A importância das crianças

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A Importância das Crianças Parte A

Capítulo traduzido do livro Children Matter Publicado por Eerdman´s Publishing Co http://www.eerdmans.com 2/27/2013


Metáforas que moldam os ministérios com crianças Importância da criança! Elas tem grande valor para igreja de Jesus Cristo. Elas tem valor por quem elas são: seres humanos completos feitos à imagem e semelhança de Deus. Sem elas a igreja fica abandonada. Na verdade, a igreja pode ser igreja sem as crianças presentes? Escrevemos este livro porque amamos as crianças, e gastamos muito tempo pensando sobre os tipos de experiências que as igrejas podem proporcionar para elas. Gostaríamos de saber por que o ministério com crianças parece tão diferente em várias tradições da igreja. E também por que ele mudou tanto desde que éramos crianças. Você pensa sobre isso também? Possivelmente essas diferenças têm a ver com a percepção e suposição - nossas percepções e suposições sobre como as crianças aprendem e como se relacionam com Deus. Não costumamos usar esses termos, em vez disso, nós falamos sobre essas questões utilizando figuras de linguagem ou metáforas. É como ensinar "esponjas"? Como isso pode diferir do ensino de "peregrinos"? O ministério das crianças em nossa igreja parece um "carnaval". Mas não deveria ser mais parecido com a “escola”? Estas palavras - esponja, peregrino, escola, carnaval - são metáforas de situações no ministério infantil e podem nos ajudar a começar a identificar as principais diferenças entre nossas percepções e suposições. Se o objetivo do ministério das crianças é ajudá-las a conhecerem a Deus por meio de Jesus Cristo, amá-lo, obedecê-lo e segui-lo por toda a vida, responder às perguntas sobre as metáforas faz a diferença? A resposta é sim e não. Sim, porque a forma como lidamos com o ministério pode afetar as crianças, tanto quanto o que ensinamos a elas. E não, porque Deus, por meio do Espírito Santo pode agir em qualquer circunstância. Para estabelecer um entendimento em nossa conversa ao longo deste livro, este capítulo examinará metáforas comuns empregadas na fala utilizada no ministério infantil. Mas, primeiro, vamos olhar mais de perto o conceito de metáfora. Uma metáfora é simplesmente um recurso literário que utiliza analogia ou comparação que afetará nossa percepção de realidade. Metáforas são poderosas ainda que sutis. Elas moldam o que fazemos. Frases metafóricas como "Mais é melhor", “Nós somos o número um", e "Conhecimento é poder" influenciam nossos pensamentos. George Lakoff e Mark Johnson, em “Metaphors We Live By” [Metáforas pelas quais vivemos] identifica uma metáfora que afeta a forma como muitos vivem hoje: "Tempo é dinheiro". Essa metáfora que compara o tempo a uma mercadoria tem gerado inúmeras maneiras de falar que raramente questionamos: "Como você investe o seu tempo?", “Perda tempo:", " você vai economizar tempo, se..." Essas metáforas econômicas afetam nossas atitudes e comportamentos, mesmo que o dia tenha sempre a a mesma quantidade de tempo. O tempo não pode ser economizado, perdido ou gasto; o tempo simplesmente existe.

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February 27, 2013


O significado de metáfora é exemplificado nas Escrituras. Por meio de numerosas figuras de linguagem, muitas das quais encontradas no Evangelho de João, entendemos melhor o caráter do nosso Senhor. Ele é o Bom Pastor, a Videira, o Pão da Vida, a Água da Vida, a Porta ou Portão, o Cordeiro de Deus, o Alfa e o Ômega, o Caminho, a Verdade e a Vida. Na realidade, Jesus não é nenhuma dessas coisas, mas, metaforicamente, ele é todas elas. Lakoff e Johnson reconhecem o papel da metáfora quando afirmam: "O que nós experimentamos e o que fazemos todos os dias é muito mais uma questão de metáfora .... Simplesmente pensamos e agimos de forma mais ou menos automática em uma determinada direção”. Se a observação dele é coerente, as metáforas influenciam não só a nossa compreensão de Jesus, mas também os nossos ministérios. Este capítulo considera vários aspectos metafóricos sobre o ministério com crianças: metáforas para o ensino - algumas históricas e algumas atuais - essas são " micro-metáforas " porque se referem à relação de um professor com o seu grupo de crianças; metáforas sobre o ministério com crianças em si, que são " macro-metáforas", já que representam o ministério inteiro; as causas e implicações dessas metáforas. Nenhuma metáfora, micro ou macro, representa perfeitamente um ministério em ação. No entanto, conclusões úteis surgem quando são identificadas as metáforas de um contexto, portanto elas são importantes. As metáforas são importantíssimas.

Um exercício com metáforas relativas ao ensino Durante vários anos Scottie viajou como consultora educacional para igrejas. Ela realizou workshops e seminários para treinar voluntários nos ministérios educacionais. Muitas vezes ela incluia um exercício envolvendo micro metáforas-metáforas para o professor, o aluno e o programa de estudos ou os materiais. Há uma descrição deste exercício a seguir; você pode querer experimentá-lo com a sua igreja. O aluno Scottie pede professores voluntários da escola dominical para identificar metáforas comuns para o aluno ou estudante. Quase sempre, "esponja" é a primeira metáfora identificada. Seguida de “folha em branco”, copo vazio ou navio, argila, e até cimento molhado (a partir do título de um livro de 1981, Children Are Wet Cement [Crianças são cimento molhado]. De igreja em igreja, as respostas têm sido incrivelmente consistentes. Ela faz, então, uma lista das respostas no lado esquerdo do quadro-negro. A pergunta seguinte é: "O que todas essas coisas têm em comum?" Alguém responde: “Elas podem ser moldadas” . Alguém pode acrescentar: "Elas estão incompletas", ou "Elas precisam ser preenchidas" Finalmente, alguém diz: "Todas elas são objetos passivos." Na verdade, elas são. Não só isso, elas são objetos inanimados. (É verdade que até certo ponto uma esponja vegetal está viva, mas não quando é usada). Essas metáforas para os alunos são comuns na história literária da educação, e em parte são verdadeiras. Mas um aluno, independentemente da idade, é muito mais do que um objeto passivo e inanimado. Se Lakoff e Johnson estão certos sobre o poder da metáfora, quais poderiam ser as implicações no processo de aprendizagem se os professores em nossas igrejas vissem os alunos antes de Texto traduzido com permissão do livro Children Matter

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tudo como esponjas? Estaria implícito nessa visão que os alunos sentam-se e absorvem o que está sendo ensinado. Scottie então pergunta aos professores se essas metáforas são bíblicas. Após reflexão, eles percebem que as pessoas normalmente não são retratadas dessa maneira nas Escrituras. (É certo que a argila é uma metáfora da Escritura. Mas o contexto é diferente para esta metáfora: nós somos barro, e Deus é o oleiro - Isaías 64:8. É muito diferente imaginar um professor como um oleiro). A Bíblia usa palavras como ovelhas, plantas, sementes, peregrinos - coisas que estão vivas, crescendo, e ativas. A palavra “Discípulo” não é usada nas Escrituras para se referir diretamente às crianças, mas está subentendido em todas as páginas dos dois Testamentos que Deus deseja que seus filhos o sigam e obedeçam-no - para se tornarem discípulos. A Escritura frequentemente refere-se a alunos de todas as idades como crianças - em outras palavras, pessoas. No exercício, uma lista de metáforas como essas - ovelhas, sementes/plantas, peregrinos, discípulos, pessoas - vão no lado direito do quadro. Em seguida, vêm algumas perguntas: Será que eu ensino "peregrinos" da mesma maneira que eu iria ensinar "esponjas"? Que diferença faz se eu imagino os meus alunos como passivos, esponjas inanimadas ou como ativos, seres vivos? Quais são as atividades voltadas para esponjas? Como são as atividades voltas para peregrinos? Essa considerações são importantes? Se pensarmos sobre o que estamos tentando fazer - ajudar as crianças que querem se tornar seguidoras de Jesus - precisamos vê-las como peregrinos, diferentes de esponjas. Os peregrinos são pessoas em uma viagem que tem um grande propósito. O propósito dos cristãos é ser, ao longo da vida, seguidores de Jesus. Se enxergarmos as crianças como esponjas, esperamos que elas sentem-se com suas bocas fechadas enquanto "absorvem" a Bíblia. Se vemos como peregrinos, ajudaremos as crianças a entrarem na história e interagir com ela de várias maneiras. Estas diferenças têm importância, não só porque queremos que as crianças amem o Senhor Jesus, mas também porque queremos que elas amem a história Delea Bíblia. O professor O mesmo processo acontece com metáforas para o professor. O lado esquerdo do quadronegro é preenchido com palavras como especialista, autoridade, chefe, controlador e avaliador. No lado direito as palavras representam uma visão diferente do professor: pastor, agricultor ou jardineiro, peregrino companheiro, guia, amigo. Em que o papel do professor apresentado à esquerda difere do da direita? Qual dever ser a diferença nas relações entre o professor e o aluno nas duas colunas? Qual o impacto que isso poderia ter sobre a dinâmica de aprendizagem? As metáforas do lado esquerdo do quadro indicam que o professor controla ou age sobre o aluno, enquanto as metáforas do lado direito evidenciam uma relação interativa que orienta em vez de controlar o processo de aprendizagem. Algumas metáforas indicam uma relação de companheirismo mas também que a experiência de vida e maturidade do professor o colocam

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à frente da caminhada. As metáforas da direita aparecem mais de acordo com os relatos bíblicos de como o Senhor Jesus relacionava-se com os seus seguidores. Os recursos do programa de estudo O último componente de ensino considerado neste exercício são os recursos curriculares ou material a ser utilizado. Os voluntários, geralmente, ficam divididos quando perguntados sobre o currículo: sua função é de projeto ou de roteiro? Ao considerarem as diferença entre essas duas metáforas, logo fica evidente que a primeiro vai à esquerda e o último à direita. Porque? O projeto deve ser seguido com precisão, ou o produto final não será o que o arquiteto planejava. No entanto os planos de aula devem ser usados, preferencialmente, como roteiro. Um ponto de partida é fornecido, bem como o destino desejado, mas o professor tem opções de quais caminhos tomar para chegar ao destino. O percurso escolhido pode ser preciso, ou seja, uma via expressa eficiente seguindo o plano de aula. Ou pode incluir passeios por rotas sinuosas para ver novas paisagens - por exemplo, adicionando experiências criativas que podem melhorar o conhecimento dos alunos e o discernimento. As colunas no quadro negro devem parecer-se com a figura 1.1 da página 5. O aprendizado pode acontecer em qualquer conjunto de micro-metáforas. Nenhum ministério é capaz de aderir completamente ao modelo sugerido por qualquer uma destas colunas. Às vezes, a aprendizagem deve ser passiva, mas a maior do tempo deve ser ativa. Os ministérios geralmente oscilam entre as duas. O líder do ministério infantil deve discernir quando é mais adequado utilizar uma dessas experiências na aprendizagem. As metáforas da Escritura tendem a ser ativas e vinculadas ao aluno e ao professor: se os alunos são vistos como ovelhas, o professor é um pastor; se o professor é o jardineiro ou agricultor o aluno é sementes ou plantas; peregrino ligado ao seu companheiro, e o discípulo com seu guia. A metáfora semente/agricultor ao ser explorada produz conhecimentos significativos. Se o objetivo do agricultor é produzir uma cultura, qual é o papel dele durante o processo? Preparar o solo, adubar, águar as sementes e plantas, e controlar as ervas daninhas. No entanto, o agricultor não pode fazer com que a semente cresça. O crescimento vem de dentro da semente. O agricultor só pode preparar o ambiente para facilitá-lo. Isso está relacionado significativamente com o papel daqueles que ministram com crianças. Quando professores voluntários levam em consideração as metáforas e as suas influências, eles começam a enchergar as implicações que elas têm na sua forma de ensino. Algumas atividades de aprendizagem - como lição “preencha as lacunas”, artesanatos pré-formatados, decifrar versos de memória e palavras cruzadas da Bíblia - tendem a não incentivar as crianças a trabalhar duramente com o significado e aplicação dos textos bíblicos. Professores sábios utilizam, com moderação, tais atividades. Quando munido por metáforas ativas, o ensino oferece aos alunos a interação contínua com o ambiente de aprendizagem. Está reconhecido que crianças aprendem melhor por meio de experiências que possam fazer sentido, e que elas precisam se sentir valorizadas e aceitas. Queremos que as crianças percebam que a Bíblia é um livro real sobre o envolvimento de Deus na vida de pessoas reais que Ele criou e amou, que fizeram coisas reais em um lugar real em um determinado momento. Estes conceitos são semelhantes aos peregrinos. A aprendizagem Texto traduzido com permissão do livro Children Matter

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na qual professores e alunos são companheiros de jornada pode parecer um pouco estranha, no entanto, para a maioria das pessoas envolvidas no ministério infantil.C Figura 1.1. Metáforas e modelos de aprendizagem Metáforas passivas Esponja Papel em branco Copa sujo Argila Cimento molhado

Metáforas ativas Ovelha Semente ou planta Peregrinos Discípulos Crianças/pessoas

Professor

Especialista Autoridade Chefe Avaliador

Pastor Fazendeiro ou jardineiro Companheiro de jornada Guia

Projeto de estudos

Projeto

Roteiro

Pontos fortes

Familiar

Ênfase no processo de crescimento Suporte à aprendizagem por experiências Incentiva a criatividade

Aluno

Fácil acesso Parece ser mais eficiente Foco no conteúdo Aprendizagem mais objetiva

Pontos fracos

Memorização Menos oportunidade para criatividade Pouca atenção individual Proporciona pouca reflexão Suger acomodação

Foca na aplicação Parece ser mais eficaz para alguns Seems to value learners more highly Menos familiar Difícil avaliação Menos eficiente No início, a capacitação do pessoal é difícil O aprendizado parece ser mais subjetivo

Parte B deste capítulo trata das metáforas relacionadas aos modelos de programas na educação cristã de igrejas evangélicas em geral.

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