do Campus, ainda esse ano deve sair o edital para a contratação de 24 professores na área de medicina, sendo 12 para Sinop e 12 para Rondonópolis.

Estatuto O presidente da ADUFMAT, Carlos Roberto Sanches, é enfático ao dizer que a extinção dos departamentos na Universidade vai de encontro com o Estatuto da Instituição, conforme descrito no Título II, que trata da estrutura acadêmica e administrativa da universidade. “É totalmente inadmissível uma instituição ser contraditória a sua própria lei”, implica. O artigo 5º ressalta: “A universidade Federal de Mato Grosso organizar-se-á com observância dos princípios da gestão democrática, da solidariedade e da descentralização, conforme estabelece este Estatuto”. Partindo desse pressuposto, é relevante destacar a importância da criação dos departamentos nos institutos das áreas afins, tais quais devem ser responsáveis pela discussão dos projetos realizados pelos docentes dos respectivos cursos, como descrito no Artigo 8º do estatuto: “O Departamento é a unidade célula da estrutura acadêmica, dotado de autonomia administrativa e organizado por área de conhecimento, constituindo a unidade exclusiva de lotação de professores, tendo como objetivos principais, coordenar, planejar e executar, em seu âmbito as atividades administrativas ligadas ao ensino, pesquisa e extensão”.

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Docentes se reúnem para discutir decisão da Reitoria sobre carga horária

Sanches indaga que o REUNI não tem funcionado como deveria nas universidades. “Extinguiram diversos departamentos da UFMT. Assim, as decisões são feitas por apenas um único grupo de Colegiado e não por setores acadêmicos, como deveria ser. Dessa forma, os professores não tem a quem recorrer. Eles ficam omissos e acabam aceitando tudo o que lhes é imposto pela Reitoria”, conclui. Os departamentos existem para que haja geração de políticas acadêmicas, discussões das atividades dos docentes das áreas afins, bem como a avaliação de desempenho do profissional da educação. Atualmente, alguns Institutos sem departamentos tomam suas decisões aleatoriamente, sem um profissional habilitado para uma determinada área. Nesse caso, os projetos dos professores cuja área de atuação não tem departamento, são avaliados por uma Comissão Permanente do Pessoal Docente – CPPD, criado pela própria Reitoria da Universidade.

Campus Cuiabá No Campus Cuiabá da UFMT a situação não é muito diferente. O Instituto de Física (IF), por exemplo, foi um dos que sofreram toda mudança estrutural do REUNI, extinguindo os departamentos, conforme a Resolução do Conselho Diretor (CD) nº 20/2008, no Art. 1º: I - Fica extinto o Departamento de Física previsto na estrutura do Instituto de Ciências Exatas e da Terra. II - Fica criado o Instituto de Física – IF. O professor universitário e diretor do Instituto de Física, Alberto Sebastião de Arruda,

analisa a implantação do REUNI de forma positiva. "Com Instituto temos o acesso direto com a Direção do Campus, facilitando o atendimento das nossas necessidades. Também houve a renovação do quadro de professores. Embora tenhamos pedido 14 e vieram apenas 8, mas o mais importante foi a vinda do curso de Bacharelado em Física. O REUNI foi a única alternativa para conseguirmos trazer o curso para o Campus", enfatiza. Por outro lado, Arruda reconhece que o número de docentes oriundos do REUNI é insuficiente para atender o Instituto, o que tem gerado a sobrecarga dos professores. "O trabalho intelectual exige muito. A área de exatas requer muita dedicação, se o professor dá muita aula, ele não tem cabeça para fazer pesquisa, é desgastante”, relata. O Instituto está em reforma e alguns equipamentos estão praticamente a céu aberto por conta da demora e os laboratórios estão sucateados, implicando na qualidade de ensino, conforme afirma o aluno do último semestre do curso de Bacharelado em Física, Marcelo Felipe Zanella, 22 anos. "Os equipamentos são poucos e estão ultrapassados. Por sorte, pela natureza do curso, no final a quantidade de alunos que se formam é pouca, mas sentimos a dificuldade lá no inicio, quando tem um número considerável de estudantes e os equipamentos são insuficientes. Isso prejudica no nosso aprendizado, alem do cheiro horrível de infiltração causada por urina de morcegos nos laboratórios". Sobre a reforma, o Diretor do Instituto diz que a Reitoria já deu inicio às obras, e tem uma proposta de atualizar os laboratórios. "Estamos fazendo um levantamento dos materiais, embora saibamos que os

equipamentos são de alto custo e, a maioria deles não é comprada pela Reitoria. São conquistas dos professores, pelos trabalhos de pesquisas realizados na área". Estrutura - O Instituto de Física compunha o Centro de Ciências Exatas e da Terra – CCET, que agregava os cursos de Física, Matemática, Engenharia Civil e Elétrica, Geologia e Química. Com o desmembramento das áreas da Eng. Civil e Elétrica, formou-se o Instituto de Ciências Exatas e da Terra (ICET), com os cursos de Estatística, Química, Física, Geologia, Computação, Matemática, que também passou por uma transformação, juntamente com a Faculdade de Engenharia Civil, Elétrica e Arquitetura e deu origem ao Instituto de Física e Faculdade de Computação.

O IF possui 2 graduações, 3 pós graduações e 5 coordenadorias. Possui apenas uma secretária, cinco laboratórios de ensino e dois técnicos, sendo que um deles está em processo de aposentadoria. A média de hora/aula dos professores, segundo a Direção do Instituto, é de 10h. Poucos fazem 8h, e 6 professores estão com 12h. Atualmente há 18 alunos para cada professor, sendo que o ideal seriam 12 alunos por professor. A reportagem da ADUFMAT S.Sind tentou contato com a Reitora da UFMT, Maria Lúcia Cavalli Neder, para colher declaração sobre o REUNI, mas até o fechamento dessa edição não logramos êxito, pois segundo a assessoria de imprensa “a Reitora não teria espaço na agenda”.

O que é o REUNI

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om o objetivo de criar condições para a ampliação de vagas e garantir o acesso e permanência na Educação Superior, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) foi criado pelo governo federal, instituído pelo Decreto nº 6.096, de 24 de Abril de 2007. O modelo educacional tem como diretrizes o compromisso de ofertar formação e dar apoio pedagógico aos docentes, com a utilização de práticas modernas e tecnologias de apoio à aprendizagem. A meta é aumentar o número de cursos noturnos, docentes e alunos nos cursos de graduação em dez anos, e permitir o ingresso de 680 mil alunos a mais nos cursos de graduação em todo o país. O REUNI é uma das ações que integram o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Em Sinop, o REUNI foi implantado em 2007. Já no Campus Cuiabá, desde 2004 já funcionava de forma experimental, na gestão do ex-Reitor Paulo Speller (2000/2008). Desde então, o modelo de estrutura administrativa e gerencial privado, que é a marca do REUNI, foi sendo implantado sub-repticiamente o que causa a indignação da classe docente que se vê explorada, assim como dos discentes que não têm garantia das melhores condições de aprendizagem e permanência na Universidade.


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ADs reforçam comunicação sindical Uma forte comunicação sindical é instrumento indispensável à luta dos professores das universidades públicas estaduais e federais do país. Por isso, é preciso consolidar, junto às seções sindicais do ANDES-SN, núcleos de jornalismo e assessorias de imprensa capazes de cumprir essa tarefa. Este foi o encaminhamento central do III Encontro Preparatório do II Encontro Nacional de Comunicação do Sindicato Nacional, que reuniu em Niterói (RJ), entre os dias 6 e 7 de julho, jornalistas e diretores

Giro pelas Ads Adufrj denunciou que a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), financia pesquisa de armas não-letais para a polícia. A direção da ADUFF retomou, este mês, o projeto “Sindicato Itinerante” no interior. A iniciativa é mais uma ação de aproximação do sindicato com a categoria.

de comunicação de seções sindicais das regiões mais próximas. A ADUFMAT foi representada. Foram dois dias de intenso debate político e de levantamento dos principais problemas que permeiam o setor de comunicação na sede da ADUFF, que é a seção dos docentes da UFF. Um dos entendimentos consensuais é que o setor de jornalismo não pode atuar desconexo ao GT de Comunicação, que deve indicar os caminhos políticos e a abordagem de temas que reflitam as angústias da

base da categoria. O que o ANDES-SN pretende com isso é executar o Plano Geral de Comunicação, aprovado no 55º Congresso Nacional. O Plano consagra uma discussão antiga e que está a cada dia mais madura. “Estamos refletindo sobre isso desde 1996, no I Encontro de Comunicação da ANDESSN”, destaca o professor Rondon de Castro, que preside a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria (SEDUFMS) e é diretor do ANDES-SN.

ASPUV conseguiu, através de assessoria jurídica, decisão favorável a uma professora filiada aposentada há mais de 15 (quinze) anos para manter o valor de seu adicional por tempo de serviço (hoje chamado anuênio) de 46% para 13%.

TCU é de responsabilidade da Administração Central da UFRRJ. O juiz já apreciou o processo, sem ainda deferi-lo favorável à ação, e que o mesmo havia sido conduzido para novo "posicionamento/encaminhamento".

A ADUR-RJ protocolou a ação de antecipação de tutela, junto a Vara Federal do Rio de Janeiro, com o objetivo de que o pagamento dos adicionais de periculosidade e insalubridade fosse restabelecido, uma vez que o não cumprimento das exigências do

ADUnB completou 35 anos da criação com um jantar dançante com o tema “Festa dos Estados”. A Associação dos Docentes foi criada oficialmente em 24 de maio de 1978 e todos os anos essa data é lembrada com um grande evento.

Registrados pelo menos três movimentos grevistas de discentes Há vários movimentos grevistas de estudantes universitários registrados pelo país; um deles na UFMT, campus de Sinop. No dia 22 de julho, os acadêmicos fecharam a entrada do campus com pneus e pedaços de madeira para reivindicar a aquisição de equipamentos para o hospital veterinário e funcionamento imediato dele, assim como dos blocos de Farmácia; a construção de um centro de vivência e a disponibilização de um centro provisório até que o permanente fique pronto; construção de um complexo esportivo; ampliação da biblioteca; funcionamento do restaurante universitário; construção de uma guarita e mais segurança; criação do conselho máximo do campus; estruturação; unificação da fazenda experimental e legalização do xerox. Também são exigidos concursos imediatos para contratação de novos professores. Os manifestantes vetam a reformulação da Resolução 158 do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (CONSEPE), que aumentaria a carga horária dos docentes. Os estudantes apontam que os professores já estão sobrecarregados e essa mudança na resolução inviabilizaria ainda mais a pesquisa e a extensão. Em março, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) fez um movimento pacífico para demonstrar a insatisfação dos estudantes quanto à falta de espaço destinado à leitura e estudos extra-classe, assim como a falta de computadores com livre acesso. Eles cobraram a ampliação da biblioteca, mais mesas, mais computadores com internet e o aumento do acervo bibliográfico.

A UFMT Sinop tem mais de três mil acadêmicos nos cursos Agronomia, Enfermagem, Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia Florestal, Farmácia, Medicina Veterinária, Zootecnia, Licenciatura em Ciências da Natureza, com ênfase em Física, Matemática e Química. Já os estudantes do Campus IV (Rio Tinto/Mamanguape) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) estão em greve desde o dia 9 de julho. Na data, os estudantes também ocuparam a direção do campus e permanecem lá até o momento. Eles reivindicam melhorias no campus (RU's, residência, estrutura de laboratórios, livros na biblioteca), assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) pela Reitoria e Direção de Centro e exigem ser atendidos pela Reitoria no próprio campus. Segundo os estudantes, antes da greve ter sido deliberada em assembleia estudantil realizada no dia 9 de julho, foram realizadas várias tentativas de negociação, todas sem sucesso. “Com a falta de negociação por parte da Reitoria, o movimento resolveu tomar essa atitude, pois vem desde fevereiro tentando o diálogo”, explica Pedro Henrique, estudante em greve. Os estudantes afirmam que não há previsão para o encerramento da greve, já que, segundo eles, a Reitoria está sendo intransigente e não está dando o devido respeito ao movimento, pois ainda

não se pronunciou. “A expectativa do Comando de Greve é que esta mobilização traga benefícios e respeito por parte da Reitoria, para que ouça as reivindicações e abra as portas para negociações que gerem resultados, como ocorreu em 2010 após uma greve geral”, cita informe do Comando de Greve. Em greve desde o dia 16 de julho, os estudantes de comunicação seguem mobilizados e realizando atividades de debate e de protesto. Em assembleia na sexta-feira (26), os estudantes deliberaram em assembleia pela continuidade da paralisação, segundo informação no blog do Centro Acadêmico de Comunicação. Na Universidade Federal do Pará (UFPA), estudantes da Faculdade de Comunicação (Facom) paralisaram as atividades curriculares por tempo indeterminado requerendo melhores condições de infraestrutura e recursos humanos na Faculdade. O estopim para o início do movimento foi a reincidente ausência de infraestrutura dos laboratórios que envolvem as atividades audiovisuais. “Os estudantes, já há alguns anos, têm que responder com ‘criatividade’ à falta de equipamentos e técnicos habilitados para operar equipamentos caros, pesados e, não raro, defasados. Ou ainda, recorrem a improvisos para desenvolver

as atividades do curso, como fazer ‘vaquinha’ para pagar iluminador e cenário. Não raro, o que ‘salva’ o laboratório é o uso de equipamentos pessoais dos alunos,” desabafou Kleyton Silva, estudante de Jornalismo. Além da ausência de equipamentos nos laboratórios, os alunos também reclamam da precariedade do espaço físico do instituto (bebedouro com defeito, insalubridade dos banheiros, falta de acessibilidade para deficientes físicos etc) e exigem concurso público para docentes e técnicos administrativos. Os professores decidiram apoiar o movimento dos discentes e, junto com eles, se reuniram com o reitor da UFPA, Carlos Maneschy. No entanto, não houve acordo com a Administração Superior, pois o reitor não se comprometeu com prazos para atender as reivindicações. Os estudantes também receberam apoio do Sindicato dos Jornalistas do Pará. Fonte: ANDES-SN


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UFMT a serviço da FIFA Universidade colocou-se à disposição de um projeto que provoca impactos socioambientais e pode, em longo prazo, endividar o Estado

Ilustração do Centro Oficial de Treinamento da UFMT (COT)

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alta menos de um ano para a Copa do Mundo de Futebol. Se Cuiabá é um imenso canteiro de obras, a UFMT, sede de um dos Centros Oficiais de Treinamento (COT), também tem sua cota de intervenções. Mas engana-se quem pensa que esse é o único papel desempenhado pela maior universidade do Estado. Além de ser uma das bases para o treinamento das seleções estrangeiras, a UFMT atendeu à demanda da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) por pesquisas que avaliassem o cenário socioeconômico para a realização do megaevento. Coordenados pelo Pró-Reitor de Cultura, Extensão e Vivência, Fabrício Carvalho, foram quatro pesquisas encomendados pela Secopa: um levantamento dos espaços para prática esportiva nos municípios da baixada cuiabana; uma projeção do legado do evento; um estudo das necessidades do comércio para receber os visitantes e; por fim, o mapeamento das famílias impactadas pela

Construção da Avenida Parque do Barbado

construção da Avenida Parque do Barbado. Pagos pela Fundação Uniselva, os projetos foram executados por pesquisadores doutores que coordenaram equipes formadas por docentes e estudantes. A oferta dessas equipes às necessidades da Secopa é uma posição política da reitora Maria Lúcia Cavalli Neder e sua gestão, como nos diz Fabrício: “Desde quando a Copa do Mundo foi anunciada para Cuiabá, a reitora Maria Lúcia determinou que os professores e a comunidade se mobilizassem no sentido de nos prepararmos para esse momento para que estivéssemos prontos para contribuir com o que fosse necessário”. Essa mobilização, com iniciativa da Administração Superior, foi feita “via portaria”, gerando uma comissão designada para, nas palavras do Pró-reitor, trabalhar e pensar para que os impactos fossem “tratados de forma positiva”. “Desde o início nós temos feito trabalhos de otimização dos recursos, propondo soluções. Toda a parte acadêmica científica foi mobilizada

numa primeira etapa no sentido da gente contribuir com soluções inteligentes que nos possibilitassem benefícios palpáveis no campus e no entorno, como é a Avenida Parque do Barbado”. A Avenida citada seria a obra que demandaria o maior número de desapropriações de moradores dentro todas as intervenções. O projeto inicial já constava no Plano Diretor de Desenvolvimento Estratégico de Cuiabá, de 2008, propondo interligar a Avenida Fernando Corrêa da Costa à Avenida Arquimedes Pereira Lima (Estrada do Moinho) e a outras grandes avenidas como a Dante de Oliveira (Avenida dos Trabalhadores), a Gonçalo Antunes de Barros (Jurumirim) e a Vereador Juliano Costa Marques, margeando o córrego que dá nome ao empreendimento. Tudo isso para “desafogar” a Avenida Miguel Sutil. O estudo coordenado pelos professores do departamento de Geografia da UFMT, indicou que para a conclusão da empreitada seria necessário impactar 579 famílias distribuídas em 445 casas (domicílios), totalizando 1695 pessoas vivendo nos bairros Bela Vista, Renascer, Pedregal e Castelo Branco. Segundo a Secopa, a demanda pelas desapropriações e remanejamentos freou os seus planos e, em fevereiro deste ano, foi lançada a ordem de serviço apenas para execução do trecho entre a Avenida Fernando Corrêa e a Estrada do Moinho, diminuindo as remoções em quase 100%. Outra docente da UFMT que estuda os impactos da Avenida Parque do Barbado na população local é Adriana Queiroz, do curso de Geografia do campus do Médio Araguaia. Sua pesquisa de doutorado, em andamento pela Unicamp, intitulada “Metropolização e Megaeventos”, analisa justamente as remoções provocadas pelas obras da Copa do Mundo. Em sua opinião, a falta

Foto: Secopa

de informações sociais sobre os impactos provoca insegurança nos moradores, que se sentem coagidos e não conseguem mobilizar-se para fazer frente às forças do Estado. A professora chama a atenção para o papel representado pela UFMT no processo de implantação da Copa do Mundo. Para ela, o grande impacto do megaevento da universidade foi servir aos interesses da FIFA, apoiando um projeto dessa natureza. “Não somos nós que construímos essa Copa. É contraditório apoiar educação de qualidade e apoiar a Copa. Sim, temos vários problemas para resolver dentro da universidade. Precisamos pensar em que universidade nós queremos. Só então poderemos ter a noção do que queremos apoiar ou não. Se a UFMT trabalhasse com os impactos sociais estaria cumprindo seu papel de ser uma universidade socialmente referenciada”. Contudo, os impactos sociais são o traço invisível das mudanças provocadas pela Copa do Pantanal. Poucos sabem, mas se todos os projetos em vigor estiverem completos, a entrada principal da UFMT será transferida para frente do COT, na direção da Avenida Parque do Barbado, alterando o mapa atual da cidade universitária. A guarita da Avenida Fernando Corrêa se tornará o ponto de acesso ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), obra ainda sem previsão de conclusão. Também está prevista a abertura de uma guarita na Estrada do Moinho, cuja duplicação está sendo executada. Para a reitoria, todas essas mudanças são vistas como melhorias, avanços estruturais que a UFMT ganhará sediando o COT, em especial para a Faculdade de Educação Física. Quanto aos projetos encomendados pela Secopa, Fabrício Carvalho afirma: “A universidade desempenhou nesse primeiro momento um papel muito importante na consolidação de informações técnicas e claras na construção de políticas. São recursos públicos pagos com recursos públicos, e de muita competência. São duas fases importantes que a gente vem se relacionando com o Estado de Mato Grosso em relação à Copa do Mundo”. A exemplo da professora Adriana, grupos como o Comitê Popular da Copa são críticos a essa postura. Ao invés de benefícios, o grupo, formado por profissionais oriundos da UFMT e estudantes, acredita que a Copa do Mundo é um projeto que visa destacar o Brasil em um contexto internacional que envolve interesses escusos, em detrimento das populações pobres e marginalizadas. “O uso de recursos públicos e o endividamento do Estado em nome de um megaevento é uma afronta às pessoas que sofrem com o mau funcionamento dos serviços básicos”, defende o jornalista Caio Oliveira, membro do Comitê. “Não há retorno possível para tantos gastos executados às pressas e sem a devida fiscalização, sem o controle social”, diz.


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Bosque está salvo, mas obra relocada ainda está aberta ao setor privado espaço está sobre sua responsabilidade e para a segurança das pessoas que estão transitando na

Pichação em protesto no tapume que divide o canteiro do jardim da ADUFMAT

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obra de extensão do Centro Cultural da UFMT, que antes ia afetar em cheio o Bosque da Universidade, foi relocada para próximo do jardim da ADUFMAT. A reação contra a derrubada de árvores em uma das poucas e mais queridas áreas verdes do campus de Cuiabá parece ter surtido efeito, embora a direção da UFMT alegue que a mudança só tem a ver com um equívoco no momento de implantação do canteiro. Com a relocação, a obra forçou a retirada de apenas umas poucas árvores. Contudo, ainda há, no projeto, espaço para restaurantes e pontos de venda que serão ocupados pela iniciativa privada, na contramão dos anseios das entidades

representativas e da comunidade acadêmica. A polêmica começou em abril deste ano, quando os estudantes protagonizaram uma batalha contra a construção. Organizados por meio do DCE, saíram em defesa do Bosque, que havia sido cercado com tapumes que demarcavam o canteiro de obras. Além da área verde, os estudantes defendiam também a democracia nas decisões dentro da universidade, alegando que a comunidade acadêmica não havia sido ouvida pela Administração Superior e não pôde opinar sobre o uso do espaço. Meses após os protestos, funcionários da construtora vencedora da licitação deslocaram os tapumes para outra área,

e estes agora são vizinhos da sede da Adufmat-S.Sind. A maioria das árvores não está mais cercada, mas os outros pontos de reivindicação dos estudantes ainda permanecem sem respostas, a exemplo das exigências de democracia e a rejeição a lojas e restaurantes de empresas privadas. De acordo com a Pró-reitora de Planejamento Elisabeth Mendonça, a obra nunca mudou de lugar. “Houve um equívoco no momento de implantação do canteiro de obras. Quando você licita uma obra e dá a ordem de serviço é obrigado por lei a cercar uma área o dobro daquela que você vai construir. Por segurança do empreiteiro que, a partir daquele momento tem aquele

região, para que não ocorra nenhum acidente, em vez de jogar o canteiro mais para perto da Adufmat, ele jogou o canteiro mais para o fundo. Aí virou aquela celeuma do Bosque”. A obra, aprovada pelo Conselho Diretor desde 2009, teve licitação ganha por uma empresa de Curitiba. “A obra sempre foi integrada ao Centro Cultural, mas como o engenheiro é de fora, eles foram simplesmente metendo a cerca e tiveram que refazer”, conta Elisabeth. Sobre o projeto, o arquiteto e professor da UFMT, José Afonso Portocarrero, explica que é uma extensão do Centro Cultural. “Ele carece hoje de um espaço de complementação da função dele. Você tem hoje uma exposição, não tem lanchonete próxima”, diz. Além de aumen-

tar sua capacidade de receber eventos, para o professor a extensão possibilitará que os artistas locais que têm acervo fixo no Museu de Arte e Cultura Popular (MACP) não tenham suas exposições “espremidas” por obras de artistas de fora quando há eventos do gênero. Sobre as lojas previstas no projeto, Portocarrero é categórico em sua opinião: “não é privatização, é uma melhoria”, dando exemplos de outras universidades que seguiram o mesmo caminho. Serão seis boxes desenhados para acomodar estabelecimentos como pontos de venda da Editora da UFMT, livrarias e papelarias, além de um restaurante particular. A opinião não é compartilhada pelos estudantes. Para Viviane Motta, estudante de Ciências Sociais e coordenadora geral do DCE, este tipo de iniciativa é prejudicial à universidade. “É uma privatização pelas beiradas. O Estado tem que garantir de forma pública o acesso a restaurante, livraria, biblioteca. Essas empresas se instalam no espaço universitário e se aproveitam da sua estrutura para obter lucro”. O DCE pretende acompanhar a execução da obra na tentativa de reverter esse quadro, que faz parte das decisões tomadas pela Administração Superior sem a consulta à comunidade acadêmica.

Indiciamento de PM's envolvidos no manifesto não agrada estudantes da UFMT

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assados três meses após o episódio que envolveu acadêmicos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e agentes da Ronda Ostensiva Tática Móvel (Rotam), em uma manifestação na luta por assistência estudantil, o inquérito analisado pela Corregedoria Geral da Polícia Militar, para investigar as ações dos PM's resultou no indiciamento de apenas três dos 50 agentes da corporação envolvidos. O capitão Wittenberg Souza Maia, o tenente Roosevelt Marcos Barros da Silva Junior e o soldado Wellington Bispo foram acusados de maus tratos aos alunos por lesão corporal, abuso de autoridade e agressão. Os policias foram afastados

durante as investigações, mas continuam nos postos de trabalho até serem julgados e deverão responder processos administrativos por má conduta praticada no cenário, que revoltou toda a classe estudantil. O Juizado Especial Criminal de Cuiabá encaminhou um termo de conciliação judicial, a fim de firmar um acordo com os manifestantes, considerados culpados, para que respondessem em liberdade com serviços comunitários durante cinco meses, mas os acadêmicos negaram por alegarem serem vítimas e não réus conforme acusação. Para o estudante do curso de Comunicação Social, Sérvulo Neuberger, que além de sofrer lesão corporal durante a manifes-

tação, foi acusado por desacato à autoridade e a perturbação da ordem pública, juntamente com outros cinco universitários, o indiciamento dos policiais da Rotam não ocorre apenas em uma manifestação isolada. "Nós vemos como acontece por todo o país. Infelizmente o caráter da policia é opressor por causa do próprio Estado. Isso (o indiciamento) não vai mudar em nada. Eles continuam aí fora trabalhando e nós ainda nem sabemos o que vai acontecer conosco", desabafa. Uma das vítimas que prefere não se identificar, diz não entender o posicionamento da justiça. "Como pode uma justiça (PM) entender que houve negligencia por parte dos agentes

e outra justiça (Comum) defende-los quando nos acusaram por desacato? Ficamos à mercê dessa justiça. Nos vemos perdidos em relação a essa situação, sem saber o que fazer". Os alunos esperam agora que o indiciamento dos policiais possa resultar na condenação e expulsão dos agentes da corporação. O encaminhamento agora será para o Ministério Publico que deverá acatar ou não as denúncias contra os agentes. De acordo com a Corregedoria Geral da PM os nomes dos policiais militares não serão divulgados para preservá-los, já que ainda não foram condenados pela Justiça. A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso -

Adufmat S.Sind apoia os acadêmicos e acompanhará o caso até as que as providências finais sejam tomadas.

Manifesto Durante a ação pública, na Av. Fernando Correa em Cuiabá, os universitários protestavam contra a decisão da reitoria do campus de cortar 50 vagas da Casa do Estudante, designada aos estudantes de baixa renda vindos de outras regiões. Na ocasião, seis manifestantes foram detidos e cerca de dez alunos feridos por balas de borracha disparadas pela Rotam. Imagens foram divulgadas nas redes sociais e o caso repercutiu nacionalmente.


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GREVE GERAL

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oi um dia inteiro de atividades políticas, culturais e um almoço na ADUFMAT S.Sind. para marcar a adesão dos docentes da UFMT à greve geral do dia 11 de julho. Mais de 200 pessoas, entre professores, estudantes e t r a b a l h a d o r e s d a U F M T, passaram pela Associação. O dia começou cedo, às 9h, com a graffitagem dos tapumes que cercam os espaços onde serão construídas obras

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Cultura marca dia de luta dos docentes da UFMT que vão fazer aí, até porque não sabemos o que é. Mas somos contra a maneira vertical e sem discussão de como as coisas acontecem na UFMT. Não sabemos o porquê desses tapumes. Do dia para noite eles apareceram aí. Não houve uma discussão. Não houve uma reflexão sobre como criar esse espaço, mas não estamos em silêncio. Estamos nos manifestando contra o que vão fazer porque não sabermos o que é”.

Arte quebra barreiras, acredita professora Gleyva públicas e privadas, sobre as quais a comunidade acadêmica tem pouca informação. “Graffiti é arte. A ideia é colocar arte onde, na universidade, estão colocando muros. A arte não separa. A arte é para ser contemplada e poderá atrair os olhares para agregar ”, explica a diretora de As. SócioCulturais, Gleyva Maria. Informações não confirmadas dão conta que atrás dos tapumes, onde hoje é um parque verde, será construído um restaurante particular. “Não somos exatamente contrários ao

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Para Gleyva, o Movimento Docente, nessa conjuntura de protestos pelo país, “se coloca em luta porque nossa carreira só vem sendo desconstruída”. Ela denuncia administrações autoritárias que fazem com que o professor tenha medo de participar das assembleias da categoria. “Muitos têm medo de represália. Estamos sabendo disso. Isso é o fim! Nem no tempo da ditadura havia uma repressão tão grande porque as pessoas conseguiam se indignar contra isso e se manifestavam. Hoje vivemos essa inércia em

Capoeira que rasga o chão, com grupo do professor Gilberto

virtude dessa dificuldade: porque a repressão é muito sutil. O professor às vezes nem entende que isso está acontecendo com ele”. Conforme a diretora, “fizemos esse dia cultural para que a comunidade universitária entenda que o espaço de luta não é seco, rígido, sombrio, totalmente despovoado, como muita gente fala. Não! A cultura agrega e temos que fazer a nossa luta também semeando cultura, por isso a ideia do graffiti, da capoeira, da poesia e da música. O graffiti é uma maneira de passarmos o que sentimos”. O graffiteiro Cleiton Soares, o Amarelo, que há 10 anos trabalha com essa forma de expressão artística, esboçou, entre outros traços, a palavra “respeito” no tapume bem em frente à ADUFMAT. “A profissão do professor é tão ou mais importante que qualquer outra. Não existe um médico, um advogado e nenhum outro profissional se não tiver o professor”, observa o grafiteiro. O graffiti sempre teve ligação com protestos. “Um dos públicos que começou a multiplicar essa forma de manifestação foram os punks, que deixavam pelos muros das cidades palavras de indignação e revolta. O graffiti então sempre teve esse cunho político muito forte”, explica Amarelo. Na sequência, a professora Marília Beatriz, do Departamento de Artes, apresentou no auditório da ADUFMAT três artistas locais que recitaram poesias: Lúcia Palma, Luis Carlos Ribeiro e Neneto. O professor Gilberto Goulart apresentou-se com o grupo de capoeira Quilombo Angola. A banda de rock Orpheus encerrou a atividade cultural, tocando “Que país é esse?” e outras músicas da Legião Urbana, Raul Seixas e autorais, como a música “Revolução”. O presidente da ADUFMAT, Carlos Rober to Sanches, destacou que nesse momento histórico, as pautas docentes da UFMT se colocam entre as demais pautas dos trabalhadores. A mais recente luta foi contra as mudanças na Resolução 158, que aumentariam a exploração do trabalho dos

professores em sala de aula. Outra luta importante é pela carreira docente que ficou patente na greve de quatro meses do ano passado. A luta contra a privatização dos hospitais que já estão sendo geridos pela Empresa Brasileira de Ser viços Hospitalares (EBSERH) também é urgente.

governo que é a ampliação de vagas com a manutenção do mesmo pessoal. E não é essa universidade que queremos”, reforça Sanches. A luta dos docentes cruza com a dos estudantes em vários aspectos, principalmente no que diz respeito à educação de qualidade. “Toda a comunidade

Poesia também denuncia, aposta a professora Marília “A carreira docente é fundamental, na nossa leitura, porque não representa só uma questão de posicionamento do professor nessa ou naquela faixa salarial, ou se ele é adjunto

acadêmica sente a precariedade provocada pelos cortes na educação”, diz a coordenadora geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMT, Viviane Motta.

Revolução, o futuro está em nossas mãos, diz o rock da Banda Orpheus ou de outra classe qualquer. É muito mais do que isso. A carreira deve de fato refletir as aspirações dessa categoria. Ser professor significa muito mais do que ser adjunto ou assistente, envolve um conjunto de questões que devem ser pautadas, por exemplo, a ameaça de variação na carga didática que compromete a qualidade da educação. Isso atende a uma única questão do

Depois da programação cultural, a categoria foi à concentração na Praça 8 de abril conforme encaminhado em assembleia geral. Depois seguiram em marcha para a Praça Alencastro, se unindo ao movimento em defesa do transporte público. A greve geral foi uma convocação das centrais sindicais, entre elas a CSPConlutas, central a qual a ADUFMAT é filiada.


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Por que o povo está nas ruas? O

professor da USP, Osvaldo Coggiola, destaca em seu artigo “A Revolução não será transmitida por Facebook”, pois essa rede social é apenas um instrumento virtual de mobilização. “Trata-se de um meio espetacular para acelerar a velocidade e ampliar o escopo de difusão de ideias e propostas, sob a condição de que elas (as ideias e propostas) existam previamente". Porém, "ele é também usado pelo conformismo intelectual que caracteriza a intelectualidade orgânica”. Partindo desse ponto, o professor Tomas Boaventura (História) destaca que a onda de protestos, inicialmente, se mostra como um “fogo de palha”, aceso pelo facebook. Na visão dele, “a sociedade tem de se organizar melhor, através de suas bases, seus sindicatos, e é isso que dá força”. Roberto Boaventura

Tomas Boaventura

Boaventura destaca ainda que a Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior vem falando há muitos anos sobre o esgotamento dessa política para saúde, educação, segurança e transporte, reclames que estão nas ruas. “Somos pioneiros nessa denúncia e acho que a sociedade está se convencendo disso. Agora é muito importante que nos unamos todos”. Enquanto o povo está em massa nas ruas, os docentes de maneira geral não aderiram. “É que a maioria de nós é altamente conservadora. As administrações estão à mercê das políticas do governo. Existem os carreiristas, através dos quais o governo petista está aparelhando as universidades”. Além dos coniventes, o professor aponta a “massa amorfa de docentes que não está nem aí”. Em contraponto, está o Movimento Docente, reagindo, resistindo, fazendo greve, como a do ano passado. Para o professor Roberto Boaventura (Letras), a Universidade mais uma vez não está cumprindo com sua função social, que seria refletir sobre o momento político. Promover palestras, debates, seminários, congressos, para que cada um saiba o que está acontecendo.

“Esse tipo de manifestação, em tese, sempre foi muito bem-vinda. É necessário para o país, parar e refletir sobre os elementos políticos, mas parece que, principalmente observando as manifestações de junho, há uma recusa geral por organizações tradicionais e conservadoras. Toda a crítica política precisa se debruçar sobre isso”, sugere. Para Roberto, o excesso de jornada é um dos problemas mais graves do trabalhador docente, assim como o autoritarismo dentro das universidades. “Os governos todos tentam aparelhar as universidades, mas nenhum foi tão eficaz como o governo petista. A ditadura militar usou as formas mais absurdas, dizimou pessoas. Temos que abominá-la e nunca fazer apologia a esse período nefasto. Mas em se tratando de governos civis pós-ditadura, o projeto petista tem uma diferença dos demais, para pior, porque ilude no discurso. Ilude os docentes e o povo, que é subjugado por bolsa e cotas. Parece que isso agora começa a ser repensado. Ainda bem, porque uma universidade aparelhada empobrece a prática docente e vira uma instituição de privilégios e exclusões. Tudo isso é feito de forma subjetiva e difícil de ser identificada”.

Não é de agora que o povo está insatisfeito, na opinião da professora Gleyva Maria (Serviço Social), por isso, saiu às ruas. “Desde que a nossa constituição de 1988 foi promulgada, nós não conseguimos avanços e o Movimento Docente se coloca em luta diante dessa conjuntura, porque, desde então, nossas bandeiras estão sendo desconstruídas. Nossos direitos estão sendo estilhaçados”. Mato Grosso trata melhor o gado e a soja do que a população. É o que pensa o professor Vanderlei Pignati (Medicina). “Estamos vivendo uma situação crítica em relação ao Estado, em relação à população. Crítica em relação à questão ambiental, crítica em relação inclusive a Mato Grosso, um dos maiores produtores do mundo de soja, milho, algodão, girassol e agora de gado. Ao mesmo tempo, o Estado vive essa miséria em relação à saúde pública, educação pública e às condições de vida da nossa população. Chegou um momento, não só aqui em Mato Grosso, de não apenas refletirmos, porque nós já estamos refletindo sobre essas questões há anos, mas tomarmos uma atitude, pois se você deixar apenas para o governo resolver essas questões, vão piorar cada vez mais as condições que nós chamamos de vida. A questão do ambiente, cada vez pressionando para aumentar a produção agrícola aqui no nosso Estado, a produção industrial em São Paulo, a produção de petróleo no país e o que está revertendo isso para a vida da população? Muito pouco.” Para Pignati, “os professores não estão descolados dessa realidade”.

Vanderlei Pignati

Gleyva Maria

“A primeira vacina é dos bois. São 27 milhões de cabeças, todos vacinados corretamente, com controle do Estado que faz a supervisão, contra aftosa etc. Agora, como estão os cuidados com a população que é de apenas 3 milhões? O “SUS” do boi e o “SUS” da soja estão muito melhores do que o SUS da população”, denuncia. A “mídia falaciosa” ajuda a atrelar os trabalhadores, silenciá-los, diz o professor Cláudio Cruz Nunes (Enge-

nharia Civil). “Anuncia que tudo está sob controle, mas as pessoas estão sentindo no dia a dia que as coisas não estão bem, que falta muita coisa e muita coisa precisa ser melhorada, principalmente a honestidade”.

Cláudio Cruz

Capitalismo O Fundo Monetário Internacional (FMI) refez o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) projetado para o Brasil em 2013, que baixou mais 0.5%. Estava estimado em 3%, caiu para 2,5%. A União Europeia continua com problemas econômicos; os Estados Unidos também. A China está repensando seu crescimento. O Egito e o Oriente Médio explodem em conflitos contra ditaduras. Mas, apesar dessa onda de protestos registrados em vários pontos do mundo e da crise econômica internacional, o capitalismo vai bem, obrigado! O sistema regenera-se, inclusive se aproveitando desses momentos e usando aporte financeiro do Estado. E é claro que os impactos dessa conjuntura política e econômica afetam o Brasil, por vários motivos. Um deles é que o país está entre os grandes vendedores de commodities, através do agronegócio. O trabalhador, diante disso, se vê ainda mais pressionado. “O resultado é sempre mais exploração e as condições vão se exacerbando e em geral, nesses momentos, acontece a consciência de classe”. É a análise do professor doutor Dorival Gonçalves Jr., que enxerga na opressão capitalista o motivo que leva o povo às ruas, ainda que essa consciência seja apenas um lapso. “Boa parte dos trabalhadores sabe que o problema é o sistema capitalista. Quando a gente olha as manifestações deflagradas no país, foram de fato motivadas pela questão do transporte. Outra parte está ali como massa, ainda sem essa clareza ideológica”. Dentro do Movimento Docente a maior preocupação é que boa parte dos professores ainda não se considera trabalhadores, ou seja, não têm consciên-


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cia de classe, ou seja, se consideram intelectuais ou trabalhadores de outra ordem e não se incluem nisso.

Dorival Gonçalves

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“Nós temos uma mobilização maior principalmente dentro dos campi, onde a taxa de exploração está maior, onde os professores são obrigados a dar muito mais aulas e ainda a fazer pesquisa. A mobilização é menor e mais demorada nos campi que ainda trazem uma memória de uma universidade a serviço do Estado, que era empreendedor”, considera o professor. A pauta dos docentes está inserida entre as demais. “Fizemos ano passado 120 dias de greve e tivemos a completa desestruturação da nossa carreira. Um novo plano que nos subordina cada vez mais no processo de produção de maneira que não somos mais definidores do nosso trabalho. Somos contra a Lei 12.772/2012 (que institui a carreira docente do Governo Federal), somos contra a forma de controle do trabalho docente, somos a favor de pesquisas necessárias no contexto regional, pela autonomia didáticocientífico-pedagógica. Mas claro que não estamos obtendo sucesso nessa mobiliza-

ção porque muitos dos professores têm identidade com a outra proposta, boa parte está se enquadrando dentro do processo.”

Genadir Vieira, o Axé

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O capitalismo exacerba problemas sociais que, para Genadir Vieira, o Axé, da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), existem desde a chegada dos portugueses. “Os trabalhadores, desde então, só estão levando porrada e nós estamos nos defendendo, mas chegou o momento de dar um basta”. Para ele, depois de 500 anos de exploração, o povo acordou. “Nós, do MST, estamos sempre ao lado dos trabalhadores organizados, onde quer que estejam, porque só assim vamos construir um projeto popular para derrubar o capitalismo”. “A polícia bate nesses protestos porque está a serviço de um Estado capitalista, que deve ser destruído. Esse Estado que está aí não serve para nós. Esse Estado criminaliza os movimentos sociais, bate nos trabalhadores e alisa os bandidos. Estado a serviço da burguesia, meia dúzia de pessoas. Vamos construir outro Estado para o povo e junto com o povo!” – propõe o sem-terra.

Entrevista

O presidente da ADUFMAT, Carlos Roberto Sanches, fala sobre problemas na UFMT e bandeiras docentes Quais são as reivindicações do MD dentro dessa onda de protestos? Na realidade nós não conseguimos ainda divulgar as grandes questões sobre a universidade pública. Dentro dessa discussão sobre educação, volta a questão dos 10% do PIB para educação, mas ainda não apareceram as questões das universidades. Nós defendemos a universidade com qualidade e com referência social. Ocorre que nós estamos tendo muitas perdas, principalmente pelas políticas dos governos sequenciais. Aí nós temos a intervenção direta na autonomia da universidade, a quebra do preceito constitucional ensino-pesquisaextensão que são indissociáveis, projetos que não são debatidos no interior das universidades, como o Reuni e o próprio Prouni, que é vendido como uma grande meta e proposta do Governo, mas na prática não passa da garantia de pagamento para as escolas privadas. Então temos um

leque de questões que nós tentamos dialogar com a sociedade.

Falta de democracia mesmo! Temos uma história de poder complicada no Brasil. As pessoas assumem qualquer cargozinho e há uma inversão. Mas a carreira docente está na centralidade da luta? Sim, é fundamental porque, na nossa leitura, a carreira deve de fato refletir as aspirações dessa categoria. Ser professor significa muito mais do que ser adjunto ou assistente. Envolve um conjunto de questões que devem ser pautadas. Agora, por exemplo, estamos com uma ameaça de variação na carga didática, com a possibilidade de mudança na resolução 158, o que compromete de fato o trabalho integral do professor universitário. Isso atende a uma única questão do governo que é a ampliação de vagas com a manutenção do mesmo pes-

soal. E não é essa universidade que queremos. Há uma insatisfação total com o excesso de trabalho e com as condições para realizar esse trabalho. E a privatização dos HUs? No caso de Cuiabá, o Hospital Universitário Júlio Muller é o único público. Ocorre que com a empresa criada pelo governo, podemos ter, dentro do hospital, médicos com funções totalmente diferentes: professor médico e outro é médico, com salários totalmente diferentes também. O contratado não tem comprometimento com a formação dos médicos. Isso é uma intervenção direta na formação de um profissional e na natureza de um hospital escola. Recentemente foram criadas as OSS (Organizações Sociais de Saúde), que recebem até oito vezes do valor que era repassado anteriormente ao SUS. Ora, o que é isso? Não havia o mesmo recurso antes para repassar? Agora tem por que existe uma empresa privada? Essas questões estão nas ruas e

nós precisamos dialogar com a sociedade sobre uma melhor formação do médico brasileiro e não com projeto de ampliar a formação em mais dois anos ou trazer médicos de fora do país. São intervenções errôneas que não vão gerar melhorias. Além disso, a iniciativa privada dentro de um hospital escola é o maior desvio que a gente pode ter da lógica médica, de atendimento universal e humanizado. Que tipo de problema o professor das universidades federais vivem em sua rotina? O ser humano não sobrevive com uma sobrecarga alta de trabalho. Como o professor necessita de produção científica, produzir conhecimento, produzir artigos para avançar na carreira, o que vem ocorrendo? Ele só pode fazer isso no final de semana ou nas férias, porque no cotidiano ele não tem tempo. O dia dele não dá para desenvolver ensino, pesquisa e extensão integrados e indissociáveis, como é o preceito constitucional. O excesso de

carga provoca adoecimento de várias ordens. E o assédio moral? Falta de democracia mesmo! Temos uma história de poder complicada no Brasil. As pessoas assumem qualquer cargozinho e há uma inversão. Nós elegemos nomes para nos representar e, quando chegam ao poder, passam a representar o status quo. Professor que está em estágio probatório é sobrecarregado e tem que ficar em silêncio, porque senão tem ameaça mesmo. Os grupos se fecham e um ameaça o outro permanentemente. Ainda ocorre na UFMT, pelas nossas conversas em diferentes espaços, o seguinte: aquele que se contrapõe a essa lógica sofre consequências. E os professores das universidades federais estão ganhando bem? Não. O salário continua sendo o menor na pirâmide do serviço público federal.


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jornal da

Informativo da Seção Sindical dos Docentes da UFMT

Cuiabá/MT julho de 2013

Centrais Sindicais convocam novo dia de paralisação geral para 30 de agosto As oito Centrais Sindicais fizeram um balanço positivo das ações do dia 11 de julho, “Dia Nacional de Greves, Paralisações e manifestações”. Diante disso, as mesmas convocaram um novo “Dia Nacional de Paralisação” marcado para o dia 30 de agosto. O objetivo é pressionar a presidente Dilma para que atenda as reivindicações dos trabalhadores. Para José Maria de Almeida, da CSP-Conlutas, “a defini-

ção desse chamado é muito importante porque, conforme ficou demonstrado na força das mobilizações ocorridas (em praticamente todos os Estados país) no último dia 11, a classe trabalhadora está disposta e vai manter a pressão sobre o governo”. De acordo com o dirigente, “ou a Dilma atende a pauta dos trabalhadores, até esta data, ou a paralisação nacional pode ser um caminho para uma greve

geral no Brasil”. O dirigente da Central disse ainda que nessa batalha os sindicatos têm de ter um lado, ou seja, da classe trabalhadora, contra os patrões e o governo. “Devemos seguir com as mobilizações, realizar os protestos estaduais, preparar o dia nacional de paralisação e irmos criando as condições para realizarmos uma Greve Geral nesse país”, finalizou Zé Maria.

As centrais sindicais definiram ainda que vão pedir uma reunião com presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho) pra discutir sobre os ataques ao movimento sindical com o chamado “interdito proibitório”, com condenações e multas ao movimento. No dia 11 de julho, dezenas de liminares, com aplicação de multas de centenas de milhares de reais, foram concedidas, a pedido de instituições do governo, contra várias

centrais sindicais. Os representantes das Centrais estavam indignados com isso. Também ficou definido o dia 6 de agosto como um dia de realização de protestos nos Estados e no Distrito Federal contra o PL 4330. Estiveram presentes na paralisação geral as centrais sindicais CSP-Conlutas, CUT, FS, UGT, CGTB, NCST, CGTB, CTB e CSB. Fonte: CSP-Conlutas

Estudantes saem em defesa dos trabalhadores Durante as atividades do dia 11 de julho, representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMT saíram em defesa dos trabalhadores do Movimento Docente e demais trabalhadores do país. A indignação com a perda de direitos é que levou os trabalhadores e estudantes para as ruas e a cruzarem os braços na opinião da estudante de

Ciências Sociais, Viviane Motta, coordenadora geral do DCE da UFMT. “Esse protesto é resultado da retirada dos nossos direitos básicos de sobrevivência: saúde, educação, moradia e transporte público”. Para o DCE a pauta prioritária dos estudantes da UFMT é a assistência estudantil. Quem não se lembra dos abusos cometidos pela PM em 6 de

março deste ano no protesto que terminou com mais de 10 universitários feridos, entre eles a própria Viviane, que levou um tiro de bala de borracha. “A criminalização desses protestos não é coisa nova. Faz parte desse jogo de interesses que estão colocados na sociedade. Infelizmente a democracia que está instaurada é a democracia da minoria. Ela convém quando

favorece às classes dominantes e aos empresários. Para a classe trabalhadora a democracia não existe!” O coordenador de Comunicação do DCE da UFMT, Lucas Araújo, estudante da Engenharia Florestal, acredita que a onda de protestos ergue-se devido às pautas concretas e materiais, tais como acesso à saúde, educação, transporte coletivo de

qualidade e outros serviços básicos que a população sente que estão precários. Sobre a greve geral do dia 11 de julho, ele considera a paralisação das atividades produtivas o instrumento mais legítimo que os trabalhadores podem e devem utilizar para pressionar o patrão, seja ele o próprio Governo ou a iniciativa privada.

Confraternização Professores da UFMT trouxeram amigos e parentes para a Festa Julina organizada pela diretoria de Assuntos Sócio-Culturais no dia 19 de julho. O forró ficou animado no jardim da ADUFMAT. Momento gostoso de confraternização!

Para visualizar mais fotos, visite o site (www.adufmat.org.br) ou a fan page (www.facebook.com.br/adufmat)


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