Revista Tela Viva - 91 Março de 2000

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CONTEÚDO PARA INTERNET AGITA O MERCADO DE Nº91 MARÇO 2000

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SCANNER

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CAPA

Emissoras atrás de audiência e verbas publicitárias

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50 ANOS DA TV

Os anunciantes

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COPYRIGHT

Direitos de transmissão x Internet

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PROGRAMAÇÃO REGIONAL

Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima

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MAKING OF

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PRODUÇÃO

os programas de época

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MULTIMÍDIA

Produção de conteúdo para Internet

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SEMINÁRIO

PUBLICIDADE

EQUIPAMENTOS

Internet de alta velocidade

Rede de negócios via cabo

Tripés

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FIQUE POR DENTRO

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AGENDA

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Engenheiros e técnicos empenhados nos testes para a escolha do padrão de DTV para o Brasil demonstraram extrema habilidade política na confecção do relatório entregue à Anatel, baseando suas conclusões na modulação de freqüência usada pelos três padrões analisados. Assim, nenhum padrão foi descartado; apenas a modulação de freqüência usada pelos norteamericanos. Aguarda-se assim que os Estados Unidos resolvam a polêmica questão do 8VSB, a base do ATSC. Evidentemente, seria economicamente mais interesse nos unirmos ao grupo capitaneado pelos Estados Unidos. A economia de escala faria os preços dos equipamentos usados para a transição baixarem mais rápido, beneficiando quem vive abaixo do Rio Grande. O grupo Abert/SET teve a clarividência de não se subjugar ao poderio político dos interessados e afirmar de maneira diplomática que o sistema norte-americano, por enquanto, não funciona. O Brasil não pode se dar ao luxo de entrar num sistema que corre o risco de ser totalmente reformulado, como é o caso do ATSC. A peteca agora está nas mãos da Anatel. A agência resolveu dar tempo ao tempo, aguardando que o ATSC seja reformulado pois a FCC mesmo tendo rejeitado a petição da Sinclair - o primeiro grupo a por a boca no trombone contra o padrão de transmissão - resolveu reavaliar o 8-VSB depois que a NBC confirmou os resultados obtidos pelo grupo de Baltimore. Enquanto isso temos tempo antes da definição que pode influenciar toda a América Latina, inclusive a Argentina, que embora tenha feito sua opção, promete rever sua decisão em função do Brasil. O primeiro passo para a implantação da DTV no Brasil foi dado. A caminhada ainda precisa passar por definições quanto à canalização, interface etc. A Eletros também acompanhou o desenvolvimento dos testes, validou a forma como foram conduzidos e está seguindo o cronograma para a elaboração agora do seu plano de negócios. A indústria da linha marrom começa a se preparar para assegurar ao telespectador que seu novo aparelho irá sintonizar seus programas favoritos, qualquer que seja o canal em que ele está sendo exibido com a mesma facilidade de hoje. E mais: com melhor qualidade de imagem e som, além de novos serviços (interativos ou não) propiciados pela digitalização.

Rubens Glasberg


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DE CIRCO Toni L. Rodrigues, recuperado do acidente que sofreu no final do ano passado, já está fazendo malabarismos para organizar o 22º Profissionais do Ano, prêmio oferecido aos melhores comerciais veiculados na Rede Globo. As festas regionais voltam ao picadeiro este ano. Toni avisa que o prazo de inscrição para os comerciais e campanhas vai de 3 a 25 de abril, sem direito a prorrogação. As deliberações do júri, nos dias 29 e 30 de maio, deverão voltar a ser realizadas no Rio de Janeiro. As datas para a entrega dos prêmios já estão marcadas, mas as cidades que acolherão equilibristas, feras e domadores, além do respeitável público, ainda não foram definidas pela diretoria da Globo.

Região Data Leste-Oeste..................................27/06 Sudeste Interior...........................11/07 Sul................................................25/07 Norte-Nordeste............................08/08 Sudeste Capitais..........................29/08 Nacional.......................................27/09

PAN-AMÉRICA Jorge Solari, diretor exclusivo da Espiral Filmes, assinou a direção do filme de Globalstar para a Venezuela. O filme é recheado de efeitos especiais e tem a criação da agência Nõlck, que faz parte do grupo Fischer América. O trabalho de produção e finalização foi acompanhado pelo diretor de criação Luis Di Nallo.

NOVOS NA BAND Novidades nos programas da Rede Bandeirantes. Marcelo Rubens Paiva é o novo roteirista do programa “As aventuras da Tiazinha”, desde 14 de fevereiro. Os programas em exibição em março já fazem parte da nova safra. O “O+” também tem diretor novo. Com a saída de Cristiano Mendes, entra Cacá Marcondes, que dirigia o programa de Astrid Fontenelle.

ENFIM, O RELATÓRIO O relatório enviado à Anatel pelo grupo de engenheiros da SET/ Abert, responsável pelos testes dos padrões para televisão digital no Brasil, chegou a uma decisão inquestionável. A modulação escolhida, após os testes de laboratório e campo, foi a COFDM, usada pelos padrões europeu (DVBT) e japonês (ISDB-T), descartando o uso do padrão americano (ATSC), que usa modulação 8-VSB, considerada inaproveitável. Segundo o relatório, já disponível para consulta pública na página da Anatel na Internet (www.anatel.gov.br), os sistemas que empregam modulação COFDM ainda necessitam de mais testes, além da avaliação do impacto que a adoção de um dos sistemas terá sobre a indústria nacional e do timing de disponibilidade comercial de cada sistema, para a decisão final sobre o padrão a ser selecionado. O relatório também menciona que não haverá mais testes com a modulação 8-VSB e explica que as desvantagens apresentadas pela modulação COFDM, além de contornáveis, só implicariam despesas adicionais para os radiodifusores, que precisariam de sistemas de transmissão mais potentes. Ao contrário, na modulação 8-VSB, o ônus recai sobre os telespectadores, que necessitariam de sistemas de recepção mais sofisticados, diz o relatório dos testes. Theo Peek, chairman da DVB, afirmou que o Brasil é a chave para o mercado da América do

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Sul. Uma delegação composta por radiodifusores, órgãos reguladores e representantes dos governos do Paraguai, Uruguai e Argentina, a convite da Anatel, veio ao Brasil no fim de fevereiro para conhecer os primeiros resultados e o desenvolvimento dos testes de TV digital no País. A delegação assistiu a palestras técnicas sobre a tecnologia e o funcionamento dos três sistemas testados. As palestras foram feitas no CPqD, em Campinas, por especialistas da própria fundação, do grupo SET/Abert e por técnicos da agência reguladora. Embora tenha negado a petição encabeçada pela Sinclair que solicitava a revisão do padrão norte-americano de DTV, a própria FCC (Federal Communications Commission) deve continuar a fazer testes com o sistema de modulação 8-VSB para definir onde este se apresenta eficaz e onde não. É possível, inclusive, que a agência faça experiências com o sistema COFDM pois testes realizados pela rede norte-americana NBC mostraram que o sistema 8-VSB apresenta problemas na recepção dentro das casas. Os resultados levaram a NBC a demonstrar à comissão sua preocupação em relação à eficiência da modulação usada no padrão ATSC. A maioria dos problemas aconteceu nas áreas urbanas próximas ao transmissor. Em alguns lugares, mesmo com antena externa, apenas 50% das casas que têm receptores NTSC conseguiram assistir à TV digital.


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Produzido pela Matel, com direção de Hermes Bruchmann, foi gravado o comercial do Fiat Palio Fire 16V, estrelado pelo piloto de Fórmula 1 Rubens Barrichello. Para aproveitar ao máximo a visita do piloto, que durou aproximadamente três horas, a equipe de produção teve de armar um superesquema. Foram montados quatro sets de gravação com câmera, iluminação e uma equipe espalhados pela fábrica. Para a cena de Rubinho guiando o carro e contando suas impressões, o diretor usou quatro câmeras dentro do carro, incluindo uma microcâmera para as reações de câmbio e aceleração.

ESTRÉIA DUPLA Está prevista para o dia 7 de abril a estréia do novo trabalho de Bruno Barreto, o longametragem “Bossa nova”. O filme, que já se chamou “Miss Simpson”, é estrelado por Antônio Fagundes e a mulher do diretor, Amy Irving. Com distribuição da Columbia Pictures, o filme também deve ser exibido nos Estados Unidos, onde a estréia está marcada para 28 de abril. Além do casal protagonista, o filme também traz Débora Bloch, Drica Moraes, Alexandre Borges, Pedro Cardoso e Giovanna Antonelli.

MULTIOLHOS A TV Cultura de São Paulo voltou

madeira, pintado em preto e branco,

a investir para o público jovem

com desenhos orbitais. O mote do

universitário, com o programa

“Musikaos”, obviamente, é a

“Musikaos”. O programa traz o

música, por isso a estrutura foi

ex-VJ da MTV Gastão Moreira

montada para ressaltar as bandas

como apresentador e é inspirado

que se apresentam.

no extinto “Fábrica do som”, da própria Cultura, que tinha como apresentador o videomaker Tadeu Jungle. Para dar mais agilidade ao programa e se adequar ao público-alvo, o Departamento de Cenografia da emissora criou um cenário móvel, montado sobre o palco do Sesc Pompéia, onde o programa é gravado.

Tudo indica que o vice-presidente do SBT, José Roberto Maluf, caiu nas graças do patrão. No mês passado, renovou o contrato por mais três anos. Maluf trocou de casa no ano passado depois de ter trabalhado na Band por mais de duas décadas. Hoje é o braço executivo da emissora de Sílvio Santos. Cabe a ele descascar os abacaxis jurídicos, administrativos, financeiros e até comerciais. A renovação é justificada pelos bons resultados alcançados pela vicelíder no ano passado. Foto: Divulgação

PILOTO DE TESTES

PROSPERIDADE

OPERAÇÕES CASADAS A Rede TV! reformulou a área técnica no mês passado. Cícero Ferreira é o atual diretor técnico acumulando a função na TV com a de sua empresa de origem, a Tecnet (que também pertence a Amilcare Dallevo Jr.), onde comanda as operações das centrais 0800, serviço usado por emissoras de TV. Edjail Adib Antonio, que prefere se apresentar como Edjail Kalled foi promovido a gerente de operações para ocupar o lugar deixado por Mario Quaranta, que foi para a Gerência de Operações da Traffic/Band.

TRABALHO CONJUNTO

Na gravação do programa, são usadas 11 câmeras, entre fixas, portáteis e as quase invisíveis. No palco, há a escultura Florestas de Olhos, que tem quatro microcâmeras. Uma grua é adaptada com outra microcâmera, chamada de polecam, que capta imagens das bandas no palco, com uma visão geral e do alto. O programa ainda usa recursos de

O cenário faz movimentos não

captação de imagens em movimento

convencionais e tem piso de

com uma steadycam.

O videodesigner Geninho e sua equipe, formada pela esposa Ieda e o assistente Pepeu, vão assinar a nova programação visual da TV Alterosa, afiliada do SBT em Belo Horizonte. É a primeira vez que ele assume um projeto de identidade visual de um canal de TV. A criação será feita pelos três, mas depois Pepeu fica por lá executando o trabalho. O rapaz, que tem apenas 21 anos, começou como assistente de Geninho com 13 - e hoje é um dos grandes artistas brasileiros de Flame.

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Fernando Lion, que já trabalhava na Fischer América na equipe de criação, agora é o novo diretor de imagem corporativa da agência. Suas novas funções incluem coordenar a divulgação da imagem interna da Fischer América e os projetos da Universidade de Comunicação Total (UCT). Além disso, Lion também será o editor do site e coordenador Fernando Lion dos evento da agência.

ENTRE AMIGOS A cineasta Tata Amaral e a videomaker Tatiana Lohmann dirigiram a quatro mãos o clip da música “Olhos nos olhos”, de Chico Buarque, em uma versão bastante inusitada. A música faz parte de um CD gravado recentemente pelo grupo Shiva Las Vegas, que é encabeçado pelo jornalista e atualmente produtor musical Alex Antunes (que agora assina Lex Lilith). Ao invés de ser cantada, a música é declamada pela atriz Leona Cavalli, que trabalhou nos dois longas de Tata - “Um céu de estrelas” e “Através da janela”.

CRIAÇÃO SULISTA O publicitário gaúcho Paulinho Silva é o novo diretor de criação da agência Nort South/Norton Flores, do grupo Publicis. Ele já passou pelas agências DCS, Centro, Studio Uno e MPM.

TREINAMENTO A coordenação da primeira Oficina de Humor, da Globo, está a cargo do roteirista da casa Mauro Wilson. Como a demanda pela inscrição foi alta a expectativa é a realização anual da iniciativa. Para o segundo semestre já está prevista a realização da Oficina de Dramaturgia coordenada por Flavio de Campos, em data a ser definada.

Foto: Divulgação

IMAGEM ASSUMIdA

ESPETÁCULO

O espetáculo feito para o lançamento do Windows 2000, que aconteceu nos dias 17 e 18 do mês passado, contou com a presença da atriz Luana Piovani, da trupe do Neil Goldberg’s Cirque e do percussionista Naná Vasconcelos, além de músicos convidados e de um coral com a regência de Naomi Munakata, do Coral Sinfônico do Estado de São Paulo, todos sob a direção de José Possi Neto. Criado e produzido pela Miksom, o evento foi realizado na casa de shows paulistana Via Funchal e exigiu várias modificações na arquitetura e mais de três quilômetros de lycra revestindo a estrutura interna da casa. Para o sistema de projeção foram importados três projetores Hardware Xenon, os mesmos usados nos shows do tecladista Jean Michel Jarre, que suportam de 4 kW a 7 kW e podem ser conectados em série de até 20 e controlados por um único computador.

CRIA A produtora de som A Voz do Brasil acaba de anunciar a criação de uma nova empresa-filhote. A Cornetaz tem como objetivo produzir jingles e spots, como a mãe, mas também entrar na área de discos independentes e investir, principalmente, em trilhas sonoras para sites. O músico Sergio Bartolo é produtor associado e responsável pela direção musical da nova empresa e Zé Rodrix continua na direção da produtora original.

DE VOLTA A Globo fechou recentemente com a rede Telemundo, a segunda maior cadeia hispânica dos Estados Unidos, controlada pela Columbia TriStar/Sony, a venda de várias produções, entre elas “ Por amor”, “Força de um desejo”, “Terra nostra”, “Dona Flor”, “Chiquinha Gonzaga” e “Labirinto”. Estes contratos marcam o retorno da Globo ao mercado hispânico dos EUA. As novelas serão exibidas no horário nobre norte-americano - às 20h00 - e as minisséries às 10h30, dominados pela novela mexicana.

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SÓ SÃO PAULO A Espiral Filmes encerrou as atividades de sua filial carioca com a saída da coordenadora de produção Célia Bastos. As produções que forem feitas no Rio de Janeiro voltam a ser coordenadas a partir de São Paulo.

LEVADO PELO VENTO A leveza do novo aparelho celular Samsung Voicer Slim é representada por elementos da natureza com as mesmas características. Folhas secas e plumas são alguns dos recursos metafóricos usados pela criação da Fischer América para o filme, que tem produção da Zohar Cinema.


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VOZ ON LINE Graças aos recursos oferecidos pela Internet, locuções que antes exigiam a presença do locutor ao vivo agora podem ser centralizadas em um só estúdio e distribuídas para todo o Brasil. Afiliadas da Rede Globo como a TV Fronteira, de Presidente Prudente, e TV Modelo, de Bauru (ambas no interior de São Paulo), têm suas vinhetas narradas pelo mesmo locutor, que não precisa sair de casa para atendê-las. Edson Ardito vive em Americana, na região de Campinas, e tem seu próprio estúdio, equipado com microfones Neumman, mesa de som digital, computador equipado com software de edição e uma conexão direta com um provedor de acesso. Ele grava sua locução no estúdio, transforma o áudio em um arquivo MP3 e envia diretamente para o cliente, sem perda de qualidade. Com isso, o locutor on line pode atender não só emissoras de rádio e TV do interior de São Paulo, mas de todo o Brasil. Um de seus clientes, por exemplo, está em Belém do Pará e outro em Criciúma, em Santa Catarina. No Rio de Janeiro, fala para todas as afiliadas da Rede Globo. Ardito explica que foi o primeiro locutor a colocar na Internet um site oferecendo seus serviços on line. O início foi difícil: “Precisamos criar um suporte para ensinar os clientes a pegarem os arquivos. Mas hoje tudo funciona perfeitamente”.

NORTE MÁXIMO O ponto de contato entre o Brasil e a Guiana Francesa é o Oiapoque, local conhecido por ser um dos extremos do Brasil mas que ninguém, na verdade, sabe exatamente o que é e onde fica. No documentário “Oiapoque - L’Oyapock”, o diretor Lucas Bambozzi explora essa fronteira e revela um pouco dessa região. O vídeo faz parte da série Viagens na Fronteira, do Instituto Cultural Itaú.

NOUTRO FORMATO A minissérie “O auto da compadecida”, baseada na obra homônima de Ariano Suassuna, que ganhou o Prêmio Walter Clark de melhor seriado de TV no Grande Prêmio Cinema Brasil, vai ganhar uma versão para cinema. Dirigida por Guel Arraes, a minissérie foi exibida em janeiro do ano passado pela Rede Globo. O material bruto foi todo retelecinado e os fundos reaplicados, na remontagem que totalizou 1h45 de duração. A versão cinematográfica terá aproximadamente 20 minutos de efeitos especiais, realizados pela TeleImage. A minissérie foi filmada apenas em função da exibição em TV, mas diante do sucesso foi aproveitada em outro formato.

O processo envolveu o escaneamento de cada fotograma no datacine Spirit, da Casablanca, em resolução de 2k, e incluindo os números de borda para posterior montagem de negativo. As imagens dos negativos foram trabalhadas com o Fire, o Inferno e o Maya. O trabalho de pós-produção está sendo coordenado por Renato Tilhe, da Rede Globo, e Marcelo Siqueira, da TeleImage. Segundo Siqueira, o principal trabalho está sendo o recorte, já que o figurino é superdetalhista. “Dos mais de 21 mil frames que compõem as seqüências de efeitos, pelo menos 15 mil foram pintados.” Depois de tratadas as imagens, todo o material digitalizado será devolvido para a película, em um processo de transferência feito na própria casa.

GLOBO.COM As Organizações Globo estão terminando a implantação do portal Globo.com, que vai agregar na Internet o conteúdo de todas as empresas de mídia do grupo. A empresa já contratou junto à Embratel um link de 200 Mbps para integrar os 44 servidores que estarão ligados às operações da Globo Cabo, através das quais será oferecido o acesso broadband ao conteúdo do portal. Além disso, já tem 18 parceiros de conteúdo, incluindo empresas de turismo, bancos, transporte aéreo e de leilões on line. Uma parceria com a Microsoft, sócia da Globo Cabo, é esperada no portal. Mas, segundo o departamento de relações públicas do Globo.com, até o fechamento desta edição não existia nada de concreto neste sentido. A empresa garante que o portal entra em funcionamento durante este mês.

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ATRÁS DO TRIO ELÉTRICO O enfoque da cobertura carnavalesca da Rede Bandeirantes este ano foi o Carnaval da Bahia. A emissora colocou o bloco na rua atrás dos trios elétricos e dos artistas que circularam pelos blocos e camarotes. Do Rio de Janeiro, houve apenas a cobertura do desfile das campeãs, no sábado, dia 11 de março.


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JORNALISMO LOCAL As afiliadas da Rede Globo passaram em fevereiro por uma série de mudanças no comando dos departamentos de jornalismo locais. Roberto Appel, ex-RBS, no Rio Grande do Sul, agora é editor regional da TV Sergipe, em Aracaju (SE). Paulo Rezende saiu de Aracaju rumo a São José do Rio Preto (SP). Chefiando a TV Progresso, Rezende afirma que suas metas são aumentar a cobertura regional e criar um repórter de rede. “Já temos trânsito livre nos jornais locais e regionais, mas ainda não chegamos ao ‘Jornal Nacional.” A TV Progresso tem sete equipes de reportagem, quatro em São José do Rio Preto, duas em Araçatuba e uma em Votuporanga. Com elas, cobre 144 municípios do interior paulista para os jornais locais e regionais. Além disso, a emissora ainda produz uma revista cultural para jovens, exibida aos sábados à tarde; o programa “Nosso campo”, em parceria com outras afiliadas; “Progresso esporte”; e “Terra da gente”, feito com a EPTV. Ivan Rodrigues deixou São José do Rio Preto para assumir a direção de jornalismo da TV Tribuna, na Baixada Santista. Já está começando a fazer uma reformulação no jornalismo local, remanejando os profissionais e criando novos programas. Um deles será dedicado ao ecoturismo, a ser exibido aos sábados à tarde. Outro abordará o esporte regional e irá ao ar no domingo. Outra decisão já implantada foi a mudança dos cenários dos telejornais locais, que deixaram de ser reais para se tornarem eletrônicos, com o uso de chroma-key. Atualmente, a TV Tribuna já faz dois programas exibidos aos sábados: “Revista da praia” e “Corpo em ação”. A proposta, segundo Rodrigues, é ocupar ao máximo o horário optativo. 10

LEVÍSSIMA Chega ao mercado no próximo semestre a nova câmera para Super-16 da empresa francesa Aaton. A A-Mínima tem um peso inferior a 2 kg, com chassis carregado e baterias, excluindo o elemento óptico. Durante o último mês de fevereiro, um protótipo da câmera esteve disponível na Hagadê, em São Paulo, a empresa do diretor de fotografia Hugo Kovensky, que representa os produtos da Aaton no Brasil. Criada para competir no mundo da tecnologia digital, a AMínima combina a leveza das antigas Bolex, o design e a praticidade das digitais de última geração e os avanços tecnológicos das câmeras cinematográficas mais modernas, trabalhando com janela 16:9, compatível com a HDTV. O chassis tem capacidade para 60 metros de película 16 mm, correspondente a cerca de cinco minutos, que estará disponível em bobinas especiais fabricadas pela Kodak, que possibilitarão o carregamento em plena luz do dia,

sem a necessidade de câmaras escuras ou saco preto. O movimento do negativo ocorre sem o auxílio de engrenagens, apenas pelo contato da borda da bobina com os roletes da câmera, o que a torna extremamente silenciosa. Os recursos incluem gravador de Aaton-Code, velocidade de 2 fps a 32 fps, fotômetro, intervalômetro, visor móvel de um CCD (similar ao das câmeras de vídeo) e bocal PL e Nikon. A câmera deve possibilitar o encaixe de lentes de máquinas fotográficas, tornando o conjunto ainda mais leve. A alimentação é feita com quatro pilhas de 3 V, com autonomia de cerca de 15 rolos. O preço da câmera deve ficar em torno de US$ 15 mil. A Conspiração Filmes não perdeu tempo e utilizou o protótipo em um comercial da Vésper, no último mês de fevereiro. A cena exigia a fixação da câmera em uma asa delta, o que, segundo a diretora de produção do filme, Tânia Pacheco, teria de ser feito em vídeo se não houvesse um equipamento tão leve quanto a A-Mínima.

NÃO ESQUEÇA O CASAQUINHO “Superproteção tem que ter Redoxon” é a nova assinatura criada pela Salles D’Arcy para os dois novos comerciais da vitamina C da Roche. Intitulados “Casaquinho/mãe” e “Casaquinho/filho”, os comerciais, criados por Ricardo Baptista e Celso Alfieri e produzidos pela Jota Xis Filmes, abordam o relacionamento entre mãe e filho. O primeiro mostra a mãe falando com a câmera aconselhando o uso de Redoxon e depois imitando o filho: “Aí, mãe, já peguei o casaco”. O segundo mostra o filho falando que toma a vitamina C todos os dias para acalmar a mãe superprotetora e, depois, nos moldes do primeiro comercial, imita: “Cuidado com a chuva, meu cochô”.

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c a p a Beto Costa

Mais perto da Globo SBT e Record aumentaram suas médias de audiência mas não os respectivos market shares. Ainda há uma enorme distância para que a Globo possa se sentir efetivamente ameaçada de perder o primeiro posto. Mas nunca a disputa pela atenção do telespectador e do anunciante esteve tão acirrada.

Já está virando rotina broadcasters concorrentes da Globo afirmarem que a audiência passa por um fenômeno de pulverização. O termo é no mínimo impreciso. Segundo o Aurélio pulverizar é “difundir (líquido) em gotas diminutas”. Na verdade, o que se observa na TV aberta não é a dispersão em pequenos números de audiência, mas o acirramento da disputa pelos

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preciosos pontos no Ibope. “A Globo nunca teve tanta concorrência como agora”, afirma o diretor executivo do Ibope/Brasil, Flávio Ferrari. O ranking de ratings no ano passado permaneceu inalterado. Globo, SBT e Record dividem, respectivamente, as primeiras posições. O Ibope, que presta serviço para todas as emissoras, prefere manter distância. Ferrari diz que o instituto não calculou a audiência média de 99, pois esta é uma tarefa das emissoras. E elas têm alardeado números turbinados. Tanto SBT quanto a Record apontam crescimento na comparação das performances do ano passado em relação a 98. A emissora de Sílvio Santos indica um acréscimo de audiência de 40% (pulou de 10 para 14 pontos), a Record consolidou-se na terceira posição do Ibope com um ganho de 20% (audiência média de 6 pontos). Apenas a Bandeirantes permaneceu no mesmo patamar. “O nosso share de audiência em São Paulo ficou em torno de 7% nos anos de 98 e 99”, afirma Antonio Athayde, vice-presidente de TV da Band. É provável que estes números estejam um pouco inflados. Em alguns casos podem dar peso maior para a audiência em São Paulo do

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que nas outras oito capitais que têm medição de audiência pelo Ibope. Apenas na capital paulista, a audiência é medida minuto a minuto on line, e esta rapidez na aferição do feedback muita vezes acaba balizando análises apressadas. Só que nem sempre a preferência dos paulistanos se reflete no chamado Painel Nacional de Televisão, que é a audiência média nos nove principais mercados do país. (veja quadro página 16)

paradigma É certo que a guerra pela atenção do telespectador deve viver um capítulo decisivo este ano. Quem está crescendo, não quer parar. Quem está estagnado, enxerga a possibilidade de entrar mais seriamente na briga. Existe uma mística que tem contaminado análises açodadas da audiência da TV aberta no Brasil, de que as emissoras passam por um processo avançado de popularização, que estariam centrando fogo na audiência das classes C e D. Uma imprecisão que pode ser contestada por um argumento mercadológico. A maioria dos produtos vendidos pelas emissoras é para as classes A, B e C. As emissoras estavam empregando


artifícios popularescos na tentativa de reter a audiência. “O recurso fácil, mundo-cão, apelativo, cria um efeito no telespectador. Se ele está passando por ali, nem pensa, fica curioso, quer saber o que é aquilo”, analisa Ferrari. Corroborando a tese de que programas apelativos atraem audiência mas não o anunciante, embora a Globo registre 50% no ranking da audiência, aumentou seu market share para 79 %, faturando US$ 2,6 bilhões, no ano passado. E é essa a diferença que a concorrência quer tirar. O SBT deu uma guinada na sua estratégia anunciando que nos próximos cinco anos investirá US$ 200 milhões na compra de direitos exclusivos de exibição de filmes e produção de teledramaturgia e promete compensar o anunciante se o programa não conquistar a audiência pré-estabelecida pela emissora (leia box). O método de medição de audiência do Ibope considera três variáveis: fidelidade (de cada “n” exibições, quantas o telespectador assistiu); alcance (quantidade de telespectadores que passam pelo programa); e permanência, que é justamente o tempo em que o espectador fica vendo uma atração. O grande desafio das emissoras é inibir a incontrolável vontade de zapear, conseguir a adesão do telespectador o tempo suficiente para engrossar a pontuação. O Ibope estima que pelo menos 70% dos domicílios usam o controle remoto com freqüência. Uma pesquisa a respeito será fechada até o final deste semestre. “Houve uma mudança de paradigma. Antes, quando a emissora buscava audiência, estava querendo criar um hábito. A audiência era préconquistada. A pessoa sentava na poltrona para ver determinado programa. A tendência de mudar de canal era muito menor. O controle remoto é um grande facilitador e há um crescimento geométrico no uso dele. Cada

vez mais, o bom desempenho na permanência vai depender do conteúdo”, avalia Ferrari.

SATISFAÇÃO GARANTIDA OU SEU DINHEIRO DE VOLTA

troca-troca Na briga pelo conteúdo que possa ancorar a audiência, a Globo engrossou seu casting com alguns apresentadores campeões de Ibope da concorrência. Da Record sacou Ana Maria Braga, do SBT Jô Soares e Serginho Groisman; da Band, Luciano Huck; e Cazé da MTV. As baixas não trouxeram prejuízo ao SBT. O “Programa livre” apresentado por Groisman tinha audiência média de cinco pontos. Sob o comando de Babi no horário do extinto “Jô onze & meia”, atinge a média de seis pontos. Só será possível avaliar melhor se a Globo vai conquistar mais audiência com os novos contratados depois das estréias dos novos programas, previstas para abril. Durante este mês serão gravados os pilotos do “Caldeirão do Huck” e do programa do Jô, que deve ser um talk show de fim de noite exibido diariamente, inclusive com a banda que o acompanhava nos tempos de SBT. O caso de Jô é sintomático. Mesmo que ele faça um programa exatamente igual, no mesmo horário do “Onze & meia”, é difícil dizer se a audiência será a mesma dos tempos de SBT. “A massa de audiência é composta pelo público cativo, acostumado a ver o programa naquele horário, naquele canal. E também pelo público rotativo, que está de passagem, analisando e escolhendo conteúdo, que é muito menos inercial. É preciso conquistar os dois públicos”, ensina Ferrari. O diretor do Ibope cita o caso do “Note & anote”, da Record, para mostrar como o comportamento do telespectador é mais misterioso do que se possa imaginar, sujeito a diversos condicionantes. “Até onde sei, a saída da Ana Maria Braga não trouxe grande impacto para a Record. A nova apresentadora, Kátia Fonseca, representa para o

O SBT está levando quase ao pé da letra o antigo slogan da Sears & Roebuck, quando esta atuava no País: satisfação garantida ou seu dinheiro de volta. O anunciante que pagar para veicular seu comercial no “Show do milhão” tem a garantia de 20 pontos de audiência (1,6 milhão de telespectadores na Grande São Paulo, de acordo com o Ibope). Se o programa não atingir a marca estabelecida, a diferença será calculada e o valor devolvido em inserções durante a programação. O custo real será definido pela fórmula: preço tabela x audiência real/audiência presumida, Ou seja, quem pagar, por exemplo, $ 10 por 30 segundos e a audiência do game for de 18 pontos, terá direito a um retorno de $ 1.

telespectador algo bem diferente da Ana Maria Braga, mas o formato do programa foi mantido.” Ou seja, é bem provável que a boa perfomance do programa esteja vinculada ao formato. A debandada de Carlos Massa da Record para o SBT, ocorrida no segundo semestre de 98, trouxe um impacto completamente diferente. “O Ratinho levou audiência para o SBT, mas ele é uma figura carismática, que representa uma coisa única”, diz Ferrari. Os números apresentados pelo SBT mostram que a audiência média de 19 pontos conquistada pelo “Programa do Ratinho” no ano passado repercutiu positivamente na chamada linha de shows da emissora. Em agosto de 98, antes da estréia do apresentador, o programa “Hebe” atingia a média de 12 pontos, três meses depois já tinha saltado para 15. “SBT repórter”, “Tela de sucessos” e “A praça é nossa” também ampliaram os índices de audiência. Todos estes programas são apresentados logo após o

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popularesco programa. Só que o efeito Ratinho dá sinais de fadiga. A audiência média do programa caiu oito pontos em janeiro deste ano, batendo na casa do 11. O SBT alega que a troca de transmissores e antena, provocou uma sensível piora na qualidade do sinal e as reprises durante as férias do programa acabaram afugentando os telespectadores. A crença na emissora é que a partir deste mês, já com os novos equipamentos funcionando e com a volta do programa ao vivo, o Ratinho vai voltar a rugir. Será? Programas de auditório com cenas de vida não são exatamente uma novidade na televisão. Há décadas o “Homem do sapato branco” inaugurava a fórmula. Ratinho representa uma releitura do formato e ele próprio é considerado um grande comunicador, embora de gosto duvidoso para muita gente. “Ratinho é um fenômeno consolidado, mas é provável que a audiência esteja passando por uma seleção, ficando apenas o que se pode considerar como o público interessado. O período da curiosidade do telespectador que vive zapeando pode ter passado”, sentencia o diretor do Ibope. O tempo vai dizer quem tem razão e o comportamento

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da audiência diante da nova estratégia de Silvio Santos será decisivo para o SBT este ano.

é guerra! Se depender da promessa das emissoras, a oferta de teledramaturgia nas emissoras deve crescer bastante neste ano. O diretor artístico e de programação da Record, Marcus Aragão, diz que a emissora está debruçada sobre projetos de “novelas e minisséries”, que serão produzidas pela própria emissora. Aragão não revela detalhes. A emissora de Sílvio Santos, onde é o próprio dono que dá a palavra final sobre a programação, acena com a reativação do núcleo de teledramaturgia. O SBT adquiriu textos de sucesso da mexicana Televisa que serão adaptados para a realidade brasileira. Juntando os dramalhões cucarachos dublados e os customizados, a idéia é exibir cinco novelas por ano. Não é só teledramaturgia que vai rechear a guerra por conteúdo. A vice-líder de audiência também está investindo pesado em direitos de transmissão. Fechou importantes contratos com a Buena Vista (do grupo Disney) e Warner, que garantem a exibição de blockbusters como “Matrix”, além da cerimônia de entrega do Oscar por um período de

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cinco anos, a partir deste ano. O programa sazonal “Show do milhão” também entra neste mês de março na sua segunda fase. No ano passado, a corrida pelas barras de ouro rendeu audiência média de 23 pontos ao SBT, chegando em algumas oportunidades a alcançar o primeiro lugar de audiência em São Paulo. Na Globo, a aposta para aumentar a distância da concorrência é o público infanto-juvenil. Serão três programas para o público jovem (Groisman, Huck e Cazé). O matinal “Angel mix”, que foi bastante ameaçado no ano passado pelo desenho animado “Pokémon”, exibido dentro do “Eliana & cia”, também deve sofrer reformulações. Roberto Talma assumiu o núcleo de programação infantil recentemente. Uma das prioridades é ampliar o espaço dos desenhos animados da Turma da Mônica, hoje limitados a esquetes de 30 segundos. A grade de humor global também ganhou incremento. Depois de um ano de conversas e a gravação de nove pilotos, Tom Cavalcante ganhou programa solo, o “Megatom”. O humorístico gravado vai concorrer no fim de tarde com o “Domingo legal” que é exibido ao vivo. O diretor do núcleo responsável pela produção do programa, Aloysio Legey, não quis falar em


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expectativa de audiência. Um expediente muito usado pela Globo para evitar cobranças futuras. De caráter mais independente, Camila Pitanga, Beth Gofmman, Marília Pera, Mariana Heyn e Drica Moraes estão gravando piloto do “Garotas de programa”, escrito pelo grupo de humor Grelo Falante. Parece ser a tentativa de um “TV pirata” de saias. O programa marcou a estréia do “Casseta & planeta” na TV apenas como redatores.

pela família O jogo de forças pela atenção do telespectador não está limitado apenas ao bloco das três campeãs do Ibope. Bandeirantes e Rede TV! correm por fora, sendo que a Band num patamar médio de audiência bem mais elevado. Só que as duas emissora têm em comum o discurso que enfatiza sempre algo como: “Não vamos usar apelos desnecessários, vamos resistir ao uso do mundo cão para enfrentar a Globo”. Os melhores índices de audiência

da Band tem sido obtidos com transmissões de futebol, mas Antonio Athayde, acredita que “a fase de ser o ‘canal do esporte’ já passou”. “A programação de esportes da Band, realizada em parceria com a Traffic, deve permanecer como está. Aos sábados à tarde e aos domingos das 11h00 às 20h00, mais o ‘Super técnico’, além das transmissões de futebol e NBA.” A nova grade de programação só deve chegar em maio. “Vai ser ainda mais voltada para a família”, define Athayde. É bem provável que as novas atrações sejam produzidos através de parcerias, que estão sendo negociadas. A dobradinha com a Columbia Tri-Star para produção das sitcom “A guerra dos Pinto” e “Santo de casa...” é considerada como geradora de produtos de boa qualidade, só que a audiência... “Ao redor de cinco pontos, não foi a esperada, mas temos em estoque duas séries que, quando retornarem à grade, apresentarão melhores resultados, pois serão

INTERNET E TV PAGA NÃO BELISCAM O número de aparelhos ligados nos últimos seis anos tem se mantido mais ou menos no mesmo nível. O diretor executivo do Ibope/Brasil, Flávio Ferrari, diz que a TV paga e a Internet ainda não foram capazes de afetar os índices de audiência da TV aberta. “Houve uma estagnação da TV por assinatura. Nós consideramos que 12% dos domicílios das principais capitais têm TV paga. Mesmo se todo mundo que tem TV paga deixasse de ver as redes, o impacto não seria significativo”, avalia. O Ibope vende números e somente os seus clientes é que podem divulgá-los. Os números abaixo são de novembro de 99 e constam do Painel Nacional de Televisão, que considera a audiência domiciliar média dos noves principais mercados do Brasil:

SHARE DE AUDI  NCIA MÉDIA

Globo SBT Record Bandeirantes Rede TV! CNT

22 pontos 10 pontos 5 pontos 2 pontos 1 ponto 1 ponto

50% 23% 11% 5% 2% 2%

Obs.: Os 7% restantes são divididos por todas as outras emissoras, TV paga, videocassete etc.

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programadas em dias e horários mais adequados”, explica Athayde. As sitcoms foram inicialmente exibidas nas noites de domingos e depois remanejadas para o sábado. A Rede TV! também acha que o caminho das pedras é fazer uma programação popular sem render-se ao sensacionalismo. O superintendente artístico e diretor de programação, Rogério Gallo, afirma estar surpreso com a audiência conseguida pela emissora nos três primeiros meses de vida. “O ‘Te vi na TV’ (comandando pelo humorista João Kléber) está com média de cinco pontos, ficando entre segundo e terceiro no Ibope. O ‘Super pop’ está consolidado com quatro pontos. A ‘Feiticeira’ tem ficado atrás apenas da Globo e do SBT”, afirma entusiasmado. A identidade visual das vinhetas da antiga Manchete lembra muito a MTV, por onde Rogério Gallo já passou. Só que as semelhanças param por aí. “Nós não estamos fazendo TV para jovem”, contesta. Curiosamente, o conceito da Rede TV! se aproxima da Band. “A idéia é fazer uma programação popular para a família brasileira. O que é bom para você, pode ser bom para sua faxineira também, com bom nível ético e estético”, define. Para ganhar agilidade de produção, a emissora pretende terceirizar os novos programas, mas “sem perder a identidade”. Por enquanto, apenas a revista feminina “A casa é sua” é produzida em parceria com a Câmera 5. As emissoras parecem estar abandonando artifícios popularescos e passam a falar em programação ética, em compromisso com a família, mas apresentando produtos bem diferentes. Por enquanto, infelizmente, o telespectador tem respondido melhor ao apelo fácil. Mas como o crescimento da audiência não foi diretamente proporcional ao aumento de faturamento a qualidade da programação deve ser levada em consideração neste ano, a exemplo da atitude do sempre alerta Sr. Senor Abravanel.


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Os quatro fantásticos

Edylita Falgetano e Hamilton Rosa Jr.

A televisão brasileira de equipamentos. Já a completa seu Paschoal Bianco foi a cinqüentenário no primeira a comprar uma próximo mês de conta-permuta da Tupi. setembro. Até lá Tela Mas os patrocinadores Viva publicará matérias oficiais foram mesmo especiais sobre o esses quatro, que desenvolvimento do inclusive, bancaram a veículo. Programação, primeira parcela de do teatro à telenovela, US$ 100 mil da dívida telejornalismo, esportes, dos aparelhos”, mídia e a TV daqui explica Fanucchi. a 50 anos são os No dia do nascimento temas que estarão em da televisão o Brasil pauta até a data de tinha 50 milhões de aniversário da TV. habitantes e 60% viviam A PRF-3 TV Tupi fez em zona rural. Existiam a primeira transmissão 3,5 milhões de aparelhos de programa direto de receptores de rádio seu estúdio no bairro espalhados pelo território do Sumaré em São nacional, mas eram os Paulo e decretou o jornais que detinham início de uma nova era a maior parte da verba Em 1950, a TV Tupi montou a primeira emissora do Brasil com o audiovisual na América publicitária da época: Latina. Só existiam três 38%. O rádio vinha em dinheiro de quatro patrocinadores. E continua sendo graças ao outras emissoras no segundo lugar com 26%. mundo àquela altura, Em 18 de setembro anunciante que o telespectador recebe seus programas favoritos, de uma nos EUA (a NBC), daquele ano apenas 1,2 graça, em sua casa. A propaganda é o principal subsídio do veículo. outra na Inglaterra (a mil aparelhos de TV BBC) e uma na França. entraram no ar em São A autoria do ato Paulo - 400 comprados muito hábil. Não tinha dinheiro para visionário foi do jornalista e pela Tupi e 800 importados por uma consolidar o negócio mas armou um empresário Assis Chateaubriand, mas ínfima casta com acesso ao exterior. círculo de anunciantes que já vinham sem a contribuição de patrocinadores das rádios Tupi e Difusora para não haveria viabilização da Tupi. valorização importar 30 toneladas de equipamento Com a promessa de contratos no valor de US$ 5 milhões”, conta. de publicidade por um ano, No início da TV tudo era ao vivo O pesquisador Mario Fanucchi, autor Chateaubriand conseguiu fechar uma e em preto e branco. Os intervalos do livro “Nossa próxima atração cota envolvendo a contribuição da comerciais resumiam-se a seqüências - o interprograma no canal 3”, diz Guaraná Champagne Antarctica, do de cartões pintados ou slides, com que existem pontos contraditórios Moinho Santista, da Sul América de texto lido ao vivo, em off, pelo locutor sobre o assunto. “Testemunhas Seguros e da Laminação Nacional de de cabine, e serviam para dar tempo às daquele período colocam a Loja de Metais (Prata Wolff). mudanças de cenário ou para esperar Departamentos Cássio Muniz e a “Foram essas quatro empresas que pelo início do programa. Móveis Paschoal Bianco como dois praticamente ergueram a Tupi”, A televisão era encarada pelos outros parceiros. Na verdade, a Cássio afirma Sandra Lopes Lima, professora anunciantes como mídia alternativa. Muniz era uma representante da de História da Comunicação das Ninguém ligava para a duração do RCA no Brasil e apenas intermediou Faculdades Integradas Alcântara comercial nem para o tempo do um contato do Assis Chateaubriand Machado (a FIAM) e da Universidade intervalo que abria com uma vinheta com a empresa nos EUA e depois São Judas. “O Chateubriand era “Próxima Atração”, que era seguida facilitou o esquema de importação 18

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por uma enxurrada de anúncios das mais diversas procedências. Valia tudo slides, filmes, cartão rotativo, garotaspropaganda, som alto, som baixo, sem som. O que não se sabia era quanto valia o espaço publicitário. Uma verdadeira instituição da época era repassar cachês, salários e os demais custos de produção do programa para um só anunciante, o chamado patrocinador exclusivo. A grande atração, invariavelmente, tinha o nome do anunciante. Algumas agências conseguiram uma espécie de reserva de mercado, com horários exclusivos para seus clientes. Os anunciantes interferiam na programação comprando filmes e seriados que marcaram época. Desta forma eles bloqueavam anúncios concorrentes nestes horários. Até mesmo o casting das novelas era contratado pelas agências/anunciantes. Sem improvisos e sem atrasos, graças ao surgimento do VT em 1962, o uso do tempo passou a ser melhor administrado pelas emissoras de TV. O espaço publicitário para qualquer tipo

de veiculação passou a ser discutido e controlado pelos departamentos comerciais. Os formatos de 15”, 30”, 45” e 60” são rigorosamente obedecidos. O tamanho dos intervalos e as inserções dos comerciais são cuidadosamente estudados pelos veículos e agências de forma a oferecer maior visibilidade e impacto ao anúncio dos cliente. Além do desenvolvimento técnico, surgiram os planejamentos de mídia, GRPs, targets, estudos de hábitos, retornos, entidades representativas etc.

profissionalização

Partindo da improvisação e das adaptações que Chateaubriand impôs aos anunciantes, a publicidade na televisão evoluiu rapidamente. No patrocínio televisivo atual, o dinheiro dos anunciantes não paga diretamente os custos de produção. Mas as cotas continuam a ser a alma do negócio. De mídia alternativa a TV, hoje, é o veículo que mais atrai verbas publicitárias. As emissoras brasileiras faturam quase 50% do investimento publicitário no País. Trinta e oito milhões de domícilios abrigavam quase 54 milhões de Embora sempre tenha existido, o merchandising era simplesmente aparelhos de TV em uso um acordo entre o fabricante do produto e o contra-regra ou produtor e 366 emissoras (19 são de novelas e programas. Depois de “Beto Rockefeller”, exibida pela educativas) disputaram Tupi em 1968, quando o ator que interpretava o personagem título, a audiência dos fiéis Luiz Gustavo, recomendava aos beberrões da história que tomassem telespectadores do Engov, embolsando bons trocados do laboratório que fabricava o veículo no ano passado. remédio, as novelas brasileiras passaram a ser freqüentadas por Estima-se que o Brasil produtos e serviços saídos dos intervalos comerciais. Em troca, chegou ao ano 2000 todos os envolvidos - autor, que tem de criar a situação para que os com 163,47 milhões de personagens consumam ou citem os produtos; os atores; e a emissora habitantes. Cerca de faturam pelo comercial fora do intervalo. 80% vivendo em zona Na Globo os autores já escrevem suas tramas prevendo as urbana. A televisão nos oportunidades que serão abertas para comercializar marcas, produtos anos 50 teve uma grande e serviços. Em alguns casos essas ações chegam a custear 35% do influência sobre corações custo total de uma novela. e mentes brasileiros, A ex-Manchete para conseguir produzir “Kananga do Japão”, que estreou mas a penetração não em julho de 1989, cuja trama se passava nos anos 30, lançou mão desse chegava a microcosmos tipo de recurso, construindo até a réplica de uma agência da Caixa como atualmente. Concursos e promoções Econômica Federal, onde se desenrolaram várias cenas. Reproduziram ganharam cara nova rótulos e barris da Brahma usados na época e a atriz Zezé Motta cantava com a ajuda da jingles bancados pela cervejaria em seu cabaré. tecnologia e a criatividade

merchandising

dos publicitários transformando-se em mídia de resultados. O merchandising também passou a obedecer regras rígidas de comercialização (leia box). Mas, uma das principais diferenças entre a estrutura de patrocínio do passado com o esquema de agora diz respeito à segmentação dos mercados. Apesar da formação de redes de TV que permitem ao anunciante veicular comerciais em todo o território nacional simultaneamente, a regionalização ainda é um dos principais fatores para atrair publicidade. A comercialização regional do espaço responde por 30% do faturamento da Rede Globo, composta por 107 geradoras. Desde o começo o varejo contribuiu inestimavelmente para o desenvolvimento do veículo. Garotaspropaganda apresentavam as ofertas dirigidas pelos diretores de TV. Hoje representa aproximadamente 20% dos anúncios veiculados na TV.

grandes parceiros Os maiores parceiros da TV no ano de 98 foram (por ordem de colocação): a Gessy Lever, a Liderança Capitalização, a Nestlé e o Grupo Imagem, de acordo com o Mídia Dados 99, do Grupo de Mídia. Trabalhando com produtos diversificados como o sabão em pó Omo, vencedor da pesquisa Datafolha como marca Top of Mind pelo sexto ano consecutivo, além de produtos alimentícios igualmente inesquecíveis como a Cica, Doriana e Kibon, a assessoria da Gessy Lever se apoia no Mídia Dados para justificar sua liderança (a empresa investe em quatro das principais emissoras brasileiras): “A TV tem 98% de penetração na população acima de dez anos e devemos conservar nossa estratégia no veículo, afinal nossos produtos são fundamentalmente direcionados para essa massa”. A Liderança Capitalização é ligada ao Sistema Brasileiro de Televisão, SBT, e detém uma freqüência de anúncios muito grande dentro da emissora. “Em nove anos ela

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TV

conseguiu ser líder do mercado em número de títulos de capitalização e foi graças obviamente ao nosso trabalho de patrocínio na TV”, conta Sérgio Moura, diretor de criação da Promo Líder, a house e produtora dos filmes da Liderança. “Nosso recall está estabelecido nas grandes capitais. Hoje se você perguntar sobre títulos de capitalização na rua, a maioria fala em Liderança Capitalização. Agora estamos entrando em outros filões que são as emissoras regionais”, admite. “Estamos ampliando para outras praças, porque sabemos que existem nichos fora das capitais. Hoje temos os canais regionais, canais a cabo, enfim, uma nova gama de possibilidades. Investir no carnaval do Rio e da Bahia, por exemplo, deixou de ser nosso foco principal. No ano passado, o quente foi investir no carnaval de Olinda. Estamos procurando outros mercados para fazer experiências de merchandising. Um alvo em que atuamos e onde estamos medindo a resposta do público atualmente é a TV Ponta Negra, de Natal”, comenta.

tradição Se o uso de novas mídias reflete a busca por uma comunicação cada dia mais individualizada, a imaginação e criatividade são artigos tradicionais, dos quais nenhum patrocinador pode se desfazer. “As peças de marketing eram rudimentares, improvisadas por modelos durante a transmissão

ontem e hoje 1951/52

O s primeiros desenhos animados comerciais feitos para TV foram feitos para a Cera Parquetina, Leite Leco e Casa Zacharias.

1952 Tupi monta o primeiro estúdio para produção de comerciais. 1958 Jingles passam a ser usados como trilha de comerciais de TV. final dos 500 anunciantes regulares; anos 80 1,3 mil agências de propaganda;

1998

150 emissoras de TV; 145 milhões de habitantes (73% em zonas urbanas); investimento publicitário de US$ 2 bilhões (55,9% em TV)

Investimento publicitário na TV: US$ 4,44 bilhões (46% do total) Investimento do varejo na TV: US$ 875,5 milhões (34% do total)

ao vivo, mas o trabalho das marcas, os slogans eram produzidos por agências de propaganda”, conta a professora Sandra Lopes. Os quatro investidores pioneiros eram vinculados basicamente a três houses de criação, as americanas McCann-Erickson e a Thompson e a brasileira Standard, as três ainda hoje nomes fortes no mercado. Havia poucas agências brasileiras naquela época, mas a Publicis Norton, antiga Norton, é uma destas pontes que podem ser estabelecidas entre os dois tempos. A Publicis Norton, aliás, tem a conta da Nestlé. “Nós somos uma das cinco agências que fornecem trabalhos para a Nestlé, conta o diretor da Publicis, Geraldo Alonso. A família Alonso tem uma tradição da qual Geraldo é herdeiro (a empresa foi

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fundada por seu pai em 1946) e está transformando em memória. “Criamos o Instituto Geraldo Alonso, uma entidade sem fins lucrativos cuja primeira tarefa é resgatar a memória da comunicação brasileira. Temos uma biblioteca com cerca de três mil livros sobre o tema e uma hemeroteca com arquivo de imagens, fotos e anúncios, que está aberta para estudantes de publicidade ou interessados.” Alonso pretende criar um museu brasileiro da propaganda. Ele já tem o material e o espaço, falta apenas um detalhe para seu esforço se concretizar: patrocínio. Os anúncios são meros reflexos da história da humanidade e retratam o cotidiano de um povo. Na história da televisão eles são um dos personagens principais.


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c o p y r i g h t Paiger Albiniak

O EFEITO DA INTERNET NA TV O Congresso norte-americano estuda como proteger os direitos de veiculação de vídeos e da programação da TV aberta.

Copyright

Não há a menor dúvida de que, a qualquer momento, o usuário vai poder assistir a qualquer canal de TV pela Internet. A questão, levantada diante do Congresso dos Estados Unidos na semana passada, é como deixar o gênio escapar da garrafa sem tirar os provedores de conteúdo do negócio. Foram feitas algumas sugestões ao Subcomitê de Telecomunicações do Congresso, tais como desenvolver uma tecnologia que possa limitar o alcance geográfico das transmissões via Internet, mas por enquanto as soluções encontradas foram proteger os direitos das empresas de controlar seu conteúdo, deixar que o mercado elabore acordos de distribuição e reforçar leis que proíbam as companhias de Internet de streaming de usar conteúdo com copyright sem permissão. Uma poderosa coalisão formada por empresas de mídia, broadcasters e ligas esportivas combateu a tentativa de uma pequena companhia da Internet de transmitir sinais de TV pela web. O site iCraveTV.com começou a transmitir os sinais de 17 emissoras de TV na área de Toronto, que inclui Buffalo (N.Y.), no início 22

de dezembro. No final de janeiro, o Tribunal Federal da Pensilvânia mandou fechar o site canadense. Uma coalisão similar de broadcasters e provedores de conteúdo canadenses espera fazer o mesmo no Canadá. Mas, apesar dessa vitória importante, as empresas cuja receita depende unicamente dos valores de seus copyrights estão preocupadas. Do ponto de vista delas, uma vez que um produto digital é colocado na web, perde-se o controle do mesmo. Ele entra numa esfera onde qualquer um pode fazer, e fará, cópias perfeitas e enviá-las para o mundo todo. Mesmo assim, as empresas não querem ainda que o Congresso interfira. “Por enquanto, as leis parecem funcionar para proteger os broadcasters de TV e os proprietários de copyright dessa nova e ultra-high-tech forma de pirataria”, disse Paul Karpowicz, vice-presidente da LIN Television Corp., proprietária de uma das emissoras de Buffalo que a iCraveTV. com usava em seu streaming.

competição Até agora o Congresso tem concordado com essa posição. O republicano Billy Tayzin, presidente do Subcomitê de Telecomunicações, acha que se deve agir “com cautela mas com firmeza”. Mas os demais membros já sabem que está chegando a hora de encontrar uma solução para o problema e deixar que a tecnologia os leve aonde tiver de ir. “É só uma questão de tempo para que a transmissão na web faça com que essa tecnologia venha a competir em pé de igualdade com o satélite e o cabo”, disse o republicano Michael Oxley.

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Por enquanto, o que os broadcasters, as ligas esportivas e as companhias de mídia querem é ter o controle de quem pode distribuir seus produtos e para quem. Eles não se opõem à distribuição do produto pela Internet; realmente, a fusão AOL/Time Warner é a prova de que é nessa direção que a indústria caminha. Mas ela quer receber por isso. Para ela, atos como o da iCraveTV.com nada mais são do que roubo. “Não estamos contra a Internet”, disse Karpowicz. “Mas não vamos permitir que ela tire vantagem de um material sobre o qual temos direitos de exibição e o utilize ilegalmente para atingir a nós e aos nossos telespectadores locais.” Ian McCallun, vice-presidente da iCraveTV.com defendeu sua empresa dizendo que as leis canadenses permitem que as empresas de Internet, cabo e satélite retransmitam a programação de qualquer broadcaster local, desde que o distribuidor pague as taxas coletivas de copyright (blanket copyrights fee). McCallum disse que os serviços da iCraveTV eram, em princípio, voltados somente para os canadenses e que a companhia não imaginou que ninguém fosse ferir o “código de honra” estabelecido. Na homepage do site, o internauta tinha de confirmar que era canadense e dar o código de área de seu telefone. O que equivale a perguntar ao internauta se tem mais de 18 anos para poder acessar vídeo pornográfico. “Somos uma empresa canadense dirigida por canadenses e não temos intenção de influenciar a lei de copyright norte-americana”, continuou McCallum. “Entretanto, esperamos que a lei norte-americana não seja aplicada para impossibilitar os que não moram nos Estados Unidos de operar sob as leis de seus próprios países e pagar o que for justo aos detentores de copyright norte-americanos.” A iCraveTV deve ser a única entidade a acreditar que está protegida por alguma lei. Isso porque os broadcasters canadenses também entraram na justiça canadense contra ela, exigindo que pare de fazer o que vem fazendo.


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programação regional Paulo Boccato

Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima

Os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima têm, em conjunto, cerca de cinco milhões de habitantes, abrigando 42% da população da Região Norte. Segundo o Anuário Mídia Dados 99, esses estados respondem por 2,3% do Índice de Potencial de Consumo do País, contando com 1,16 milhão de domicílios, sendo 849 mil, ou 73,4% deles, com pelo menos um aparelho de TV, espalhados por 167 municípios. Apesar das dificuldades geográficas de comunicação que marcam a região, a maioria desses municípios recebe as imagens de pelo menos uma emissora de TV com veiculação de programas locais. As emissoras afiliadas à Rede Globo na região, por exemplo, todas ligadas à empresa Rádio e TV do Amazonas Ltda., cobrem a quase totalidade dos municípios através de sinal de satélite captado por retransmissores que, em muitos casos, funcionam à base de energia solar. A mesma empresa é proprietária do Amazon Sat, um canal de transmissão de TV via satélite, direcionado para os possuidores de antena UHF na Região Norte e que pode ser captado por parabólica em várias

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partes do Brasil, com programação inteiramente regional (leia box). A cobertura das demais redes é menos uniforme, com o alcance das emissoras geralmente restrito ao raio das cidades próximas à sede. O caso da Bandeirantes é exemplar: o sinal do BandSat, com a programação da rede nacional, alcança quase toda a região, mas as poucas geradoras locais têm cobertura limitada, restringindo a visibilidade de suas programações locais.

cabeças-de-rede O estado do Amazonas, com 2,6 milhões de habitantes, IPC de 1,2% e 401 mil domicílios com TV (73,8% do total), conta com emissoras das redes Globo, SBT, Bandeirantes e Record, além da TV Cultura e da TV Boas Novas, cabeça da rede Brasil Norte, ligada a um grupo evangélico. A TV Amazonas, afiliada da Rede Globo criada em 1975, alcança todos os municípios do estado, através de canal no satélite AmazonSat, e produz com equipamento de gravação digital. Com sucursais de jornalismo em Brasília e Parintins, tem sua programação baseada no telejornalismo e serve como cabeçade-rede regional, enviando programas para outras 11 geradoras ou retransmissoras mistas do grupo, em todos os cinco estados citados. Sua grade local ocupa todos os espaços disponibilizados pela rede. Durante a semana, a programação começa com o “Bom dia Amazônia” que, durante o período de horário de verão, vai ao ar no insólito horário das 4h45.

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O jornalismo regional é completado por duas edições diárias do “AM TV”, pelo “Globo esporte” local e pelo “Amazônia em notícia”, jornalístico de variedades sobre assuntos de interesse de todos os estados da Rede Amazônica, sendo transmitido simultaneamente para Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima. No sábado, a emissora ocupa todo o horário da tarde com o “Amazonas em revista”, retransmitido aos domingos pela manhã, programa de meia hora de duração com entrevistas e matérias especiais sobre assuntos como ecologia, cultura, turismo e comportamento; o “Canal verde”, espaço voltado para a divulgação das manifestações artísticas da região, e o “Destaque”, programa de variedades e entrevistas. A TV Parintins, outra emissora da Globo no estado, tem status de microgeradora pelo fato de situarse na área da região de fronteira, e pode veicular alguns programas locais. Sua pequena estrutura de produção permite a realização, em VHS, de pequenos blocos de dois ou três minutos de notícias locais, veiculados durante a programação diária com o nome de “Repórter Parintins”. A TV Cultura, que desde sua criação em 1969 até o ano de 1992 era conhecida como TV Educativa, é outra emissora local com potencial de cobertura total do Estado do Amazonas. Atualmente, seu sinal alcança, via microondas e cabo terrestre, apenas os municípios de Manaus, Manacapuru e Itacoatiara, mas já está disponível no satélite


Horário dos programas regionais www.telaviva.co m . b r para as parabólicas de toda a região. O projeto de expansão da empresa inclui a implantação de retransmissoras em todos os 62 municípios do estado. Sua programação é toda produzida em Betacam. O “Jornal da Cultura - edição regional” vai ao ar de segunda a sexta antes do jornal de rede nacional da TV Cultura paulista. A programação diária inclui as entrevistas do “Painel cultural”; o independente “Programa Nonato Oliveira”, produzido em parceria com a emissora, que privilegia a utilidade pública e a prestação de serviços, com dicas de saúde e economia, balcão de empregos e outros quadros; e o “Programa da Norma”, totalmente independente, com matérias sobre culinária, artesanato, moda e assuntos de interesse do público feminino. Além destes, há vários programas semanais: “Botequim da Cultura”, transmitido ao vivo todas as quintas, é um espaço voltado para o mundo do samba; “Carrossel da saudade”, também ao vivo, nas sextas, traz músicas de outras gerações geralmente feito em estúdio, abre espaço uma vez por mês para gravações em externas, em pontos diferentes de Manaus; “No mundo da bola” é uma mesa-redonda sobre futebol, com produção independente; “Profissões” é um programa de dicas sobre cursos técnicos e oportunidades de trabalho; “Cultura da Terra” fala sobre agropecuária e piscicultura, em

formato jornalístico; “Em cena” tem matérias sobre arte e cultura em geral, com foco nas manifestações da região; enquanto o “Cultura esportiva” é um telejornal semanal de esportes. Um dos destaques da programação da TV Cultura é o programa “Gente da floresta”, gravado ao vivo aos domingos do Anfiteatro da Ponta Negra. Apresentado por Geraldo Campello, traz apresentação de grupos folclóricos e bandas locais independentes, atraindo públicos que chegam a 20 mil pessoas por espetáculo.

críticos e evangélicos A TV A Crítica, afiliada do SBT em Manaus, é parte da Rede Calderaro de Comunicação, proprietária do principal jornal do estado. Fundada em 1972, com o nome de TV Baré, integrava a antiga Rede Tupi. O nome atual veio em 1986. Seu sinal cobre cinco municípios na região de Manaus, totalizando 1,5 milhão de habitantes, além de chegar, via RC Sat, para mais cerca de 600 mil habitantes em outras dez cidades do Amazonas. Produzida em Beta, a programação local diária inclui três programas ao vivo: “Ponto crítico”, com entrevistas apresentadas por Braz Silva, o vespertino “TJ A Crítica”, apresentado por Adlinez Moreno, e o independente “Exija seus direitos”, que abre espaço para reivindicações da população carente.

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Bandeirantes

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Aos sábados, a emissora apresenta o tradicional “Nosso encontro”, no ar, sem interrupções, desde a fundação da emissora, que traz matérias de variedades apresentadas por Baby Rizzato. O semanal “Top teen”, com clips e entrevistas para o público jovem, completa a grade local. A TV Manaus, emissora da Record, e a TV Rio Negro, da Bandeirantes, têm uma programação local fortemente baseada na participação de produções independentes. A primeira, afiliada pioneira da Record no país, pertence à família Hauache, ex-proprietária de um canal de TV a cabo na capital amazonense, e produz em S-VHS, alcançando apenas seis cidades do estado. De produção própria, veicula os jornalísticos “Canal dez notícias” e “Canal dez entrevista”; o “Big bang”, de esportes radicais, clips e variedades para o público jovem; e o musical e evangélico “Nosso tempo”. Os independentes entram com o colunismo social em “Promoter” e “Júlio Ventilari com estilo”, e o programa de turismo e curiosidades “Portugal sem passaporte”. A segunda, fundada em 1991, cobre 20 cidades, incluindo Parintins, Tefé e Itacoatiara, e conta com parcerias em todos os seus programas, exceto nos religiosos, totalmente independentes. A estrutura da emissora inclui equipamentos Beta e estúdios próprios. “Canal livre”, apresentado por Carlos e Wallace Sousa, é líder de audiência no horário do almoço, no estilo jornalismo-denúncia. No jornalismo mais tradicional, aparecem as edições locais do “Esporte total”, do “Dia a dia” e do “Acontece”, além do vespertino “HiperNews” e de “A voz do povo”, voltado para os serviços à comunidade. Os religiosos aparecem com “Cadeia da prece”, “Igreja da graça”, “Está escrito”, “Amazonas evangélico” e até um infanto-juvenil, o “Café com leite”. A força evangélica no estado aparece também na TV Boas

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Novas, que chega a 45 municípios amazonenses através de retransmissoras que decodificam o sinal do Jesus Sat. Sua programação local chega a dez horas diárias, mas a maioria dos programas é de doutrinação evangélica, produzidos em S-VHS.

do extremo oeste AMAPÁ cobre os municípios restantes do estado, CIDADE EMISSORA CABEÇA-DE-REDE CANAL com um único Macapá Amapá Globo 06 programa local: o Macapá Marco Zero SBT 08 “Jornal Cruzeiro do Macapá Amazônia Record 13 Sul”, no meio da tarde. Fundada em Macapá Beija-Flor * 24 1988, o restante de * inoperante novela das cinco sua grade optativa é coberta por apresentados por Roberto Vaz, numa As lágrimas de Giuliana, a chorosa programas da rede e diversidade de formatos que inclui personagem vivida por Ana Paula outros da TV Manaus. Beta, U-Matic e S-VHS: “Bom dia Arósio na novela “Terra nostra”, da O SBT chega ao Acre também com cidade”, telejornal Globo, puderam ser vistas pelos duas emissoras, que não pertencem habitantes do Estado do Acre no ao mesmo grupo: TV Rio Branco, na matutino e “Sábado show”, programa de auditório semanal ameno horário das cinco e meia da capital, e TV Ituxi, em Cruzeiro do voltado para o atendimento de tarde, durante a vigência do horário Sul. Fundada em 1989, a emissora pedidos de pessoas carentes. de verão. Essa diferença de três da capital produz dois programas horas no fuso horário em relação em U-Matic: o talk show “Canal amapá às cabeças-de-rede gera algumas verdade” e o “Diário do esporte”. dificuldades para a produção de Sua área de cobertura atinge quatro uma programação local competitiva. municípios. A TV Ituxi conta apenas O Amapá, com 441 mil habitantes, IPC de 0,1% e 53 mil domicílios com A Globo tem duas emissoras no com o “TJ Ituxi”, produzido em TV (78% do total) tem apenas três estado: TV Acre, em Rio Branco, S-VHS, e cobre três municípios. geradoras locais, todas na capital, e TV Cruzeiro do Sul, na cidade Fundada em 1995, já fez parte das Macapá. A TV Amapá, afiliada da do mesmo nome. A primeira, redes Record e Manchete. Globo, também é parte da Rede fundada em 1975, cobre 19 dos 22 A TV União, afiliada da Band no municípios do estado, que tem 526 estado, passa por uma reestruturação de Rádio e TV do Amazonas, e chega a 280 mil habitantes em sete mil habitantes, IPC de 0,2% e 91 mil interna e deve ter sua grade local municípios, entre eles Amapá, Santana domicílios com TV (72,2% do total). bastante alterada nos próximos e Oiapoque. Criada em 1975, está De programação local, conta com meses. Atualmente, produz três trocando seus equipamentos de “Acre em revista”, a primeira edição programas, todos em U-Matic: gravação de U-Matic para Betacam. do jornal local, e “Jornal do Acre”, no “Pauta livre”, semanal de entrevistas Sua programação local segue o meio da tarde, além da edição local e matérias voltadas para questões padrão básico da Rede Globo: “Bom do “Globo esporte”, mas o horário agrícolas, econômicas e indígenas dia Amapá”, “Amapá em revista” (no excessivamente matinal do “Bom dia do estado, além dos telejornais horário do almoço), “Globo esporte” praça” fez com que os programadores “Impacto” e “Band esporte”. Sua local, o vespertino “Jornal do Amapá” da emissora optassem por não área de cobertura restringe-se a seis produzi-lo, veiculando, nesse horário, municípios. Uma retransmissora mista e o dominical “Globo comunidade” local. O horário do almoço é o “Bom dia Amazônia” produzido da Band no estado, a TV Integração, completado pelo programa “Amazônia em Manaus, de onde também vem o de Cruzeiro do Sul, tem projetos de em notícia”, produzido em Manaus. “Amazônia em notícia”. A emissora produzir programas locais ainda este A TV Marco Zero, afiliada do ano. Completando SBT fundada em 1990, alcança os AMAZONAS o rol de emissoras municípios de Macapá, Santana e no estado, a TV 5, CIDADE EMISSORA CABEÇA-DE-REDE CANAL Masagão direto pelo sinal e tem ligada à Record, Manaus Cultura educativa 02 uma retransmissora em Laranjal tem uma cobertura Manaus A Crítica SBT 04 do Jari, a TV Jari, que transmite limitada aos apenas seus dois programas de Manaus Amazonas Globo 05 municípios de Rio produção própria: os telejornais Branco e Senador Manaus Boas Novas RBN 08 “TJ Amapá” e “Programa meio-dia”. Guiomard. Fundada Manaus Manaus Record 10 Os independentes “Programa Gil em abril de 1996, é Manaus Rio Negro Bandeirantes 13 Reis”, de entrevistas, e “Geração”, a caçula da cidade, institucional bancado pelo governo Parintins Parintins Globo 07 produzindo dois estadual, só entram para os programas, ambos 26

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espectadores da Marco Zero. A TV Amazônia, afiliada da Record, pertence ao mesmo grupo proprietário da Marco Zero, o Sistema J. Alcolumbre de Comunicação. Alcançando apenas dois municípios, produz, em S-VHS, duas edições diárias do telejornal “Câmera treze”, o “Esporte Amazônia” e o religioso “Em busca do amor”. Aos sábados, exibe o programa de auditório independente “Janete Silva show”, com apresentações musicais, teatrais e brincadeiras direcionadas ao público infantil.

retransmissoras mistas Rondônia, com 1,3 milhão de habitantes, IPC de 0,6% e 234 mil domicílios com TV (71,6% do total), conta com apenas cinco geradoras, mas tem retransmissoras mistas espalhadas por todo o estado, com uma pequena programação local. Curiosamente, a única geradora do interior, a TV Allamanda, de Cacoal, afiliada do SBT, não usa seu status para produção de programas próprios, enquanto as retransmissoras mistas da rede de Sílvio Santos o fazem, com exceção da de Ariquemes. A TV Allamanda de Ji-Paraná exibe o sensacionalista “Caso de polícia”, produção independente apresentada por Josué J.Paiva; enquanto a da capital, Porto Velho, veicula o “TJ Allamanda” e o “Bronca livre”, programa de denúncias e casos de polícia. Ambas trabalham com equipamento S-VHS e têm alcance restrito à potência de suas torres de transmissão. A TV Allamanda pertence ao grupo Rondovisão, também proprietário da TV Meridional, da Rede Bandeirantes, que não tem programação local. A Rede Record aparece no estado com as emissoras da TV Candelária, em Porto Velho (geradora), Cacoal e Ji-Paraná, que, no total, atingem 13 municípios rondonienses. Na capital, são produzidos os programas “Éverton Leoni”, apresentado pelo deputado estadual e proprietário 28

da emissora que batiza a produção, uma mistura de Ratinho com “Porta da Esperança” que vai ao ar também nas duas retransmissoras, e vários independentes: o policial “Ronda 2000”; as televendas do “ShopCar”; o telejornal “Senhor bronca”, apresentado por Chico Rangel, que antes capitaneava o “Bronca livre”, do SBT; o institucional “Empresas de sucesso”, também exibido em Ji-Paraná; o programa de entrevistas políticas “Candelária debate”, apresentado por Beni Andrade e também exibido em Ji-Paraná e Cacoal; “Close”, de colunismo social; e o evangélico “Rondônia para Cristo”, aberto a várias igrejas. Fundada em 1991, produz em S-VHS. A retransmissora de Cacoal, criada em julho de 98, trabalha no mesmo formato. A empresa espera liberação para se tornar geradora, já tendo quatro cidades determinadas para a instalação de retransmissoras. Atualmente, exibe “A hora do povo”, mistura de telejornal, programa de variedades e policial apresentado por Geraldo Magela e exibido também em Ji-Paraná; o telejornal

“Jornal da Record - edição local”; “Rondônia rural”, também veiculado em Ji-Paraná; “Pesca & Amazônia”, exibido em todas as emissoras Record no estado, que já teve a parceria de produção do “Pesca & Cia”, programa do SBT de São Paulo; a mesa-redonda “Esporte Record - edição local”; e o infantil “Érica no mundo da criança”, apresentado por uma garota de nove anos. Além disso, traz os independentes “Programa Joaquim e Manuel”, de música caipira, feito em Osasco (SP) e também levado ao ar em Ji-Paraná, mesmo caso do “Programa Marisa Linhares”, de colunismo social. Completam a grade outros independentes: “Gospel line”, musical, e “Tergon in society”. Ambiciosa, a emissora de Cacoal espera ampliar ainda mais sua grade local neste ano, com as estréias dos debates do “Jogo aberto”, do programa “Record games” e de um talk show ainda sem título. Mais modesta, a TV Candelária de Ji-Paraná sobrevive com programas vindos de suas colegas locais, enquanto ajusta suas novas

CANAL 100% AMAZÔNICO A Rede de Rádio e TV do Amazonas, proprietária das emissoras afiliadas da Rede Globo nos estados do Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, também é responsável por um canal pioneiro no país: o AmazonSat, com programação inteiramente produzida na região amazônica, no ar durante 20 horas por dia. Muitos dos programas veiculados vêm das emissoras da rede regional, que também se encarregam de produzir inúmeros documentários, sobre aspectos culturais, sociais, turísticos, econômicos e políticos de interesse local. Um dos destaques da programação exclusiva do canal é o programa “Encontro com o povo”, onde todas as emissoras entram em rede para debater questões políticas. Também se destacam o “Ervas & plantas medicinais”, programetes

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mostrando a riqueza medicinal da Floresta Equatorial; “Qualidade de vida”, que divulga projetos que têm por objetivo a melhora no padrão de vida da população; “Esporte Amazônia”, com análise dos fatos esportivos da semana pelos jornalistas Eduardo Monteiro de Paula e Paulo Lima; “Trilhas”, que explora o potencial do turístico da região; “Amazonas é Brasil”, sobre o patrimônio étnico, histórico e gastronômico; “Documentos da Amazônia”, histórico sobre as cidades da área; “Zappeando”, voltado para o público jovem, com muita música e esportes radicais, e “Negócios da Amazônia”, direcionado para o público empresarial. Em produção, um novo programa: “Amazônia rural”, que abordará temas de interesse da economia primária.


N達o disponivel


voltar a produzir seus programas próprios, os jornalísticos “A hora do povo” e “Jornal Candelária”. As emissoras da Globo em Rondônia são seis: a TV Rondônia, de Porto Velho, criada em 1975 e que foi Bandeirantes por alguns meses, e as retransmissoras mistas de Ariquemes, Cacoal, Guajará-Mirim, Ji-Paraná e Vilhena, que levam o nome dos próprios municípios. Em Porto Velho, são produzidos o “Bom dia Rondônia”, o “Rondônia em revista” (que compõe a grade jornalística do horário de almoço com o “Amazônia em notícia”, vindo de Manaus), o “Globo esporte” local e o “Jornal de Rondônia”, à tarde. O padrão das emissoras do interior é repetir a programação da capital, com a inclusão de um pequeno telejornal de cinco minutos antes do “Jornal de Rondônia”, geralmente intitulado “Jornal de Rondônia - primeira edição”. Essas normalmente trabalham com um misto de formatos que inclui VHS e U-Matic. A curiosidade é a TV Guajará-Mirim, campeã de audiência em alguns municípios fronteiriços da Bolívia, alcançados por seu sinal. A Rede TV! tem duas geradoras RONDÔNIA CIDADE

EMISSORA

Ariquemes

Ariquemes

Ariquemes

Allamanda

Cacoal

Candelária

Cacoal

Cacoal

Cacoal

Allamanda

Guajará-Mirim

Guajará-Mirim

Ji-Paraná

Candelária

Ji-Paraná

Ji-Paraná

Ji-Paraná

Allamanda

Pimenta Bueno

Tropical

Porto Velho

Rondônia

Porto Velho

Norte

Porto Velho

Allamanda

Porto Velho

Candelária

Porto Velho

Meridional

Vilhena

Vilhena

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no estado, a TV RORAIMA Tropical, de Pimenta CIDADE EMISSORA CABEÇA-DE-REDE CANAL Bueno, ainda sem Boa Vista Roraima Globo 04 programação local Boa Vista Imperial Record 06 e com poucas perspectivas de Boa Vista Tropical SBT 10 vir a produzi-la Bonfim Itacutú Record 03 brevemente, e a TV Norte, de Porto Velho, ex-Manchete e ex-Rede Brasil fronteira com a Guiana, onde o Norte, pertencente ao grupo Estadão retransmissor já está disponível, do Norte, que tem um dos maiores mas a prefeitura local ainda não estúdios da cidade e vai produzir, providenciou a instalação de um em S-VHS, vários programas ainda poste onde ele será fixado. Roraima neste semestre. Entre os projetos, tem 226 mil habitantes, com IPC estão dois jornalísticos, um programa de 0,1% e 53 mil domicílios com noturno de entrevistas, um policial TV (78% do total). A TV Roraima sensacionalista e um programa de apresenta os programas diários variedades no horário de almoço. “Bom dia Roraima”, “Esporte Roraima”, “Jornal de Roraima” e faltou o poste “Roraima em revista”, que conta com quadros de defesa do Falta um pequeno detalhe para que consumidor, notícias, variedades, a programação da Globo alcance comportamento, agenda cultural todo o estado de Roraima: um e entrevistas, além do matutino poste. A TV Roraima, pertencente a dominical “TV comunidade”. Produz Rede de Rádio e TV do Amazonas, também matérias para o “Amazônia conta com 13 torres de transmissão em notícia”, finalizado em Manaus, que espalham seus programas para e como suas colegas de rede 15 municípios do estado; só fica regional, documentários mensais de fora a cidade de Uiramotã, na para a programação do AmazonSat. Veicula ainda dois outros programas provenientes de Manaus: “Canal verde” e “Destaque”, ambos CABEÇA-DE-REDE CANAL exibidos aos sábados. Globo 07 A TV Tropical, emissora do SBT SBT 11 no estado, abrange cinco municípios. Criada em 1991, Record 04 produz duas edições diárias do Globo 06 “Jornal Tropical”, apresentadas SBT 09 pela proprietária da emissora Zeza Globo 03 Fernandes; “Mídia”, programa transmitido aos sábados, com Record 04 entrevistas de rua, pesquisas Globo 05 e debates com convidados, SBT 13 apresentados por Kiko Zoen Rede TV! 09 e Marleide Cavalcanti; e dois terceirizados, “Roraima mulher”, Globo 04 aos domingos, e o recém-estreado Rede TV! 06 “Gente nossa”, programa cultural SBT 08 apresentado por Janaína Soares. Record 11 As emissoras TV Imperial, de Boa Vista, e TV Itacutú, de Bonfim, ambas Bandeirantes 13 afiliadas da Rede Record no estado, Globo 05 não foram contatadas.

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MA Lizandra

de

K

ING

O

F

Almeida

paraíso

Velas esteticamente perfeitas ...

... para não comprometer o visual ...

... nem o desempenho do barco. 34

Os cigarros Hollywood levaram ao ar mais uma superprodução que combina aventura com regiões improváveis e paradisíacas da Terra. O quinto filme da série foi ambientado no arquipélago de Ko Phi Phi Leh, na Tailândia, mesmo local onde, por acaso, na mesma época estava sendo filmado o longa “A praia”, atualmente em cartaz. A cada nova criação da série, a equipe da DPZ enfrenta a pergunta: para onde vamos? O mundo inteiro foi pesquisado, com a ajuda do velejador Amir Klink, para se encontrar um novo ponto de correspondência com o mote da campanha, que é “No limits”. Nesse caso, sugeriu-se o mar. Era preciso encontrar não só um local maravilhoso como relacioná-lo a um esporte e, obviamente, à possibilidade de o personagem fumar um cigarro depois de vencer um desafio. Segundo o criativo Ruy Branquinho, a ilha na Tailândia foi um dos locais sugeridos e pôde ser relacionado à vela de alta velocidade, com o uso de um catamaran (veleiro de dois cascos) e um trimaran (de mais de dois cascos). Aí começaram as muitas dificuldades do processo. O diretor de RTV, Marcelo Machado, acompanhou todo o processo, que começou na procura dos barcos. Era preciso combinar o desempenho perfeito com um design interessante. Qualquer mudança visual no barco poderia comprometer seu desempenho. Por isso, foi feita uma reforma estética mas que não afetou sua velocidade, ou seja, os barcos foram pintados com motivos típicos e o modelo de velas escolhido (spinaker) também tinha essa função, com a orientação de Gino Morelli, um dos maiores experts em construção de veleiros de alta velocidade. A princípio, a pintura das velas foi encomendada a uma empresa inglesa. O resultado não foi o esperado: a estampa foi feita só de um lado. Foi quando a

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produção descobriu, durante um evento náutico no local, que um dos maiores fabricantes de vela do mundo tinha se mudado da Austrália para lá. As velas foram então refeitas. Como a intenção era a de promover manobras radicais, com os dois veleiros muito rápidos e mais próximos do que o normal, foi preciso contratar experientes velejadores para compor o casting. Toda a tripulação era formada de pessoas com experiência em vela. As imagens também deveriam acompanhar os riscos do esportes, com cenas captadas próximo à água. “Para filmar de um barco, teríamos problema de estabilidade e não conseguiríamos usar uma teleobjetiva”, diz Machado. “Além disso, havia o risco de molhar as câmeras nas manobras mais arriscadas.” Por isso, as câmeras foram encomendadas no Havaí, de Yuri Farrant, especialista em filmagens submarinas e de surf. Foram usadas cinco câmeras e um equipamento chamado Libra, que compensa as ondulações da água. Com isso, o diretor e fotógrafo Dariusz Wolski (que dirigiu longas como “Dark city” e “O corvo”) pôde filmar perto da água. O produtor executivo Carlos Paiva, da Zohar Cinema, conta que além de ter de trabalhar com elementos imponderáveis como clima, maré e ventos, os pontos chave do filme, que eram os barcos, não podiam sofrer nenhum dano. Por isso, F I C H A

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Título Ko Phi Phi Leh Cliente Souza Cruz Produto Hollywood Agência DPZ Criação Carlos Savério e Ruy Branquinho Produtora HSI (EUA) e Zohar Cinema Direção Dariusz Wolski Fotografia Dariusz Wolski Tratamento de imagens Geninho Montagem Tamis Lustre e Donizete Amaro Trilha Play it Again Finalização Casablanca


Fichas técnicas de c o m e r c i a i s

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ecletismo de t é cnicas quando a meteorologia anunciou a proximidade do tufão Faith, optouse por desmobilizar a produção. Todos voltaram para casa e só retornaram um mês depois. Para transportar os barcos até o local, foi preciso um vôo específico. Uma vez por mês, o caminho até a Ásia é feito por um 747 com sete metros de comprimento - único capaz de transportar os cascos. A filmagem aconteceu no início de 1999, ao mesmo tempo em que o longa “A praia”. Como a produção da Fox mexeu no ecossistema da ilha, ambientalistas protestaram e tentaram parar as filmagens. Com a ajuda do produtor local Santa Pestonji, que também trabalhava no longa, a equipe da Zohar conseguiu se distinguir da outra e continuar o trabalho. A presença de outra equipe de filmagem no local fez com que algumas cenas tivessem de ser corrigidas em pós-produção. “Em cenas filmadas de helicóptero, às vezes aparecia um outro barquinho, da equipe do longa, que tivemos de apagar”, conta Geninho, responsável pelo tratamento das imagens do filme. Muitas cenas foram trabalhadas para melhorar luz e cores e em outras elementos naturais foram alterados para criar mais dramaticidade. Em um momento, os barcos se aproximam em alta velocidade dos rochedos a ponto de um lado de um deles sair da água. A filmagem não poderia ser de um local tão próximo, por isso o rochedo foi aproximado. A exemplo dos filmes anteriores da série, a assinatura também foi concebida por Geninho.

Cinco amigos saem de carro e começa a discussão sobre em que estação o rádio deve ficar sintonizado. O comercial da Rádio 98 FM, do Rio de Janeiro, mostra a discussão sobre as preferências de cada um e, no final, a escolha acaba recaindo sobre a 98 FM, que vende a imagem de ser a mais eclética. As filmagens foram realizadas em duas etapas. Primeiro, foram feitas as cenas do grupo no carro, em estúdio, com fundo azul. E depois as externas do fundo. O diretor Líbero Saporetti contou com a parceria do diretor de fotografia Affonso Beato desde a concepção do filme. Juntos, procuraram os melhores recursos com o menor custo. A solução foi captar as imagens em Super-16, aproveitando para experimentar o novo telecine C Reality, dos Estúdios Mega. Segundo Saporetti, a sugestão foi do próprio Beato, que já havia trabalhado com o formato, mas nunca tinha telecinado em alta definição. O fotógrafo compôs a luz bem ao seu estilo, com os tons amarelos e vermelhos que costuma ressaltar nas obras de Pedro Almodóvar, de quem tem sido companheiro constante. Beato preferiu realizar a filmagem do casting no carro em estúdio, para garantir a estabilidade da câmera e o melhor controle da luz. A câmera foi instalada no capô do carro, já que a perspectiva da imagem pretende sempre mostrar o grupo e sua interação. No estúdio, foram usadas traquitanas que simulavam o movimento da luz, como se o carro estivesse realmente passando por uma rua iluminada, à noite. Depois das filmagens em estúdio, foi a vez das externas. Só que no dia marcado, chovia a cântaros. As filmagens tinham de ser feitas à noite e a equipe

ficou de prontidão desde as seis da tarde. Só à meianoite é que a chuva diminuiu e o diretor resolveu rodar, mesmo na garoa. As imagens foram A cena em estúdio. captadas a partir de um carro, com a câmera voltada para a rua, a partir do vidro de trás, e com uma lente grande angular. O excesso de água fazia com que subissem respingos do asfalto, criando uma nuvem na imagem e molhando as lentes. Para evitar isso, a produção instalou uma “saia” no carro, que “varria” o excesso de água. Na pós-produção, essas cenas tiveram de passar por uma série de retoques, no Fire da Link Digital. Segundo Saporetti, o resultado das imagens telecinadas ficou muito bom. “O novo telecine oferece um controle completo sobre todas as nuances de cor, antes mesmo de irmos para o corretor de cores”, diz. Para o produtor Mario Nakamura, que é sócio do diretor, a economia em função da qualidade final também compensou. “Além da lata do Super-16 ser mais barata, o chassis é maior. Assim, a economia é quase de seis vezes e o resultado final, com a telecinagem em HDTV, fica muito próximo do 35 mm”, calcula Nakamura. F I C H A

T É C N I C A

Título Carro Cliente Rádio 98 FM Produto Institucional Agência DPZ Rio Criação João Paulo e Eliana de Sá Produtora Atmosfera Cinematográfica Direção Líbero Saporetti Fotografia Affonso Beato Telecine Estúdios Mega Montagem Líbero Saporetti Trilha Nova Onda Finalização Link Digital

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carro divertido

Personagens de massinha no carro real.

Bonecos mantêm proporção e figurino dos humanos.

Um carro divertido pede um filme divertido. Essa foi a proposta da equipe de criação da Lowe para o lançamento da Renault, o utilitário Kangoo. Com um design arrojado e engraçado, o mote da campanha é ressaltar a diversão que uma família pode encontrar em um carro desses. Foi a chance que a Cinema Animadores precisava para produzir um filme que mistura cenas ao vivo com massinha e para que Fernando Coster estreasse na direção publicitária. Coster dirigiu um dos mais premiados curtas do ano passado (“Amassa que elas gostam”), mas em publicidade sempre havia trabalhado como animador. O filme mostra uma família real (pai, mãe, dois filhinhos, cachorro) se preparando para ir à praia. Depois de encher o carro de bagagem, a família se instala e logo se transforma em massinha. Os bonecos foram criados a partir do casting original. Dentro do carro, todos se divertem e vêem a paisagem lá fora, que também é de massinha. Ao chegar na praia, ensolarada a partir da perspectiva dos personagens, árvores dançam para recebê-los. Mas ao estacionar, abrem a porta e percebem que, na verdade, cai uma chuva torrencial, com direito a raios e trovões. Resolvem, então, aproveitar a praia no carro mesmo, já que lá dentro o sol continua. Segundo o redator João Fernando Camargo, a proposta do filme faz parte da nova orientação da agência, que, depois da fusão com a Lintas, procura um

caminho mais voltado para a criação. A produtora Side by Side foi chamada para filmar as cenas ao vivo. Para o diretor Renato Assad, a parte mais trabalhosa foi o planejamento, que exigiu duas semanas de esforços conjuntos não só entre as produtoras como com a criação, para a criação da decupagem, definição do casting e criação dos bonecos. O próprio figurino foi reproduzido em escala menor, com os mesmos tecidos, para enfatizar a transformação. Na filmagem, a atenção se concentrou na escala dos personagens. Os enquadramentos do carro tinham de ser feitos com e sem os personagens, mas sempre mantendo as proporções para a composição das duas imagens, pois os personagens se transformam mas o carro continua real. A luz foi pré-concebida pelos dois diretores e seguida fielmente, para evitar distorções. A cena mais problemática foi a que a garota abre a porta do carro e vê a praia real: dentro faz sol e fora chove. Para a parte em massinha, que compõe a maior parte do filme, foram necessários 13 dias de filmagem. Com as cenas ao vivo nas mãos, a equipe foi para o estúdio com um switcher e um computador. O switcher permite a composição off line de imagens, mesclando as cenas ao vivo com as dos bonecos, para checagem do posicionamento de câmera e dos personagens dentro do carro. O computador, equipado com uma placa Perception, possibilita a

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Tempo bom, só dentro do carro.

gravação frame a frame das cenas de animação, que são colocadas em play para conferência do timing. Também foram utilizadas duas câmeras em alguns momentos. A câmera principal era preparada especialmente para a filmagem de animação. Além do recurso de quadro a quadro, tinha dupla obturação, para vedar qualquer entrada de luz nos momentos em que a câmera ficava parada. A outra câmera foi usada para filmar travellings dos cenários, que também eram feitos em massinha. A composição das imagens exigiu mais de três dias ininterruptos de pósprodução, com equipes se revezando dia e noite. “Enquanto uma equipe fazia as máscaras à noite, outra compunha durante o dia”, explica a produtora Silvia Prado, da Cinema Animadores. Tudo por causa do prazo, de apenas um mês. F I C H A

T É C N I C A

Título Divirta-se Cliente Renault Produto Kangoo Agência Lowe Criação João Fernando Camargo, Fabio Meneghini e Marcelo Droopy Produtora Cinema Animadores Direção (massinha) Fernando Coster Fotografia (massinha) Márcio Langeani Produtora (vivo) Side by Side Direção (vivo) Renato Assad Fotografia (vivo) Claudio Leone Montagem/finalização José Augusto de Blasiis Trilha Estúdio Tesis Finalização Casablanca


N達o disponivel


p r o d u ç ã o Lizandra de Almeida

Para contar uma

história

Trabalhando os elementos visuais para criar cenas realistas e bonitas, a equipe de arte se vale de muita pesquisa para embasar as produções de época.

Desde o ano passado, a Rede Globo vem colocando no ar uma série de bem sucedidas produções de época. Ambientadas em diversos períodos da história do Brasil, justamente às vésperas da comemoração dos 500 anos de descobrimento, essas produções precisam combinar o rigor histórico com uma estética que agrade ao público. Em qualquer que seja a produção em dramaturgia, as equipes começam a trabalhar depois de definir em conjunto a estética que vai marcar o programa. São referências de cores, iluminação, direção que norteiam todo o trabalho. A partir dessas definições, são criados os múltiplos elementos da arte. “A cor é usada como elemento dramático. Em ‘Terra nostra’, a chegada dos italianos, saudosos de casa, é escura. Quando chegam ao Brasil, a luz é mais quente, há tons de ocre e telha como no interior da Itália”, explica a diretora de arte Tiza de Oliveira. As cores ressaltam ícones que caracterizam mais os personagens.

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Meninas virginais usam tons claros, barracos de favela não têm eletrodomésticos: “Às vezes temos de fugir do real para enfatizar o que queremos. Todos os barracos hoje têm TV, mas não colocamos para valorizar o código da pobreza”, exemplifica Tiza. No caso das produções de época, porém, a realidade nem sempre é clara, mas os elementos cenográficos e de figurino estão diretamente ligados ao período histórico. “Existe a liberdade poética e o erro. Temos de criar parâmetros para não chegar a nenhum desses extremos”, ressalta Yurika Yamasaki, responsável pela arte da novela das seis “Esplendor”. “A pior coisa que podemos fazer é usar coisas que não existiam na época. A globalização hoje faz com que tenhamos acesso a comidas, frutas que não poderiam ser servidos na década de 50. Por isso, estamos muito sujeitos ao erro. E essa preocupação aumenta quando o tempo de pesquisa é reduzido, como no nosso caso.” “Temos de colocar no plano concreto as idéias do diretor. Para isso, precisamos entender como ele quer contar a história. A adoção de padrões visuais da época ajuda a dar identidade à história e facilita a interpretação dos atores”, acredita Lia Renha, diretora de arte de “A muralha” e da minissérie inédita “A invenção do Brasil” (veja box). Para Tiza de Oliveira, a arte tem

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de ajudar a criar imagens belas. “Uma coisa que aprendi com Walter Avancini foi que a realidade é diferente do realismo. Temos de procurar plasticidade, imagens bonitas. Temos de ser agradáveis ao olhar. Nosso trabalho é o meio termo entre a plasticidade e a realidade.”

sem história A minissérie “A muralha” foi uma das que mais exigiu das equipes de arte em termos de pesquisa. Tanto o local como o período em que se passa (São Paulo, no século XVII) são dos menos conhecidos dentro da história do Brasil. “Tivemos a preocupação de fazer algo muito próximo do real. Trabalhamos a ficção como se fosse documentário”, conta Lia Renha. A pesquisa se baseou, principalmente, em documentos históricos como testamentos. “Não temos muitas pesquisas sobre essa época, mas nos testamentos conseguimos resgatar alguns valores sociais e estéticos. Por exemplo: encontramos um em que o autor do testamento deixava de herança apenas uma cadeira. Quer dizer, ele não tinha mais nada em sua casa, nem mesa, nada. Só uma cadeira.”, lembra Lia. O trabalho de pesquisa nem sempre começa quando se decide fazer uma nova produção. Para Lia Renha, que é arquiteta, as referências são coletadas sempre. “Estou sempre comprando livros de arquitetura e história e às vezes é difícil saber se são pesquisas sérias, bem feitas. Também precisamos saber diferenciar.” Quando o local onde o programa será ambientado ainda diz respeito a localidades específicas, a diretora de arte costuma viajar para “sentir” os lugares. “Para fazer ‘O auto da compadecida’, fomos ao Nordeste, andamos pelo sertão. No caso de ‘Dona Flor e seus dois maridos’, passamos um tempo em Salvador, entramos nas casas, convivemos com as pessoas. E em cada lugar pesquisamos fotos de família, fotos antigas que dêem uma idéia de figurino, objetos”, explica.


Essa coleta de materiais ajuda na composição estética dos cenários e figurinos e às vezes também na própria concepção psicológica dos personagens, mas em qualquer trama histórica a recomposição dos valores é bastante complicada, quando não existem muitos escritos ou material iconográfico sobre a vida cotidiana, o que é justamente o caso de “A muralha”. Para construir os diversos cenários cidade de São Paulo, aldeias indígenas de diversas nações e casas dos bandeirantes - só havia um processo. Tudo era feito de terra. “Fazer todos os cenários de terra poderia tornar as imagens monótonas. Para evitar isso, são usados recursos de enquadramento e luz, tornamos alguns espaços mais cinematográficos”, acrescenta Lia. “O mesmo acontece com os tecidos. Uma série de elementos poderia ser usada como corante, então não podemos subestimar a criatividade das mulheres. Existem várias cores e todas elas têm chance de serem reais.”

avançando no tempo Quando as produções abordam épocas mais recentes, os problemas de pesquisa histórica tendem a ser ressaltados. Muitas pessoas ainda vivas se lembram do período e reclamam quando alguma coisa não parece estar no seu lugar. Essa preocupação está sempre presente no trabalho de Yurika Yamasaki em “Esplendor”. “Apesar de termos mais material disponível, mais fácil de encontrar, o trabalho fica mais exposto a críticas”, diz. A novela se passa no final da década de 50, mas como o personagem principal praticamente parou no tempo desde que sua mulher morreu, há quase dez anos, a ambientação é voltada mais para a década anterior. “Queríamos dar um glamour à novela que é muito mais presente na década de 50 do que na de 60. Além disso, a novela se passa em uma cidade pequena, conservadora.” Questões de produção também influíram

nessa decisão. Decidida às pressas para ocupar o lugar da também de época “Força de um desejo”, a novela vai testar um formato mais curto e teve pouco tempo de pré-produção. Por isso, muita coisa foi aproveitada da minissérie “Hilda furacão”. Yurika também assinou a direção de arte da minissérie estreada por Ana Paula Arósio que se passava na Belo Horizonte dos anos 50 e já havia pesquisado bastante sobre o período, em outras experiências no cinema, como os longas “Leila Diniz” e “Lavoura arcaica”, e em novelas como “Rei do gado”. “Mesmo assim, temos de recorrer à pesquisa. Para isso, procuramos referências, mandamos fazer objetos e roupas, e também vamos a feiras de antigüidades, principalmente em São Paulo.” Algumas roupas feitas para “Hilda furacão” puderam ser aproveitadas, mas o mesmo não se pode dizer de vestidos antigos. “O corpo das mulheres hoje é diferente, malhado, as formas se modificam. Nem sempre dá certo.” A produção acaba tendo de confeccionar o figurino, mas muitas vezes é difícil encontrar quem ainda costure na modelagem antiga. Alguns elementos específicos de cenário ou figurino exigem uma sorte que, em geral, deve ser combinada a um certo tempo de préprodução. No caso de “Esplendor”, Yurika conseguiu quase um milagre. Precisava de uma tapeçaria inacabada para compor um cenário. Já tinha uma provisória, mas queria encontrar uma feita com o ponto tradicional da época. Soube de uma pessoa que moraria em São Paulo e foi seguindo seus passos até descobri-la em Belo Horizonte, depois de saber que teria morado em Brasília. Dois dias antes da gravação, tinha encontrado a peça. Responsável pela arte da novela das oito “Terra nostra”, que se passa em

“Esplendor”: bad boys dos anos 50.

São Paulo no final do século XIX, a diretora de arte Tiza de Oliveira acha que fez um dos trabalhos mais interessantes de sua vida ao montar uma autêntica fábrica de macarrão para a personagem Paola, vivida por Maria Fernanda Cândido. A fábrica é real: a cada gravação, consome 20 dúzias de ovos e 50 kg de farinha, que são transformadas em massa fresca. A pesquisa a levou a um pastifício no interior de São Paulo, onde as máquinas originais eram preservadas pelos herdeiros em uma espécie de museu. Não só estavam em ótimo estado como funcionavam. Tiza transportou as máquinas para os estúdios do Projac e lá produz o macarrão da Paola. Os fios estendidos para secar, porém, são cenográficos. Feitos com decorflex, tipo de revestimento emborrachado para piso, não se alteram como a massa, que seca em duas horas. Além das especificidades da época, também existem os diversos ambientes. Nessa novela, há as fazendas, a casa na cidade de uma pessoa rica, a casa da Paola, mais simples, a colônia dos italianos. Cada uma com seus objetos específicos. No Projac, existe uma copa que produz as comidas de cena e armazena os objetos de cada ambiente. Pratarias e louças específicas para a casa da cidade ou da fazenda, arrumadas em estantes bem identificadas. Quase tudo original, conseguidas em feiras de antigüidade. Os objetos adquiridos para produções anteriores ficam guardados, mas nem sempre são totalmente aproveitados. “Fiz ‘Chiquinha

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italianos e até os contratos com os colonos, cujas matrizes encontramos no Museu da Imigração, em São Paulo. Aliás, em 25 anos de experiência, acho que o computador foi o que mais nos ajudou no trabalho, principalmente na reprodução da parte gráfica. Antes, tínhamos de desenhar rótulos, “Chiquinha Gonzaga”: início do século 20. refazer jornais e mandar imprimir. Hoje, fazemos Gonzaga’ e muito do que comprei no computador, a partir de scanner, foi usado em ‘Força de um desejo’. e podemos imprimir e usar”, Quando comecei ‘Terra Nostra’, tive comemora. de procurar várias coisas novamente. Agora, a próxima novela (‘O subsídios machão’) será ambientada em 1927 e poderá aproveitar muito do que já O trabalho da pesquisa e produção conseguimos”, conta Tiza. de arte interfere em todas as demais Livros e documentos de época etapas do processo. Informações também foram a principal fonte descobertas podem ser oferecidas de pesquisa para a novela. “Com aos autores para serem incorporadas os recursos do computador, no texto, objetos motivam a proposta conseguimos refazer rótulos, de cenas e enquadramentos para os reproduzir os passaportes dos diretores, acrescentando informações

e plasticidades às imagens, e a própria preparação dos atores, sua expressão corporal e verbal, leva em conta o material coletado pela arte. Lia Renha conta, por exemplo, que a existência de determinados objetos ou a descoberta de atividades muito específicas pode levar a uma sugestão para que o diretor crie uma cena com a referência no fundo, compondo um quadro mais interessante. Yurika Yamasaki, por sua vez, acrescentou vários elementos de filmes nos personagens de “Esplendor”. Os membros da gang de motoqueiros têm uma pinta de James Dean, os vestidos das meninas se inspiram nos modelos de Grace Kelly: “As pessoas da época imitavam, recriavam. Aquilo fazia parte de suas vidas.” Em ‘Terra Nostra’, um recurso adicional foi utilizado para ajudar a contar a história. Fotos de época são unidas a imagens atuais para ampliar os cenários. A Av. Paulista cenográfica construída no Projac tem 200 metros de comprimento e quatro casas. A partir de uma foto do alto, fundida com o cenário, é possível dar idéia de uma extensão maior. As imagens das cenas da novela são trabalhadas em computador A mais recente produção de época da Rede para encaixarem Globo é “A invenção do Brasil”, minissérie de com as fotos, por Guel Arraes que deve estrear justamente em fusão ou por corte. abril, para as comemorações do Descobrimento. Mas sempre que Ao contrário das produções de época em que entra uma imagem se pretende recriar a História, nessa a idéia é gravada, seus justamente reinventá-la, conta a diretora de primeiros frames arte Lia Renha. “Nesse trabalho, não buscamos são descoloridos. a verdade, mas as interpretações da História. O mesmo recurso O Brasil ficou anos abandonado e quando tem sido usado para resolveram voltar, no século XVIII, começaram simular o parreiral a surgir obras de arte absolutamente malucas do personagem sobre o Brasil. Muitos pintaram quadros sem Bartolo (Antônio nunca ter vindo para cá. É por isso que muitos Calloni). Como a “A invenção do Brasil”: estréia em abril. índios eram pintados com traços de negros e emissora não tinha vestindo saias gregas. O Brasil era a imagem do tempo de produzir paraíso, por isso fomos buscar a imagem daqueles que o viam de fora.” uma plantação real de uvas nem Parte das gravações foi feita em Portugal, onde a arquitetura da época está pouco para viajar, usou fotos antigas e presente. “Em Parati (RJ), temos mais elementos do que em Óbidos (PA), por sempre que o ator está trabalhando exemplo, que já está muito alterada”, acrescenta. A minissérie foi gravada em em seu sítio a imagem geral é uma HDTV, assim como “A muralha”, e deve passar por um processo longo de pósfoto preto e branco e a câmera fecha produção. Sob a responsabilidade de Gerald Kohler, a trama receberá efeitos para o ator, que tem duas ou três especiais e tratamento de imagens. arvorezinhas em volta.

Quando a história é idealizada

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Desbravadores da banda larga Um novíssimo mercado assanha produtoras, provedores e distribuidoras: a produção de conteúdo multimídia para a Internet. Além do uso de diferentes tecnologias, a valorização de profissionais já é realidade no mundo da rede.

A Internet de banda larga ainda vive seu período seminal no Brasil. Falar em número de usuários é um perigo, as estimativas são tortas. O presidente da Abranet, a associação brasileira de provedores de acesso, Antonio Tavares, afirma não existir um dado confiável.

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O chutômetro de outras fontes ouvidas aponta: seis mil assinantes é muito. Pouco, se comparado ao universo de internautas da banda estreita, batendo na casa dos quatro milhões. Mas o suficiente para atrair a atenção de desbravadores do conteúdo multimídia na Internet tupiniquim. Em maio do ano passado, a criação de um portal multimídia era apenas uma idéia na cabeça do pessoal da LabOne. Quatro meses depois estava no ar o MediaCast. Considerado um dos pioneiros. “Eu ainda me sinto como um bandeirante. A referência básica para se produzir este tipo de conteúdo é a TV, mas você tem de desenquadrar a TV. Você não pode ignorar que a Internet é mais ativa. Nela existe a escolha e a relação com o tempo também é diferente”, revela Marcos Lazarini, diretor de conteúdo do MediaCast. As páginas do site são

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completamente vivenciadas para quem tem banda larga, mas o usuário de banda estreita também pode navegar pelo conteúdo multimídia. São oferecidas três opções de velocidade: 28 kbps, 200 kbps e pelo Ajato (o provedor da TVA oferece acesso por cable modem). Não é preciso baixar o arquivo para assistir. A transmissão de áudio e vídeo é feita em tempo real. Para usar o chamado streaming é preciso um plug-in, o Windows Media Player. É grande a dificuldade do uso de vídeo na Internet em banda estreita. Dependendo da estrutura da rede, se houver afunilamento a imagem congela. “Quem trafega com 20 kbps recebe dez frames por segundo. Na banda larga codificado a 200 kbits, são 17 frames por segundo”, diferencia Lazarini. Na TV, são 30 frames por segundo. A resolução é outra pedra no sapato. A janela de exibição tem de ser pequena porque o sinal de vídeo é bastante comprimido. Ampliar a janela significa piorar a resolução. Mesmo com todos os percalços, os resultados já começaram a aparecer no final do ano passado. Nas finais do Campeonato Brasileiro, exibiram numa série de jogos os bastidores dos trabalhos de transmissão da rádio Jovem Pan AM. “Nós registramos 40 mil usuários nas quatro partidas. Nas duas últimas a Ford anunciou conosco”, comemora Lazarini.

menu variado As possibilidades de formato de programas são grandes. Recentemente, o portal exibiu a cerimônia que marcou o processo de fusão Rhodia/Hoescht para 12 capitais da América Latina. Quem tivesse acessado o site e as pessoas que estavam em cada um dos auditórios tinham a possibilidade de fazer perguntas. Uma espécie de grande videoconferência aberta. O menu do MediaCast é variado.


O sinal da programação do Canal Universitário é replicado em tempo real. É possível acompanhar também o trailer de peças de teatro que estão em cartaz em São Paulo e também de filmes. Dois boletins noticiosos são colocados na rede todos os dias. A característica de rádio também está presente. O canal da gravadora BMGV está lá, assim como a coluna do veterano jornalista Carlos Brickman. A maior parte do conteúdo é produzida dentro da MediaCast. Três atualizações são feitas diariamente, mas os canais seguem outra periodicidade. São 50 pessoas trabalhando na redação do portal. sessenta por cento deles é o que se chama de produtores de conteúdo. “Nós não usamos webmaster. São os produtores mesmo que criam e atualizam, inclusive áudio e vídeo, mesmo sem saber HTML (linguagem de programação de páginas na web)”, confidencia Lazarini. A estrutura de produção é bastante razoável. Existem duas equipes de externa, duas ilhas não-linear e uma de corte seco em Beta, dois estúdios onde são gravados os boletins (um deles, o maior, em breve entra em operação). Todo material é captado em Beta e digitalizado na finalização. A linguagem do conteúdo multimídia segue a mesma preocupação básica de qualquer coisa que se lance na rede: deve ser curto. As peças de vídeo têm entre 40 segundos e um minuto. Os boletins noticiosos chegam a ter dez minutos, mas são oferecidos de forma segmentada. Assim, apenas conteúdos “frios” recebem uma edição mais elaborada. Há espaço para peças maiores, mas é um expediente pouco usado. “Um show, uma palestra, isto pode ser alojado na íntegra. Nós também já fizemos uma entrevista com o diretor teatral Antunes Filho que foi para o ar com 12 minutos”, conta Lazarini. Com seis meses de vida, o portal começa entrar na fase de colher resultados. “Hoje, as nossas contas estão equilibradas. Mas como este

mercado é dinâmico, é preciso sempre manter investimentos”, afirma Lazarini, que não revela o montante investido no negócio, nem a receita publicitária. O desafio no momento é convencer o mercado publicitário que page views (número de visitas que um site registra) não é uma boa medida. O argumento é que o registro da visita não revela o tempo de permanência. O internauta pode tanto entrar e sair rapidamente, como entrar e ficar navegando um bom tempo. O que está em jogo é o tempo de exposição. “Nós estamos usando um novo parâmetro que os anunciantes começam a aceitar: no

A demanda por conteúdo é crescente. O momento é considerado propício para investir.

MediaCast, a cada dez segundos, durante 24 horas, alguém pede um vídeo”, conta Lazarini.

novos negócios A demanda por conteúdo multimídia para Internet é crescente e está fazendo surgir novas empresas da noite para o dia. O momento é considerado propício para investir, mas sem a perspectiva exata do tempo para o retorno. Aliás, o que já parece ser um axioma dos negócios digitais. A produtora paulistana TV1, do jornalista Sérgio Motta Mello, é uma das pioneiras que está fincando

bandeira no território da banda larga. A TV1.com, uma nova empresa, destacada da TV1, acaba de ser criada e já tem dois grandes clientes, sendo que apenas um, o provedor de acesso Terra, pode ser revelado. Aliás, como estamos em pleno início da corrida do ouro e o cenário é extremamente dinâmico, as negociações são cada vez mais sigilosas. O embrião da TV1.com surgiu há quatro anos, quando a produtora começou a criar para Internet. Hoje, a estrutura envolve 50 profissionais, entre web designers, redatores, editores e produtores. A empresa, que acaba de adquirir 50 novos computadores, servidores e ilhas de edição não-linear, prevê investir R$ 500 mil neste ano. Mas Motta Mello, que tem se dedicado quase exclusivamente ao novo negócio, avisa sem disfarçar entusiasmo: “Dependendo da demanda, este valor pode até dobrar. A banda larga deve explodir quando o acesso for possível através do celular, o que deve ocorrer no ano que vem. Com certeza a TV1.com vai crescer mais rapidamente que a TV1”. O provedor de acesso Matrix, de Florianópolis, mais dedicado ao mercado corporativo, também está se habilitando na onda de desbravadores. Os executivos da empresa estão negociando uma parceria com uma agência de notícias internacional e uma grande emissora de TV para a cessão de material para alimentar um site dedicado à cobertura das Olímpiadas de Sidney. “A idéia não é transmitir um jogo inteiro. Mas mostrar os melhores lances, os gols, a corrida de 100 metros”, revela Luiz Gustavo Dutra, diretor de marketing e comercial do Matrix. O investimento no projeto Olímpiadas deve chegar há R$ 800 mil, uma cifra nada desprezível, já que é um site sazonal. E há uma explicação para apostas tão elevadas. A capacidade de gerar

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novos negócios da empresa ganhou novo fôlego no final do ano passado. Parte do Matrix foi vendida à norteamericana Primos Telecom, que detém agora 51% do capital.

desbravadores Se tudo der certo, a redação do portal dedicado às Olímpiadas (ainda não tem nome oficial) vai ser em Florianópolis, mas a produção será terceirizada, provavelmente para uma produtora de São Paulo. E as Olímpiadas são apenas o primeiro passo. O Matrix contratou a VJ Sabrina para apresentar um programa que será feito exclusivamente para ser visto na tela do computador. “Por enquanto, nós estamos pensando só no investimento. Nós não temos um plano de negócios fechado, mas com certeza o retorno demora”, pondera Dutra. O diretor do Matrix gosta de citar uma pesquisa do Gartner Group, para avaliar e sonhar a realidade brasileira. “Até 2003, o mercado americano vai se dividir em metade banda larga e metade banda estreita. Por aqui, com certeza vai demorar mais tempo, mas deve ocorrer a mesma coisa.” A demanda por áudio e vídeo na rede abre caminho também para

Os desbravadores de conteúdo têm estratégias agressivas porque sabem que os pioneiros aparecerão para o mercado.

quem tem enormes acervos. A distribuidora carioca Synapse deve colocar no ar nos próximos dias um site recheado de pequenos documentários e curtas de animação, produções nacionais e estrangeiras. Resultado de dez anos de atuação no mercado. São mais de cinco mil vídeos, cujos direitos de exibição estão sendo negociados para que também possam ser vistos na Internet. A Synapse também pretende abrir as portas para receber novos vídeos, pagando os devidos royalties por isso. No começo, o internauta interessado na exibição do material oferecido pelo portal da Synapse (não foi batizado ainda) não vai pagar nada. Mas isso deve mudar. “Nós pretendemos ter

retorno através de pay-per-view e publicidade”, afirma David França Mendes, diretor do projeto de Web TV da Synapse. A empresa não trabalha com a hipótese de download dos arquivos, somente com a exibição de áudio e vídeo em tempo real. “O download é complicado e demorado e consome muita memória. Um curta de cinco minutos ocupa quase um disco rígido inteiro”, avalia. Os desbravadores do conteúdo de banda larga têm estratégias agressivas, querem marcar posição rapidamente, porque sabem que os pioneiros serão mais facilmente identificados pelo mercado. E é preciso se capacitar para produzir vídeo para Internet, um mercado novíssimo e de proporções incalculáveis. Os olhos deles vislumbram um futuro próximo, cheio de possibilidades. O acesso será pela TV digital, celular, ou pelo PC. Certo mesmo é que mais cedo ou mais tarde vai acontecer. Transformando os portais de conteúdo multimídia numa espécie de nova TV, mais disposta a atender aos anseios do internauta-telespectador.

Migração profissional

Mônica Teixeira

Uma nova guerra acontece no mundo virtual. A guerra do conteúdo. E os efeitos desse bombardeio começam a atingir o mundo real. Os provedores de acesso à Internet, agora chamados de portais, estão buscando nas redações de jornais e nas emissoras de TV profissionais capazes de preencher o conteúdo da rede. Depois da valorização dos especialistas em tecnologia e dos 44

web designers, agora é o passe dos jornalistas que está cotado a peso de ouro. “O jornalista é quem faz o conteúdo. Esta descoberta está aumentando o mercado para estes profissionais e inflacionando muito os salários, isso é inevitável”, analisa Toninho Rosa, presidente da Dainet, a primeira empresa especializada em mídia interativa no Brasil. O fenômeno é recente. O anúncio da compra da Time Warner

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Beto Costa


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pela AOL foi um aviso importante para o mercado mundial. Com a criação de uma empresa gigante de telecomunicações, o mundo percebeu a necessidade de ter, além de tecnologia, um bom conteúdo. Depois, vieram os acessos gratuitos. O preço da mensalidade deixou de ser a arma mais importante na disputa por internautas fiéis. Em poucas semanas, houve uma reviravolta no mercado. Uma migração de jornalistas para a web. Este movimento migratório começou pelas redações de jornais e revistas. A rede queria texto. Agora, atinge as emissoras de televisão. A rede quer texto e imagem.

hipermídia Há quem acredite que os jornalistas de televisão são os mais preparados para preencher o conteúdo da Internet do futuro, a rede de banda larga que vai permitir a transmissão de dados, vídeo e som em alta velocidade.

O primeiro jornalista de TV a perceber o potencial do computador foi Celso Freitas. Há quatro anos, ele criou o “Hipermídia”, programa exibido no canal a cabo GNT, da Globosat. O objetivo inicial era desvendar os mistérios do computador pessoal que muitos pensavam ter chegado para substituir a máquina de escrever. Freitas enxergou o futuro e começou, da sua maneira, a fundir a tela do computador com a da televisão. “A idéia nasceu há mais de dez anos”, conta Freitas. “A partir do momento em que o computador ganhou ferramentas multimídias eu imaginei que a televisão precisaria dele”. O programa começou falando sobre CDROMs e hoje, com a Internet, assunto é o que não falta. Além da TV, o “Hipermídia” virou programa de rádio na CBN e um site na Internet. No site do Hipermidia (www.hipermidia.net) o internauta encontra informações mais detalhadas

sobre as reportagens veiculadas no rádio e na TV. Por enquanto, é só isso. Freitas adianta que está em negociações com um portal para lançar um novo site em breve. “Vamos transformar o ‘Hipermidia’ em um canal completo de informação pela Internet, uma nova mídia.” Ele está de olho na banda larga. Para isso, a empresa Hipermídia, uma produtora com 30 funcionários, vai ter de crescer: “Eu preciso ampliar minha empresa, multiplicar por dez para não ser atropelado”, diz Freitas.

em banda larga A estimativa de investimento em sites no Brasil é de US$ 3 bilhões este ano, segundo dados fornecidos pela Dainet. A pergunta que todos fazem é: como vai ser a Internet do futuro? Mas é preciso se perguntar também: qual vai ser o perfil desse novo profissional? Ninguém tem a resposta, mas muita

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gente quer participar desta revolução tecnológica. “O Brasil ainda não está preparado para este novo mercado, assim como os Estados Unidos também não estão. Ninguém sabe ainda como lidar com a interatividade” analisa Toninho Rosa. Há dez anos, ele escreveu o livro “Atração global”, onde construía a teoria de que as mídias deveriam ser atrativas para o mundo inteiro. “Isso se confirmou. É preciso entender que é para o mundo que eu vou mandar informações, não mais para a minha cidade ou para o meu país.” Esta condição muda completamente os parâmetros do jornalismo atual. Ele acredita que os profissionais de TV têm pré-requisitos para entrar na era da banda larga, mas é preciso ter interesse em tecnologia e começar a lidar com a interação. “É uma tendência. Os profissionais de TV vão migrar para a Internet”, argumenta Rosa. “O perfil desse profissional é novo. Ele precisa ter experiência de conteúdo editorial e experiência em TV”. A opinião é de Sérgio Motta Mello, diretor geral da produtora TV1. “Teoricamente, os profissionais de TV estão a meio caminho da Internet de banda larga. Eles aprenderam que a imagem é informação. Além disso, o texto da Internet é mais próximo ao da TV.” Mello já foi repórter da Rede Globo. Quando fundou a TV1, a empresa tinha três divisões: vídeo, eventos e produtos digitais. Esta última cresceu tanto que acaba de virar uma nova empresa, a TV1.com, da qual Mello é presidente. A TV1.com está desenvolvendo um projeto em banda larga para o Terra/Zaz e aposta todas as fichas na inovação. “É preciso construir peças ricas que permitam viagens ao gosto de cada um”, diz. “O novo profissional tem de estar aberto para a inovação.”

a rede quer ibope Mas não é só a experiência profissional que está em jogo. Os provedores correm atrás de rostos famosos para atrair mais internautas. A rede, agora, precisa de audiência: “Só os provedores que congregarem maior audiência vão

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Profissionais de TV têm pré-requisitos para entrar na banda larga, mas é preciso ter interesse em tecnologia. sobreviver”. prevê Freitas. A apresentadora da MTV, Sonia Francine, recebeu quatro convites de trabaho na Internet em apenas uma semana. Fechou um acordo com a AOL e estreou no dia 16 de fevereiro o “Sitio da Soninha”. A Internet, depois de ser anônima no mundo inteiro, está atrás de caras famosas, os portais querem audiência”, conclui a apresentadora. Com a contratação de Soninha, a AOL pretende conquistar o público jovem, o telespectador da MTV. O “Sitio da Soninha” - o nome é uma brincadeira com o termo americano site - oferece um cardápio jovem dividido em cinco sessões fixas, atualizadas semanalmente. São dicas de livros, filmes, discos, espaço para sugestões e opiniões dos internautas. Soninha, que é mediadora de um programa de debates na MTV, o “Barraco”, estuda a possibilidade de criar um espaço de discussão em tempo real. “O que me move é poder falar coisas que não cabem na TV por falta de tempo.” Ela recebe na MTV cerca de 70 e-mails por dia e passa de duas a três horas respondendo a todos eles. “As pessoas escrevem porque me viram na TV, mas elas querem aprofundar os assuntos”, explica Soninha. Além de apresentar o programa de economia “Conversa afiada”, na Rede Cultura, o jornalista Paulo Henrique Amorim conversa com entrevistados na Internet. Ele tem um site hospedado no portal Terra que traz as principais notícias econômicas do dia, as cotações do mercado financeiro e entrevistas on line.

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Todos os dias, às seis da tarde, Amorim faz entrevistas em tempo real na Internet sobre o principal assunto da economia. A idéia foi do próprio jornalista que, depois de passar quatro meses dentro de casa para se recuperar de um problema de saúde, descobriu como usar a Internet de uma forma diferente. “Eu tinha uma relação muito utilitária com a Internet, usava exclusivamente para o trabalho, eu não brincava na rede.”

mudança de comportamento Depois de se tornar um internauta, Amorim percebeu que o futuro profissional estava na rede. “A televisão é uma mídia burra e autoritária”, argumenta. “É um veículo controlado pela publicidade e pelo diretor de programação. E o telespectador é passivo, só pode fazer duas coisas: comer batatas fritas e usar o zapping”, brinca Amorim. A experiência na Internet mudou o seu comportamento. “O chat ajudou a desmitificar o meu papel e o do entrevistado. Você fica no mesmo nível da pessoa que entrou na sala de bate-papo para fazer perguntas.” O atual site de Paulo Henrique Amorim é a entrada para a Internet. Ele está desenvolvendo com o Zaz um projeto mais ambicioso na área de economia e com o máximo de interatividade. O resto é segredo. Jornalistas, web designers, provedores estão diante de um grande desafio. Criar a Internet de banda larga ao mesmo tempo que o resto do mundo (leia matéria na página 50), sem modelos a seguir. “Vai ser um processo de tentativa e erro. Eu acho que, da mesma maneira que a televisão nasceu do rádio, reproduzindo o rádio, no começo vai haver a tentação de fazer televisão na banda larga.” As opiniões são diversas. E só o futuro dirá quem tem razão. Mas o futuro vai chegar com a velocidade da banda larga, ou seja, muito em breve. Para entrar nesse mercado, é bom se apressar. “É um desafio e eu quero participar disso”, diz Amorim.


s e m i n á r i o Fernando Lauterjung

internet em pauta

Seminário sobre Internet em alta velocidade levantou questões quanto ao futuro da produção de conteúdo e da convergência.

Quando chegou ao usuário residencial brasileiro, no segundo semestre de 99, o acesso broadband à Internet trouxe consigo questões importantes. O seminário Converge/ Teletime/Pay-TV/Tela Viva “Internet em alta velocidade - A nova cara da rede mundial”, realizado em São Paulo nos dias 22 e 23 de fevereiro, reuniu analistas, acadêmicos, fabricantes de equipamentos e provedores de conteúdo e de acesso para mostrar o que já foi feito até agora e discutir o futuro da Internet. A capacidade de transportar grandes volumes de dados com um tempo de resposta pequeno é a explicação mais curta para o que

é broadband. Segundo José Carlos Henrique Alves, do provedor Ajato, “A velocidade não é o produto, mas um meio de fornecê-lo com melhor qualidade”, referindo-se ao conteúdo. Pela capacidade da rede de transmitir vídeo em streaming, não há como não compará-la com a televisão. Mas há uma grande diferença, na Internet é possível interagir. Para Marcos Lazarini, diretor de conteúdo do portal MediaCast, a Internet em broadband “não é rádio, não é televisão e não é a Internet como conhecíamos”.

o mercado Por enquanto, a banda larga não tem um número de assinantes expressivo. Devido ao custo, somente as classes mais abastadas têm acesso. “Mas atinge o principal mercado consumidor”, garante Jon Weber, do banco Chase. Segundo Luiz Carlos Lobo e Vladimir Barbieri, dos provedores Vírtua (Globo Cabo) e Speedy (Telefônica), respectivamente, o número de usuários está dentro do esperado.

Não há a obrigação de atingir o maior número de pessoas, pois canais segmentados podem saciar grupos específicos para produtos específicos. Para Leila Loria, CEO da TVA/Ajato, na Internet um número muito pequeno já justifica um programa ou um serviço. O que importa é que atinja o público-alvo. Os publicitários, diz ela, precisam aprender a criar para a banda larga. Os provedores de conteúdo também terão muito o que aprender. O internauta se mostra muito mais seletivo do que o telespectador, pois a variedade de web sites é muito maior do que a de canais televisivos. Segundo Sérgio Motta Mello, diretor da produtora TV1.com, “o internauta não quer ver o que nós queremos que ele veja. É preciso sair do achômetro e descobrir quem é esse internauta”. E Marcos Lazarini completa: “Na Internet não há linearidade de tempo. O acervo precisa ser on demand”. Ficou evidente, pelos participantes do seminário, que as dificuldades para fazer a instalação do serviço na casa do assinante são um obstáculo. TVA, Telefônica e Globo Cabo admitiram que a rede dentro da casa do assinante quase sempre precisa ser refeita. Outro grande problema é o número de computadores desatualizados encontrados nas casas dos possíveis assinantes. A Telefônica, para fazer a instalação do serviço Speedy, envia dois técnicos, que fazem uma análise prévia do local: um vai avaliar a eficiência do ADSL (modem digital que usa a linha comum para transmitir em alta velocidade) e outro vai verificar o estado da casa e do computador do possível assinante. Segundo Luiz Carlos Lobo, diretor de operações do Vírtua, estas dificuldades estavam previstas para o começo da operação. “Quando os problemas estiverem solucionados, a curva de crescimento será geométrica.” Luiz Fernando Baptistella, diretor de engenharia da Globo Cabo,

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explica que para entrar na casa do assinante a Globo Cabo armou uma equipe que funciona como uma “SWAT”, fazendo uma verificação geral nas conexões de TV a cabo e no micro do usuário.

conteúdo O conteúdo em banda larga é mais um setor para o mercado de produção de vídeo. Mas não adianta colocar alguns vídeos em uma página já existente. Adaptar o antigo conteúdo para o broadband pode ser perigoso. Tão importante quanto a infra-estrutura é a entrega de conteúdo bom e diferenciado. As transmissão de shows e de eventos em vídeo podem ser um bom negócio. O UOL já transmitiu os shows dos grupos Ira!, Los Hermanos e Pato Fu e conseguiu picos de mais de 30 mil requisições. O MediaCast, que produz in house 80 % do que veicula, optou por usar formatos de produção simples, para manter a variedade. “Para satisfazer

convergência entre redes telefônicas, a demanda de diferentes grupos, é televisivas e a própria “Internet 1” necessária a produção em massa, e deve ficar ainda mais fácil. não de massa”, explica Lazarini. Wilson Ruggiero, coordenador das Na opinião de Sergio Pretto, pesquisas em Internet 2 na Poli/ da Terra Networks Brasil, USP, diz que as comunicações que terceirizar a produção é uma boa exigem banda larga e interação em maneira de diminuir os custos. tempo real serão tratadas de forma “Desenvolvimento próprio custa diferenciada, de maneira a garantir caro pelo nível de especialização a qualidade. “A morte das distâncias exigida.” causa implicações Para Caio Tulio na forma Costa, do UOL, como fazemos onde iniciou estudos negócios”, opina em 91 apostando terceirizar o coordenador. na popularização da “Pequenas empresas Internet, “o custo a produção do conteúdo está é uma boa maneira poderão oferecer serviços que só as nos direitos autorais. de diminuir custos. grandes poderiam.” Na banda larga a A conclusão tecnologia não é tão é que a rede cara do que era é um meio de antes distribuição de de sua chegada”. mídias antigas e novas e que, Com a Internet 2, projeto de segundo Max Alvin, diretor da desenvolvimento de novos protocolos TV Online, “todos nós estamos de comunicação com mais velocidade estudando, não há um modelo e qualidade, ainda em teste em a seguir”. várias universidades do mundo, a

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p u b l i c i d a d e Paulo Boccato

Empresas inauguram rede de negócios via cabo, interligando clientes, agências de publicidade, fornecedores e veículos.

A Internet em alta velocidade já chegou ao mercado publicitário brasileiro. Entra em operação, ainda neste mês de março, a TransBurti Network (TBN), uma ferramenta de trabalho que vai possibilitar maior agilidade no cotidiano de empresas e profissionais ligados ao mundo da comunicação. Resultado de uma associação entre a Editora Gráficos Burti e a Impex Comunicação Interativa, a TBN é uma rede privada conectada por cabos de fibra óptica com grande capacidade de transporte de dados, disponibilizados por uma parceria com a empresa Netstream, recém-adquirida pela AT&T. A rede possibilitará que anunciantes, agências de publicidade, veículos de comunicação, fornecedores e profissionais integrem-se, de maneira muito rápida, em um mesmo ambiente digital de trabalho. Poderão ser trocados, em tempo real, dados de som, voz, imagem e vídeo em qualquer tamanho ou volume, a uma taxa inicial de 2 Mbs, cerca de 70 vezes mais rápida que uma conexão telefônica tradicional. O sistema é um ensaio para um futuro bem próximo: o mundo 52

virtual da Internet em banda larga. A expectativa da TBN é conectar cerca de 300 empresas nos primeiros 12 meses de trabalho, movimentando 30% dos negócios fechados pelo mercado publicitário, e dobrar esse número até o final de 2001. Inicialmente, poderão integrar o portal empresas de São Paulo, Rio de Janeiro, Alphaville, Campinas e Belo Horizonte, com expansão prevista em pouco tempo para Salvador, Curitiba, Brasília e Porto Alegre. O funcionamento da rede é bastante simples. Em cada uma das empresas associadas será instalada uma única conexão de cabos na rede local, que poderá abastecer até 50 máquinas; o download do kit de acesso será feito pela própria rede, rodando em qualquer plataforma. A instalação técnica sai a custo zero e a mensalidade pelo uso da TBN será de R$ 499, mais ICMS. O ambiente de navegação pelos serviços, desenvolvido com a parceria da Informix, está dividido em nove canais, onde o usuário poderá se comunicar, pesquisar e transportar dados e realizar negócios.

canais Pelo canal de Comunicação Total, será possível contatar qualquer profissional ou empresa participante da TBN, através de e-mail, conferência de voz on line com até quatro participantes e voice mail. Na Agenda Inteligente, empresas e profissionais poderão ser localizados segundo vários critérios, como nome, cargo ou atividade profissional. Esse

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canal permitirá também que se acessem bancos de imagem e som, books de agências de casting e profissionais, além de outros arquivos de áudio e vídeo, com maior resolução e rapidez do que pela Internet atual. No Mídia Market, estarão disponíveis kits eletrônicos, com tabelas de preços, formatos, prazos, índices de circulação e outros dados, facilitando o trabalho dos mídias. No canal de Arquivos de Referência, será possível acessar e armazenar peças publicitárias de todo o mundo. Um dos canais, o New Media Lab, servirá como laboratório para os novos formatos de mídia interativa que surgirão com a popularização da banda larga. Além destes, serão disponibilizados canais de notícias, lazer, pesquisas de mercado e serviços pessoais, como compras, homebanking e agências de viagens. Os recursos de multimídia estarão disponíveis para que cada usuário escolha o ambiente de trabalho digital que melhor lhe convier, com som, imagem, dados e informação balanceados segundo critérios individuais. A troca de dados entre os participantes será feita unicamente através de servidores próprios, garantindo a segurança dos usuários. Segundo Sérgio Chilvarguer, sócio da Impex e idealizador da rede, a idéia da TBN surgiu há cerca de cinco anos, mas só agora apareceram os meios tecnológicos para viabilizá-la. “Na ocasião, trabalhávamos em parceria com a Casa do Vaticano e acompanhávamos


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PU B L I C I D A D E

o funcionamento do TransBurti, um sistema de conexão entre empresas via microondas disponibilizado pela Gráfica Burti. Esse sistema não funciona como um portal, sendo apenas um método de transferência de arquivos, onde o usuário necessita de uma Silicon para recebê-los. Tivemos então a idéia de criar uma interface, onde os dados pudessem ser acessados via browser, pela rede local”, explica. O problema é que, para estender o sistema a um grande número de usuários via microondas, o investimento seria gigantesco. “O microondas funciona por visada direta e um par de antenas custa em torno de US$ 160 mil, o que inviabilizaria qualquer possibilidade da formação de uma rede pública, onde todos pudessem participar”, conta Chilvarguer. Com a chegada das empresas de fibra óptica no país, em 1998, com boa performance de transporte de dados a um custo acessível, o projeto começou a se tornar realidade. Quando

a TBN começar a funcionar, a idéia é transferir as antenas receptoras do sistema TransBurti atual para empresas situadas fora do perímetro de alcance dos cabos, possibilitando a integração destas à rede. “Como trabalhamos há muito tempo no mercado publicitário, desenvolvendo sites e CD-ROMs, temos uma clara noção de suas necessidades, do stress dos prazos apertados e dos problemas de comunicação, e esperamos que a TBN venha a resolver essas dificuldades”, diz Chilvarguer.

potencial Peter Carloni, responsável pela produção da agência Neogama, uma das usuárias já cadastradas na TBN, considera que o sistema é um grande laboratório para preparar o mercado brasileiro para a chegada da TV interativa. “Você tem um grande potencial para explorar novos formatos de venda. Será possível, por exemplo, clicar sobre um anúncio e, imediatamente, acessar os serviços

disponibilizados pela empresa anunciante. Isso nos dará uma grande bagagem criando uma mídia muito mais personalizada do que hoje, em que você joga uma informação e, às vezes, não tem como saber para quem ela está chegando”, acredita Carloni. Ele aponta outras vantagens do sistema: “Nós poderemos baixar imagens de um banco de dados em baixa resolução para trabalhar layouts, por exemplo, em tempo real, já sabendo se aquela imagem vai estar disponível ou não para uma determinada mídia. Além disso, vamos ganhar muito tempo no transporte de materiais, evitando o leva-e-trás entre agência, clientes e fornecedores”. O trabalho dos mídias também ganhará um reforço. “Esses profissionais trabalham com dados que variam, às vezes, no mesmo dia. A TBN vai possibilitar um acompanhamento upto-date dos dados do mercado, criando inclusive a chance dos veículos terem tabelas mais flexíveis”, aposta Carloni. “A rede foi criada para os mídias. Na

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verdade, vai funcionar quase como um mercado de capitais, onde as tabelas de preço vão variar a todo momento”, diz Guime, diretor de arte da DPZ. “Se todo mundo entender o funcionamento da rede, haverá uma revolução nos métodos de trabalho, acabando com figuras nocivas como o atravessador. Além disso, funcionará bastante como laboratório criativo, onde nosso trabalho estará sendo avaliado por um público altamente crítico e qualificado.” Entre os fornecedores, a aposta é utilizar a rede para aprimorar os serviços prestados. A TBN vai facilitar muito nossa comunicação com os clientes, criando um sistema de ramais entre várias empresas. Nós ganhamos também uma ótima ferramenta de busca, de pesquisas em banco de imagens, para nosso trabalho de criação”, afirma Alon Sochaczewski, diretor de criação da EuroInteractive, agência de comunicação interativa. “Eu não vejo tanto a rede como possibilidade para gerar novos negócios, já que as maiores empresas do mercado

publicitário já são nossos clientes, mas como uma possibilidade de dar mais qualidade nos serviços que prestamos”, opina Chico Lowndes, diretor de uma nova empresa, ainda sem nome, que surgirá da união dos serviços das empresas Rep, agência de fotógrafos, e Superstudio, de produção fotográfica, com a representação no Brasil do banco de imagens internacional Photonica e de um novo banco de imagens inteiramente voltado para as necessidades do mercado latino. “Esses serviços serão exclusivos da rede, atrelados a uma ferramenta de busca poderosa e pensados para uma capacidade de transporte de dados em alta resolução. Se dependêssemos apenas da Internet tradicional, não poderíamos prestá-los com a mesma

Páginas simuladas da TBN.

qualidade. O usuário poderá baixar imagens com resoluções variadas, montando layouts bem próximos do que será o produto final”, conta. Lowndes faz uma comparação interessante dos novos tempos que estão surgindo com o mundo da banda larga. “O período de produção de um catálogo nos moldes tradicionais, entre a captação das imagens e a disponibilização para o mercado, era de cerca de oito meses. Com a nova rede, esse período baixa para 48 horas”, conclui.

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e q u i p a m e n t o s Emerson Calvente

TRIPÉS:

A SUAVIDADE DE MOVIMENTOS Colocado em segundo plano nos orçamentos de compra de equipamentos, o tripé é o acessório mais utilizado numa gravação, seja com câmeras leves ou pesadas. Somente um bom conjunto (cabeça, tripé e acessórios) pode garantir um movimento de câmera perfeito.

Na década de 30, o italiano Renato Cartoni, diretor técnico da famosa Cinecittà, em Roma, completamente insatisfeito com o tipo de equipamento disponível na época, desenhou a primeira cabeça giroscópica. Imediatamente, esta cabeça foi adotada como suporte padrão pela maioria dos diretores de cinema daquele tempo. Na década de 50, o operador de

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câmera alemão Wendelin Sachtler, também não satisfeito com o equipamento disponível, começou a criar produtos para uso próprio. Hoje, 70 anos após Cartoni e 50 após Sachtler, é quase impossível sentirse insatisfeito com os equipamentos disponíveis no mercado (a não ser pelos preços!). A tecnologia e a engenharia aplicada desenvolveram-se muito. Várias companhias surgiram desde então: a americana OConnor, a italiana Manfrotto, as brasileiras Mattedi e DMS, entre muitas outras. A adequação da cabeça e do tripé ao peso da câmera, é a primeira verificação a ser feita por quem vai adquirir um equipamento. Porém, outras características são também importantes, como a facilidade de acesso aos controles e a simplicidade de operação. As cabeças fluidas (fluid heads) permitem movimentos de câmera (panorâmicas e tilts) suaves, sem balanços ou vibrações. A alta viscosidade do fluido garante o ajuste do nível de resistência dos movimentos. Esse ajuste de resistência

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é absolutamente necessário para a perfeita realização de movimentos de câmera, portanto, é desejável que a cabeça fluida permita o máximo controle do operador. O equilíbrio (counterbalance), se ajustado corretamente, mantém a câmera parada em qualquer posição permitida pelo movimento de tilt, sem que o operador tenha que de travar a cabeça do tripé na posição desejada. O equilíbrio é obtido para cada câmera ou equipamento individualmente, ajustando-se a posição da câmera sobre a cabeça do tripé. Para tanto, é necessário considerar o centro de gravidade, ou seja, o ponto médio da somatória do peso de todos os elementos montados sobre a cabeça do tripé. Quando a câmera está balanceada, o seu centro de gravidade está exatamente abaixo do eixo da tilt. Assim como no ajuste do nível de resistência, também é desejável que o operador de câmera tenha total controle no ajuste do equilíbrio. Cada fabricante tem um sistema de ajuste próprio, patenteado. Alguns trabalham com ajustes préestabelecidos em escalas numeradas, outros, com ajustes “infinitos”. O alumínio e a fibra de carbono são os materiais geralmente utilizados na fabricação dos tripés. O alumínio é forte e durável. A fibra de carbono tem a mesma durabilidade, porém, é três vezes mais forte e quatro vezes mais leve que o alumínio.

cartoni Desde 1935 no mercado, pioneira no desenvolvimento de cabeças giroscópicas, a Cartoni, já lançou várias linhas de cabeças e tripés, como a série FL (descontinuada) e a família C. Atualmente, há sete modelos disponíveis, quatro para aplicações ENG e três para configurações EFP/estúdio. As cabeças mais utilizadas são a Gamma, para câmeras que pesam


até 13 kg; a Delta, para câmeras até 17 kg; e a C20S, até 25 kg. Há dois tripés standards indicados para estas cabeças: o standard ENG 622, para a cabeça Gamma, e o standard EFP 623, para as cabeças Delta e C20S. Ambos os tripés têm versões com um ou dois estágios, em alumínio ou fibras de carbono.

sachtler A Sachtler tem uma linha completa de tripés em fibras de carbono ou alumínio, cabeças fluidas e pedestais. Seu mais novo lançamento é a cabeça Video 25 Plus para HDTV, com sete níveis de ajuste de pressão vertical e horizontal e um sistema preciso de ajuste do equilíbrio. No segmento tripés, os lançamentos são o DV 2 D e o Speed Lock CF. O DV 2 D é um tripé tubular de 75 mm com dois estágios, que suporta as cabeças DV 2, DV 4, DV 4 XD e DV 8. O Speed Lock CF é um tubular de 100 mm com dois estágios e uma única trava por perna. Com este tripé, o operador de câmera economiza tempo, pois não tem de abrir as seis travas comuns nos tripés de dois estágios convencionais.

oconnor A OConnor oferece uma variedade de tripés e cabeças conforme a necessidade e o orçamento de cada cliente. Segundo Cláudio Martins Gaiarsa, sócio-proprietário da Canal Um, distribuidora oficial dos produtos OConnor no Brasil, as cabeças mais procuradas são a Ultimate 1030B e a 1030S, para câmeras entre 11 kg e 24 kg, e a Ultimate DV e DVS, para câmeras entre 7 kg e 15 kg. As primeiras aplicam-se melhor às câmeras dos formatos de gravação Digital Betacam, Betacam SX, SP, D-3/5 e 16 mm. A DV e a DVS são indicadas para os formatos DVCAM, DVCPRO e Betacam SX. Ambos os ajustes de resistência aos movimentos (panorâmica e tilt) e o ajuste de equilíbrio, são “infinitos”, ou seja, não há ajustes pré-definidos em escalas numeradas. Isto significa que é possível balancear a câmera com

absoluta precisão, sem depender de ajustes de fábrica. Cada cabeça fluida OConnor acompanha uma fita de vídeo que ensina como montar, usar os controles e ajustar corretamente o equilíbrio para conseguir resultados perfeitos. Entre os tripés mais vendidos estão o 25L de fibra de carbono, mais leve, para maior mobilidade. O 35B de alumínio, com a mesma durabilidade, porém, a um preço menor, e o 35L, fabricado parte em alumínio e parte em fibra de carbono, para orçamentos intermediários. Gaiarsa alerta para a importância de um bom conjunto câmera/tripé que proporcione equilíbrio, precisão e durabilidade: “Uma câmera de vídeo high end custa entre US$ 10 mil e US$ 15 mil, ou mais. Um tripé de qualidade, compatível com essa câmera, custa entre US$ 7 mil e US$ 10 mil. Essa é a dupla câmera/tripé que é utilizada nos países desenvolvidos”. Porém, algumas vezes, o orçamento do tripé é sacrificado em função de uma câmera melhor: “Como normalmente a câmera é um item técnico sobre o qual se concentram mais as atenções, os responsáveis pelas finanças forçam a barra para reduzir o orçamento”, lamenta Gaiarsa.

manfrotto O design de seus produtos sempre foi um dos maiores investimentos da italiana Manfrotto. Por muito tempo, o alumínio foi o material utilizado na confecção dos tripés, comprovando sua eficiência, durabilidade e facilidade de ser transportado. Porém, na busca de novas tecnologias e produtos, a fibra de carbono passou a ser utilizada na fabricação dos tripés e o magnésio na fabricação das cabeças. A Manfrotto criou uma mistura especial de resina e fibras de carbono que aumenta a estabilidade do tripé e impede que suas peças se desgastem. Segundo Célia de Mauro, gerente de vendas da Lumatek, distribuidora oficial dos produtos Manfrotto no Brasil, “uma das vantagens dos tripés Manfrotto é a possibilidade de TELA VIVA MARçO DE 2000

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e q u i p a m ent o s

se adequarem a vários modelos de cabeças, não ficando limitados a um só tipo de conjunto, adaptando-se às necessidades de cada profissional”. Os conjuntos Manfrotto mais procurados são: tripé 075B com cabeça 136 e tripé 058B com cabeça 501, para câmeras semiprofissionais. Para câmeras profissionais, os mais procurados são: tripé 351MBV com cabeça 116MK3 e tripé 350SH com cabeça 510. Os preços variam entre R$ 900 e R$ 3,5 mil.

nivelamento independente da posição das pernas do tripé, nível de bolha, engate rápido, dois manches de engate engrenado reguláveis, estrela de solo escamoteável e pintura eletrostática. Para Lucia Galletti, gerente comercial da Mattedi, “o modelo M30-S, por exemplo, é equiparado aos importados devido a precisão e a estabilidade que são garantidas quando exigidas”. Os preços dos tripés Mattedi variam entre R$ 800 e R$ 5 mil.

mattedi

dms

Há dez anos a empresa carioca Mattedi oferece suporte para câmeras. Os tripés Mattedi são confeccionados em duralumínio aeronáutico anodizado, uma liga especial de alumínio, que os torna leves e duráveis. O modelo M30S, indicado para câmeras que pesam até 30 kg, é composto de cabeça hidráulica, ajustes independentes de sete níveis de pressão vertical e horizontal, duas molas ultra-resistentes de compensação no movimento tilt, base em meia esfera possibilitando

A DMS é uma empresa nacional que há mais de sete anos pesquisa o desenvolvimento de equipamentos que sejam competitivos com os similares importados. Segundo Eduardo Soares, proprietário da empresa, “os tripés DMS são similares a outros modelos importados, dependendo da faixa em que a comparação é feita”. O modelo Vídeo 20 III, para câmeras que pesam até 8 kg, tem um duplo controle de fricção para os movimentos pan e tilt a fim de permitir um ajuste

preciso para o movimento desejado. O modelo Vídeo 80 III é equipado com uma mola mais forte que o modelo Vídeo 20 III no movimento tilt, permitindo sua utilização com câmeras de pesos superiores a 8 kg. Ambos os modelos são produzidos com peças totalmente nacionais e utilizam uma borracha autoatarrachante que permite uma boa aderência em superfícies lisas, tais como pisos encerados, mármores etc. “Todos querem ter um tripé com pernas de fibras de carbono, mas desistem logo ao verificarem os altos preços. Os tripés mais leves, com ligas especiais de alumínio ou magnésio e pernas de fibras de carbono, são em princípio indicados pela sua versatilidade e facilidade de transporte. Porém, muitos clientes compram esses tripés para utilizá-los em estúdio, onde praticamente ficam parados”, pondera Soares. Os tripés DMS são confeccionados em alumínio e custam entre R$ 1,8 mil e R$ 2,1 mil.

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F IQU E

POR

D E NTRO

CURTA PAULISTANO

G U A R N I C   D E S Ã O L U Í S

Até 14 de abril próximo, podem ser feitas as inscrições para a Semana do Curta-Metragem Paulistano do Centro Cultural São Paulo, promovida pela Secretaria Municipal de Cultura. A mostra acontece de 13 a 18 de junho, na Sala Lima Barreto do CCSP. Ao todo, 40 curtas serão selecionados, com duração de três a dez minutos, em 16 mm e 35 mm. A inscrição pode ser feita pelo diretor ou pessoas por ele autorizada. Cada diretor poderá inscrever até cinco filmes. Os documentos necessários são: o requerimento de inscrição, sinopse e ficha técnica do filme; curriculum vitae do diretor e cópia da cédula de identidade; o próprio filme. Informações pelo telefone (11) 3277-3611 r. 279 ou no CCSP, Rua Vergueiro, 1000.

O Festival Guarnicê de Cine-Vídeo, em São Luís (MA), chega a sua 23ª edição entre os próximos dias 17 e 22 de junho. Promovido pela Universidade Federal do Maranhão, através do Departamento de Assuntos Culturais da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis, o Guarnicê é uma das mais importantes vitrines do cinema cultural brasileiro. As mostras competitivas incluem curtas e médias em 16 mm e 35 mm, filmes Super-8, vídeo kid (para realizações de crianças até 13 anos), videoclipes e vídeos de um minuto de todo o Brasil, além de comerciais e reportagens de TV maranhenses. A programação do evento será estendida a várias regiões do Maranhão, com a realização de mostras itinerantes entre os meses de junho e novembro. Os trabalhos podem ser inscritos até 30 de março. Mais informações pelos tels. (98) 231-2887 e 232-3901.

VÍDEO NO MIS O Museu da Imagem e do Som de São Paulo está abrindo espaço em seu acervo e programação para vídeos brasileiros. O projeto chama-se Vídeos Inéditos e contempla todas as formas de expressão em vídeo, seja videoarte, documentários, ficção, publicidade, programas de TV, etc. Para inaugurar o projeto será realizada uma sessão de abertura no dia 21 de março, às 19h30, e de 22 a 26 do mesmo mês o MIS exibe os documentários “Caximbau” e “Karajás”, ambos da produtora Ultra Plus, de Niterói. Qualquer realizador que se interesse em mostrar seu trabalho ainda inédito em São Paulo pode contatar o setor de Vídeo do MIS, cujo telefone é (11) 881-4417.

CURTAS ALEMÃES De 16 a 26 de março, em sessões às 19h00 e 21h00, o Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS) exibe uma mostra de dez curtas alemães produzidos a partir dos anos 30. A exibição acontecerá no Auditório do MIS e conta com o apoio do Instituto Goethe.

FESTIVAL DE CURITIBA Encerram-se em 20 de março as inscrições para o 4º Festival de Cinema e Vídeo de Curitiba, evento promovido pela Araucária Produções Artísticas. A edição deste ano, que ocorrerá entre os dias 3 e 7 de maio na capital paranaense, terá como tema a integração entre as várias artes por meio do cinema e como homenageado o falecido cineasta Mário Peixoto, autor do célebre “Limite”. Centrado na formação profissional, com a realização de oficinas técnicas, e de platéia, com exibições especiais para crianças, o Festival de Curitiba terá estréias de filmes brasileiros e latinos, além de competições nos formatos de curta, médiametragem e vídeo, buscando a integração com as cinematografias dos países do Mercosul e de toda a América Latina. O melhor filme do festival leva, além do Troféu Pinhão, um carro 0 km como prêmio. Os interessados podem inscrever-se pela Internet (e-mail: fcvc2000@yahoo.com.br) ou ligar para (41) 322-6686.

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A G E N D A M Diretor e Editor Rubens Glasberg Editora Geral Edylita Falgetano Editor de Internet Samuel Possebon Editor de Projetos Especiais André Mermelstein Coordenador do Site Fernando Lauterjung Colaboradores Beto Costa, Hamilton Rosa Jr., Lizandra de Almeida, Mônica Teixeira, Paulo Boccato. Sucursal de Brasília Carlos Eduardo Zanatta e Raquel Ramos Arte Claudia Intatilo (Edição de Arte e Capa), Rubens Jardim (Produção Gráfica), Geraldo José Nogueira (Editoração Eletrônica) Diretor Comercial Manoel Fernandez Vendas Almir B. Lopes (Gerente), Patrícia M. Patah (Gerente de Contas Internacionais), Alexandre Gerdelmann (Contato), Ivaneti Longo (Assistente) Coordenação de Circulação e Assinaturas Gislaine Gaspar Coordenação de Marketing Mariane Ewbank Administração Vilma Pereira (Gerente); Gilberto Taques (Assistente Financeiro) Serviço de Atendimento ao Leitor 0800-145022 Internet www.telaviva.com.br E-Mail telaviva@telaviva.com.br Tela Viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - Rua Sergipe, 401, Conj. 605, CEP 01243-001 Telefone (11) 257-5022 e Fax (11) 257-5910 São Paulo, SP. Sucursal: SCN - Quadra 02, sala 424 - Bloco B - Centro Empresarial Encol CEP 70710-500 Fone/Fax (61) 327-3755 Brasília, DF Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Fotolito/Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. Ltda.

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16 a 24 Curso: “Formação em câmera”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 575-2909. E-mail: advideotech@cst.com.br.

18 a 25 Curso: “Introdução à câmera”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 575-2909. E-mail: advideotech@cst.com.br.

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20 a 24 Curso: “Edição não linear com

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10 a 14 MIP-TV 2000. Palais des Festivals, Cannes, França. Fone: (44-181) 910-7878. Fax: (44-181) 910-7813. E-mail: sandrine_treguer@midem-paris. ccmail.compuserve.com. Internet: www.miptv.com.

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11 a 26 Curso: “Edição linear com corte

E-mail: advideotech@cst.com.br.

25 a 27 14º Mostra de Vídeo Santo

27 a 1/4 IV Festival do Cinema

André. Fone: (11) 411-0132 / 0131. Fax: (11) 411-0140. Internet: www.santoandre.sp.gov.br.

seco, CG e efeitos”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 575-2909. 25 e 26 Curso: “Workshop de produção E-mail: advideotech@cst.com.br. executiva e direção de produção”. Luwa Oficina Integrada de Vídeo, São Paulo, M A I O SP. Telefax: (11) 251-4714. E-mail: luwa@uol.com.br. 16 a 21 IV Festival de Cinema e Vídeo 27 a 31 Curso: “Básico de iluminação”. de Curitiba. Fone/Fax: (41) 322-6686. E-mail: araucaria.producoes@avalon.sul.com.br. Espaço Cultural AD Videotech, São Internet: www.fcvc.webcine.art.br. Paulo, SP. Fone: (11) 575-2909.

Nacional do Recife. Fone/Fax: (81) 462 6330 e 462 4536. E-mail: festival@elogica.com.br. Internet: festivalcinema.cesar.org.br.

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3 a 13 Curso: “Iluminação publicitária”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 575-2909. E-mail: advideotech@cst.com.br.

7 a 16 5º É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários. São Paulo, SP. Fone/Fax: (11) 852-9601 e 852-5769.

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28 a 2/6 IV Seminário de Cinema e Televisão do Mercosul. Florianópolis, SC. Fone/Fax: (48) 222-6776. E-mail: panvision@panvision.com.br. Internet: www.panvision.com.br.

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1 a 5 TV Montreux 2000. Montreux, Suíça. Fone: (41-21) 963-3220. Fax (41-21) 963-8851. E-mail: message@symposia.ch. Internet: www.montreux.ch/symposia.


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