Revista Tela Viva 183 - Junho 2008

Page 1

televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 17_#183_jun2008

Novos mecanismos injetam capital no audiovisual. Veja como canais de TV e produtores podem aproveitar estes recursos.

m foru 008 2 l brasi

etartura maior Comb l p e do l de

co naciona a TV. ara evento údos p conte

NCTA 2008 DTH sai à frente na oferta de canais em alta definição

RADIODIFUSÃO Afiliadas do SBT migram para a Record atrás de vantagens



Foto: marcelo kahn

(editorial ) Presidente Diretores Editoriais Diretor Comercial Diretor Financeiro Diretor de Marketing

Editor Tela Viva News Redação

Sucursal Brasília Coordenadora de Projetos Especiais Arte

Depar­ta­men­to Comer­cial

Gerente de Marketing e Circulação Administração Gerente de TI Central de Assinaturas

Rubens Glasberg André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília) Manoel Fernandez Otavio Jardanovski Leonardo Pinto Silva

Mariana Mazza (Repórter) Letícia Cordeiro Carlos Edmur Cason (Direção de Arte) Debora Harue Torigoe (Assistente) Rubens Jar­dim (Pro­du­ção Grá­fi­ca) Geral­do José Noguei­ra (Edi­to­ra­ção Ele­trô­ni­ca) Alexandre Barros (Colaborador) Bárbara Cason (Colaboradora) Roberto Pires (Gerente de Negócios) Patricia Linger (Gerente de Negócios) Iva­ne­ti Longo (Assis­ten­te) Gislaine Gaspar Vilma Pereira (Gerente) Marcelo Pressi 0800 0145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

Redação E-mail

(11) 3138-4600 telaviva@convergecom.com.br

Publicidade E-mail Impressão

T

Ana Carolina Barbosa Daniele Frederico Humberto Costa (Colaborador) Lizandra de Almeida (Colaboradora)

www.telaviva.com.br assine@convergecom.com.br

a n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Mesa posta

Fernando Lauterjung

Internet E-mail

André Mermelstein

(11) 3214-3747 comercial@convergecom.com.br Ipsis Gráfica e Editora S.A.

Tela Viva é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 605, CEP 01243-001. Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP. Sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903. Fone/Fax: (61) 3327-3755 Brasília, DF Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A

ELA VIVA analisa nesta edição o volume de recursos disponíveis para a produção audiovisual ainda este ano, excluindo a produção interna das emissoras de TV e a publicidade. O valor é assombroso: US$ 250 milhões, entre recursos para financiamento reembolsável, renúncia fiscal e investimentos públicos diretos. Isso, claro, sem contar também investimentos privados, o que certamente eleva, e muito, esse valor. Ao mesmo tempo, vemos crescer as possibilidades de veiculação desta produção original, tanto no mercado nacional quanto no internacional. Durante o Forum Brasil, que promovemos no início de junho, dezenas de canais abertos e por assinatura de todo o mundo expuseram suas necessidades de conteúdos, e na maioria dos casos a mensagem foi clara: a produção original deve crescer. Um exemplo, anunciado alguns dias depois do evento, foi o lançamento da Record Entretenimento, que vem fechando diversas parcerias com a produção independente para a criação de conteúdos. Isso antes ainda da regulamentação, tão esperada, do Art. 3A da Lei do Audiovisual, que permitirá investimentos incentivados pelas emissoras de TV. Todos estes sinais parecem indicar que uma mudança está em curso no país, o desenvolvimento de um mercado efetivo de produção para televisão que extrapola os parques de produção interna das emissoras. Uma produção de qualidade, voltada tanto para o mercado local quanto para o internacional, que utilize os mecanismos de fomento mas que não seja totalmente dependente do Estado e, finalmente, um modelo que faça sentido econômico para toda a cadeia envolvida: produtores, distribuidores, canais. É um primeiro passo, mas falta muito a ser feito. Os executivos de televisão precisam estar mais atentos e receptivos aos novos modelos de produção. E da parte dos produtores, falta mergulhar na lógica de programação dos canais. É preciso lembrar, como foi repetido diversas vezes durante o Forum Brasil, que há uma diferença grande entre uma idéia e um projeto. A produção deve desenvolver a capacidade de formatar projetos adequados e coerentes com o que o mercado busca, entender que uma parceria se constrói quando todos os lados são beneficiados. As produtoras devem também perseguir a profissionalização e preparar-se para investir no seu negócio, se quiserem fazer parte do jogo. Os elementos estão dados. Acreditamos que daqui para a frente publicaremos cada vez mais notícias sobre novos projetos, novas produções e novas parcerias.

capa: editoria de arte/converge

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

3


Ano17 _183_ jun/08

(índice ) Injeção de capital

16

Audiovisual recebe investimentos de uS$ 250 milhões

Scanner Figuras Forum Brasil

6 14 22

Evento debate co-produção, mercado global e tendências em programação

Distribuição

16

( cartas)

30

Distribuidores querem participar de projetos desde a gestação

50

Programação

34

Canais apontam o que querem em suas grades

Mercado internacional

TRANSIçÃO CONTURbADA A edição de maio de TELA VIVA mostrou como os Estados unidos estão se preparando para o desligamento da TV analógica, no próximo ano. Difícil acreditar que, no Brasil, o Estado se disponha a pagar pelos conversores das famílias pobres. Mais difícil ainda é crer que os radiodifusores largarão o osso tão facilmente, sob risco de verem suas antigas concessões analógicas leiloadas para a entrada de novos concorrentes. Ari Gonzaga, Belo Horizonte, MG

41

TVs de países de língua portuguesa discutem parcerias no Brasil

Evento

44

Banff debate novas mídias e televisão

NCTA

46

Nos EuA, DTH e cabo disputam mercado HD

Radiodifusão

50

SBT e Record em guerra na disputa por afiliadas

Audiência Making of Produção

pARA pOUCOS Muito interessante a matéria sobre co-produções internacionais. Infelizmente, é uma realidade muito diferente da maioria dos produtores, que não têm estrutura para entrar nesses projetos e têm que batalhar para conseguir trabalhos no Brasil mesmo. João Pedro, Osasco, SP

53 54 56

Venda de formatos ganha mercado internacional

Mercado

58

Série de animação ganha nova temporada

Upgrade Agenda

60 Tela viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo. Envie suas críticas, comentários e sugestões para cartas.telaviva@convergecom.com.br

Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

telavivanews www.telaviva.com.br 4

T e l a

V i V a

j u N 2 0 0 8

60 62


w w w. s o n y p ro . c o m . b r

A MEMÓRIA QUE FALTAVA NA SUA GRAVAÇÃO . Duas câmeras com gravação em memória. Ideais para gravações eleitorais.

PROMOÇÃO ESPECIAL SONY Na compra de uma camcorder HVR-S270 ou PMW-EX1, + 1 kit microfone + 1 memória*, você recebe um desconto exclusivo. 1 kit microfone

PMW-EX1 UÊ À>Û>XK Êi ÊV>ÀÌK Ê`iÊ i À >Ê Ý«ÀiÃÃÊ >À`ÊÊ UÊ,ià ÕXK Ê`iÊ£ ÓäÊÝÊ£änäÊ­ Õ Ê ®Ê UÊÎÊÃi à ÀiÃÊ "-Ê`iʤʫ i}>`>

HVR-S270 UÊ À>Û>XK Êi Êv Ì>ÊiÊV>ÀÌK Ê ÊÊÊ`iÊ i À >Ê «>VÌÊ >Ã Ê UÊ Ì>Ê`iv XK ÊV ÊÌiV } >Ê 6Ê UÊ i ÌiÃÊ ÌiÀV> L ?Ûi ÃÊ UÊ «>Ì L `>`iÊV ÊL>ÌiÀ >Ê`>Ê ÊÊÊÃjÀ iÊ«À v Ãà >

- i ÌiÊ ÃÊÀiÛi `i` ÀiÃÊ>ÕÌ À â>` ÃÊ- ÞÊ À >`V>ÃÌÊ\

­Ó£®ÊÓÓ£ä ÓÇnÇ

­££®ÊÎ{ÈÇ ÎÎxÎ

­£ ®ÊÎÇ{£ {{nn

­££®ÊÎnÇx ÎÓÎ

­n£®ÊÎ{Ó£ ÇÇä£

Sony é uma marca comercial registrada da Sony Corporation. Todos os pesos e medidas não métricas são aproximados. As imagens visualizadas nesse anúncio são simuladas. Fotos, gráficos e ilustrações podem não corresponder a uma representação fiel da realidade. (*) A memória será dada de acordo com o modelo da camcorder adquirida. Promoção válida até agosto/2008 ou enquanto durar o estoque.


FOTOS: divulgação

( scanner )

“9MM: São Paulo”, série da Fox produzida no Brasil vai para os países da América Latina em 2009. “Destino Lua de Mel”: produção da Mixer para o Discovery Travel & Living foi realizada com recursos do Artigo 39.

Produção local

de forma independente dos estúdios americanos, o que é um negócio vantajoso, pois quanto menos opção de conteúdo, mais gente quer comprar a mesma coisa e mais caro fica o produto. Assim, o conteúdo local começa a se fortalecer”, diz. Segundo Kátia, a Fox tem interesse em produzir regionalmente principalmente ficção, seja uma produção própria, nos estúdios do canal na Colômbia, ou em parceria com produtores independentes.

A Fox e a Discovery estão apostando em produção nacional. A primeira minissérie original em português realizada pela Fox International Channels no Brasil, “9MM: São Paulo”, estreou no dia 10 de junho no País e deve ser levada aos demais países da América Latina até 2009, quando os 13 episódios da série estiverem concluídos. Feita com recursos do Artigo 39, baseada em uma idéia original de Carlos Amorim, centrada na vida cotidiana da Divisão de Homicídios da Polícia Civil de São Paulo, a primeira fase da atração tem quatro episódios, com uma hora de duração cada um, produzidos pela Moonshot Pictures. Para Kátia Murgel, diretora de programação e produção da Fox Latin American Channels do Brasil, a produção local é uma tendência na América Latina. “Somos capazes de produzir bem e

Discovery Para Luis Silberwasser, vicepresidente sênior do Grupo de Conteúdo de Programação da Discovery Networks Latin America/ US Hispanic, a produção local tem apresentado bons resultados de audiência nos canais nos quais são exibidos, e algumas dessas produções são interessantes até

mesmo para canais Discovery fora do País. “O importante é ter boas histórias e idéias universais”. O Discovery Travel & Living estréia em 30 de junho, às 22h, a série “Destino Lua de Mel”, uma produção da Mixer também realizada com recursos provenientes do Artigo 39. São 14 episódios que mostram as melhores opções em hospedagem, diversão e gastronomia em diferentes destinos. Entre eles, há cinco cidades brasileiras: Ponta dos Ganchos, Manaus, Rio de Janeiro, Trancoso e Cambará do Sul. Além desta, o Discovery prepara para o segundo semestre do ano, uma série com a argentina Cuatro Cabezas produtora que montou uma base em São Paulo em 2008. Trata-se de “Sleepless in the City”, produção sobre pais que acabaram de ter filhos e que, por causa disso, não conseguem mais dormir. A série mostrará como fazer para continuar a seguir com as suas atividades normalmente. A série terá dois de seus seis episódios gravados no Brasil, e será exibida em setembro, durante o “Mês Especial do Bebê”, no Discovery Home & Health. Ambas foram gravadas em HDV. No total, a Discovery Networks tem nove produções em andamento no Brasil (sendo sete com produtoras brasileiras e duas com estrangeiras) e outras dez no resto da América Latina. Há dois meios de apresentar uma idéia ao Discovery. Uma delas é contatar o escritório brasileiro, localizado em São Paulo. A outra, é através do site http://producers discovery.com

Segunda temporada no celular A Oi lançou na primeira semana de junho a segunda temporada da série “Parafina”, produzida para telefones celulares. Serão ao todo 38 capítulos diários, com duração de 30 a 40 segundos cada. Os usuários da operadora pagarão apenas pelo tráfego de dados para baixar o conteúdo. No dia 22 de julho, após a exibição do último capítulo, a série será disponibilizada no site da Oi para acesso gratuito, dividida em 11 capítulos de até 3 minutos cada. “Parafina” é produzida pela KN Vídeo e tem direção de Jorge Nassaralla. O surfista Rico de Souza faz uma participação especial. A primeira temporada de “Parafina” foi lançada em fevereiro de 2007. 6

T e l a

V i v a

Segunda temporada da série “Parafina”, da Oi, estreou na segunda semana de junho

j u n 2 0 0 8


Nas telas portuguesas, com certeza

De olho nos celulares

A TV Globo fechou dois acordos que reforçam a presença da emissora no mercado português: primeiro, a renovação de sua parceria com a emissora portuguesa SIC por mais quatro anos. Com o acordo, a SIC fica com direitos exclusivos de exibição sobre todas as novelas inéditas produzidas pela TV Globo até 2012. O acordo prevê apenas a compra de novelas, não contemplando outro tipo de programação ou de dramaturgia. A SIC exibe as novelas e as minisséries da TV Globo com exclusividade desde 1994. Em geral, as produções são exibidas simultaneamente pelas duas emissoras, graças à facilidade que a língua portuguesa proporciona.

A programadora Turner fechou uma parceria com a agregadora de contéudo para celulares PlayPhone para produzir e administrar a plataforma móvel do canal Cartoon Network no Brasil. O novo portal wap (wap.cncelular.com.br) do canal terá conteúdo de atrações como “Ben 10”, “As Terríveis Aventuras de Billy e Mandy”, “Robot Boy”, “A Mansão Foster para Amigos Imaginários”, “As Meninas Superpoderosas” e “Scooby Doo”. “Estamos começando com conteúdos de personalização (wallpapers, tones e videos) e games. Outros aplicativos estão por vir”, afirma o diretor de novos negócios da Turner, Milton Neto. A programadora já oferece quiz e votação através de SMS, por meio de uma parceria com a Okto, e TV móvel com a Oi e a TIM. “O objetivo é estender os serviços mobile para outros canais da programadora”, diz Neto, que afirma que o acordo tem como objetivo o desenvolvimento de uma nova linha de negócio e o aumento dos pontos de contato com a audiência.

A série “1808 – A Corte no Brasil” será exibida nos vôos da TAP para o Brasil.

No ar O outro acordo foi feito com a TAP, empresa de aviação portuguesa, para a exibição da série “1808 A Corte no Brasil”. A cada mês serão exibidos dois episódios inéditos do programa nos 50 vôos semanais que a TAP realiza de Portugal a São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Brasília, Salvador, Recife, Natal e Belo Horizonte.

Clipe interativo A Ioiô Filmes produziu um clipe interativo para a música “Globalização”, do grupo de rock Reversa. “A música fala sobre mídia e da possibilidade que o público tem de fazer o que ele quiser e ver as coisas por outro ângulo. Por isso, eu e o guitarrista do grupo, Rizzato, pensamos que o clipe poderia ter uma outra versão além da de divulgação e pensamos na interatividade.

Mutação Decidida a disputar com a Globo a liderança no horário nobre de novelas, a Record mudou a grade e colocou “Os Mutantes - Caminhos do Coração”, continuação da novela “Caminhos do Coração”, no ar mais cedo: às 20h40, para que seja transmitida no mesmo horário que “A Favorita”. Ambas estrearam na primeira semana de junho. “Estamos confiantes porque já é a 11ª novela que fazemos, estamos investindo em efeitos especiais e elenco. Apostamos bastante no público infanto-juvenil, que simpatizou com 'Caminhos do Coração'”, justificou o diretor de teledramaturgia da Record, Hiran Silveira, durante o evento de apresentação da atração. Escrita por Tiago Santiago e com direção geral de Alexandre Avancini, “Os Mutantes” terá 180 capítulos orçados em

Buscamos modelos fora do Brasil e resolvemos experimentar”, conta Mariana Bastos, diretora de cena da produtora. Na versão interativa, que fica postada no site da banda (www. reversa.com.br), o internauta, utilizando a ferramenta controle remoto pode ver a banda de frente, de costas, fechar o ângulo em cada um dos integrantes e aumentar e baixar o som. Segundo Mariana, o mesmo material foi usado nas duas versões, com edições diferentes.

HBO Outra programadora que anunciou a intenção de procurar parceiros no Brasil para disponibilizar, PlayPhone produzirá em breve, seu e administrará a plataforma móvel do conteúdo no celular é a HBO. O canal Cartoon Network vice-presidente da HBO International, Stanley Fertig, informou que estava esperando apenas a definição do 3G no país. “Quero conversar com operadores e agregadores brasileiros”, afirmou o executivo, que no momento dedica de 80% a 90% de seu tempo ao desenvolvimento de negócios móveis. Ele lembra que o maior desafio para disponibilizar o conteúdo da HBO no celular no Brasil é a barreira do idioma. “Não podemos simplesmente colocar a mesma legenda que se tem na televisão, pois seria ilegível na tela pequena do celular”, explica.

aproximadamente R$ 200 mil cada. Segundo Avancini, todos os efeitos espe­ ciais serão feitos no departamento de computação gráfica que conta com mais de 25 profissionais e, na primeira fase da novela, recebeu investimento de cerca de US$ 15 milhões em equipamentos. “Esta­ mos tentando comprar novos equipamen­ tos para esta segunda fase”, conta.

“Os Mutantes – Caminhos do Coração” é a aposta da Record para disputar horário nobre com a Globo

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

7


Documentários para exportação Em novembro de 2007, o diretor colombiano Juan Zapata fundou a produtora Zapata Filmes em Porto Alegre com o objetivo de fazer dela a maior produtora de documentários da região Sul em três anos. Agora, ele quer ir além e montar, também, uma rede de distribuição de filmes do gênero com um grupo de produtores independentes da Espanha, França e Argentina. Um encontro marcado para julho, em Buenos Aires, deve definir a linha de trabalho desta rede. “Percebo que não há distribuidoras que trabalhem exclusivamente com documentários, todas privilegiam a ficção, e existem boas possibilidades para o gênero principalmente no mercado europeu, tanto no cinema quanto

para a televisão”, diz o diretor, que costuma trabalhar com vendas diretas. Foi assim que ele vendeu um pacote para um canal de televisão da Espanha com três documentários da Zapata: “Dança da Vida”, sobre sexualidade na terceira idade, “Fidelidad”, sobre Cuba, e “Histórias da Fronteira”, um documentário sobre pessoas que transitam nas divisas do Brasil com os demais países da América do Sul. Este último ganhou o prêmio Santander Cultural em 2006 para o desenvolvimento e tem produção orçada em R$ 1,5 milhão. Deste total, o Santander bancará 10% e o restante dos fundos serão levantados pela V2 Cinema, também de Porto Alegre, encarregada da produção executiva.

“Histórias da Fronteira”, da gaúcha Zapata Films. Recém-inaugurada, produtora quer fazer parte de rede de distribuição de documentários com um grupo de produtores independentes da Espanha, França e Argentina.

FOTOS: divulgação

( scanner)

BusTV, inaugurada em São Paulo, em 2007, chegou a Brasília e Salvador. A empresa quer levar o serviço para Recife, Curitiba e Porto Alegre ainda neste ano.

TV no ônibus A BusTV, empresa de produção de conteúdo, comercialização e instalação de monitores em ônibus urbanos iniciou suas operações em Brasília e Salvador. Na capital federal, a expectativa é de que, até 2009, o serviço chegue a 500 ônibus, cobrindo 25% da frota da cidade. A previsão para Salvador é que o serviço esteja disponível em 200 ônibus até o fim desse ano e em cerca de 500 em 2009, o que equivalerá a uma cobertura de aproximadamente 30% da frota da capital baiana. Produzida pela BusTV/Casablanca, a programação contará também com uma programação local focada em Agenda Cultural, Em Cartaz (Cinema), BusTV Esporte, BusTV Saúde, Culinária, Moda, entre outros. A idéia da empresa é levar o serviço para Recife, Curitiba e Porto Alegre ainda neste ano.

TV móvel A Brasil Telecom pretende lançar em julho um serviço de TV móvel inicialmente com dez canais. A desenvolvedora contratada foi a M1nd, que também fez o projeto de TV móvel da Oi. Sem citar os canais que farão parte do pacote, Luis H enrique Lima, diretor da operação móvel e de desenvolvimento de negócios da Brasil Telecom, afirma que o conteúdo será infantil, jornalismo, esportes, adulto e música. O preço do serviço ainda não foi definido.

Publicidade em tela ociosa Uma solução de mobile advertising que exibe propagandas na tela do celular quando este encontra-se ocioso completou seis meses na Vivo em Minas Gerais. A tecnologia foi desenvolvida pela israelense Celltick e a busca por anunciantes é coordenada pela brasileira Aorta. A solução foi vendida para a Telemig Celular, antes de sua incorporação pela Vivo, e entrou em operação em dezembro do ano passado. Desde então, todos os simcards vendidos pela operadora em Minas Gerais vêm com o serviço ativado, cujo nome comercial é “Se liga”. Hoje, há cerca de 200 mil assinantes da Vivo em Minas Gerais recebendo as propagandas quando as telinhas de seus aparelhos estão ociosas. O usuário pode a qualquer momento desativar o serviço, através do menu do simcard, mas o índice de rejeição até agora é baixo: apenas 3% dos assinantes

8

T e l a

V i v a

desligaram o serviço. O próximo passo deve ser um teste na Vivo em São Paulo. Se obtiver sucesso entre os paulistas, a solução pode ser expandida para os demais estados onde a operadora atua. O “Se liga” não transmite apenas propagandas para a tela dos celulares, mas também notícias fornecidas por vários provedores de conteúdo. “Apenas 10% do conteúdo enviado é publicitário”, explica o diretor de desenvolvimento de novos negócios da Aorta, Gustavo Ziller. A receita publicitária é dividida entre a operadora, a Aorta e os provedores de conteúdo. Unimed e Fiat foram dois dos primeiros anunciantes a utilizar essa solução, nessa primeira fase de operação. Em breve, uma faculdade e uma rede de farmácias também irão aderir, informa Ziller. Por enquanto, o modelo adotado para a venda do espaço publicitário é através de cotas e o retorno é medido por page views. Mas a idéia é passar a medir e a cobrar por cliques dos usuários, conta o executivo.

j u n 2 0 0 8



( scanner) Na TV e na Internet

Test-drive na rede

Em 2007, a Coca-Cola, em parceria com a MTV, lançou o Estúdio Coca-Cola, programa que promoveu encontros entre artistas de diferentes estilos e ia ao ar uma vez por mês. Este ano, o programa mudou de nome para Coca-Cola Zero e ganhou mais espaço no canal: vai ao ar semanalmente de maio a setembro às 20h30, simultaneamente no canal e no site Coca-Cola Zero. “A idéia de mudar o nome para Coca-Cola Zero é enfatizar a idéia de que duas coisas diferentes podem se combinar e resultar em algo positivo, como o sabor da Coca-Cola em um refrigerante sem açúcar”, explica Ricardo Fort, diretor de marketing da marca. “Também queríamos que o público tivesse acesso ao conteúdo em outros canais, como o YouTube, por isso, temos novidades não só no formato do programa como também na Internet”. Entre as novidades online estão o Karaokê Online, em que o internauta pode escolher uma música de um dos artistas da fusão para cantar, gravar e fazer sua própria mistura com variações de ritmo, instrumentos e tons, o Reality Zero, em que um fã de cada artista faz de tudo para conhecer Chitãozinho & Xororó e Fresno, durante gravação do Estúdio Coca-Cola Zero, programa que ganhou mais espaço na grade seu ídolo, e um blog. da MTV e novidades na Internet A produção do programa é tarefa da MTV e o planejamento do novo formato foi feito em conjunto com a Thompson, agência de publicidade da marca. Agora, além do show, o encontro entre os artistas é explorado em cinco episódios: Troca de Balada (os fãs de cada artista são convidados para conhecer o mundo e as baladas do outro fã), Diário de Bordo (com o dia-a-dia dos artistas), Videografia (o primeiro encontro entre os artistas), o show e a maratona de reprises, que exibirá em um único dia os quatro programas anteriores. Os artistas para o programa de 2008 são Charlie Brown Jr. e Vanessa da Mata, Natiruts e DJ Malboro, Chitãozinho & Xororó e Fresno, Calypso e Paralamas do Sucesso.

Dilema Pegava fogo em meados de junho a briga entre a MTV Brasil e a Sky, devido à decisão da operadora de DTH de transmitir apenas para a cidade de São Paulo o sinal do canal. Desde o final de 2007, a Abril (controladora da MTV Brasil) e a operadora de DTH não conseguiram chegar a um bom termo nas negociações. A situação piorou quando a negociação passou a envolver também os outros canais da Abril (FizTV e Ideal), o que, segundo nota publicada pela Sky nos jornais da segunda-feira, 16 de junho, em reação à matéria publicada na revista Veja criticando a postura da operadora, quadruplicaria o custo atual. Sky e Net Serviços optaram por descontinuar a transmissão do canal de música da Abril. 10

A Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Radiodifusão) também manifestou-se repudiando a decisão da operadora de DTH Sky de transmitir, apenas para a cidade de São Paulo, o sinal da MTV. A Abert qualifica o ato de ilegal porque representaria uma apropriação indevida do sinal da emissora sem a devida autorização legal ou contratual. Segundo a Abert, a radiodifusão é um serviço aberto, mas a exploração comercial dos sinais das emissoras sem a autorização “constitui violação”. A associação promete providências legais. Tal manifestação não é gratuita e pode ter implicações importantes na discussão do PL 29/2007, projeto de lei que estabelece novas regras para a TV paga em discussão na Câmara. Um dos principais pleitos das emissoras de TV é •

T e l a

V i v a

A agência Urban Summer desenvolveu uma campanha de marketing online para a concessionária Comart, de São Paulo: os clientes que fizerem o test drive do Novo Corolla e autorizarem o uso de suas imagens serão filmadas por quatro câmeras instaladas no carro. O objetivo da ação é mostrar comentários espontâneos de clientes que dirigem o carro. Os vídeos dos tests drives podem ser vistos no site www. carroirresistivel.com, onde o internauta pode também agendar o seu teste. As imagens são captadas em HD, editadas em Final Cut e disponibilizadas em Flash para a Internet.

Distribuidora de animação brasileira Pizzatoons é a nova distribuidora de animação brasileira. Fundada pelos produtores Sérgio Martinelli e Luciana Druzina, a distribuidora surge para empacotar o conteúdo de animação produzido no Brasil - curtas, longas, séries e outros formatos - com o objetivo de oferecê-lo ao mercado nacional e internacional. justamente o direito de decidir se e em que condições o sinal das redes abertas será distribuído pelas emissoras de TV paga. Hoje, apenas a legislação de TV a cabo prevê o must carry, ou seja, obriga a operadora de TV paga a levar os sinais das geradoras locais, sem ônus para o operador e sem a possibilidade de cobrança pelo radiodifusor. A Abert deve utilizar o precedente da MTV na Sky para justificar maior poder de decisão para as emissoras abertas. A Sky deu um prazo para que a Abril diga se quer ou não que a operadora continue distribuindo o canal na capital paulista. A Pro Teste, associação de consumidores, entrou na briga, orientando o assinante da Sky a solicitar o abatimento da mensalidade paga ou a oferta de um canal similar ao MTV Brasil.

j u n 2 0 0 8



foto: luciano piva/tv cultura

( scanner) Registrado na memória

“Roda Viva” na web A TV Cultura, em parceria com a Fapesp e com a Unicamp, lançou na segunda quinzena de junho o site Memória Roda Viva, com transcrições em texto de algumas das principais entrevistas do programa. No início, são 250 entrevistas, com personalidades nacionais e internacionais, mas o ritmo de inclusão está se acelerando, conta o presidente da Fundação Padre Anchieta, Paulo Markun. Além dos textos, o site apresenta um curto trecho em vídeo de cada entrevista. Os DVDs com a íntegra das entrevistas continuam sendo vendidos pela Cultura Marcas.Os textos podem ser pesquisados por tema, nome do entrevistado ou por busca de palavras-chave. O investimento total no projeto até agora foi de creca de R$ 500 mil, sendo R$ 300 mil aportados pela Fapesp. O serviço pode ser acessado pelo site www.tvcultura.com.br/rodaviva

Paulo Markun

Formação Os diversos mecanismos de incentivo dos países da América Latina, dos Estados Unidos, do Canadá, de Portugal e da Espanha estarão reunidos em um livro, editado pela LATC - Latin America Trade Center, empresa de Steve Solot. Segundo ele, que deixou o comando da MPA no Brasil em janeiro deste ano, o livro será doado a faculdades e associações de produtores e será vendido a preço de custo. A empresa de Solot atuará na formação de produtores audiovisuais e em consultorias para o setor. A idéia é, segundo ele, atuar na formação com seminários de curta duração, abordando

novas tecnologias, produção audiovisual, propriedade intelectual e a área legal do setor. “Quero que o produtor chegue aos seminários com um projeto e saia com um pacote formatado”, explica Solot. O primeiro seminário deve acontecer em agosto, no Rio de Janeiro. A LATC atuará também em consultorias. “Tenho uma rede de advogados na América Latina e nos Estados Unidos e posso usá-los na formatação de co-produções internacionais”, diz. Segundo a MPA, ainda não há definição sobre quem assumirá o comando da associação no Brasil. Solot permanece como consultor.

FOTO: divulgação

Utilidade pública

Série da campanha de utilidade pública do FizTV é o primeiro programa totalmente produzido em HD pela equipe do canal.

Depois de estrear uma campanha de serviços de utilidade pública (SUPs) em 2007, em que veiculou dois vídeos sobre a Aids, o FizTV estreou uma série sobre trânsito, primeiro programa totalmente produzido pela equipe do FizTV em HD. No seriado, que conta com quatro atores profissionais, além do Sr Noir (blogger do Fiz), os personagens enfrentam congestionamentos de meses e, após uma longa convivência no trânsito, passam a comportar-se como se estivessem numa vila, com carros mobiliados e pessoas relacionando-se como se fossem vizinhas. Todos os sábados, às 22h, irá ao ar um novo episódio de quatro minutos que será veiculado na programação do canal como interprograma durante a semana, chegando a um total de 56 exibições semanais. O número de episódios ainda não está definido. 12

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

A Globo lançou no começo de junho o site Memória Globo (www. memoriaglobo.com.br), cujo conteúdo é resultado do trabalho de uma equipe da TV Globo formada por historiadores, antropólogos, sociólogos e jornalistas que desde 1999 levantam informações sobre a história da TV. Além de organizar arquivos de vídeo, fotos e recortes de jornais, a equipe desenvolve um programa de história oral realizando entrevistas regulares com funcionários e ex-funcionários da emissora. Atualmente, o acervo do departamento possui cerca de 500 depoimentos que correspondem a quase 15 mil horas de gravações em vídeo e áudio, contemplando a história da emissora e de outros veículos de comunicação. Na home, há uma linha do tempo, que vai da década de 60 aos dias atuais, com destaque para as datas memoráveis do jornalismo e da teledramaturgia. Vídeos, fotos e textos estão disponíveis nas seções Depoimentos, Perfis, Cronologias, Dramaturgia, Entretenimento, Jornalismo, Esporte, Polêmicas Históricas e Produtos, em que o internauta tem acesso às publicações produzidas pela equipe do Memória Globo: “Dicionário da TV Globo”, “Jornal Nacional: a notícia faz história”, “Almanaque da TV Globo” e “Entre tramas, rendas e fuxicos”.



Fotos: divulgação

(figuras ) Diretor comercial

Quarteto

André Almeida assume o cargo de diretor comercial da Abril Digital. Almeida já trabalhou na equipe comercial da Veja, na DoubleClick, na Globo.com, na HBO e estava encarregado da gerência geral de publicidade da Disney e ESPN Media Networks antes de voltar à Abril para oferecer novas alternativas de negócios aos clientes do mercado publicitário.

Quatro novos criativos entraram para a equipe de criação da DM9BDDB. Caio Cassoli (ex-AlmapBBDO, Y&R, F/Nazca e JWT) passa a integrar a equipe de Caio Cassoli, Marcos Abrucio, Renato Ramalho diretores de arte da e Murilo Melo agência, fazendo dupla com o redator Marcos Abrúcio, que volta à DM9DDB depois de uma passagem pela JWT. Renato Ramalho (ex-Lew’Lara e Y&R) também reforça o time de redatores. Murilo Melo (ex-BorghiErh e Publicis Brasil) é o novo assistente de arte do diretor de criação Guilherme Jahara.

Mídia digital fora de casa Recentemente fundada por 13 empresas que têm como característica a utilização de displays digitais em ambientes como ônibus, supermercados e elevadores, a Associação Brasileira de Mídia Digital Out Of Home (ABDOH), tem como presidente Waltely Longo, diretor da TV Mãe e Mulher. Luiz Roberto Valente, da TV Trem, é vice-presidente administrativo, Waltely Longo financeiro e de assuntos jurídicos e Alfredo Luiz dos Santos, da Subway Link, é vice-presidente de éticas e relações com associados. Eduardo Aidar, da TVO, assumiu a vice-presidência de marketing e relações com o mercado; Eduardo Alvarenga, da Elemedia Mall, a de desenvolvimento e inovações tecnológicas e Flávio Polay, da Elemidia, a de pesquisa e sistemas de controle.

Produtora executiva e coordenadora de pesquisa

Sete profissionais A Tesla, agência digital, contratou sete profissionais: Phillip Rodolfi (ex-Portal Zip.Net, F/Nazca, Urbana e Player) assume como diretor de arte, Thiago Honório Michaella Schorr, Thiago Honório, Guilherme (ex-Internetmídia, Azevedo, Waldemir Marques, Isabel Araújo, MídiaClick e A1.Brasil) Phillip Rodolfi e Carlos Eduardo Oliveira como designer e o jornalista Guilherme Azevedo (ex-Agência Folha, revista Caros Amigos e AgênciaClick) como redator. Waldemir Marques (ex-Connect e Addcomm) e Carlos Eduardo Oliveira (ex-ZAP e Orolix) juntam-se à equipe de Arquitetura de Informação. Também foram contratadas as estagiárias Isabel Araújo e Michaella Schorr.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom ABr

Presidência da Anatel O embaixador Ronaldo Sardenberg foi reconduzido à presidência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e deve assumir a função em 1º de julho, quando vence a data de sua primeira nomeação ao cargo. Sua recondução será até o fim de seu mandato como conselheiro, ou seja, até 26 de junho de 2012. O nome de Emília Ribeiro será encaminhado pela presidência da República ao Senado para ocupar a vaga no conselho diretor da agência. 14

T e l a

Iara Rocha Strufaldi foi contratada como produtora executiva do Grupo INK. Ela atuará em Brasília com a missão de fortalecer o relacionamento institucional e comercial de todas as empresas da holding Iara Rocha Strufaldi com o mercado local. Com 12 anos de experiência no mercado brasiliense, Iara já passou pela Máster (DF), Atual (DF) e F/Nazca (SP). Outra contratada do grupo é a jornalista Karina Imoto, que assume o recém-criado cargo de coordenadora de pesquisas. A profissional vem da Sentimental Filmes, onde também era coordenadora. No Ink, ela atuará no departamento de pesquisas com um trabalho voltado para as produções da Margarida Flores e Filmes, atendendo às demandas por imagens e referências vindas dos diretores e das equipes de produção. Ela também será encarregada da busca e apresentação de tendências e novidades da propaganda audiovisual.

Produtora local Carla Ponte passa a integrar o time da Discovery Networks. Com passagens por empresas como a MTV, TV Tribuna, Band e TV1, ela foi contratada pela programadora para acompanhar as produções locais que estão sendo desenvolvidas, cuidando da seleção e do acompanhamento de projetos realizados em território brasileiro.

Atendimento fortalecido e produção gráfica A Giovanni+Draftfcb contratou duas profissionais para o atendimento: Andréa Siemsen (ex-Euro RSCG), como diretora de contas do grupo da Nívea, e Adriana Imparato Andréa e Adriana Telmo Ursini (ex-Black Box), como supervisora de atendimento do grupo de Gafisa. Telmo Ursini (ex-F3 Propaganda, Nova S/B e Euro) é o novo produtor gráfico da empresa.

V i v a

j u n 2 0 0 8


Faça parte deste elenco. 16 E 17 DE SETEMBRO DE 2008 AMCHAM, SÃO PAULO, SP

Venha debater as novas formas de ver e de fazer televisão na nova edição do Congresso TV 2.0. As discussões mais avançadas sobre a nova realidade da distribuição de conteúdos audiovisuais em dois dias de evento, com exposição privilegiada da sua marca para uma audiência altamente segmentada e qualificada.

2º Congresso TV 2.0. Uma nova maneira de ver TV. Mil novas maneiras de fazer negócios.

PARA PATROCINAR

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES

(11) 3138.4623 | comercial@convergecom.com.br PATROCÍNIO PLATINUM

PARCEIROS DE MÍDIA

0800 77 15 028 | info@convergecom.com.br ORGANIZAÇÃO E VENDAS

PROMOÇÃO


( capa )

Fernando Lauterjung

f e r n a n d o @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Dinheiro novo Governo anuncia novos recursos para o audiovisual. Pela primeira vez, emissoras de TV terão incentivos para investir em co-produção e produção independente.

C

erca de US$ 250 milhões serão injetados no mercado audiovisual brasileiro em 2008. A previsão, apresentada pelo presidente da Ancine, Manoel Rangel, na abertura do 9º Forum Brasil – Mercado Internacional de TV, inclui recursos provenientes de incentivos fiscais, do orçamento da agência, Secretaria do Audiovisual, BNDES, e Fundo Setorial do Audiovisual. Alguns destes mecanismos estão em gestação, com início de funcionamento marcado para breve, como o Fundo Setorial do Audiovisual, os Programas Especiais de Fomento e o Artigo 3ºA da Lei do Audiovisual. São mecanismos que, segundo Manoel Rangel, além de trazer novos recursos, mudam a forma de trabalhar dos produtores, criando um impacto no modelo de financiamento público. Explica-se: são formas de financiamento que usam a lógica de mercado, ou seja, exigem algum retorno. Segundo o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Silvio Da-Rin, que também falou na abertura do evento, o Fundo Setorial já tem seu comitê gestor nomeado. Vale lembrar, o fundo será administrado pela Ancine, seguindo diretrizes apontadas pelo comitê, que, até o fechamento desta edição, ainda não havia se reunido (veja box Composição do Comitê). O FSA recebe dotação anual do Governo Federal. Embora ainda não estivesse devidamente regulamentado, o fundo recebeu recursos em 2007 e 2008, contando, atualmente, com R$ 80 milhões em caixa. A expectativa da

Ancine é que o fundo comece a funcionar em agosto deste ano. Segundo Rangel, pelo menos R$ 30 milhões devem ser aplicados ainda este ano. O Fundo Setorial do Audiovisual deverá ser usado para infraestrutura do audiovisual, produção, distribuição, desenvolvimento de projetos etc. “Trata-se de um mecanismo sistêmico, que vai operar fundamentalmente através de empréstimos e investimentos, tornando-se sócio dos rendimentos econômicos do projeto que recebe o investimento. Portanto, será retroalimentado”, diz Rangel. Outro dos mecanismos em gestação, o Artigo 3ºA da Lei do Audiovisual, tem sua regulamentação em consulta pública. Trata-se do mecanismo que permite o abatimento de parte do imposto devido pela venda internacional de direitos de obras audiovisuais ou eventos para

16

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

transmissão em TV aberta ou por assinatura, desde que o valor seja investido no desenvolvimento ou co-produção de obras audiovisuais independentes. O abatimento no imposto é de 70% e o investimento pode ser feito no desenvolvimento de projetos de produção de longas brasileiros independentes, e na co-produção de obras brasileiras e independentes cinematográficas e videofonográficas de curta, média e longa-metragem, documentários, telefilmes e minisséries. Até agora, apenas as programadoras internacionais tinham um incentivo fiscal para co-produzir com produtoras independentes, o Artigo 39 da MP 2.228/2001. Com o novo mecanismo, qualquer emissora de TV aberta ou por assinatura que compre


FOTO: marcelo kahn

programação ou direitos esportivos no mercado internacional terá um incentivo à co-produção com independentes. As programadoras internacionais também podem ter acesso ao mecanismo, contanto que a compra de conteúdo internacional seja feita pelo Brasil. Com este mecanismo, a Ancine projeta um aumento de investimentos da ordem de R$ 45 milhões a R$ 50 milhões no setor. “Nós vemos iniciativas como a Globofilmes como algo positivo no setor. Este mecanismo incentivará a criação de departamentos semelhantes nas outras emissoras, mas abordando também a produção independente para a televisão, não apenas cinema”, diz Rangel. Contudo, vale destacar, o mecanismo não é tão simples quanto aquele que inspirou a sua criação, o Artigo 3º da Lei do Audiovisual, amplamente usado pelas distribuidoras de cinema. Em ambos os casos, o imposto é pago pela empresa que vende o produto, e não pela que compra. Portanto, o incentivo fiscal é da empresa vendedora (por exemplo, um estúdio internacional). As grandes

internacional. Com o mecanismo, o dinheiro incentivado pode ter quatro destinos: n A contribuinte (que vendeu os direitos) não se interessa pelo benefício fiscal, pagando normalmente o imposto de renda; n A contribuinte nomeia uma representante nacional, usando o benefício fiscal para co-produzir no Brasil; n A contribuinte transfere o benefício para a compradora (o canal comprador dos direitos), que investe na co-produção com produtor independente; n A beneficiária do incentivo (seja ela a contribuinte, seja a compradora) recolhe os valores, mas não aplica em nenhum projeto dentro prazo, transferindo assim o montante para o

Novos mecanismos mudam a forma de trabalhar dos produtores, diz Manoel Rangel, da Ancine.

distribuidoras internacionais presentes no Brasil não encontram problema, já que o incentivo pertence às suas matrizes. Já as distribuidoras independentes que usam o Artigo 3º, normalmente, fazem a compra de conteúdo usando uma empresa off-shore. Para a TV, o Artigo 3ºA estipula que a emissora que comprou o conteúdo ou direitos esportivos “terá preferência na utilização dos recursos decorrentes do benefício fiscal (...) desde que o contribuinte transfira expressamente o benefício em dispositivo de contrato ou documento especialmente constituído para esses fins”.

Com artigo 3ºa, ancine projeta investimenTos da ordem de R$ 50 milhões. Ou seja, é possível que a empresa estrangeira, que vendeu os direitos, transfira o benefício para a empresa brasileira compradora dos direitos, que é a programadora ou emissora de TV. Contudo, a empresa não é obrigado a ceder os direitos. Empresas que tenham filiais no Brasil, por exemplo, podem transferir o incentivo para sua filial, e não para o canal comprador do conteúdo

Fundo Setorial do Audiovisual. O mecanismo introduz mais uma variável e, possivelmente, mais uma moeda na negociação entre canais brasileiros e detentores estrangeiros de direitos. Caberá a eles, no momento da negociação da compra/ venda de direitos, exigir ou abrir mão do direito ao uso do incentivo fiscal. Caso não haja interesse destes

Investimento público no audiovisual em 2008 Artigo 1º A+PEFs, Artigo 3º, Artigo 3º A, Artigo 39

US$ 80 milhões

Ancine (Prêmio Adicional de Renda, Prêmio Adicional de Qualidade, Editais)

US$ 10 milhões

SAV (Editais)

US$ 10 milhões

BNDES (Procult)

US$ 50 milhões

Funcine

US$ 20 milhões

Fundo Setorial do Audiovisual

US$ 30 milhões

TV Cultura

US$ 10 milhões

TV Brasil

US$ 40 milhões

Total

US$ 250 milhões Fonte: Ancine

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

17

>>


( capa) players, o mecanismo pode até se tornar inócuo. Os Programas Especiais de Fomento formam o último dos novos mecanismos. Os PEFs se valem de recursos do Artigo 1°A da Lei do Audiovisual. São criados a partir de parcerias entre a Ancine e os parceiros que podem ser canais abertos, programadoras ou entidades não necessariamente ligadas ao audiovisual. “No momento, há três emissoras em negociação e uma entidade empresarial”, disse o diretor da Ancine Sérgio Sá Leitão no 9º Forum Brasil. O primeiro PEF aprovado é o “Programa Imagens do Brasil”, realizado em parceria com a TV Brasil. A emissora poderá captar, através do mecanismo de incentivo fiscal, até R$ 60 milhões, que serão aplicados na produção independente, principalmente de teledramaturgia, animação e documentários. Conforme apurou TELA VIVA, a Ancine também vem falando com algumas emissoras comerciais que se interessaram pelos PEFs. Por enquanto, Band, Record e MTV Brasil estariam mantendo conversas com a agência. A idéia é que as emissoras façam, com seus anunciantes, a arrecadação de dinheiro incentivado para a produção de programas independentes. A seleção dos projetos deve ser formada por uma equipe conjunta entre Ancine e emissora. “Necessariamente, a seleção é feita por edital”, explica Manoel Rangel. Segundo o presidente da Ancine, a agência enviou correspondência às grandes emissoras, convidando-as a participar da criação de novos PEFs. Além disso, Rangel espera viabilizar PEFs dedicados à co-produção internacional. Como parceiro, explica, a Ancine poderia ter uma embaixada, que faria a captação de recursos incentivados

Composição do Comitê Gestor O Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual, que definirá as diretrizes do fundo, posteriormente colocadas em prática pela Ancine, é composto por: nR epresentantes do Ministério da Cultura: João Luiz Silva Ferreira, tendo como suplente Alfredo Manevy; e Silvio Da-Rin, tendo como suplente Paulo Alcoforado. nR epresentante da Ancine: Manoel Rangel, tendo como suplente Mario Diamante. nR epresentante da instituição financeira (Finep): Patrícia Freitas Pinto, tendo como suplente Antônio Cândido Daguer Moreira. nR epresentantes do setor audiovisual: Paulo Mendonça, tendo como suplente Geraldo Moraes; e Gustavo Soares Steinberg, tendo como suplente Wilson Feitosa.

junto às empresas do país que atuam no Brasil, por exemplo. Funcines Os Funcines, que também usam uma “lógica de mercado” em sua aplicação, também devem ganhar uma nova Instrução Normativa, mudando sensivelmente as regras do jogo. Vale lembrar, os Funcines são fundos incentivados para investimento na cadeia audiovisual. A Ancine deve publicar em breve a Instrução Normativa. A principal alteração deve ser na forma como os fundos participarão das produções nas quais investem. A idéia da agência, que teria sido bem recebida pelas instituições gestoras dos Funcines, é que, ao invés de adquirir cotas patrimoniais nas produções, os fundos adquiram participação nos rendimentos destas obras por tempo determinado. “Nesse modelo, semelhante ao de emissão de debêntures, o produtor da obra mantém o direito patrimonial, podendo lucrar um pouco mais com long tail”, diz uma fonte. Fundo Setorial já tem comitê gestor nomeado, anuncia Silvio Da-Rin, da SAV/Minc.

18

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

A mudança na forma de investir pode, no futuro, ser transportada para outros mecanismos de fomento. A Ancine estuda a idéia de responsabilizar todos os co-produtores de uma mesma obra audiovisual. Atualmente, apenas um co-produtor, que detém a maioria dos direitos, é responsável legal pela obra. Com a mudança na forma de investir, o investidor não precisaria se tornar co-responsável dentro da nova regra. Para a agência, os produtores teriam mais facilidade em explorar o mercado long tail, não precisando da autorização de vários sócios a cada passo. Além disso, poderiam formar uma carteira mais rentável após o período de lançamento das obras. Os investidores, por outro lado, receberiam parte dos lucros justamente na fase mais rentável das obras. As mudanças, acredita a Ancine, acabariam com a prática de contratos de gaveta, como entre produtores e programadores em co-produções que usam o Artigo 39, por exemplo. Conforme apresentou Luis André Sá d’Oliveira, do BNDES, no 9º Fórum Brasil - Mercado Internacional de Televisão, o banco tem orçamento anual de R$ 25 milhões para investimento em Funcines. Como o BNDES já usa todo incentivo fiscal a que tem direito em outros projetos, incluindo o investimento em cinema pela Lei do Audiovisual, o investimento em Funcines não é incentivado. Portanto, o banco exige retorno compatível. Segundo o executivo, atualmente o BNDES investe R$ 10 milhões no Funcine RB Cinema I e R$ 7,9 milhões no Funcine Lacan-DowntownFilmes. Além deste, estão em análise o investimento de R$ 8 milhões no Funcine DGF Quanta Audiovisual I, R$ 5 milhões no Funcine Fator e o mesmo valor no Funcine Banif-Diler. Por fim, o Procult, programa do BNDES para desenvolvimento da cadeia cultural, também usa a mesma dinâmica almejada pela Ancine. O programa conta com taxas de juros diferenciadas para o setor cultural.

>>



( capa) Contudo, como não poderia deixar de ser, exige garantias equivalentes ao valor emprestado. O programa já conta com nove projetos aprovados, nas áreas de infra-estrutura, exibição e produção, este último com desconto de contrato. Além disso, outros projetos estão em análise, podendo chegar a R$ 100 milhões o investimento. Conforme anunciou Luis André Sá d’Oliveira no Forum Brasil, o Procult deve ser prorrogado para até 2012. Criado em 2006 e previsto para acabar neste ano de 2008, o programa, por enquanto, atende apenas aos mercados audiovisuais, mas deve ser ampliado em breve. O orçamento total é de R$ 165 milhões, mas deve ser ampliado com a renovação.

2005

2006

82,7

2004

102,6

2003

82,1

94,5

2002

68,3

2001

52,9

52,3

Investimento Público/ Incentivos Fiscais (US$ Mi)

2007

Fonte: Ancine

podem agregar valor ao investimento de terceiros ou ao projeto em si. É mais seguro, por exemplo, investirem um projeto que conta com investimento de um Funcine ou do BNDES, que farão todo o acompanhamento da arrecadação e dos gastos do produtor. Ou ainda, investir em uma obra que conta com apoio de uma emissora de televisão na divulgação. Desenhar um modelo com recursos “baratos” e mais “caros” será o desafio dos produtores, que devem manter no

Mecanismos complementares A criação de tantas formas de incentivo baseadas na dinâmica de mercado passa exigir alguma criatividade dos produtores na hora de formatar o modelo de financiamento de um projeto. Estes mecanismos, embora sejam “mais caros” que os mais antigos como o Artigo 1º e 1ºA da Lei do Audiovisual,

final sua participação nos rendimentos da obra. Segundo Manoel Rangel, os mecanismos foram criados para complementarem uns aos outros. Contudo, admite que possa haver uma concorrência entre os mecanismos. No fim, a concorrência é boa para o produtor, que ganha mais poder na negociação com bancos, gestores de fundos e até a agência reguladora.

Editais da Secretaria do Audiovisual Para 2008, estão previstos novos editais da Secretaria do Audiovisual, além dos já anunciados. Entre os novos estarão os de apoio ao desenvolvimento de jogos eletrônicos e novas mídias; apoio a documentários para veiculação na TV comercial aberta; apoio a produções que irão preencher faixas de programação da TV pública (via Mais Cultura); Pontos de Difusão Digital (via Mais Cultura). Como ainda estão em desenvolvimento, não há valores definidos. Veja os editais já lançados para 2008: Edital

Projetos

Valor Unitário

Valor total

Longa-metragem de baixo orçamento

5

R$ 1 milhão

R$ 5 milhões

Curta-metragem ficção, documental ou experimental

20

R$ 80 mil

R$ 1,6 milhão

Curta-metragem animação

10

R$ 60 mil

R$ 600 mil

Curta-metragem infanto-juvenil

20

R$ 60 mil

R$ 1,2 milhão

Desenvolvimento de roteiros

10

R$50 mil

R$ 500 mil

Curta-metragem para egressos ou participantes de projetos sociais

20

R$ 30 mil

R$ 600 mil

Desenvolvimento de série de animação para TV

10

R$ 30 mil

R$ 300 mil

TOTAL

R$ 9,8 milhões Fonte: SAV/MinC

20

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8


Um evento imperdível qualquer que seja sua freqüência. Vem aí a nova edição do encontro obrigatório para toda a cadeia da indústria de satélites, que se reúne a cada ano no Rio de Janeiro para debater, durante dois dias, os temas cruciais do setor. 8º Congresso Latino-Americano de Satélites. Sintonize este evento e venha. Em debate: s &USµES E ALIANÀAS ESTRAT£GICAS s 4ENDäNCIAS E PERSPECTIVAS s 3OLUÀµES CORPORATIVAS s 0ROJETOS INTERREGIONAIS s -ARCOS REGULAT RIOS s 0ROJETOS $4( s #ONVERGäNCIA s 3ERVIÀOS P¢BLICOS E MAIS

EVENTO

Uma parc INTERNACIONA L eri entre Con a latino-america na verge Co mu (Brasil) e Converge nicações n (Argentin cia Latina a). 0!42/#Ù.)/ "2/.:%

02/-/­ª/

!0/)/

0!2#%)2/3 $% -Ù$)!

/2'!.):!­ª/ % 6%.$!3

Agregue sua marca ao maior encontro da indústria satelital do Continente.

Dias 2 e 3 de outubro de 2008 Rio de Janeiro, RJ. 3HERATON 2IO (OTEL


RA COBERTEUCIAL ESP

( forum brasil 2008 )

Da redação

c a r t a s . t e l a v i v a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Mais internacional do que nunca Forum Brasil expande seu alcance e traz representantes de 24 países para fazer negócios e debater a co-produção, o mercado global e as novas tendências em programação.

S

FOTOs: Marcelo Kahn

ão Paulo foi palco mais uma vez do principal encontro de conteúdos para televisão da América Latina, o Forum Brasil - Mercado Internacional de Televisão, que chegou à sua nona edição no início de junho. Promovido por TELA VIVA, o even­to bateu este ano seu recorde de participantes (cerca de 1,2 mil) e, so­bretudo, de internacionalização. Nada menos que 24 países estiveram representados no encontro, entre pales­trantes e participantes, alguns com delegações completas, como foi o caso do Uruguai, Itália, Espanha e Canadá. O evento contou também com algumas importantes novidades em relação ao anos anteriores, como o Encontro das TVs de Língua Portuguesa e o pitching Discovery / Forum Brasil. Nas próximas páginas, você encontrará uma cobertura completa do encontro.

Fernando Gaitán, autor e produtor de "Betty, a Feia", um dos homenageados da noite de abertura do Forum Brasil.

exibida em mais de 40 países, e a HBO, por seus investimentos em produções locais no Brasil, México e Argentina. A gaúcha RBS recebeu a homenagem por seus esforços na produção regional, e a Globo.com por sua atuação no desenvolvimento da mídia online. Um dos destaques da noite foi a presença do colombiano Fernando Gaitán, autor e produtor de “Betty, a Feia”. A novela virou um formato de grande sucesso e foi adaptada com versões locais em dezenas de países, como China, Alemanha e Estados Unidos, onde virou a sitcom “Ugly Betty”. É um dos melhores exemplos de como um conteúdo criado na América Latina pode “viajar” e ganhar o mundo, em um modelo de negócios muito lucrativo para os criadores originais. A cerimônia também teve momentos

Solenidade O Forum foi aberto com uma cerimônia na qual a organização do evento homenageou algumas empresas e personalidades que se destacaram ao longo do ano. Foram escolhidas empresas que representassem os diferentes segmentos do audiovisual e que dessem uma amostra do que é realizado no Brasil e na América Latina. Assim, receberam homenagens do Forum a Flama Filmes, pelo sucesso internacional de sua série de animação “Princesas do Mar”,

22

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

de emoção, como na homenagem póstuma à autora de novelas Janete Clair, morta há exatos 25 anos. Clair foi homenageada também por sua importância na difusão do conteúdo brasileiro no mundo, através de seus textos. A homenagem foi entregue pelo autor Gilberto Braga e pela atriz Regina Duarte a um dos filhos de Janete com o dramaturgo Dias Gomes. No fim, houve uma homenagemsurpresa a José Roberto Filippelli, ex-diretor da Globo e atualmente consultor internacional da Converge Comunicações (que edita TELA VIVA). Como representante da Globo na Europa por mais de 20 anos, ele praticamente abriu os caminhos da produção brasileira no exterior.


Defesa do PL A abertura dos seminários do Forum foi marcada por discursos de cunho político. Ancine e Minc saíram em defesa do PL 29, em votação no Congresso, que altera as regras do mercado de TV por assinatura. Manoel Rangel, presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), foi contundente: “Esse Forum Brasil coincide com a votação do PL 29, que é centrado na TV paga porque é a TV paga o nó central do processo da convergência. É imprescindível estabelecer regras públicas para a convergência. O projeto envolve diversos agentes econômicos e esse é seu grande mérito. Não há mercado saudável sem que os diversos agentes encontrem espaço. Só isso permitirá o estímulo do mercado audiovisual brasileiro”, disse o presidente da agência. Ele ressaltou que o PL 29 unifica a regra de utilização das redes, e que esta reorganização deve vir acompanhada, como propõe o substitutivo, de uma “saudável atenção ao mercado audiovisual”. Segundo Manoel Rangel, “a aprovação do PL 29 pode criar um ambiente importante para a produção de conteúdo”. Silvio Da Rin, secretário do audiovisual do Ministério da Cultura, foi na mesma linha e defendeu a aprovação do projeto. “Trata-se do acordo possível entre os diferentes integrantes do mercado, o MinC apóia o projeto e espera que ele seja aprovado e entre em vigor o mais rapidamente possível”. Fernando Dias, presidente da Associação Brasileira de Produtores Independentes (ABPI-TV), ressaltou que o que os produtores nacionais querem não é ingerência sobre os canais e sobre o conteúdo da TV por assinatura, mas sim levar o conteúdo nacional diversificado a mais brasileiros. “Nós precisamos das TVs, precisamos que todos tenham sucesso. Além disso, o PL 29/2007 trás uma questão fundamental que é o fundo de produção de conteúdo,

As experiências brasileiras em co-produção foram tema de um dos principais painéis do evento

que pode injetar R$ 300 milhões no mercado, o que é muito significativo”, disse o executivo.

da TV Globo Internacional, Raphael Corrêa Netto, durante o debate. O diretor salienta, entretanto, que embora haja espaço para o conteúdo brasileiro no mercado internacional, este encontra-se em um estágio de desenvolvimento muito diferente. “Com a experiência que adquirimos ao lançar o Globo Doc, pensado especificamente para o mercado internacional, entendemos que há espaço para conteúdos tanto de entretenimento quanto de jornalismo nos diferentes formatos, para versões para TV a cabo, internet e para mobile”, conta Corrêa Netto. Segundo ele, a idéia é criar subprodutos dos conteúdos da Globo para o mercado internacional nessas novas plataformas e até mesmo estender sua vida útil. “A velocidade e o esforço empregados para preparar e editar esses novos formatos vão depender de oportunidade comercial e da rentabilidade do negócio, mas já estamos desenvolvendo este projeto, que deve durar pelos próximos dois semestres”, conclui. A venda de formatos foi apontada como tendência por Victor Herrera, da mexicana

Novos formatos Outra novidade do Forum deste ano foi a maior presença de grupos latinoamericanos no evento, como a mexicana Televisa, a colombiana Caracol e a chilena Canal 13, entre outras televisões. Por conta disto, vários debates giraram em torno da presença do conteúdo latino no mundo. As conversas acontecem em um momento de grandes mudanças, quando gigantes como Globo e Televisa expandem seus negócios para além da simples venda de conteúdo e investem em parcerias e co-produções, participando efetivamente dos mercados internacionais. A Globo anunciou pouco antes do evento sua nova parceria com a Telemundo (EUA), para a co-produção da versão local de “O Clone”. Já a Televisa, que fechou recentemente negócio semelhante na França, prepara-se para aportar no Brasil, em parceria com a Record, para co-produzir novelas por aqui. Ao mesmo tempo, países com pouca tradição em teledramaturgia, como Coréia e Alemanha, vem produzindo suas próprias novelas, concorrendo com o produto latino. “Para as novas gerações de consumidores surgirão novos criadores e o talento do Brasil e da América Latina marcará o diferencial competitivo das empresas da região”, disse o diretor de vendas internacionais

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

“Para haver co-produções, primeiro é preciso que o mercado nacional se desenvolva.” Denise Gomes, da Bossa Nova

23

>>


( forum brasil 2008) Televisa. Fernando Gaitán, que abriu o painel, é dono do melhor exemplo de que a venda de formatos pode ser bem sucedida. Sua “Betty, a Feia” foi exibida em 74 países e o formato foi vendido a 12 países que fizeram produções locais com base no folhetim. “Não escrevi pensando que faria tanto sucesso. Acontece que a novela trata de alguns temas que podem ser usados em qualquer cultura. Uma história que se passa em um escritório, as relações de chefe e empre­gado, o medo de desemprego, as questões hierárquicas, tudo isso faz

parte do univer­so das pessoas no mundo todo”, destacou. “Penso que haverá uma mudança na maneira de consumir os produtos de TV em quatro ou cinco anos, por isso, temos que pensar também em questões como a interatividade para seguirmos conquistando espaço no mercado internacional”. A afirmação é de Pedro Davila, diretor de projetos internacionais da colombiana Caracol Televisión. Por isso, além de exportar conteúdo pronto e formatos, a Caracol está investindo em produção de versões reduzidas, com capítulos de até cinco minutos de suas

Luiz Antonio Silveira, da Conspiração; Alexandre Iglesias e Inês Stanisiere, da Trapiche; Débora Garcia, da Digital 21, vencedores dos pitchings de documentário, séries e animação.

Conspiração vence o pitching da Discovery Uma das principais atrações do Forum Brasil 2008 foi o pitching realizado em parceria com a Discovery Networks Latin America & Iberia, que ofereceu um prêmio de desenvolvimento no valor de US$ 20 mil ao melhor projeto de documentário para o canal. Mesmo sendo a última sessão do evento, o pitching atraiu um grande público, todos muito curiosos para ver as performances dos cinco produtores selecionados entre os 17 que enviaram seus projetos. O projeto “Zootropolis”, da produtora carioca Conspiração, foi o vencedor da disputa. A série tratará da vida animal que se esconde nas grandes metrópoles, da biodiversidade que existe no meio do concreto e do ritmo acelerado das megacidades. “Zootropolis” concorreu com outros quatro projetos: “Amazon Diamonds”, da Mutante Filmes (São Paulo); “Mais que inconveniente”, da Mixer (São Paulo); “Brasil Forte”, da Urca Filmes (Rio de Janeiro); “Sugar Men”, da Pródigo Films (São Paulo). Os produtores se apresentaram a um júri internacional formado por Michela Giorelli (Discovery), André Rossi (Discovery), Wagner La Bella (TV Cultura), Richard Saiz (ITVS), Israel do Valle (TV Brasil) e Sarah Jane Flynn (Canwest). Animação Além dos documentários, o Forum Brasil realizou seus já tradicionais pitchings de animação e séries. “Manedy”, da produtora paulista Digital 21, venceu o pitching de animação. A série, voltada para o público adulto, tem como personagem principal o lobo-guará Manedy, e foi escolhida pelo júri formado por Tanya Kelen (Breakthrough, Canadá), Daniela Vieira e Carlos Tureta (Turner, Estados Unidos) e Mário Sérgio Cardoso (TV Rá-Tim-Bum). Já a série “De Menina para Menina”, da Trapiche Produções, venceu o pitching de séries de TV. O programa, uma série sobre a vida de uma menina adolescente, foi apresentado pela roteirista Inês Stanisiere, autora também do livro que originou a série. O júri foi formado por Jimmy Leroy, da Viacom; Katia Murgel, da Fox; Elizabetta Zenatti, da Band; e Johanna Samuel, da Balliran International.

24

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

novelas para o celular e Internet, o que tem despertado o interesse de países como Israel e Rússia. “Além disso, estamos tentando integrar as plataformas, dando ao expectador a possibilidade de escolher os atores que querem ver numa novela por meio do voto pela Internet ou pelo celular”, conta. Co-produção Como não podia deixar de ser, a co-produção internacional foi outro tema dominante no encontro. Com a maturidade que o país vem ganhando neste tipo de parceria, foi possível um debate de alto nível, mostrando os pontos fortes e também os problemas que surgem na hora de realizar um “casamento” deste tipo. “Co-produção não precisa, necessariamente, ser feita com produtoras internacionais. Co-produzam com seus amigos, para treinar e então partir para o mercado internacional”. A dica foi do produtor Maurício Dias, da Mixer. Segundo ele, os brasileiros têm muito a aprender no mercado internacional. “Precisamos saber que idéias não são projetos. Na maioria das vezes, os brasileiros apresentam idéias”. O produtor apontou ainda outros pontos que devem ser levados em conta, como apresentar projetos atraentes para o país de co-produção, assegurar financiamento no Brasil, ter um bom advogado internacional para o contrato e buscar uma parceria duradoura. O mais importante, diz, é buscar parceiros que agreguem valor, além do financeiro, ao projeto. Que assegurem distribuição ou agreguem talentos artísticos, por exemplo. “Só pelo dinheiro, pode não valer à pena. Às vezes os R$ 100 mil que o co-produtor aporta pode significar só R$ 10 mil, já que com o aporte virão também exigências”, disse. Para Guilherme Bokel, da TV Globo, o grande desafio da co-produção internacional é saber como colocar seu conteúdo em outros mercados. “Uma novela pode ser outra em outros países”, diz. A Globo

>>


Quando você investe em eventos está fazendo a melhor opção para falar diretamente com quem decide – desde que esses eventos reúnam os atributos certos:

um mix de conteúdo, credibilidade, conhecimento do mercado, timing e, sobretudo, foco no target. A Converge Comunicações é líder no segmento de convergência desde 1992, e realiza os eventos mais relevantes, contando com o apoio editorial das publicações TELA VIVA, TELETIME e TI INSIDE. São 15 eventos ao longo do ano, em diferentes formatos, que atraem públicos diversificados e altamente qualificados, com um diferencial em comum: a garantia de mais retorno para cada real que você investe.

Programe a Converge no seu próximo evento.

Nem você vai ver direito do seu investimento.) (o retorno

Quem converge é sempre mais.

Seja mais Converge.

1 1

3 1 3 8 . 4 6 2 3

|

w w w. c o n v e r g e c o m . c o m . b r


( forum brasil 2008)

galeria Victor Herrera (Televisa Intl.)

Michela Giorelli (Discovery, EUA)

Noite de homenagens. Em sentido horário: Regina Duarte e Gilberto Braga homenageiam Janete Clair. Fernando Dias (ABPI-TV) e Reynaldo Marchezini (Flamma); Pedro Sirotsky (RBS) e Boni; Maria Ângela de Jesus (HBO)

Cabines de screenings

Raphael Correa Netto (TV Globo)

Alexandre Raposo (Record)

Delegação do Canadá contou com estande

Júri do pitching de séries: Jimmy Leroy (Viacom), Elizabetta Zenatti (Band), Katia Murgel (Fox) e Johanna Samuel (Balliran, Canadá)

26

T e l a

V i v a

Sarah Jane Flynn (Canwest, Canadá)

Larry Higgs (TPI, EUA)

Daniela Vieira (Turner, EUA)

Sérgio Sá Leitão (Ancine)

j u n 2 0 0 8


André Sturm (Cinema do Brasil)

Ambiente de networking

Fernando Almeida (TV Cultura) Painel de animação: Tiago Melo (Mixer), Célia Catunda (TV Pinguim), André Breitman (2DLab) e Mary Mackay-Smith (Lunessence, Canadá)

Esperanza Garay (Telemundo, EUA), Roberto Filippelli e Eliana Costa (Band)

Érico da Silveira (TV Escola)

Bill McGowan (ChumTV, Canadá) e Alvaro de La Fuente (Veranda, EUA)

Cielo Salviolo (Canal Encuentro, Argentina)

Silva Basmajian (NFB, Canadá)

T e l a

V i v a

Israel do Vale (TV Brasil)

j u n 2 0 0 8

Eric Michel (Javelot, Canadá)

27

Leopoldo Nunes (TV Brasil)


( forum brasil 2008) está co-produzindo com a Telemundo a novela “O Clone”. Segundo Bokel, a Globo participa da adaptação e da produção da novela. Além disso, participa de toda a cadeia de valores da novela, com exceção do merchandising. O executivo diz que a Globo tem interesse em fazer parcerias como a de “O Clone” com outros programas do portfólio, especialmente as séries. Segundo ele, já há pedidos de países como Índia, Rússia e Cingapura. “A produção independente brasileira se desenvolveu no aeroporto”. Essa frase, de Luis Antônio Silveira, da Conspiração, deu o tom do painel “Perspectivas para a produção independente”, durante o Forum Brasil. Com a participação de produtoras e canais nacionais e internacionais, o painel tratou, principalmente, das co-produções internacionais. Para Denise Gomes, da Bossa Nova Films, há quatro questões fundamentais para que a co-produção aconteça. A primeira é que o mercado nacional se desenvolva; a segunda é que haja

Guilherme Bokel, da Globo: co-produção internacional com a Telemundo

Debut internacional Criada em abril para promover a produção audiovisual uruguaia, a Cámara Audiovisual del Uruguay fez sua estréia em eventos internacionais no Forum Brasil. “Queremos conhecer melhor este mercado e usar esta experiência para futuros eventos internacionais”, diz Pablo Arriola, presidente da entidade e diretor geral da OZ Media, produtora de conteúdos para a televisão aberta. Representantes de empresas de conteúdo para TV, publicidade, cinema, animação e videogame estiveram no estande da delegação uruguaia. “É um momento bom para o audiovisual do Uruguai, o país oferece boa relação de custo/ qualidade e estou aqui para mostrar o meu trabalho, fazer contactos para possíveis co-produções e oferecer serviço de produção local para quem pretende filmar no Uruguai, tanto cinema como publicidade”, explica Pablo Figueroa, diretor de produção da La Jolla Films. Conrado Polvarini, diretor da Contenidos TV, também quer ampliar as perspectivas de mercado. “Já desenvolvo alguns trabalhos para a televisão chilena e quero conhecer melhor o mercado brasileiro”, diz. Para Iván Ibarra, produtor geral do Canal 10, TV aberta uruguaia, o evento foi uma boa oportunidade de exposição. “Ainda não temos tradição de venda de conteúdo para TV e queremos fortalecer a indústria para isso. A Argentina já tem prestado mais atenção às

28

T e l a

FOTO: Marcelo Kahn

uma vontade política, o que, segundo Denise, tem acontecido no Brasil; em terceiro lugar, há a necessidade que se promovam encontros entre os produtores; e por último, mas não menos importante, é preciso encontrar boas histórias, com linguagem que atenda ao público de ambos os países envolvidos. “O mais importante é que a história seja boa e universal”, diz Silva Basmajian, do National Film Board, do Canadá. “Sempre usamos o ‘Cidade de Deus’ como referência de um conteúdo universal, bem filmado e com uma história forte”, disse. Laura Annalora, gerente de desenvolvimento e produção do canal National Geographic, lembrou que as pequenas produtoras brasileiras também podem ganhar destaque. “Não é só uma Canal Azul que nos chama a atenção. As pequenas produtoras também”, diz. Além da co-produção, há oportunidades com os players nacionais, segundo Denise Gomes. A produtora acredita que a evolução da produção

independente aconteceu em países que contaram com a participação das emissoras. “Meu documentário co-produzido com o Canadá foi exibido em dois canais de lá, um em francês e um em inglês. Aqui, por outro lado, ele ainda não foi exibido”, exemplificou. Ela acredita que os canais de TV por assinatura no Brasil, que não tem estrutura própria para produzir, tem aberto esse mercado. “Mesmo que estejamos prestando serviços, ou seja, sem os direitos da obra, conseguimos criar uma relação com as TVs”, conclui. Não apenas o conteúdo de TV pode encontrar espaço no exterior, mas também o de cinema. Um exemplo é o canal francês Arte, que realiza co-produções de longas metragens e séries com outros países, inclusive com o Brasil. Segundo François Sauvagnargues, do Arte, que participou do painel, depois de produzir com a Buriti Filmes o filme “Chega de Saudade”, e com a Ravina Filmes o “Mutum”, o canal mantém conversas com outras grandes produ­toras brasileiras para a realização de longas e séries de ficção.

Cámara Audiovisual del Uruguay estréia no mercado internacional no 9º Forum Brasil – Mercado Internacional de televisão

nossas produções, mas o mercado brasileiro ainda é um pouco fechado”, pondera. Uma delegação de oito italianos, documentaristas e representantes de empresas de animação também esteve no Brasil no início de junho, convidados para participar de um encontro promovido pela ABPI-TV, e vieram ao Forum Brasil. “Foi uma grande oportunidade de fazer contatos com produtores de todo o mundo e conhecer melhor o mercado brasileiro, porque estamos muito interessados em fazer co-produção com o país”, disse Alessandro Signetto, presidente da associação de documentaristas italiana.

V i v a

j u n 2 0 0 8



RA COBERTEUCIAL ESP

( distribuição )

Ana Carolina Barbosa

a n a c a r o l i n a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Desde o começo Distribuidores querem se envolver no desenvolvimento de projetos para torná-los mais atrativos para os compradores.

E

foto: divulgação

m 2006, quando apresentou a animação “Meu Amigãozão” a Tanya Kelen, chefe de distribuição da distribuidora e produtora canadense Breakthrough, o produtor executivo da 2D Lab, André Breitman, tinha um minuto da animação produzida, uma bíblia com a descrição do projeto e um roteiro para um episódio de 11 minutos em 2006. Tanya enxergou na proposta da produtora carioca possibilidades de projeção internacional e a Breakthrough entrou como co-produtora. O projeto ganhou forma e destino: “My Big, Big Friend” é uma série de 52 episódios de 11 minutos cada um e está sendo produzida no Brasil e no Canadá e deve ficar pronta no final de 2009 para transmissão inicial na Treehouse, canal por assinatura canadense voltado para o público pré-escolar. “Eles fizeram várias exigências e, com a co-produtora, fazemos as adaptações”, conta Breitman, que exemplifica uma tendência dos distribuidores de se envolverem mais no desenvolvimento dos projetos, tornando-os mais atrativos para os compradores, uma das questões mais debatidas durante o Encontro com Distribuidores, parte da programação do 9º Forum Brasil – Mercado Internacional de Televisão, evento que aconteceu no início de junho em São Paulo. Uma das palestrantes do encontro, Tanya justificou a tendência: “Às

“My Big, Big Friend” da produtora carioca 2D Lab, co-produzida e distribuída pela canadense Breakthrough,

FOTOs: Marcelo Kahn

vezes, é mais interessante que o produtor nos apresente somente a idéia e algumas imagens. Se esta apresentação nos entusiasmar, podemos desenvolver o projeto juntos e ele pode ficar até mais interessante do que a idéia inicial.”. A americana OndaMax tem quase dois anos de mercado e foi criada para ser distribuidora de filmes latinos. Acabou entrando para o ramo de produção também, atuando como produtora executiva de alguns projetos. “Tentamos usar a experiência que adquirimos por meio dos nossos contatos com os compradores para que os

projetos tenham mais apelo internacional. Como o mercado de cinema é pequeno para o filme latinoamericano, temos que pensar também no potencial do produto para a TV, DVD e outros meios”, conta Eric Mathis, CEO da empresa. Atualmente, Eric trabalha na co-produção de filmes com uma produtora da Guatemala e com a brasileira Skylight, que está na préprodução do filme “Capitães de Areia”, baseado na obra de Jorge Amado. “Quando o Bruno (Stropianna, produtor) me apresentou o projeto e disse que tinha os direitos para a produção, achei uma maravilha. Aí sugeri, por exemplo, que incluíssem no elenco um ator francês, para deixálo mais internacional”, explica. Latinos Gordon Bobinac, da Kip Entertainment, distribuidora croata que trabalha essencialmente com telenovelas, séries e documentários, não acompanha diretamente o desenvolvimento dos projetos, mas incentiva os produtores, principalmente os da América Latina, a buscar parcerias com grandes produtoras internacionais. “Tem muita gente interessada em trabalhar com parceiros da região”, destaca ele, alegando a dificuldade de emplacar o conteúdo latino-americano. “É um material muito criativo, mas, com algumas exceções, é muito regional, o que torna difícil fazer com que outras

“Às vezes, é mais interessante que o produtor nos apresente somente a idéia e algumas imagens. Se esta apresentação nos entusiasmar, podemos desenvolver o projeto juntos e ele pode ficar até mais interessante do que a idéia inicial.” Tanya Kelen, da Breakthrough, Canadá

30

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8


culturas se identifiquem. Acho que isso acontece também porque as grandes produtoras de novela, por exemplo, são broadcasters e estão bem focadas em seus mercados locais”. Segundo ele, os coreanos já atentaram para esta questão, percebendo que é preciso internacionalizar. “Estou trabalhando com uma produção deles que é uma história de amor gravada na Coréia, na Rússia e em Las Vegas. Os resultados têm sido positivos, eles têm conseguido penetrar em vários mercados”, exemplifica. Outro fator que dificulta a entrada do produto latino no mercado internacional é, de acordo com o chileno Álvaro de La Fuente, da distribuidora Veranda, dos Estados Unidos, a forma pouco profissional com que eles são apresentados. “Tenho muito material que os

como co-produtora em alguns projetos. “Somos muito seletivos para isso, pois é um negócio, precisamos ter retorno nos nossos investimentos”, observa. Além do profissionalismo na apresentação dos projetos e da necessidade de internacionalização das produções para que conquistem novos mercados, Ernesto Ramirez (México), Manuela Ruggeri (Suíça) e os distribuidores Eric Mathis (EUA), no Encontro com Distribuidores do Forum Brasil. recomendam paciência e compradores não querem nem olhar confiança no parceiro com quem porque não têm descrição completa e vão desenvolver um projeto. Quem informações essenciais como formato e está passando pela experiência tempo de duração”, ressalta. garante que vale à pena. “Já Para Manuela Ruggeri, da suíça estamos há bastante tempo FirstHand, distribuidora de trabalhando na animação ‘Meu documentários, o profissionalismo amigãozão’, é um processo também é uma característica demorado mas é bom porque assim fundamental para a escolha dos ganhamos experiência e fica mais parceiros. Além de selecionar filmes para fácil viabilizar os outros projetos distribuir, a distribuidora também entra que temos”, conclui Breitman.

>>


AS ÚLTIMADES UNIDrvas até

Rese de julho 20

11 A 13 DE AGOSTO, TRANSAMÉRICA EXPO CENTER, SÃO PAULO-SP.

O MAIOR EVENTO DE TV POR ASSINATURA E SERVIÇOS CONVERGENTES DA AMÉRICA LATINA. Os debates mais quentes. As novidades em tecnologia e conteúdo. O mais concorrido espaço de exposição e negócios, com repercussão em todo o continente. Um público de mais de 12 mil pessoas*, de presidentes e CEOs a equipes de venda e relacionamento. Programe-se para a 16ª edição do evento oficial da Associação Brasileira de TV por Assinatura. ABTA 2008. De 11 a 13 de agosto, agora no Transamérica Expo Center.

* Dados da ABTA 2007.

www. a b t a 2008 . c o m . b r


ESPAÇO GARANTIDO PARA OS MELHORES NEGÓCIOS

EXPOSITORES CONFIRMADOS: ARTIT AURORA NETWORK BAND BRASIL TELECOM BODY CHANNEL CONAX CANAIS ABRIL CIANET CISCO DISCOVERY EMBRATEL ESPN FOX GLOBOSAT HARMONIC HBO IDEAL INDUSTRIES INTELCOM IRDETO JDSU MOTOROLA NAGRAVISION

NET SERVIÇOS NET BRASIL NXP SETA SINUTA SKY TECHNOTREND TECSYS TELE DESIGN TELESUR TURNER TV5 MONDE TV BRASIL - CANAL INTEGRACION TVA TELEFONICA TOPFIELD TVC/ZAPI VIACOM VIDEO SYSTEM ZINWELL

A indústria de serviços convergentes encontra na ABTA o ambiente ideal para negócios, networking e atualização de conhecimentos, além das novidades em equipamentos, sistemas, serviços e conteúdos.

EXPOSIÇÃO PRIVILEGIADA PARA SUA MARCA Conforto, segurança e retorno para expositores, congressistas e visitantes. Novas atrações: área de inovação da indústria, espaços Flex, praça de eventos e muito mais. Há 16 anos a ABTA é o evento obrigatório para os principais players do mercado.

PALESTRAS DE ALTO NÍVEL PARA TODOS OS PARTICIPANTES Líderes da indústria, autoridades governamentais e reguladoras, especialistas internacionais, falando para a alta gerência e para equipes de vendas, instalação e relacionamento, reunidas nos Seminários de TV por Assinatura (STA).

TODAS AS ATENÇÕES VOLTADAS PARA CÁ Com grandes novidades, presença maciça de público qualificado e mercado em franca expansão, a enorme repercussão na mídia é característica natural da ABTA. Não fique de fora. Alie sua marca a um evento que é também campeão de audiência.

REALIZAÇÃO

ORGANIZAÇÃO

PATROCÍNIO STA

PATROCÍNIO SILVER

PUBLICAÇÕES OFICIAIS

PATROCÍNIO E VENDAS (11) 3138-4623

comercial@convergecom.com.br

PARCEIROS DE MÍDIA


( programação)

RA COBERTEUCIAL ESP Lizandra de Almeida

l i z a n d r a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Espaço aberto Canais brasileiros e internacionais mostraram durante o Forum Brasil que estão ávidos por novos formatos e renovação de linguagem.

O

FOTOS: daniel ducci

que querem os canais? Foi na tentativa de responder a esta pergunta que o Forum Brasil realizou novamente as sessões “30 Minutos”, nas quais executivos de aquisição e programação procuraram explicar aos produtores o que buscam e como avaliam os projetos que recebem. No Brasil, são os canais culturais, educativos e públicos os que mais se interessam pela produção independente. Em geral, as parcerias podem acontecer tanto a partir de idéias sugeridas pelos produtores como pela contratação de produtoras que realizem idéias desenvolvidas internamente. Muitos produtores, porém, se queixavam de não saber a quem apresentar seus projetos. Hoje, a maioria dos canais está desenvolvendo processos estruturados para o recebimento e a avaliação de projetos, e a quantidade de pitchings aumenta a cada ano. Não se pode dizer que as verbas são abundantes, muito menos fáceis de conseguir. Ao que parece, pelo menos não são impossíveis. No caso da SescTV, canal que é uma das unidades do Sesc São Paulo, a busca é por programas culturais reflexivos, que tenham perenidade e atemporalidade suficientes para se manter no acervo do canal. Com programação totalmente desenvolvida por produção independente, a SescTV herdou o acervo da TV Senac. Exibe programas de arte, o que inclui música, dança, fotografia, artes plásticas e visuais, dando ênfase para aqueles que

Sessões “30 Minutos”: encontro entre produtores e canais.

FOTO: marcelo kahn

conseguem estabelecer um diálogo entre a cultura erudita e a popular. Também tem um eixo de qualidade de vida, com programas sobre educação, família, terceira idade, esportes e atividades físicas. “Uma das propostas do canal é discutir a TV como veículo”, explicou Regina Gambini, da área de programação do canal. Ela apresentou um esquema dos critérios exigidos das produtoras para os programas. Os itens básicos para que o projeto possa ser escolhido são: a) relevância cultural e exclusividade na abordagem do tema; b) impacto institucional e c) custo. A concepção deve levar em conta a possibilidade de o programa integrar o acervo audiovisual do canal, de formar coleções

“Produzir para criança é caro e não podemos errar, porque os pais estão no pé o tempo todo.” Mario Sergio Cardoso, coordenador da TV Rá-Tim-Bum

34

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

temáticas e de ser organizado por temas e subtemas, em temporadas de programas, para a formação de séries. O critério para a escolha de temas deve levar em conta referências essenciais e históricas da área da cultura, rupturas de linguagem e conexões entre temas gerais e da cultura. Quanto ao tratamento, os programas devem ser transdisciplinares, com narrativas não convencionais, atemporais e diferenciados de outras mídias. Para co-produções, Regina explica que o canal pode entrar com até 50% dos custos. O canal não exibe comerciais, mas tem espaço para apoio cultural, o que pode entrar como parte do financiamento dos programas. Diferente da SescTV, o Canal Futura tem como foco a programação educativa. Seu público é de cerca de 50 milhões de pessoas, principalmente via parabólica, das classes C, D e E em periferias e no interior. “É um público diferente da TV a cabo e o que mais


cresce está na faixa de 16 a 25 anos”, explicou Lucia Araújo, gerente-geral do Canal Futura. “São pessoas que querem melhorar de vida e que confiam na educação. A maioria dos pais dessas pessoas só chegou ao ensino fundamental.” Cerca de 70% da programação é terceirizada. A grade se divide em 40% de documentários, um conceito amplo que inclui programas seriados; 35% de programação infantil; 12% de jornalismo (com temas fora das manchetes); 8% de ficção, em sessões de cinema comentado; e 5% de interprogramas. O total do conteúdo é 70% brasileiro e 30% de aquisições internacionais, principalmente animações. Quando o Futura decide contratar uma produtora para viabilizar uma idéia interna, é aberta uma licitação. O canal também tem realizado pitchings para a seleção de idéias externas. Este ano, as inscrições estão abertas até o dia 2 de julho. A intenção é escolher projetos na área de saúde. A TV Rá-Tim-Bum é um canal por assinatura ligado à Fundação Padre Anchieta. Com uma programação 100% voltada para o público infantil, apresenta o que de melhor já foi exibido na TV Cultura e lança programação antes da matriz aberta. O coordenador do canal, Mario Sergio Cardoso, apresentou os principais destaques da programação, que conta com várias séries brasileiras de animação e educativas. Responsável pela seleção dos novos projetos, Mario Sergio Cardoso explicou que mais do que idéias, quer receber projetos. “É preciso conhecer bem o público-alvo e apresentar formas de viabilização do projeto”, explicou. Os

“Idéia todo o mundo tem. Na hora de apresentar o projeto, precisamos pelo menos de uma sinopse, com estrutura e um pré-orçamento.”

brasileira. Atinge 93% da população do Estado, mas tem abrangência nacional. “Nossa receita publicitária, porém, só pode ser medida no Estado. Temos várias retransmissoras, mas não podemos contar que eles vão levar nossos comerciais ao ar.” Em 2008, a emissora pretende produzir 18 documentários em co-produção, com aporte financeiro, estrutura e disponibilização do acervo. No projeto DocTV, serão produzidos 69 documentários e pela primeira vez serão realizadas oficinas de produção no interior do Estado de São Paulo. A TV Cultura também pode adquirir programas prontos, para áreas específicas de sua programação. Entre eles, estão documentários nas áreas de cultura, biodiversidade e povos indígenas; animações nacionais e programas educativos, para a linha de infantis; filmes de ficção para o “CineBrasil” e curtas-metragens para o programa “Zoom”. Quanto às propostas de programas, podem ser enviadas sinopses e pilotos para avaliação dos núcleos específicos da rede, que inclui artes e espetáculos, infantil, música, educação, cidadania e serviços, além dos documentários. “Idéia todo o mundo tem. Na hora de apresentar o projeto, precisamos pelo menos de uma sinopse, com estrutura e um pré-orçamento.” Até meados do segundo semestre, a TV Cultura pretende divulgar sua política de pitching, que começará com o cadastramento de produtoras.

Wagner La Bella, coordenador de documentários e produção independente da TV Cultura

projetos devem conter argumento, caracterização dos personagens, story-line, roteiro de um episódio e orçamento detalhado. Como tudo é avaliado por comissões, os prazos costumam ser longos. “Nunca vetamos projetos, mas às vezes são feitas observações.” Dependendo do tamanho do projeto, o departamento de marketing do canal pode ser chamado a ajudar a captar recursos. Em alguns casos, a TV Cultura e a própria Fundação Padre Anchieta são chamadas a opinar. “Produzir para criança é caro e não podemos errar, porque os pais estão no pé o tempo todo. O grau de reclamações é alto. A perenidade dos trabalhos também não é mais a mesma, em muito pouco tempo os projetos se tornam obsoletos porque a mentalidade e os valores estão sempre mudando. Há dois anos estive aqui dizendo que tínhamos problema com animação. Continuamos tendo. É muito difícil conseguir patrocínio para esses projetos, porque não dá para dizer a uma grande indústria que ela vai investir hoje para ver o resultado em um ano”, comentou. Depois de um longo processo de reestruturação, a TV Cultura volta à cena. “Em cinco meses as coisas evoluíram até se acomodar. Agora estamos começando a andar”, disse Wagner La Bella, coordenador de documentários e produção independente da emissora educativa. A TV Cultura responde por 50% da programação da TV pública

Novos conteúdos Disposta a mudar a proporção de produção independente em sua programação, a TV Câmara está em busca de programas sobre cidadania, comunicação, educação, economia, humanidades, política e saúde. Há dez anos no ar, o canal transmite as sessões da Câmara durante a semana, das 14h às 20h. E divide os demais horários entre jornalismo, talk shows, séries informativas,

“Nossa expectativa é a de chegar a 40% de produção externa.” Getsemane Silva, coordenador do Núcleo de Vídeos Especiais da TV Câmara

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

35

>>


“Do ano passado para este, aumentamos em 71% o orçamento para a produção independente, o que corresponde a 86% do canal.”

FOTOS: daniel ducci

documentários e curtas-metragens de ficção. Cerca de 80% de sua programação é produção própria. Segundo Getsemane Silva, coordenador do Núcleo de Vídeos Especiais da TV Câmara, o canal deve abrir um edital em julho para a aquisição de 42 documentários pron­ tos, com duração entre 27 e 53 mi­nutos. “Neste primeiro edital, va­mos pagar o mesmo valor, independente da duração”, explicou. Depois, o canal deve lançar um edital de ficção. Getsemane Silva espera lançar também um edital para projetos. “Nossa expectativa é a de chegar a 40% de produção externa.” Como a TV Câmara não tem personalidade jurídica própria, o processo de contratação é complicado. “A TV Câmara é uma diretoria da Câmara dos Deputados. Há uma discussão forte no Congresso Nacional para a transformação da TV em uma fundação ou empresa pública, mas por enquanto ainda temos essa dificuldade.” As propostas a serem enviadas para a TV Câmara devem conter uma carta de intenções, com a sinopse do projeto, o tratamento audiovisual e o modelo de negócios. “Estamos buscando uma linguagem inovadora, com um perfil mais contemporâneo”, afirmou Getsemane. No caso de co-produções, a TV Câmara não investe recursos, apenas insumos, já que conta com uma infra-estrutura de equipamentos de captação e edição. Mesmo sem exibir propagandas, é possível receber apoio institucional para ajudar a financiar os projetos. A TV Escola está tendo dificuldades para comprar conteúdos para sua programação. O coordenador geral da TV, Érico da Silveira, diz que uma das barreiras é encontrar conteúdos educacionais para a programação. “Geralmente o que nos oferecem são animações que pouco ou nada agregam ao conteúdo pedagógico. Não queremos

36

FOTO: marcelo kahn

( programação)

Wilson Cunha, diretor geral do Multishow

conteúdos apenas educativos. Precisamos de conteúdos que se alinhem com as grades curriculares das escolas e que sirvam como upgrade de conhecimento para os professores”, explica Silveira. Segundo ele, o canal busca conteúdos que abordem história, matemática, língua portuguesa, ciências, meio-ambiente e geografia, ou mesmo que falem do dia-adia dentro da escola. “Uma das lacunas são documentários ou programas que debatam a educação. Há pouca produção sobre isso e, em geral, precisamos encomendar”, revela. O formato é outro ponto importante para a TV Escola. “Preferimos séries de vídeos curtos, de sete a dez minutos, que é o tempo ideal para ser exibido em sala de aula; mas este é um formato incomum, que não chega a ocupar um slot de programação e nem sequer é um programete”, pondera o coordenador. Embora o licenciamento de conteúdos prontos seja relativamente simples para a TV Escola, por se tratar de um órgão de governo, qualquer investimento em uma produção deve passar por um processo de licitação. Assim, a TV Escola geralmente prepara um edital com detalhes técnicos do que deve ser a produção, o tema, o formato e abre a licitação para participação das produtoras. “Queremos promover uma afinação entre produtoras e a TV Escola para podermos criar uma cultura de participação delas nessas licitações”, comenta. A TV Escola também pode entrar como co-produtora em projetos que já estejam em andamento

“Queremos desde formatos de 30 minutos a pequenos formatos, até mesmo para usá-los em novas mídias como internet e celular.” Letícia Muhana, diretora geral do GNT

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

e que atendam a linha da grade do canal. “Assim podemos evitar o processo de licitação e agilizar o investimento para a produção”. A recém criada TV Brasil também se manifestou sobre a aquisição/co-produção. Leopoldo Nunes, diretor de programação e conteúdo da emissora, descreveu o “Programa Imagens do Brasil”, o primeiro Programa Especial de Fomento feito em parceria com a Ancine (leia matéria de capa). A emissora poderá captar, através do mecanismo de incentivo fiscal, até R$ 60 milhões, que serão aplicados na produção independente, principalmente de teledramaturgia, animação e documentários, conforme explicou Nunes. Segundo ele, esse programa se resultará em mais de 600 horas de conteúdo. Mais programação nacional Com um programação que tem como pilares o comportamento urbano, a música e o humor, o canal Multishow, da Globosat, tem como público-alvo o jovem adulto, de 18 a 34 anos. Atualmente, oferece 220 horas inéditas de programação brasileira, das quais 66% são frutos de produções independentes. Wilson Cunha, diretor geral do canal, afirmou que o objetivo é chegar em 2009 com 437,5 horas de programação brasileira inédita, das quais 82% seriam produções independentes. “Do ano passado para este, aumentamos em 71% o orçamento para a produção independente, o que corresponde a 86%”, afirmou. Segundo ele, o custo médio de licenciamento internacional é de R$ 1,25 mil por meia hora. O custo de produção independente, por sua vez, é de R$ 22,5 mil pelo mesmo tempo. “E a produção nacional tem de se pagar no mercado interno”, completou. “Em geral, os produtores independentes não gostam que eu cite esses valores,


FOTO: marcelo kahn

mas acho importante mostrar que realmente exige um compromisso e um investimento.” Diante disso, Cunha expôs os critérios usados pelo canal para trabalhar com produtoras independentes. Em primeiro lugar, afirmou, é preciso estar comprometido com os resultados, ou seja, com o alinhamento editorial e artístico, metas de audiência, divulgação na imprensa e promoção para o mercado publicitário. “Não queremos que a produtora simplesmente entregue as fitas e vá embora. É preciso ser parceiro também na divulgação”, comentou. Também são bem-vindas iniciativas de captação de recursos para a viabilização do projeto, além da apresentação sistematizada. “Estamos estudando oferecer bônus para as produtoras que atingirem nossas metas de audiência.” A seleção dos projetos este ano será feita na segunda edição do workshop que, segundo Cunha, é uma evolução do sistema de pitching. Até 23 de junho, as produtoras podem se inscrever pelo site www. multishow.com.br/ selecaodeprojetos2008. As selecionadas participarão de um processo de incubadora de idéias e talentos. Para o segundo semestre, o Multishow ainda prevê uma parceria com universidades e escolas para a seleção de idéias de jovens universitários, que serão viabilizadas por produtoras contratadas. O GNT, canal da Globosat que tem como público-alvo mulheres de 25 a 45 anos, estabeleceu como meta para 2008 uma maior aproximação com o público feminino mais jovem, de 25 a 34 anos. E para isso, segundo a diretora do canal, Letícia Muhana, vai investir na

“Temos uma grande porcentagem de primeiros filmes de diretores, porque temos como filosofia descobrir talentos.”

Espaço para produção estrangeira Uma das maiores referências em programação cultural no mundo, o canal Arte tem uma estrutura bastante peculiar. Criado há 15 anos, é uma parceria entre dois países, França e Alemanha. O canal exibe uma mesma imagem, com duas bandas sonoras em transmissão via satélite. O canal é público, não tem comerciais e é sustentado por uma taxa paga pelos espectadores dos dois países. As receitas chegam a 370 milhões de euros, dos quais mais de 250 milhões são investidos em programação. As informações foram apresentadas por François Sauvagnargues, responsável pela área de documentários na França. A sede do canal fica em Estrasburgo, cidade francesa a poucos quilômetros da fronteira com a Alemanha. É lá que se concentra a administração do canal e a produção de jornalismo, que corresponde a 20% da programação. Os demais 80% são divididos igualmente entre as sedes francesa, localizada em Paris, e alemã, em Baden-Baden. Segundo Sauvagnargues, é possível enviar projetos para os dois lados. Os canais são divididos em departamentos, que correspondem às áreas de programação: atualidades e geopolítica, cinema, ficção, arte e música, conhecimento e descoberta e documentários. “Cada responsável administra seu próprio orçamento, que é usado na compra e contratação de programação”, explicou. Na área de ficção, são produzidos anualmente cerca de 25 telefilmes e séries, com um orçamento de 23 milhões de euros. “Essa é uma área ainda muito pouco desenvolvida fora dos Estados Unidos e Inglaterra e é um grande desafio no qual queremos investir.” Anualmente, a área recebe cerca de 50 projetos dos quais seleciona 20, a partir de um pitching. Os demais são encomendados. “Temos uma grande porcentagem de primeiros filmes de diretores, porque temos como

François Sauvagnargues, do canal franco-alemão Arte

compra de programação nos gêneros sustentabilidade, humor e ficção, mas é preciso que sejam conteúdos que dialoguem com a programação do GNT. “Não queremos, por exemplo, um programa humorístico, mas sim alguma coisa que tenha o que costumados brincar internamente de ‘humor GNT’”, explicou. “Queremos desde formatos de 30 minutos a pequenos formatos, até mesmo para usálos em novas mídias como internet e celular”, complementou. A executiva salienta que se houver conteúdo que se encaixe na programação do GNT, o canal pode até mesmo substituir conteúdo internacional pelo nacional em sua grade. “Atualmente trabalhamos com a relação de 60% de conteúdo internacional e 40% de nacional, mas a tendência é que se torne um equilíbrio de 50% para cada, talvez a partir de 2009”, conta. O GNT também está à procura de programetes e outros formatos de conteúdos para seu novo site, que tem lançamento previsto para o próximo mês de novembro. “Com este novo site, queremos falar menos e mostrar mais”, afirma Muhana, que revelou ainda que o GNT já está buscando no mercado internacional making ofs, bastidores de programas e pílulas de conteúdos de gastronomia, decoração e comportamento. “Queremos cada vez mais interatividade; e se as produtoras aqui no Brasil tiverem esse tipo de conteúdo para web que tenha a ver com o GNT, queremos ver.”

“Adoramos co-produzir, mas nem sempre conseguimos dar todo o dinheiro que o projeto precisa.” Laura Annalora, do National Geographic Channel

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

37

>>


( programação) “Não temos muitos produtos brasileiros e isso nos interessa.” Richard Saiz, gerente de programação do fundo ITVS

FOTOS: daniel ducci

investigativo. São programas que podem ter temas locais, mas que tenham apelo global”, explica Laura Annalora, respon­ sável pela área internacional do canal, ou seja, tudo o que não é produzido nos Estados Unidos. No canal Adventure, a National Geographic já conta com uma parceria no Brasil com a Canal Azul. Seu público são homens mais jovens, que se interessam por programas de turismo e aventura. Em locais onde o canal não é oferecido independentemente, há blocos de programação Adventure no canal principal. O mesmo ocorre com o Wild, um canal mais familiar, com programas divertidos sobre animais e natureza. O mais recente é o Music Channel, que exibe videoclipes musicais de tudo o que não é blockbuster da indústria fonográfica. “Todos os nossos canais tem essa intenção de inspirar as pessoas a conhecer e cuidar do planeta. O que poderia ser melhor do que a música?”, comentou Laura. O canal ainda não tem muito espaço para programas musicais, mas realiza sessões unplugged com artistas de todo o mundo. A cantora paulistana Céu, por exemplo, já foi convidada para uma dessas “canjas”. “Adoramos co-produzir, mas nem sempre conseguimos dar todo o dinheiro que o projeto precisa. Mas é sempre bom lembrar que temos ótimas relações com outros canais, como a BBC e o Smithsonian. Portanto, é possível pensar em termos de co-produções”, explicou Laura. Ela enfatizou as linhas de produtos que vêm sendo procuradas, porque são necessidades imediatas. “Programas sobre tribos indígenas isoladas parecem ser a cara do NatGeo, mas nesse momento o que está

fazendo sucesso são os programas de ciência. Estamos sempre interessados em séries, mas no nosso caso não precisamos seguir o padrão de 13 ou 26 episódios.” A melhor forma de apresentar projetos, informou Laura, é pelo site www.ngcideas.com. Nesse portal, o projeto pode ser inscrito e acompanhado em todas as suas etapas. “Não precisamos exatamente de um roteiro, mas temos de ter uma boa noção da história, dos personagens. E da linguagem, além de ter idéia do estilo e dos valores de quem propõe o projeto. Por isso, pedimos o rolo com trabalhos anteriores. Se gostarmos da história, podemos até ajudar a desenvolver.” O maior fundo de financiamento da produção independente dos Estados Unidos, o ITVS, também participou do Forum Brasil, apresentando os critérios para a área internacional. Criado há 18 anos pelo Congresso norte-americano, o ITVS surgiu para levar aos americanos informações sobre outros povos e culturas. Uma vez ao ano, o fundo abre inscrições para projetos de documentário em regime de co-produção. Cada projeto pode receber até US$ 150 mil. “Não temos muitos produtos brasileiros e isso nos interessa”, afirmou Richard Saiz, gerente de programação. Toda a programação desenvolvida internamente com recursos do fundo é exibida na TV pública norteamericana. A programação internacional pode ser distribuída para outros canais. “Fechamos acordos de licenciamento com direitos exclusivos para os Estados Unidos por 4 ou 5 anos, mas em geral liberamos para exibição no FOTO: marcelo kahn

filosofia descobrir talentos.” A área de cinema produz 20 filmes por ano e compra outros 70. Do total, um terço corresponde a primeiros filmes, um terço a filmes de diretores reconhecidos e um terço à filmografia mundial. Na área de documentários, coordenada por Sauvagnargues, é feito um investimento anual de 8 milhões de euros. Com cinco espaços na grade destinados ao formato, o canal compra por ano 110 filmes e produz cerca de 70, dos quais 15 são longas. Conhecimento e descoberta é um setor voltado para filmes sobre a aventura humana, o que inclui temas como o planeta Terra e arqueologia. É uma área que adquire 200 programas por ano e, segundo Sauvagnargues, que tem interesse em produções que possam mostrar o Brasil. “Eles precisam de séries sobre animais e a natureza, documentários mais leves, familiares, que são difíceis de encontrar no mercado internacional.” O departamento de atualidades e geopolítica adquire programação que discute problemas sociais, com programas que possam esclarecer a atualidade e antecipar assuntos prementes, como crises internacionais. A área de música está em busca de programas sobre ópera, teatro e música erudita, mas muito de sua programação é composta de transmissões ao vivo de espetáculos. Muitos desses temas também fazem parte da programação da National Geographic, que conta com quatro canais especializados. Três ainda não estão presentes no Brasil, mas também podem adquirir programação. No canal principal, o NatGeo, uma pesquisa revelou que os programas mais assistidos são os de engenharia. “Nossa audiência é composta principalmente de homens mais velhos, que também gostam de ciência, astronomia e programas de jornalismo

“Estamos procurando diferentes modelos de negócio, com o uso de mecanismos como os artigos 39 e 3ºA.” Roberto Martha, da Viacom

38

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8


cinema e em outros países”, explicou. Dos cerca de 450 projetos recebidos, 50 são selecionados por ano. Os projetos em geral já têm parte dos recursos e solicitam ao fundo o que precisam para finalizar. “Estamos muito interessados na América Lati­ na, África e Ásia, por isso estou aqui.” Entre os critérios, está a diversidade cultural. “Gostamos muito de histórias com personagens, que tragam identificação com as pessoas. Mas não são reportagens, histórias básicas, mas com camadas, em uma linguagem universal”, informou. Os programas, em geral, têm de 52 a 56 minutos. Para a inscrição, é preciso enviar um portfólio anterior, que evidencie o talento do diretor. Os projetos são avaliados por pares e o processo demora até cinco meses. Uma dúvida que persiste quanto à formatação dos projetos – que ainda está em amplo debate nos Estados Unidos – diz respeito aos direitos autorais em outras mídias. “Sempre nos pedem que a produtora ceda os direitos para o vídeo sob demanda, mas isso ainda não está claro.” Canais infantis produzem no Brasil Para apresentar a programação dos canais da Viacom Networks Brasil, estiveram presentes ao Forum Jimmy Leroy e Roberto Martha. Além da MTV Latin America, fazem parte do grupo os canais Nickelodeon e

co-produzida com o Canadá. “A empresa quer estreitar os laços com o produtor independente, mas ainda não tem uma forma oficial de receber os projetos”, explicou Roberto Martha. “Estamos procurando diferentes modelos de negócio, com o uso de mecanismos legais como o Artigo 39 e o Artigo 3ºA. A produção está em nosso DNA, então a idéia é realmente aumentar a produção regional.” Carlos Tureta e Daniela Vieira, da Turner, apresentaram os canais Cartoon Network e Boomerang. Se os canais da Viacom têm um viés educativo, os da Turner podem ser resumidos por seu slogan: “A gente faz o que quer”. Humor e irreverência marcam a programação do Cartoon. Atualmente, grande parte das vinhetas exibidas no Brasil são produzidas por aqui e o canal decidiu este ano investir em programação, e não só por leis de incentivo. “Não procuramos só desenhos animados, mas game shows, séries, tudo que possa ter a cara do canal, ou seja, programas engraçados, autênticos, atrevidos e antenados”, explicou Tureta. O canal Boomerang, inicialmente criado para exibir o acervo de desenhos da Hannah-Barbera, está se

“Não procuramos só desenhos animados, mas tudo o que possa ter a cara do canal.” Carlos Tureta, do Cartoon Network

VH1. A Nickelodeon foca um público de 7 a 11 anos e contava com blocos voltados para crianças até 6 anos, que agora terão um canal próprio, o Nick Jr., com estréia prevista na América Latina para julho próximo. O Nick Jr. segue a filosofia de “aprender brincando”, segundo Leroy, com o acompanhamento de pedagogos e psicólogos. “O Nickelodeon foi o primeiro canal mundial específico para crianças, já criado com esses valores”, disse Jimmy Leroy. Há cinco anos, o canal Nickelodeon conta com programação produzida no Brasil. A revista “Nickers” é um programa diário, com apresentadores brasileiros. Já o VH1 é voltado para um público entre 25 e 49 anos. “São os ‘órfãos da MTV’”, brincou Leroy. Em sua programação, música, cultura pop, história da TV, cinema, celebridades, artistas. O canal também começa a produzir no Brasil e terá talk shows e outros formatos já consagrados na programação internacional. Diante da experiência de reproduzir o “Nickers” em outros países, o Nickelodeon procura projetos cujo formato possa ser exportado para a América Latina. O Nick Jr. terá uma série de animação brasileira

O melhor conteúdo sobre políticas, produção e distribuição de conteúdos.

0800 014 5022

Assine TELA VIVA.

Todas as telas. Uma só revista. T e l a

assine@convergecom.com.br

V i v a

j u n 2 0 0 8

39

>>


( programação) reposicionando com foco em meninas préadolescentes. “Já temos todo esse inventário de desenhos animados, então esse não é nosso foco”, disse Daniela Vieira. O canal exibe, à tarde, filmes e séries para meninas de 9 a 14 anos. “Queremos programas lançadores de tendências, modernos, vibrantes, mas realistas, com o pé no chão. Nossa programação é de entretenimento, então não nos interessa programas educativos.” Os modelos de negócio são variados, explicou Tureta, sem estarem baseados apenas em dinheiro incentivado. “O Cartoon hoje é um dos maiores licenciadores do Brasil, apesar de estar apenas no cabo. Então é importante pensar em todas as possibilidades, o que inclui o vídeo sob demanda, que para nós já é uma realidade, e conteúdos para celular.” FOTOS: daniel ducci

“Os enlatados sempre valem mais a pena.” Carlos Sandoval, executivo da Televisa

Sandoval acredita, porém, que a TV sob demanda tem espaço para programações diferenciadas. “Contanto que alguém compre, não há problema. Existem muitos nichos na cauda longa”, afirmou. A emissora está investindo bastante em HDTV e na produção de conteúdo para celulares. Essa é uma área, por exemplo, em que estão sendo adquiridos conteúdos. Sempre de olho nos resultados, Sandoval acredita que co-produções independentes são possibilidades limitadas. “Os enlatados sempre valem mais a pena.” Atuando no competitivo mercado chileno de TV aberta, que tem sete canais abertos, o Canal 13 pertence à Universidade Católica do Chile e produz 85% de sua programação. No Chile, dois canais dividem 50% da audiência e apesar de o mercado chileno ser quatro vezes menor do que o argentino, a receita publicitária se iguala. A televisão a cabo chega a 30% dos domicílios e já atinge 100% da população de maior renda. Cerca de 86% da população tem acesso à Internet, informou Maea Garcia, subgerente de desenvolvimento de programação. Na programação, documentários, séries de ficção, telenovelas, shows e muitas notícias – no Chile, o jornalismo é um grande negócio, explicou. Programação cultural e cobertura esportiva são algumas das prioridades da emissora agora. “Temos uma forte cobertura da seleção nacional de futebol e vamos mandar 45 correspondentes aos Jogos Olímpicos.” O Canal 13 começa agora a produzir reality shows a partir

Latinos: produção própria Três emissoras latino-americanas se apresentaram no Forum Brasil. Apesar de terem perfis bem diferentes, seguem um padrão bastante conhecido no Brasil de concentração de produção e aquisição de programação internacional de apelo popular. É o caso da Televisa, maior complexo de comunicação da América Latina, sediada no México, mas com braços nos cinco continentes. Só nos Estados Unidos, são cinco canais falados em espanhol, além dos quatro no próprio México. Inventora do formato de telenovela, a Televisa ainda é dona de três times de futebol no país e autora de sucessos como a série “Rebelde”, com 450 episódios. Segundo Carlos Sandoval, executivo de aquisições do canal, nos últimos cinco anos a emissora não adquiriu produções fora do México ou dos Estados Unidos. Em todo o caso, ele afirma que o canal está aberto a parcerias internacionais.

“Estamos buscando co-produções com outros países para o desenvolvimento de formatos para exportação.” Maea Garcia, do Canal 13, do Chile

40

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

de formatos internacionais e tem intenção de produzir séries de ficção. Segundo Maea Garcia, porém, o país se ressente da falta de roteiristas. “Estamos buscando co-produções com outros países para o desenvolvimento de formatos para exportação”, afirmou. Na área de documentários, a maioria dos projetos é adquirida de emissoras locais, mas já foi estabelecida uma parceria com a Argentina que pode abrir caminhos para outras propostas. Com atuação forte nas áreas de telefonia celular e web, os projetos em que a emissora deve investir precisam se preocupar com as diferentes plataformas. “No início pensamos em vender conteúdo, mas mudamos a política para a venda de publicidade e conteúdo grátis.” Apesar de também concentrar grande parte de sua produção, o Canal Encuentro, da Argentina, é bem diferente dos anteriores. É um canal educativo público, que produz sua programação principalmente com co-produções com universidades. Há apenas um ano no ar, tem poucas parcerias internacionais, até por seu pouco tempo de existência. Mas o canal já começou a explorar as potencialidades da web, editando seus programas em versões de dois minutos para exibição na rede. Mesmo com seu caráter público, o Encuentro está disponível apenas no cabo. “Estamos aguardando a revisão da lei de radiodifusão para tentar conquistar nosso espaço na TV aberta”, explicou Cielo Saviolo, representante da emissora. Lá também as produções independentes são feitas a partir de licitações para a contratação de produtoras.


RA COBERTEUCIAL ESP

( mercado internacional )

Unidos pela língua-mãe FOTOS: marcelo kahn

Representantes de televisões da Comunidade de Países de Língua Portuguesa discutem possibilidades de intercâmbio de conteúdo e cobram mais participação do Brasil no consumo das produções.

“O

Representantes de emissoras de Comunidades dos Países de Língua Portuguesa unidos debater possibilidades de fortalecer o intercâmbio de conteúdos.

Brasil precisa consumir mais as produções dos países lusófonos”. A sugestão do diretor de programação da portuguesa RTP, José Fragoso, ganhou coro dos representantes de televisões que estiveram reunidos em São Paulo, no dia 6 de junho, para o Encontro de TVs da Língua Portuguesa, parte da programação do 9º Forum Brasil - Mercado Internacional de Televisão, promovido por TELA VIVA. “O Brasil é estratégico, pois tem uma audiência enorme, mas só exporta”, justificou Fragoso. Os brasileiros presentes no evento sinalizaram uma aproximação, apontando a necessidade de criar condições favoráveis às co-produções entre os membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. “Não podemos deixar que o fato de falarmos o mesmo idioma limite as nossas trocas à compra e venda de produtos prontos, temos que produzir em conjunto e isso faz muito sentido, especialmente no contexto da televisão pública”, disse Paulo Markun, presidente da

Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, acrescentando a importância de fazer com que as idéias extrapolem o “protocolo de intenção”. “Temos que permitir a formação de novos talentos e conhecer o que outros países produzem”, propôs. Uma iniciativa concreta para este intercâmbio surgiu durante o encontro: a assinatura de convênios bilaterais entre a TV Brasil e a TVS, de São Tomé e Príncipe, e a RCTV, de Cabo Verde. Segundo o então diretor-geral da TV Brasil, Orlando Senna, as duas emissoras públicas africanas enviarão 15 técnicos e oito gestores cada para treinamento na TV Brasil. Além disso, os convênios prevêem a troca de oito horas de conteúdo, sempre em duas vias. Os convênios, que começam a vigorar em agosto são, segundo Senna, fruto da preocupação que a emissora tem com o continente africano. “Uma das primeiras medidas da TV Brasil foi comprar documentários africanos para sua grade de programação. Além disso, é a única TV brasileira que conta com correspondentes no continente”, disse. O diretor geral da TV Brasil adiantou ainda que está em estudo a criação do programa África Fic, já discutido com os países africanos de língua portuguesa. Pelo

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

programa, cada país produziria um filme para cinema que, um ano após o lançamento, seriam exibidos nas emissoras públicas de todos os países. Para isso, seria formado um fundo, com aporte maior de Portugal e Brasil. Desbravadores Experiente no mercado internacional, a TV Globo também tem planos no continente africano. Marcelo Spínola, diretor do canal TV Globo Internacional, falou sobre os projetos do canal em Angola, onde está presente nas telas de aproximadamente 160 mil assinantes. “Queremos lançar uma revista eletrônica semanal produzida especialmente para o público local e promover ainda em 2008 o dia da cultura Angola-Brasil, replicando o modelo dos Estados Unidos”, contou, referindo-se ao “Brazilian Day”, em Nova York, evento que a Globo co-produz, levando artistas e música brasileira àquela cidade para a diversão de brasileiros residentes nos Estados Unidos. A Globo Internacional também é distribuída para Moçambique, Guiné Bissau e Cabo Verde, mas os

41

>>


( mercado internacional) primeiros projetos estão concentrados em Angola porque, segundo Spínola, é um país que se identificou muito com a programação da emissora brasileira desde que as novelas da Globo começaram a ser exibidas na TPA, TV pública do País. “Para se ter uma idéia, eles têm uma praça chamada Os Trapalhões e um mercado central chamado Roque Santeiro”, diz Spínola. No evento, a divisão internacional da Globo fechou com a STV, emissora de Moçambique, a renovação do acordo que mantêm desde 2002. Até 2011, segundo o diretor de vendas internacionais da TV Globo, Raphael Corrêa Netto, a emissora moçambicana veiculará três horas diárias de programação. “Este acordo contempla os novos produtos oferecidos pela Globo no território internacional, não se resumindo a novelas e minisséries”, disse o executivo, lembrando que a Globo vem oferecendo no mercado internacional outros tipos de conteúdos, como séries e documentários. Segundo Corrêa Netto, Moçambique, entre os países africanos, é o que está desenvolvendo mais rapidamente seu mercado, e o Grupo Soico, dono da emissora, é a melhor prova disto. Daniel David, diretor da STV, explica que o grupo, que existe desde 2000, conta ainda com rádio, jornal, revistas e portal na Internet. A TV existe desde 2002 e trabalha também com a Fundação Roberto Marinho. Conforme explicou Renato Wilmersdorfer, relações internacionais do Canal Futura, através de um acordo de cooperação técnica feito em 2005, a STV moçambicana e o canal educativo brasileiro estreitaram as parcerias para a troca de conteúdo jornalístico e co-produziram para o programa “Globo Ecologia”. Para 2008, as duas TVs devem co-produzir para o “Cartas ao Vento”, que já foi co-produzido também em Cabo Verde. As emissoras portuguesas também vêm desbravando o continente

Octávio Florisbal, da Globo, lembrou da extinta Associação de Emissoras de Língua Portuguesa e disse que o momento é propício para seu ressurgimento.

africano. Para João Pedro Nava, da SIC, de Portugal, é preciso promover o intercâmbio de profissionais e investir em tecnologia. “O mercado lusófono é de enorme potencial para a televisão e a SIC quer investir nisso. Já planejamos a produção de novelas em Angola, com atores angolanos”, diz. Portugal mantém há mais tempo acordos de cooperação com TVs de língua portuguesa. “Mas poderia ser mais forte”, observa José Fragoso, da RTP, afirmando que a proximidade tem rendido parcerias significativas na área de co-produções. Recentemente, a emissora portuguesa terminou a co-produção de uma série de 52 capítulos com a TPA de Angola. “E ainda há novas abordagens com o surgimento de televisões privadas nestes países”, atenta Fragoso. A empolgação dos grupos brasileiros e portugueses em produzir no mundo lusófono não foi tão bem aceita por algumas emissoras. Mateus Ferreira, da TVS, de São Tomé e Príncipe, levantou

uma questão pertinente no debate: como uma emissora como a dele, que iniciou suas transmissões em 1994 e tem limitações técnicas, pode fazer co-produções com os grandes broadcasters de Brasil e Portugal, mantendo o padrão de qualidade? Ferreira propôs que, ao invés de produzir localmente, brasileiros e portugueses ajudem os radiodifusores locais a se desenvolver e co-produzam com eles. Governos, TVs e independentes O estímulo à produção independente nestes países é outro ponto que os representantes das TVs de língua portuguesa precisam desenvolver, e um dos instrumentos pode ser a criação do 1º DocTV CPLP, programa da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura brasileiro, cuja premissa é o co-financiamento entre o Estado e emissoras de TV locais da produção de documentários de produtores independentes. O diretor de audiovisual da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, Paulo Alcoforado, apresentou às TVs presentes no evento alguns resultados do DocTV e do DocTV Iberoamerica. O primeiro é realizado em todos os estados do Brasil e o segundo entre os países iberoamericanos. O programa, voltado à comunidade dos países de língua portuguesa, foi aprovado em 2005 por todos os países do grupo. Contudo, foi apresentado às TVs

“Paixões Proibidas” em Timor Leste

José Fragoso, da RTP, Antonio Dias, da RTTL, e Silvia Jafet, da Bandeirantes

42

T e l a

V i v a

O Grupo Bandeirantes e a RTP presentearam a RTTL, do Timor Leste, com a novela “Paixões Ardentes”, durante o Encontro das TVs de Língua Portuguesa. Antonio Dias, diretor do canal timorense, recebeu a cópia da novela das mãos de Silvia Saad Jafet, diretora de desenvolvimento do Grupo Bandeirantes, e de José Fragoso, diretor de programação da RTP. Silvia aproveitou para destacar que a novela mostra que é possível co-produzir entre os países de língua portuguesa, já que foi feita em parceria com a emissora portuguesa.

j u n 2 0 0 8


apenas no encontro. Ainda segundo Alcoforado, o modelo de negócios e de financiamento deve ser discutido em um encontro da CPLP que acontece em setembro, em Lisboa. Ele pediu para que as TVs ao menos iniciassem o debate sobre a iniciativa. Questionados por Alcoforado, várias TVs afirmaram que não trabalham com produção indepen– dente. Em alguns países sequer existem produtoras independentes de conteúdo audiovisual. Carlos Alberto Simonetti, da Múltipla, um dos responsáveis pelo planejamento da primeira rede de TV comercial de Angola, a TV Zumbo, que será inau– gurada ainda neste ano, avisa que haverá mais espaço para a produção indepen–dente. A Múltipla é uma empresa angolana de solução na área

Para Antonio Dias, diretor da RTTL, do Timor Leste, o importante é que as propostas que emergiram no encontro sejam concretizadas. “Este fórum é bom para aprofundarmos as discussões, mas o importante é começarmos a agir logo depois”, disse. Otávio Florisbal, diretor geral da TV Globo, lembrou na abertura do evento a Associação de Emissoras de Língua Portuguesa, criada no início dos anos 80 e extinta pela falta de integração. “Quem sabe agora ela não reapareça?”, indagou. “O momento é propício porque além do surgimento de novas oportunidades com TV portátil e celular, sabemos por experiência que o público gosta da programação que tenha elementos da sua cultura”.

Globo em Portugal Em Portugal, a Globo também quer fazer programas voltados para o público local. Está previsto para estrear na TV Globo Portugal, que exibe programação da Globo e Globosat, o programa “Cá Estamos”, uma revista eletrônica de 30 minutos ancorada por um apresentador português. Ainda estão nos planos um evento nos moldes do “Brazilian Day” para o dia do Brasil em Portugal, ainda sem data. “Temos como plano e meta a produção local. Quanto mais as pessoas quiserem se ver na televisão, mais co-produções serão feitas”, afirmou Marcelo Spínola, diretor do canal TV Globo Internacional.

audiovisual que colabora com a TPA e viabilizou para a TV pública a primeira co-produção de uma novela com o Brasil.

Ana Carolina Barbosa

participantes internacionais do encontro STV, Moçambique Representante: Daniel David TV privada há 27 anos no ar. Tem 18 horas diárias de programação com destaque para esportivos e infantis e ficção feita por produtores independentes. Longa história de cooperação com a RTP de Portugal e planos de desenvolver acordos de cooperação com a TV Cultura.

TVM, Moçambique Representantes: Simão Aguilaze (foto) e Luiz Simão Criada em 1991, a emissora, uma empresa pública, transmite em Maputo e mais dez localidades do país. Além disso, desde 1999 transmite para todo o país via satélite. TPA, Angola Representantes: Nelson Rosa (foto) e Casimiro Alfredo TV pública de Angola, com dois canais: Canal 1, mais generalista, com 24 horas de programação, e Canal 2, com 18 horas diárias de programação, voltado para os jovens. Tem acordos com Portugal, inclusive para co-produção.

RCTV, Cabo Verde Representante: Marcos Oliveira TV pública com foco em jornalismo. A programação aborda esportes, cultura, empreendedorismo e cidadania. Há um programa semanal sobre a luta contra o HIV. A programação (60% internacional, com filmes, novelas, documentários e séries americanas) é transmitida por seis horas durante a semana e 12 horas aos sábados e domingos.

RTTL, Timor Leste Representante: Antonio Dias Único canal do Timor Leste, estatal. As transmissões foram iniciadas em 2002, com o apoio da comunidade internacional, em especial de Portugal. Cinco horas diárias de programação voltada para a informação, entretenimento e educação.

TGB, Guiné Bissau Representante: Madalena Pina Criada em 1998, com o apoio da RTP, tem um único estúdio com três câmeras, duas salas de montagem e equipe de 15 jornalistas. Produz, com escassos recursos, programas de higiene, esporte e segurança com caráter educativo e pedagógico.

RTP, Portugal Representante: José Fragoso A televisão pública portuguesa tem forte atuação nas ex-colônias, tendo auxiliado na implantação de emissoras em diversos países africanos. Mantém também sinais via satélite voltados ao público internacional.

TVM, Macau Representante: João Francisco Pinto Canal dedicado à minoria portuguesa que vive na cidade chinesa. Desde 2003, tem 24 horas diárias de programação, com destaque para o noticiário local, esportes, cultura e atualidades, além de documentários, filmes, séries e sitcoms americanos e novelas da Globo.

SIC, Portugal Representante: João Pedro Nava Emissora comercial, é a principal parceira da Globo no país, transmitindo vários programas brasileiros, muitas vezes quase simultaneamente a sua exibição no Brasil.

TVS, São Tomé e Príncipe Representante: Mateus Ferreira TV pública, iniciou suas transmissões em 1994, tendo como parceiros diretos a RTP e a Radiobras. Exibe oito horas de programação de segunda a sexta e 14 aos sábados e domingos. Metade dos programas são importados, principalmente do Brasil e de Portugal.

T e l a

V i v a

TV Zumbo, Angola Representante: Carlos Alberto Simonetti Primeira TV comercial do país, com início previsto para o segundo semestre deste ano. Esta sendo montada por Simonetti, brasileiro que atua na África como consultor.

j u n 2 0 0 8

43


( evento) Daniele Frederico, de Banff, Canadá

d a n i e l e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Bons produtos, em qualquer mídia Eventos voltados para novas mídias e televisão discutem o sucesso do conteúdo em diferentes formatos e mídias no Canadá.

O

tenha enviado dois representantes ao evento, não participou da sessão. Foi durante esta apresentação que o diretor de novas mídias da TV Cultura, Ricardo Mucci, anunciou o projeto de criação de um fundo destinado à produção de animação, que está sendo finalizado e será encaminhado à CVM em breve. Trata-se de um fundo privado, que deverá ter também aporte de recursos do BNDES, com no mínimo 20% de recursos destinados às co-produções com o Canadá. Mucci explicou que o fundo funcionará nos mesmo moldes do Funcine Lacan/ Downtown. No Funcine citado como exemplo, a financeira Lacan faz a captação e a gestão do fundo, enquanto a distribuidora Downtown faz a seleção dos projetos, que serão mais tarde distribuídos por ela. Assim, instituição financeira e agente do mercado audiovisual juntam conhecimento para a gestão do fundo incentivado. Além desse anúncio, José Zimmerman, da TV Brasil, aproveitou para anunciar ao mercado internacional que o canal terá, em 2009, verba destinada à co-produção internacional. O valor será definido em setembro ou outubro de 2008, durante o planejamento do próximo ano. FOTOS: Kris krug

audiovisual brasileiro e o canadense se aproximam a cada dia. Ou a cada evento. Seja pelas iniciativas que trazem os produtores canadenses ao Brasil, seja pela ida dos brasileiros ao mercado do Canadá, produtores e radiodifusores dos dois países tornam-se mais próximos e desenvolvem parcerias estratégicas, fundos e co-produções com a cara e o selo dos dois territórios. Como parte dessa aproximação, um grupo de oito brasileiros, de seis emissoras diferentes, participou este ano do Banff World Television Festival, evento de televisão que aconteceu entre os dias 8 e 11 de junho, em Banff, na província de Alberta, no Canadá. O evento, precedido por um congresso sobre o futuro das mídias digitais, o nextMedia, reúne canais e produtoras de todo o mundo em painéis, aulas com roteiristas e produtores de sucesso, pitchings e premiações. Este ano, o Brasil foi destacado no festival durante a sessão “Territory Briefing: Brazil – Co-Production and Beyond”, na qual representantes dos canais Futura, TV Cultura, TV Brasil, Rede Minas e SescTV apresentaram brevemente o conteúdo de seus canais e as possibilidades de produção conjunta com outros países. A Rede Globo, embora

Novas mídias Embora sejam dois eventos diferentes, nextMedia e Banff World

“Há produtores que fazem shows para a Internet pensando em como vão chegar ao cabo. Por isso eles não funcionam.” Jim Louderback, da Revision 3

44

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

Television Festival promovem discussões com temas muito próximos. Sejam vídeos e jogos para as mídias digitais ou programas de televisão, no final, o que interessa é mesmo o conteúdo. E em ambos os eventos, a sua importância foi ressaltada, seguida muito de perto dos debates sobre o papel da publicidade nas novas mídias e como ganhar dinheiro com aquilo que é feito para elas. Nota-se, no entanto, uma divergência na discussão do conteúdo nos dois eventos. No nextMedia, foi mencionada diversas vezes a necessidade de produzir conteúdo exclusivo para as mídias digitais, como a Internet, com todas as suas especificidades. Para Jim Louderback, da Revision 3, canal de televisão online baseado em São Francisco, o formato para a Internet é diferente do da televisão, e por isso alguns programas feitos para a mídia digital acabam não dando certo. “Há produtores que fazem shows para a Internet pensando em como vão chegar ao cabo. Por isso eles não funcionam”, afirma. Em sua apresentação, ele usou exemplos de programas que utilizavam artistas de segundo escalão como apresentadores de programas online. “Peguem quem está se conectando com a audiência, como os líderes de comunidades online e usuários que são apaixonados pelo meio”, aconselha. Seus apresentadores mais conhecidos, que fazem o programa “Diggnation”, realizam também comerciais para as marcas que patrocinam a atração.


Durante o BWTVF, porém, algumas discussões apontaram para o fracasso do conteúdo feito exclusivamente para canais digitais que não contam com o auxílio das mídias tradicionais e de massa como a televisão. Para Pierre Lelann, co-presidente da TribalNova, aqueles que criam e produzem conteúdo têm de buscar primeiro a grande audiência, em canais de TV aberta, redes sociais e portais de games, para depois ter seu conteúdo em canais próprios. “Todos os que apresentaram seus cases no evento, com produções feitas exclusivamente para a Internet e que deram certo, são exceções”, diz. A HBO, que lançou em abril, no Canadá, o serviço de conteúdo mobile em parceria com a Bell Canada, não tem oferecido pílulas de conteúdo, mas sim os episódios de suas séries na íntegra, ainda que divididos em partes menores. “Sairia muito caro fazer uma produção similar à da televisão para o celular. Não há compradores em número suficiente para justificar o custo”, explica o vice-presidente da HBO International, Stanley Fertig. “Por outro lado, fazer algo mais barato com qualidade inferior não agradaria o nosso público”, diz. No caso do celular, o executivo aconselha não fazer conteúdos específicos para essa plataforma, pois o sucesso dependerá muito de sua capacidade viral. “O que você não quer fazer é colocar algo no celular e sabotar a sua chance na televisão. Já fiz isso e não deu certo”, conta. “Monetizar” Seja com conteúdo feito com exclusividade para as mídias digitais, seja com a replicação do conteúdo já produzido para a TV ou derivado de programas de sucesso, a questão que permeia todos os debates é como financiar esses projetos e ganhar dinheiro com o conteúdo produzido. Neste sentido, a publicidade ainda é vista como

conteúdo podem associar-se a agregadores como a CBS, que já tem um time de vendas de anúncios, e trabalhar com revenue share”. Ele ainda aponta um segundo jeito de conseguir ganhar dinheiro nessa mídia: “Produza algo que as pessoas querem”, diz. O modelo on-demand no qual o consumidor paga para ver aquilo que escolheu também é apontado como uma tendência por Malcolm Wall, da Virgin Media, que opera TV, Internet banda larga, celular e linha fixa. “É preciso repensar o pagamento. Os consumidores devem ser estimulados a pagar pelo conteúdo”, diz. Ele ressalta ainda que embora o streaming de vídeo esteja aumentando ano a ano, a pirataria acompanha o crescimento. “É nossa obrigação oferecer o conteúdo de maneira legal”, afirma. Alguns chegam a advertir que muitas vezes a estratégia não deve ser buscar o lucro, mas o engajamento dos espectadores com o produto. “Você pode não ganhar dinheiro com vídeos para a Internet, mas as pessoas estão passando mais tempo com o seu produto e com a marca”, diz Richard Lachman, Ryerson University. Ferreira, da CBS, diz que o mesmo pensamento vale para a mensuração dos resultados. “Não adianta só mensurar quantas pessoas assistiram ao vídeo, mas quantas o compartilharam”. Ele ainda aconselha a acompanhar as comunidades e o que se fala sobre um programa na Internet. “Queremos ser parte da conversa sobre um de nossos programas, mas não é necessário ganhar dinheiro em todas as conversas”, diz. Para o executivo, é necessário haver uma combinação dois fatores: ter um agregador e a esperança que as pessoas vão falar sobre o conteúdo entre si. “Aos produtores, resta fazer bons produtos”, afirma.

“É nossa obrigação oferecer o conteúdo de maneira legal.” Malcolm Wall, da Virgin Media

força motora tanto das novas mídias quanto das tradicionais. Jim Louderback, em sua apresentação, citou uma pesquisa da Simmons, que aponta que os consumidores são 47% mais engajados em anúncios que são exibidos em vídeos online em comparação com a TV tradicional. “Fizemos uma pesquisa entre os nossos usuários e descobrimos que 100% deles se lembravam de pelo menos um dos nossos patrocinadores, e 93% lembravam de dois ou mais”, afirmou Louderback. O executivo afirma ainda que 48% de seus espectadores compraram produtos ou serviços anunciados em seus vídeos. Joseph Ferreira, general manager e SVP da divisão CBS Audience Network, da CBS, diz que os produtores de conteúdo devem trabalhar com parceiros de distribuição online. “Os detentores de

Cinema digital A primeira apresentação do nextMedia, que aconteceu na manhã do dia 7 de junho, foi marcada pelo otimismo diante das novas tecnologias digitais para a produção de cinema. O pesquisador William Buxton, da Microsoft Research, demonstrou diversas formas de fazer com que a tecnologia funcione a favor de orçamentos mais enxutos e de praticidade na hora das filmagens. “O digital não serve somente à animação e aos efeitos especiais. Pode-se fazer comédias românticas com os recursos oferecidos e passar de um orçamento de US$ 50 milhões para US$ 2 milhões”, afirmou. Buxton lembra que somente 3% dos filmes em produção no momento são animação ou filmes que necessitam de efeitos especiais e que, portanto, os recursos estão sendo mal utilizados. Ele admite, porém, que as inovações demoram para se tornar mainstream, assim como aconteceu com o mouse do computador - que, segundo o pesquisador, demorou 30 anos para ter seu uso difundido - ou o som estéreo.

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

45


( ncta 2008)

Samuel Possebon, de Nova Orleans

s a m u c a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

TV paga em alta definição Em um mercado cada vez mais competitivo, operadores de cabo e DTH dos EUA disputam para ver quem leva mais canais em HDTV para o assinante. Mobilidade é a próxima fronteira.

A

disputa pelo mercado de entrega de conteúdos audiovisuais nos EUA segue quente. Muito mais quente do que em outros países. E a razão para isso é simples: diversidade de opções. Poucos mercados são tão concorridos quanto o norte-americano. Foi o que se viu durante a NCTA Cable 2008, maior evento da indústria de cabo dos EUA, que aconteceu em maio, em Nova Orleans. Isso fica nítido olhando-se o mercado de televisão em si. Os canais das três principais redes abertas (ABC, CBS e NBC) e suas afiliadas têm hoje, nos EUA, 23% da audiência ao longo do dia (com picos maiores no horário nobre, mas que mesmo assim já perdem para os canais pagos em qualquer faixa do horário ou dia da semana). Ou seja, 78% da audiência diária é para canais pagos premium, canais pagos com publicidade, outros canais abertos e outras fontes de programação (canais abertos locais, PPV, VOD etc). E em 2007, pela primeira vez, os canais pagos que vendem publicidade tiveram mais de 51% da audiência nos EUA, segundo dados da Nielsen. Dentro do mercado de TV por assinatura, a disputa é cada vez mais feroz, com a poderosa indústria de TV a cabo perdendo clientes para as duas empresas de DTH: DirecTV (controladora da Sky no Brasil) e Dish. As operações de cabo estão presentes em cerca de 65 milhões de lares enquanto as operadoras de DTH totalizam cerca de 30 milhões de assinantes. Ao todo, somando ainda outros serviços de TV por assinatura com outras tecnologias, o mercado

norte-americano é de 97,6 milhões de assinantes de TV paga. O número de clientes de TV por assinatura servidos por redes de cabo, contudo, é o mesmo de dez anos atrás. Em 1998, o cabo tinha 85% de market share. Hoje tem 66%. Olhando-se apenas o mercado de TV por assinatura, a onda do momento atende pelo nome de alta definição. São os canais HD que roubam a cena e o sono dos operadores de cabo, graças a um esforço descomunal da DirecTV e da Dish no sentido de tomarem a liderança deste mercado. A pressão se justifica: as operadoras de DTH não têm como brigar no mundo da oferta convergente de serviços (ver box sobre o caso brasileiro), oferecendo serviço de TV paga, telefone e Internet.

FOTOS: divulgação

HDTV Hoje, dos 65 milhões de clientes de cabo nos EUA, 37 milhões assinam serviços digitais, dos quais cerca de 14 milhões têm set-tops com capacidade para receber serviços em alta definição. Operadores de DTH, como a DirecTV,

planejam ter ao final de 2008 metade de seus clientes com serviços de alta definição e com DVR (serviços de gravação digital). Hoje, a DirecTV tem cerca de 7 milhões de clientes com serviços de HD e DVR. Existe também uma disputa por quem oferece mais canais em alta definição, e nesse quesito é difícil bater a DirecTV, que direcionou sua estratégia para isso e oferece 92 canais HDTV. A Dish (que também opera em DTH) oferece cerca de 60 canais em HD. A operadora de cabo que hoje tem a oferta mais ampla é a Cablevision de Nova York, com 45 canais HD. As operadoras de cabo tendem, no médio prazo, a recuperar espaço, mas por enquanto é o DTH quem tem dado as cartas. Mesmo assim, o que se pôde observar durante a NCTA Cable 2008 é que todos os canais tradicionais já têm versões disponíveis para a alta definição. No caso brasileiro, o cenário é mais complicado, porque ainda não existe massa crítica para o lançamento dos

Yoshi Yamada, CEO da Panasonic, Brian Roberts, CEO da Comcast, Paul Otellini, CEO da Intel, Philippe Daumin, CEO da Viacom, Peter Chernin, COO da News Corp. e William Kennard, diretor de telecom e mídia do Carlyle Group, em painel da NCTA.

46

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8


Painel sobre video-on-demand contou com Stephen Burke, COO da Comcast Corporation, Jeff Gaspin, COO da Universal Television Group, Landel Hobbs, COO da Time Warner Cable e Tom Rutledge, COO da Cablevision.

canais. Como o custo de satélite e nacionalização é elevado, e como apenas a Net Serviços começou a instalar caixas que suportam serviços em alta definição, não há conteúdo disponível. A TVA, que havia lançado o serviço em 2006, decidiu suspender a oferta comercial e deve relançá-lo em breve com nova tecnologia. A Sky planeja ter serviços em alta definição apenas em 2009, por volta do meio do ano. Para fazer justiça, há apenas um canal em alta definição brasileiro, o Globosat HD, lançado pela programadora do grupo Globo na forma de uma superstation, ou seja, uma coletânea de programas de seus diferentes canais. A idéia é, aos poucos, desenvolver canais próprios. O Telecine, que é quem mais conteúdo em alta definição tem disponível (praticamente uma estréia de filme por semana) deve ganhar uma versão HD até o final do ano. O canal SporTV contribui para o Globosat HD com jogos do Brasileirão em alta definição, os jogos da Eurocopa e, em agosto, terá as Olimpíadas de Pequim. Boa parte do conteúdo esportivo, contudo, está disponível na TV Globo aberta (nas cidades em que a emissora já tem alta definição). Entre outros canais, a HBO anunciou a disponibilidade de seu conteúdo em alta definição, mas até o fechamento desta edição não havia acerto com nenhuma operadora para distribuí-lo. A Fox também tem

sinais abertos gratuitamente, já que eles estão livremente disponíveis para recepção. O campo de batalha é o PL 29/2007, em tramitação na Câmara. A Abert (associação dos radiodifusores) tem pressionado para que a legislação seja alterada e que caiba a elas, emissoras de TV aberta, decidir que canais serão transportados pelas empresas de TV paga e em que condições. A ABTA (associação das empresas de TV paga) quer garantir a distribuição gratuita dos canais abertos, cabendo à operadora decidir se coloca o sinal digital ou o analógico no ar. Poucas cidades brasileiras já têm emissoras abertas transmitindo em alta definição. Apenas São Paulo, Belo Horizonte e Rio têm o serviço, na verdade, mas a Net, por exemplo, se adiantou e lançou o seu produto HD

planos para um canal em HD, mas todos estão no impasse entre ter base para viabilizar o negócio, enquanto as operadoras esperam ter conteúdo para investir em distribuição em alta definição. Canais locais Voltando ao mercado dos EUA, o que está acontecendo é que as operadoras de cabo estão buscando se diferenciar pela oferta de conteúdos locais. Como hoje o mercado norte-americano de TV aberta está praticamente todo digitalizado, há

14 milhões de americanos têm set-tops hd. directv sai na frente, com 92 canais em alta definição. serviços em HD em todas as 210 regiões (nos EUA, as operações de TV aberta estão distribuídas por 210 áreas, ou mercados, chamadas de DMA - Designated Market Areas). Dessas regiões, há operadoras de cabo com serviço em HD em 209 delas. As operadoras de DTH ainda estão com canais locais em apenas 65 e 54 mercados, no caso da DirecTV e da DishTV respectivamente, com forte pressão da FCC para que essa cobertura se expanda. No caso do DTH, contudo, a oferta de programação local em alta definição é tecnicamente mais complicada em função dos elevados custos de satélite. Note-se que no Brasil a disputa nesse sentido tende a ser grande. As emissoras de TV aberta entendem que seus conteúdos em alta definição têm grande valor comercial para as operadoras de cabo. As operadoras de cabo, por sua vez, entendem que têm o direito de levar os

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

em Brasília antes mesmo da TV aberta, e pretende fazer isso com todas as cidades onde tem serviços de TV paga digital. VOD Outro ponto em que as operadoras de TV a cabo dos EUA têm se esforçado para se diferenciar das operadoras de DTH é na oferta de serviços de vídeo sob demanda (VOD, video-on-demand), que está disponível para praticamente todos os 37 milhões de usuários de cabo digital dos EUA. Em 2007, foram distribuídos cerca de 3,3 bilhões de programas em VOD pelas operadoras de cabo. Já os serviços de DVR das operadoras de cabo chegam a cerca de 11 milhões de clientes. Na verdade, a estratégia da entrega de conteúdos sob demanda é

47

>>


( ncta 2008 ) mais uma tentativa de resposta à Internet do que ao DTH. “Eu fico repetindo para mim mesmo: no grau que estamos tentando proteger nossos negócios, estamos fritos. É melhor construirmos novos modelos de negócio rapidamente, antes que os antigos se desfaçam. Se tentarmos nos fechar no nosso mundo, viraremos dinossauros”, disse durante a NCTA Peter Chernin, CEO da News Corp. Ele levanta o exemplo do filme “Juno”, que foi mais comprado pelo serviço iTunes (da Apple) do que pelos serviços de VOD nos EUA. “Não é que as operadoras de TV a cabo estejam fazendo algo errado. Mas existe algo a mais que precisa ser observado”. O desafio dos operadores de cabo nos EUA tem sido, além do VOD, buscar formas de sair da casa do usuário, ou seja, de encontrar uma alternativa à mobilidade, e por isso alguns operadores de cabo, como Comcast, Time Warner e Brighthouse estão apostando em uma joint-venture com

Abertura da Cable 08: olho nas novas mídias.

operadora de celular Sprint, com a Clearwire, a fabricante de chips Intel e o Google para o desenvolvimento de uma rede de banda larga wireless com a tecnologia WiMax (ver box). “O lado bom de tudo isso é que quanto mais meios surgem para se assistir conteúdo, mais tempo as pessoas passam assistindo conteúdo”, disse Philippe Dauman, CEO da Viacom. Outros executivos da indústria de TV paga manifestaram, durante a NCTA Cable 2008, visões parecidas. “Video-on-demand já é a nossa quarta audiência”, diz Stephen Burke, COO da Comcast. “A próxima etapa é personalizar

a publicidade”, acredita o executivo. “A grande vantagem do VOD comparado com os serviços de vídeo pela web é que ele está ligado diretamente à TV da sala, e o PC não”. É mais ou menos o que pensa o CEO da Discovery, David Zaslav: “O bom dos serviços via web é que eles estão em todo o lugar. O ruim é que eles são confusos em termos de oferta e de se encontrar o conteúdo desejado”. “Deus quis que as pessoas assistissem TV na TV, e por isso temos que fazer o video-on-demand entregar uma experiência para as pessoas semelhantes à que a TV oferece”, brincou Jeff Gaspin, COO da Universal Television. “Hoje ainda temos que melhorar a usabilidade e a simplicidade dos serviços de VOD. Depois podemos pensar em formas de colocar publicidade de maneira customizada”, diz Landel Hobbs, COO da Time Warner. Outro movimento que se verá, diz Hobbs, é no sentido de agregar alta definição ao conteúdo.

O que o MMDS tem? A resposta a esta pergunta é simples: espectro. Mais precisamente, o filé do espectro eletromagnético. O MMDS é uma tecnologia de TV por assinatura que ocupa freqüências na casa dos 2,5 GHz. Esta é considerada a melhor faixa para a implantação de tecnologia WiMax, que é uma poderosa plataforma de banda larga sem fio, uma espécie de rede Wi-Fi de abrangência semelhante à das redes celulares. No Brasil, a Sky (empresa controlada pela DirecTV dos EUA) adquiriu recentemente a mais antiga operadora de MMDS brasileira, a ITSA (antiga TV Filme). A ITSA tem MMDS nas cidades de Brasília, Belo Horizonte, Goiânia, Campina Grande (PB) e Belém, e é dona das outorgas para o serviço nas cidades de Bauru (SP), Caruaru (PE), Franca (SP), Porto Velho (RO), Presidente Prudente (SP), Uberaba (MG) e Vitória (ES). Além disso, a cobertura destas operações atinge as regiões metropolitanas. A aposta da Sky é uma só: testar e desenvolver uma plataforma de banda larga wireless que dê a ela a chance de competir no mercado triple-play (com telefonia e Internet, além de vídeo) e ainda agregue mobilidade, o que os operadores de cabo não têm. Luiz Eduardo Baptista (Bap), presidente da Sky, admite que esta experiência com MMDS é inédita no Brasil, que de certa forma servirá de laboratório para outros mercados em que o grupo DirecTV opera, entre eles EUA e demais países da América Latina. Nos EUA, a busca por tecnologias móveis também é crescente. Esse é o objetivo da joint venture entre a Clearwire (nome da nova operadora de celular formada pela Sprint e pela Clearwire, ambas detentoras de freqüências de 2,5 GHz nos EUA), as duas maiores operadoras de cabo dos EUA, Comcast e Time Warner, além da Brighthouse Networks (sexta maior

48

T e l a

operadora de cabo) e ainda Intel e Google. A joint venture foi muito discutida durante a NCTA Cable 2008, nos EUA. Brian Roberts, CEO da Comcast, explica o negócio: “É nossa aposta para termos acesso wireless de banda larga. Com essa joint venture, teremos duas coisas: acesso a uma tecnologia e a uma cultura de venda que não temos e cobertura nacional”. Roberts se refere às redes 3G da Sprint mas, sobretudo, às redes WiMax que a Sprint e a Clearwire estão construindo na faixa de 2,5 GHz (a tal faixa do MMDS). O presidente da Intel, Paul Otellini, também convidado para a sessão de abertura do evento, diz que a parceria terá como efeito acelerar a implantação de redes LTE nos EUA. A tecnologia de banda larga LTE é equivalente à tecnologia WiMax e é considerada a evolução natural das atuais plataformas 3G das operadoras de celular que operam em GSM/HSPA (como começam a oferecer a Telemig Celular, Claro e TIM, no Brasil). Mas vale lembrar que a Sprint, terceira maior operadora de celular dos EUA, já havia feito, em 2006, uma parceria com as mesmas operadoras de cabo com que se associa agora e mais a Cox. Naquela ocasião, explica a este noticiário Jim Patterson, presidente para serviços ao atacado da Sprint, tratava-se de uma joint venture para venda conjunta de produtos. “Agora o que se busca é muito mais: todas as possibilidades estão abertas, inclusive um modelo em que as operadoras de cabo sejam as operadoras virtuais”, diz. Sem mencionar o fato de que as Comcast, Time Warner e Brighthouse, mais Google e Intel, investirão cerca de US$ 3,2 bilhões na Clearwire para desenvolver a rede. Só a Comcast colocará mais de US$ 1 bilhão.

V i v a

j u n 2 0 0 8


Convergência Interatividade Mobilidade Portabilidade Veja na SET 2008 - Broadcast & Cable, Congresso e Feira de Equipamentos, as novas tecnologias que a TV Digital traz ao mercado e como ela mudará o seu modo de assistir televisão.

A 17ª edição da Feira Broadcast & Cable reunirá em um só lugar os principais fornecedores, representantes e distribuidores, apresentando tecnologias, soluções e novas tendências para o mercado de broadcasting. Expectativa de 200 expositores nacionais e estrangeiros e 12.000 visitantes profissionais.

F e i r a I n t e r n a c i o n a l d e Te c n o l o g i a e m Equipamentos e Serviços para Engenharia de Televisão, Radiodifusão e Telecomunicações EVENTO PARALELO Congresso de Tecnologia de Televisão SET 2008 Informações: (21) 2512-8747 - www.set.com.br

Não deixe sua empresa ficar fora deste Evento. Entre em contato conosco e garanta já o seu lugar.

Dias 27, 28 e 29 de agosto de 2008

Para visitar, cadastre-se gratuitamente no site www.broadcastcable.com.br e retire seu crachá no local do evento.

Centro de Exposições Imigrantes São Paulo

SETORES TV Aberta . TV Paga . Broadcasting . Cable . Rádio . Telecomunicações . Satélite Internet e Streaming . IPTV . Wireless Mídia . Cinema Digital . Educação e Treinamento

patrocínio

apoio

local

Informações e reserva de estandes: 55 21 3974-2028 - bc@certame.com www.broadcastcable.com.br

promoção e organização


( radiodifusão) Humberto Costa

c a r t a s . t e l a v i v a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Dança das afiliadas O projeto da Record de alcançar a liderança tem mudado o mapa de afiliações em vários Estados. O principal alvo da cobiça são as emissoras do SBT. Algumas já trocaram de bandeira.

U

ma rede de televisão para ter abrangência nacional precisa ter cobertura, um sinal que alcance a maior parte do território. Transmissão de qualidade é um princípio básico para a programação ser conhecida pelo público, senão como brigar por audiência? Por longos anos o SBT foi vice-líder isolado no Ibope, quando passou o posto para Record. Agora, também vê desmoronar sua estrutura em alguns Estados, que agora tenta recompor. Nos últimos dois anos, a rede de Edir Macedo ganhou oito afiliadas, das quais cinco transmitiam a programação da TV de Silvio Santos. Foram perdas significativas para o SBT as que ocorreram no Amazonas, Santa Catarina, Alagoas e Sergipe. São emissoras bem estruturadas que de uma hora para outra pularam para a concorrência. Apesar do estrago, o SBT mantém o discurso de dano mínimo. “A área de cobertura foi reduzida, mas não foi uma perda significativa. No Amazonas, afiliamos a TV Manauara, que está realizando investimentos significativos no aumento da cobertura. Em Sergipe, estamos retransmitindo via satélite direto de São Paulo. Estamos aguardando que o governo coloque uma geradora em edital”, faz o balanço Guilherme Stoliar, diretor de rede do SBT. A situação aliás é curiosa em Sergipe: a mesma família é dona de afiliadas concorrentes. O FOTO: arquivo

senador Albano Franco (PSDB/SE) tem a da Globo, enquanto seu irmão Walter Franco era ligado ao SBT, e agora está com a Record. A guerra entre as emissoras é embalada também por embate de números. No placar do tamanho de rede, vantagem da Record, 104 contra 100 afiliadas. Mas o SBT afirma levar sua programação a 97,2% dos domicílios com TV do Brasil, dado que a concorrente não divulga, apenas afirma a meta de chegar a 100% do território nacional. O apetite voraz de crescimento alimenta a migração de afiliadas. Um movimento que incomoda o SBT. Guilherme Stoliar chama de antiético o assédio

“O dinheiro ofertado para que nossas afiliadas se transferissem parece algo inconfessável. ” Guilherme Stoliar, do SBT

50

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

da concorrente. “A TV Record tem oferecido repasse de verbas publicitárias muito acima do padrão de mercado. Além disso, a TV Record ou a Igreja Universal, não sei exatamente qual das duas organizações, compra por valores muito significativos o espaço das afiliadas para retransmissão de programas religiosos. É impossível para o SBT, que vive do dinheiro do mercado publicitário, competir com uma televisão/Igreja que tem mais de 5 mil templos no Brasil, arrecadando um volume de dinheiro vultoso” (veja box ao lado). A metralhadora verbal de Stoliar vai ainda mais longe. Ataca o modelo de negócio da Record. “O dinheiro que foi ofertado para que nossas afiliadas se transferissem parece algo inconfessável. Nenhuma dessas emissoras que se foram se dignaram a discutir com o SBT. Por isso digo que trocaram de rede por um dinheiro fácil. As emissoras que


têm fundamentos empresariais, que têm dirigentes sérios, que olham o negócio a médio e longo prazo, sabem que uma empresa que não é auto-sustentável não sobrevive por muito tempo”, dispara. Segundo o diretor de rede do SBT, a TV Alterosa de Belo Horizonte, a TV Jornal do Recife, a TV Iguaçu de Curitiba e a TV Brasil de Campinas também foram procuradas pela Record, mas decidiram não trocar de bandeira. As severas críticas foram praticamente ignoradas no bairro paulistano da Barra Funda. Os questionamentos sobre a verba da Iurd (Igreja Universal) para turbinar o negócio não foram rebatidos. A Record encara a dança das afiliadas como um movimento normal. “Este crescimento ocorreu devido à qualidade dos nossos produtos,

vago discurso do SBT, que é o maior prejudicado com sua queda de audiência, com isto reduzindo o faturamento de seus parceiros. Não é verdade que repassamos valores fora da realidade de mercado”, afirma Carlos Geraldo Oliveira, diretor de rede e expansão da Record. Ele acredita que o incentivo à programação regional tem sido um ingrediente importante para atrair novos parceiros, que viriam não só do SBT. “Não é à toa que estamos sendo consultados constantemente por afiliadas de todas as redes”.

Contrato de afiliação O SBT afirma ter desenvolvido o modelo de contrato de afiliação que inspirou as demais emissoras. Na rede de Silvio Santos, metade dos breaks é reservada para comercialização da rede e a outra metade para propagandas da região. Cada emissora recebe uma parte da receita do bolo publicitário Net conforme o IPC da região de cobertura. A faixa de programação local é de 5 horas por dia de segunda a sábado e duas horas no domingo. A Record não revelou as bases do contrato de afiliação.

Troca-troca Uma das baixas substanciais do SBT aconteceu em Santa Catarina. A mudança de bandeira veio depois de 18 anos. São seis emissoras espalhadas pelo Estado e interligadas por fibra óptica, 30

qualidade de áudio e vídeo da transmissão. Tudo isso tem feito com que outras emissoras nos procurem para integrar a nossa rede, o que não acontecia havia muito tempo na televisão brasileira. Este é o principal fator da migração de emissoras, e não o

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

51

>>


( radiodifusão) FOTOS: divulgação

equipes de jornalismo e sinal em 92% do território catarinense. Estrutura comparável somente à da RBS, a afiliada local da Globo. Mas o negócio estava numa sinuca de bico. “A queda de audiência do SBT estava inviabilizando o nosso crescimento. A falta de planejamento estratégico também deixa qualquer afiliado apreensivo”, relata Marcelo Petrelli, vice-presidente executivo da RIC em Santa Catarina. Também pesou na escolha o fato da outra emissora do grupo já ser afiliada da Record no Paraná há 12 anos. O canto da sereia do repasse acima da média não seria verdadeiro. Segundo Petrelli, o racha do bolo publicitário com a nova rede não foge ao padrão de mercado. “Recebemos o mesmo que antes, R$ 300 mil por mês. Mas agora temos perspectiva de crescimento”. Outra diferença é que a exibição da programação religiosa da madrugada alargou o faturamento. “A Igreja Universal paga bem porque sabe usar bem o horário”, afirma o executivo, sem citar cifras. A RIC catarinense se auto-intitula a maior

“A queda de audiência do SBT estava inviabilizando nosso crescimento.” Marcelo Petrelli, da RIC

produtora de conteúdo regional do país, são 19 horas diárias nas seis emissoras. A afiliada da Record comemora os resultados obtidos até agora. “O nosso faturamento comercial vai aumentar 40% este ano. A audiência desde a troca de bandeira já cresceu 25%. A programação local de meio-dia às duas da tarde já está em primeiro lugar em Joinville e Chapecó. A nossa meta é ser líder regional e na programação nacional ter de 40% a 50% da audiência da Globo”, aponta Marcelo Petrelli. A emissora aposta todas as fichas no tratamento diferenciado da programação de cada região. Santa Catarina é um Estado atípico. A maior cidade está no interior, é Joinville, e não a capital Florianópolis. “É tudo muito diferente, precisa ter relacionamento regional para crescer”, finaliza (veja Box 2 abaixo). No Amazonas, o troca-

“Estamos crescendo pela qualidade do produto e da transmissão.” Carlos Geraldo Oliveira, da Record

RedeTV! vira SBT A nova base do SBT em Santa Catarina fica em Lages, cidade de 161 mil habitantes, e transmite o sinal em microondas. A SCC é um grupo de quase 70 anos que tem três emissoras de rádio, provedor de internet, TV por assinatura e serviço de comunicação móvel. Já foi afiliada ao SBT e nos últimos sete anos esteve ligada à Rede TV! Investe para ampliar a cobertura: recentemente comprou R$ 1,5 milhão em transmissores para Florianópolis, Joinville e Criciúma. “O contrato que fizemos com o SBT foi bastante interessante, permitiu que continuássemos com espaço no horário nobre”, afirma Roberto Amaral, diretorgeral da emissora. E apesar das dificuldades, se mostra animado com os resultados. “Tivemos queda no faturamento, mas estamos nos recuperando, conservamos os clientes tradicionais que já estavam conosco e ampliamos a clientela do SBT”. Enquanto a RIC busca a liderança regional, a meta do SBT catarinense é consolidar o segundo lugar no Ibope.

52

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

troca de bandeiras produziu um fenômeno curioso. O SBT tinha o segundo lugar no Ibope com larga vantagem. Tinha o suporte de 45 emissoras levando a programação para 90% dos municípios amazonenses. A programação da Record era praticamente desconhecida em conseqüência do fraco sinal da antiga afiliada. Mas tudo se inverteu. A emissora que era ligada ao SBT conectou-se à Record e vice-versa. Nesse caso, a mudança não foi motivada pela queda de audiência. “A grade do SBT muda muito, está é uma reclamação geral das afiliadas. Quando a Record nos procurou, nós compramos a idéia de uma programação estável. Nós também avaliamos que já tínhamos um sinal bom, mas precisávamos de um produto melhor para crescer”, conta James Alencar, diretor vicepresidente do Sistema A Crítica de Rádio e TV. A afiliada da Record tem três horas diárias de programação local veiculada pelas seis geradoras. Afirma estar na briga pela viceliderança no Ibope e ter ampliado o faturamento comercial em 50%. A melhora não veio do repasse maior do bolo publicitário. “Se mantém no mesmo nível do SBT”. Mas a programação produzida pela Igreja Universal ajudou a reforçar o caixa. “Permite um faturamento muito maior na madrugada. Mas não existe uma supervalorização do conteúdo evangélico”, desconversa Alencar. No contrato de afiliação com a TV de Edir Macedo a exibição do “Fala Que Eu Te Escuto” é uma cláusula sagrada e imutável. O próximo passo da TV A Crítica é investir US$ 2 milhões para iniciar a transmissão digital até o final deste ano. Enquanto a Record amazonense busca o HD, o SBT no Estado continua em segundo lugar no Ibope e corre para melhorar o sinal, mas preferiu não falar sobre os negócios.


(audiência - TV paga)

Fox chega ao top 5

E

5.432.200 indivíduos nas praças Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Distrito Federal. No público de quatro a 17 anos, o Disney Channel segue na liderança conquistada em dezembro de 2007, com 20,32% de alcance diário médio e tempo médio diário de audiência de uma hora e 19 minutos. Cartoon Network, TNT, Nickelodeon e Discovery Kids aparecem nas posições seguintes. Os canais pagos apresentaram entre o público infanto-juvenil alcance diário médio de 54,77 % e tempo médio diário de audiência de duas horas e seis minutos. Para este levantamento, foi considerado um universo de 1.127.800 indivíduos, nas praças mencionadas acima.

Foto: divulgação

m abril deste ano, a Fox Fox e Globo News. No total, os canais chegou ao quarto lugar do pagos tiveram alcance diário médio de ranking dos canais de TV 48,77% e tempo médio diário de audiência por assinatura com melhor de uma hora e 56 minutos. O alcance entre o público acima de 18 levantamento considerou o universo de anos. O canal, que estreou a quinta temporada da série “Nip/Tuck” neste mês, registrou alcance diário médio de 8,5% e tempo médio diário de audiência de 20 minutos. Além da Fox, destaca-se a presença do Canal Brasil, da programadora nacional Globosat, no 13° lugar do ranking, com 5,55% de alcance diário médio e tempo médio diário de audiência de 22 minutos. Em primeiro lugar, o TNT teve 12,6% de alcance diário médio e 25 minutos de A estréia da quinta temporada de “Nip/Tuck” tempo médio diário de foi o destaque do canal audiência. Em seguida, Fox em abril. aparecem SporTV, Multishow,

Daniele Frederico

Alcance* e Tempo Médio Diário – abril 2008 Total canais pagos TNT SporTV Multishow Fox Globo News Universal Channel AXN Discovery Warner Channel Disney Channel National Geographic Cartoon Network Canal Brasil Telecine Pipoca GNT Telecine Premium SporTV 2 Sony Discovery Kids HBO

De 4 a 17 anos**

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 48,77 2.649,32 01:56:14 12,60 684,70 00:25:31 9,19 499,09 00:39:34 8,69 472,09 00:16:36 8,50 461,45 00:20:37 8,47 460,15 00:30:06 8,43 457,89 00:32:51 8,07 438,23 00:25:08 7,96 432,23 00:21:17 7,72 419,39 00:27:20 6,44 349,56 00:41:25 6,29 341,92 00:15:54 6,00 325,84 00:30:43 5,55 301,73 00:22:42 5,52 299,99 00:28:22 5,50 298,68 00:13:51 5,37 291,95 00:22:24 5,31 288,25 00:17:56 5,22 283,49 00:20:42 5,21 283,21 00:40:35 5,06 275,09 00:22:06

**Universo 5.432.000 indivíduos

Total canais pagos Disney Channel Cartoon Network TNT Nickelodeon Discovery Kids Jetix Multishow Fox SporTV Telecine Pipoca Boomerang Discovery AXN Warner Channel Universal Channel HBO ESPN Brasil Telecine Premium People & Arts National Geographic

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 54,77 617,77 02:06:28 20,32 229,25 01:19:00 17,88 201,70 00:47:40 10,91 123,03 00:28:25 10,68 120,42 00:39:52 10,67 120,32 00:45:10 10,56 119,05 00:51:26 8,46 95,41 00:19:28 7,86 88,59 00:18:45 6,49 73,26 00:25:01 6,17 69,67 00:26:44 5,91 66,71 00:32:26 5,90 66,63 00:17:57 4,86 54,82 00:17:21 4,58 51,57 00:22:29 4,51 50,88 00:25:18 4,14 46,68 00:21:10 3,92 44,23 00:11:44 3,75 42,34 00:15:38 3,61 40,71 00:21:28 3,51 39,59 00:11:53

*Alcance é a porcentagem de indivíduos de um “target” que estiveram expostos por pelo menos um minuto a um determinado programa ou faixa horária.

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

53

**Universo 1.127.800 indivíduos Fonte: IBOPE Media Workstation – Tabela Minuto a Minuto – Abril/2008

Acima de 18 anos**


( making of )

Lizandra de Almeida

fotos: divulgação

l i z a n d r a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Lá em casa

S

e antes as construtoras de imóveis residenciais apareciam na TV apenas em programas de ofertas, agora três delas estão no ar com filmes institucionais em horário nobre. É o caso da Rossi, para a qual a Famiglia criou uma campanha diferenciada, com três filmes. Cada um deles é protagonizado por uma pessoa aparentemente deslocada de seu ambiente, mas muito à vontade. Uma mulher desfila de toalha no cabelo, calcinha e camiseta por um escritório de advocacia. Um homem atende o celular tranqüilamente no meio de uma sessão de cinema, colocando-o até no viva-voz para a namorada poder escutar. Outro deita no sofá, tira os sapatos e se espalha, expulsando outro homem que espera na recepção de um consultório. Em todos os casos, o ambiente se transforma e a pessoa aparece, na verdade, em sua própria

casa. Ao mesmo tempo, entra a locução que diz que “a Rossi pensa muito no local onde você vai viver, porque tem um bocado de coisas que só em casa”. “Recebemos os roteiros que mostram essas situações meio clichê, mas tínhamos que contar essas histórias para clientes sofisticados. Precisamos, então, sofisticar os roteiros”, explica o diretor Gustavo Leme. Todos os ambientes filmados eram locações. Em cada filme, duas eram usadas: uma correspondente ao ambiente inicial e outra à casa da pessoa. “Um dos maiores desafios era da fotografia. A iluminação precisava estar muito próxima nos dois ambientes para facilitar a transição”, continua Gustavo. No filme da mulher no escritório, ela se senta numa estação de trabalho que se transforma em seu home office. No do consultório, o homem deita em um sofá que é o mesmo de sua casa. Mas na cena do cinema, o casal que está no cinema se transporta para um sofá – nesse caso, foi mais difícil fazer a transição. “Tentamos fazer da forma mais rústica e realista possível, sem muitos elementos 3D. Pesquisamos muito como fazer a passagem. Primeiro, pensamos em fazer tudo em 3D. Depois passamos para a solução cenográfica. Fomos

Transição de ambientes: solução cenográfica funcionou melhor que 3D.

54

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

simplificando, escondendo os efeitos, para ficar o mais natural possível. Apresentamos cinco caminhos diferentes para essa passagem à agência, até chegarmos ao resultado escolhido”, diz o diretor. “Para nós foi muito importante participar desse processo criativo. Tivemos a oportunidade de realmente criar a linguagem do filme, ao lado da agência.” ficha técnica Cliente Produto Agência Direção de criação Direção de arte Redação Produtora Direção do filme Direção de fotografia Finalização Trilha

Rossi Institucional Famiglia Átila Francucci e Fernando Nobre Fabio Brigido Átila Francucci e Fernando Nobre Delicatessen Filmes Gustavo Leme Hebling Jr. Casablanca Sax So Funny


Linguagem própria

A

partir de três anúncios impressos, a equipe da Digital 21 foi chamada a criar as peças de divulgação e identidade do projeto Estúdio Coca-Cola. Iniciado no ano passado, o projeto reúne dois nomes da música brasileira de estilos completamente diferentes, em programas exibidos pela MTV. “A princípio, recebemos os anúncios para orientar a construção de um filme”, explica o diretor Rodolfo Patrocínio. Depois, o trabalho se desdobrou para as vinhetas do programa, para o video wall que serve de cenário ao apresentador e gerou até um curta-metragem, selecionado para a revista virtual Stash, especializada em animação e computação gráfica. “Trabalhamos com os elementos do cartaz, mas para a animação precisamos de mais imagens. Além de os elementos terem de contemplar a idéia da variedade de músicas e instrumentos musicais, ainda tínhamos que criar elementos novos para unir as idéias em movimento”, afirma. A animação foi criada em paralelo à trilha sonora, o que exigiu algumas adaptações posteriores. “Animamos a primeira versão sem ter idéia do ritmo”, diz. Os mais diferentes tipos de técnicas foram utilizados, como 2D, 3D, stop motion e foto-montagem. “Geralmente a animação é escolhida como técnica. Nesse caso, foi o único jeito de juntar todos os elementos que a gente tinha”, analisa Rodolfo. Entre os artistas selecionados para as edições deste ano do projeto estão combinações inusitadas como a cantora pop Vanessa da Matta e a banda Charlie Brown Jr. e a dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó e a banda emo Fresno. O desenvolvimento dessa

campanha faz parte do processo de criação de identidade visual da marca Coca-Cola Zero. Para o lançamento da marca, produtora e agência já tinham trabalhado juntas em um manifesto que gerou as bases de identidade visual, estabelecendo o tipo de elementos e as cores que orientam todas as criações posteriores. “Apesar do aparente caos visual, temos que trabalhar em cima de polices muito rígidas, especialmente em relação à palheta de cores. O preto tem que prevalecer, mas não pode ficar down. E a proporção de vermelho dentro do quadro é específica. As fotos são todas tratadas na mesma saturação, e temos que usar o cinza na composição”, explica o diretor. ficha técnica Cliente Coca-Cola Produto Coca-Cola Zero Agência JWT Direção de criação Beto Fernandez Criação Sthefan Ko e Lucio Regner Atendimento Renata Máximo e Isabel Castro RTV Anna Bohm Produtora Digital 21 Direção do filme Rodolfo Patrocínio Prod. e Finalização Equipe Digital 21 Trilha Dr. DD

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

Apesar da aparência caótica, cuidado com palheta de cores foi intenso.

55


( produção)

O formato do sucesso

T

FOTOS: divulga ção

Adaptação de textos de novelas e séries está em alta no mercado internacional, mas sucesso depende de adequação à cultura local. ransformar novelas e séries em formatos virou moda. É a adaptação do conceito de uma produção, com ou sem mudanças ao texto original. Conseguir sucesso com um formato adaptado, no entanto, depende de uma série de fatores que vão além de simplesmente traduzir o texto. É necessário “Ugly Betty” adaptar a história à realidade do país sem perder a sua essência e ainda cuidar para que os direitos da obra sejam mantidos. “O formato oferece a possibilidade de ver o que um programa foi, é, e como você pode adaptá-lo ao mercado local”, diz o presidente da ABC Studios, Mark Pedowitz. Entre os motivos para que este seja um bom momento para a compra e a venda de formatos, está a existência de alguns cases de sucesso, a greve dos roteiristas norte-americanos, que deixou o mercado sem bons pilotos, e a boa e velha busca por boas histórias. “A idéia de roteiristas americanos adaptarem formatos vai entrar na moda”, diz o produtor e roteirista da série “Desperate Housewives”, Jeff Greenstein. “Nessa temporada, em particular, há nos Estados Unidos cerca de meia dúzia de shows que são formatos britânicos”, afirmou. Para que um formato faça sucesso, porém, é preciso mais do que uma boa idéia. A história deve ser devidamente adaptada à

56

fazer com que o roteiro ‘respire’”, diz. É o caso de um dos textos de maior sucesso no mercado internacional, “Betty, la Fea”, a novela colombiana de Fernando Gaitán que se transformou na série de sucesso “Ugly Betty”, nos Estados Unidos. “É preciso dar uma margem ampla à adaptação, para que personagens e “Donas-de-casa histórias adaptem-se aos ” Desesperadas costumes dos países”, diz Gaitán. O roteirista de “Betty, la Fea” conta que na Rússia, por exemplo, os espectadores sequer imaginam que aquela seja uma história colombiana. A novela tem 12 versões, incluindo uma recémanunciada na China e uma para o teatro, na Broadway. As alterações de “Betty, la Fea” para se transformar “Ugly Betty”, derivada da novela “Betty, la Fea”, e em “Ugly Betty” começam pelo “Donas-de-casa Desesperadas”, versão brasileira formato: na Colômbia, a história foi de formato americano: séries são exemplos de contada em forma de novela, com textos adaptados. mais de cem episódios, enquanto a versão americana tornou-se um realidade local. Greenstein acredita que seriado, de 23 episódios por é responsabilidade de quem adapta o temporada. Para manter a formato encontrar uma maneira de fazer característica latina, a versão a história ser relevante e real para os americana ganhou um problema espectadores daquele país. “As pessoas com a imigração ilegal ao país e sabem quando um programa é falso”, paródias sobre as telenovelas diz o produtor e roteirista, que já provenientes da região. “‘Ugly trabalhou em séries como “Will and Betty’, a versão feita nos Estados Grace” e “Friends”. “Cabe aos escritores Unidos, é para um público que jamais havia permitido a entrada de de cada país encontrar uma maneira de

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8


Jeff Greenstein, produtor e roteirista de “Desperate Housewives”

Filmada na Argentina, a versão tupiniquim seguiu proximamente o roteiro americano, com os mesmos personagens, cenários, figurinos e histórias. O sucesso da série original nos Estados Unidos é atribuído por Greenstein à relevância do tema às mulheres americanas, que se viram retratadas nas personagens. “Quando se leva o formato a um outro país, como o Brasil, os roteiristas têm de encontrar

Para que um formato faça sucesso é preciso mais do que uma boa idéia. A história deve ser devidamente adaptada à realidade local uma maneira de fazer com que as mulheres deste lugar sintam que aquilo é um reflexo de suas vidas”, diz. Embora os formatos sejam muitas vezes comprados para facilitar o processo de desenvolvimento, o roteirista acredita que o trabalho não diminui, apenas muda. “Talvez os produtores pensem que estão economizando trabalho ao adaptar um formato existente, mas na verdade, você tem que fazer o mesmo trabalho de criar uma série”, explica.

Ele aconselha ainda sempre garantir em contrato os direitos sobre a nova versão que será feita em cima da original. “Se você não garante seus direitos, o produtor do novo formato pode dizer que fez contribuições ao conteúdo aqui e ali e dizer que o produto é dele”, afirma. Ele menciona o exemplo de “Betty, la Fea”, que teve sua essência completamente modificada na Alemanha, fracassou, e os novos realizadores passaram a dizer que o formato era deles. Fey diz ainda que para evitar as cópias, “que sem dúvida aparecerão”, o detentor do texto deve ser o primeiro a levá-lo ao mercado e promovê-lo. “Seja um negociador esperto. Faça com que se pague sempre um fee pelo formato”, diz. Ele aconselha também a que se estipule a consulta ao detentor do formato sobre qualquer alteração no original. “Faça com que qualquer mudança tenha de ser aprovada. Senão, você perde o controle”, conclui.

Direitos legais Ao vender um texto para que um outro produtor o realize em outro país, ou em outro idioma, é necessário, porém, tomar alguns

FOTO: daniel ducci

Sucesso Embora alguns formatos tenham tido sucesso fora de seus países de origem, como “Betty” e “The Office” (seriado britânico com versão nos Estados Unidos), não é sempre que uma adaptação tornase um hit. É o caso de “Desperate Housewives”, que teve sua versão brasileira exibida pela Rede TV! e feita em parceria com a Buena Vista Intl. Television, empresa que produziu a série em forma de pool, para exibição em diversos países da América Latina. O texto sobre as donas-de-casa de um subúrbio norte-americano e sobre os mistérios escondidos atrás de suas cercas brancas já foi vendido, entre outros territórios, para Brasil, Argentina, Chile e Venuzuela, e está no rumo de sua quinta temporada nos Estados Unidos. No Brasil, porém, a atração sequer chegou à segunda temporada.

cuidados legais. Em painel que debateu o tema dos formatos produzidos nos Estados Unidos durante o Banff World Television Festival, no Canadá, foi apresentada uma série de cuidados a serem tomados quando se vende um formato para produção. O advogado alemão especialista em direitos de televisão Chistoph Fey acredita que é preciso estar sempre atento às mudanças que estão sendo feitas ao script original. “Atenha-se à fórmula original, mas ao mesmo tempo, dê liberdade para que o produto adapte-se à cultura local”, diz o advogado.

“A idéia de roteiristas americanos adaptarem formatos vai entrar na moda.”

FOTO: phillip jeffrey

um produto latino-americano”, diz Gaitán. Contudo, essas alterações não mudaram, segundo o presidente da ABC Studios, a essência da trama, que é um tema conhecido universalmente. “É uma história de Cinderela, que tem muito do original”, diz. Ter tema universal é um dos requisitos para que um roteiro viaje, mas não é o único. O sucesso que a produção teve em seu país de origem também é um fator que influencia na compra de um formato. O diretor de projetos internacionais da Caracol TV, Pedro Davila, alerta para o fato que a busca por temas universais pode não levar a esse sucesso no mercado de origem. “O que se pede é que as novelas tenham temas universais, que possam viajar. Porém, se os temas não funcionarem no mercado local primeiro, elas não viajarão”, adverte Davila.

”O que se pede é que as novelas tenham temas universais, que possam viajar. Porém, se os temas não funcionarem no mercado local primeiro, elas não viajarão.” Pedro Davila, diretor de projetos internacionais da Caracol TV

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

Daniele Frederico

57


( mercado) Lizandra de Almeida

l i z a n d r a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Anabel Série ruma à segunda temporada, com muitas lições aprendidas. FOTOs: DIVULGAÇÃO

Esta matéria faz parte de uma série que Tela Viva publica mensalmente, explicando o desenvolvimento de projetos audiovisuais bem sucedidos, sob o ponto de vista do modelo de negócios e do financiamento.

U

ma das primeiras séries de animação brasileira a ser viabilizada pelas leis recentes de incentivo à cultura, “Anabel” surgiu como idéia há mais de dez anos. A história de sua produção começou em 1998, quando o produtor Sérgio Martinelli tentou entrar em contato com o escritor Luiz Fernando Verissimo para comprar os direitos das tiras “As cobras” e transformálas em série de animação. Enquanto buscava um contato com o escritor, descobriu que o diretor de animação Lancast Mota, cearense radicado no Rio Grande do Sul, já tinha produzido alguns episódios baseado na tira e que também tinha o piloto de uma possível série de animação, “Anabel”. Martinelli se interessou e os dois começaram a trabalhar no desenvolvimento do projeto, que foi inscrito na Lei do Audiovisual. O registro na Ancine saiu em 2000 e os recursos começaram a ser captados. Na época, os mecanismos de fomento não contemplavam séries para a televisão. Tudo o que era produzido tinha de ser finalizado em película. “Isso encareceu muito nosso orçamento. Não fosse por isso, poderíamos ter feito vários outros episódios”, conta Martinelli. A produção só deslanchou de verdade quando o projeto foi contemplado pelo PIC-TV (Programa

de Integração Cinema-Televisão), da TV Cultura. “A verba ainda não estava completa, mas foi suficiente para produzir os 13 episódios de 7 minutos da primeira temporada.” Segundo Martinelli, por seu pioneirismo, “Anabel” foi um grande aprendizado para quem quer produzir animação para o mercado internacional. A primeira lição tem a ver justamente com a quantidade de episódios. “Meu grande erro, nesse momento, foi não ter esperado mais ou não ter apertado ao máximo o orçamento para fazer uma temporada de 26 episódios. Hoje eu posso afirmar para todos os produtores: ninguém compra 13 episódios. É muito pouco.” Martinelli acredita que a continuidade da série tem de estar engatilhada desde o princípio. “O feedback que recebemos dos canais é que tão poucos episódios não são suficientes para as crianças pegarem o gosto pelos personagens. Temos que reprisar em muito pouco tempo, então elas se desinteressam”, explica. “O ideal é já planejar 52 episódios. Se a duração for de 22 minutos e a complicação financeira for muito grande, ainda se pode tentar 26. Com 52 episódios, temos programação para um ano. Depois de

58

T e l a

V i v a

j u n 2 0 0 8

seis meses, é possível começar a intercalar episódios novos e antigos e assim ainda ganhar um fôlego.” A produção terminou em 2004, com alguns episódios finalizados em película. No meio do processo, a legislação mudou e foi possível entregar o que faltava em Beta para a Ancine. As cópias em película, diz Martinelli, foram enviadas a festivais e usadas para divulgação. A produção aconteceu simultaneamente no Estúdio Lancast Mota, em Porto Alegre, e em São Paulo. “Fizemos em 2D tradicional, com animação em Flash. Foi um processo muito enxuto e com ele percebemos que é possível produzir animação de qualidade no Brasil.” Em 2005, começou a ser exibida na TV Rá-Tim-Bum e, algum tempo depois, na Nickelodeon – e ainda continua em exibição nos dois canais. Mais recentemente, a produtora fechou acordo com a TV Brasil, primeiro canal aberto onde a série é exibida, com boa repercussão. Para dar continuidade ao projeto, a Digital Films & Toons, que assina a produção da série, participou de vários encontros com produtoras canadenses e fechou um


acordo de um ano com uma delas, para desenvolver o projeto. Caso algum canal se interessasse, as duas produtoras arcariam cada uma com 50% dos custos. “Aprendemos muito sobre desenvolvimento de personagens, aperfeiçoamos bastante toda a série e começamos a apresentar para várias TVs no Canadá. A intenção era produzir 52 episódios de 11 minutos. Mas naquele momento, em 2006, havia um excesso de oferta de séries de animação para esse target, de crianças entre 4 e 8 anos.” O contrato de co-produção expirou e, por aqui, as leis de incentivo foram reformuladas, passando a contemplar a produção de séries, o que abriu novas perspectivas. O projeto da segunda temporada, que estava enquadrado no artigo 1º da Lei de Incentivo à Cultura, agora está sendo transferido para o artigo 1ºA. “Estamos redimensionando o orçamento. Já que vamos produzir para a TV, vamos reduzir os custos e assim conseguir fazer mais episódios”, diz Martinelli. A idéia é criar 26 episódios de 11 minutos, já com um conceito mais vendável e internacional. “Nossa expectativa é vender as duas temporadas para o mercado internacional.” Enquanto começa o processo de

Série de an imação Direção Empresas pr odutoras

Anabel 13 episódio s de 7 minut os Lancast Mot a Digital Films & Films e Estú Toons, Martinelli dio Gato Am arelo

Sinopse

A série conta as peripécias da menina Anabel, que vive na década de 1930 e adora romances policiais e de terror. Inteligente e curiosa, ela sempre está às voltas com aventuras e a solução de mistérios que envolvem sua comunidade.

captação, a equipe de Lancast Mota prepara os novos roteiros. Mas, segundo Martinelli, a produção só deve começar quanto pelo menos seis roteiros estiverem prontos, com story board. “É fundamental ter um fluxo contínuo de

produção, não deixar ninguém parado.” O início da produção da segunda temporada está previsto para o segundo semestre, em Porto Alegre e São Paulo. “Estamos criando também uma abertura padrão para a série, o que ajuda a dar identidade. Além disso, aumentamos nosso estúdio em São Paulo e vamos oferecer serviços para o exterior. Fizemos uma parceria com uma empresa que fazia quadrinhos para a Editora Globo e criamos a Cor e Imagem, que faz 2D tradicional e digital. Estamos montando um núcleo de 3D, porque vimos que existe demanda para a prestação de serviços nessa área no exterior também.” E conclui: “Outra coisa muito importante que aprendemos é que não adianta tocar uma série só de cada vez. Como o tempo de desenvolvimento é muito grande, é preciso ter opções para enfrentar a sazonalidade. Uma hora eles estão cheios de produtos para o público infantil, outra hora não tem nenhum. Tem que ter a ‘bíblia’ de cada projeto, investir um pouco mesmo, para depois conseguir manter o estúdio sempre funcionando. Se não houver essa visão de continuidade, você perde profissionais e oportunidades.” Lizandra de Almeida


MATERIAL Nテグ


DISPONÍVEL


( agenda ) 17 a 21 IV Festival Tudo Sobre Mulheres, Chapada dos Guimarães,

FOTO: arquivo

Junho

MT. Tel.: (65) 9221-9503. E-mail: producao@tudosobremulheres.com.br. Web: www.tudosobremulheres.com.br

27 a 13/7 7ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, Florianópolis, SC. Tel.: (48) 3232-5996. E-mail: lllins@uol.com.br. Web: www.mostradecinemainfantil.com.br

Outubro 11 a 13 de agosto

Julho

12ª edição do encontro oficial da indústria de TV por assinatura. Todo o mercado de serviços convergentes reunido em três dias de exposição e congresso. Transamérica Expo Center, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3138-4660. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.abta2008.com.br.

4 a 12 I Festival Paulínia de Cinema, Paulínia, SP. Tel: (19) 3874-5681. E-mail: anapaulacultura@gmail.com. Web: www.pauliniamagiadocinema.com.br

7 a 13 3º Festival de Cinema LatinoAmericano de São Paulo, São Paulo, SP. Tel: (11) 3823-4600.

18 a 27 11º Festival Internacional de Cine Expresión em Corto, Guanajuato, México. Tel: (52-415) 152-7264. E-mail: info@expresionencorto.com. Web: www.expresionencorto.com.

23 a 27 Anima Mundi – Festival Internacional de Animação do Brasil, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3159-1323. E-mail: info@animamundi.com.br. Web: www.animamundi.com.br.

25 a 31 9º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG. Tel.: (31) 3291-0524. Web: www.festivaldecurtasbh.com.br.

Agosto 10 a 17 6° Cine Fest Petrobras Brasil, Nova York, EUA. Tel.: (21) 2439-2333. E-mail: inffinito@inffinito.com. Web: www.brazilianfilmfestival.com

14 a 23 15° Gramado Cine Vídeo e Mercado do Audiovisual, Gramado, RS.

21 a 1/9 32° Montreal World Film Festival, Montreal, Canadá. Tel: (1-514) 848-3883. E-mail: info@ffm-montreal.org. Web: www.ffm-montreal.org/fr_index.html.

24 a 31 3º Festival de Cinema e Meio Ambiente de Guararema, SP. Tel: (11) 3024-4499. E-mail: bosco@raizprod.com.br, assuncao@raizprod.com.br.

Paulo, SP. Tel.: (11) 3034-5538. Fax: 3815-9474. E-mail: spshort@kinoforum.org. Web: www.kinoforum.org.

Tel: (571) 341-7562. E-mail: info@bogocine.com. Web: www.bogocine.com

2 e 3 8° Congresso LatinoAmericano de Satélites, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (11) 3138-4660. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.convergecom.com.br.

7 a 9 Andina Link 2008, Guatemala. Tel.: (571) 345-9166. E-mail: sandra@andinalink.com. Web: www.andinalink.com

7 a 9 MaxiMídia 2007, São Paulo, SP. Tel: (11) 3769-1624. E-mail: comercial.eventos@grupomm.com.br (Comercial). Web: www.maximidia.com.br/2007

Setembro 4 a 13 33° Toronto International Film Festival, Toronto, Canadá.

7 a 12 7ª Goiânia Mostra Curtas,

Tel: (1-416) 967-7371. E-mail: tiffg@tiffg.ca. Web: www.tiff07.ca

Goiânia, GO. Tel.: (62) 3218-3780. E-mail: icumam@icumam.com.br. Web: www.goianiamostracurtas.com.br

14 a 20 IV Festival Latino-Americano de Canoa Quebrada – Curta Canoa, Canoa

11 a 12 Mipcom Junior, Palais des

Quebrada, CE. Tel.: (85) 3231.1624. Web: www.curtacanoa.com.br

15 a 20 VI Curta Santos. Santos, SP. Tel.: (13) 3219-2036. Web: www.curtasantos.com

Tel.: (54) 3286-6226. E-mail: gcv@gramadosite.com.br. Web: www.gramadocinevideo.com.br

21 a 29 Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, São

1º a 9 XXV Festival de Cine de Bogotá, Santa Fé de Bogotá, Colômbia.

ABTA 2008

13 a 17 Mipcom, Palais des Festivals,

16 e 17 Congresso TV 2.0, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3138-4660. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.convergecom.com.br.

17 a 21 Ottawa International Animation Festival, Ottawa, Canadá. Tel.: (1-613) 232-8769. E-mail: info@animationfestival.ca. Web: ottawa.awn.com

62

T e l a

V i v a

Festivals, Cannes, França. Tel.: (33-1) 4190-4580. E-mail: info.mipcom@reedmidem.com. Web: www.mipcomjunior.com

Cannes, França. Tel.: (33-1) 4190-4580. E-mail: info.mipcom@reedmidem.com. Web: www.mipcom.com

17 a 31 32ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3141-0413. E-mail: info@mostra.org. Web: www.mostra.org.

j u n 2 0 0 8


> 24-27 June 2008

La Rochelle - Espace Encan

Fictionalising Fact

19th edition

INFORMATION & REGISTRATION WWW.SUNNYSIDEOFTHEDOC.COM BLANC www.cassandre.org - Photo : © Karan Kapoor

NOIR / Blanc

NOIR / Noir

Pantone 382 CVC - 100 % Pantone 382 CVC - 50 %

C 25 - Y 100 C 12,5 - Y 50

2008



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.