revista 29HORAS - ed.19 - maio 2011

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Eduardo Moscovis, ou simplesmente Du Moscovis, já fez a parcela feminina dos telespectadores suspirar encarnando o mocinho de novelas e minisséries. Tudo começou em 1992, quando ele interpretou o charmoso cigano Tibor, de Pedra sobre pedra, e não parou mais. Depois se viu na pele de galãs diversos em grandes tramas de amor e experimentou ser bandido como o inescrupuloso político de Senhora do destino, de Aguinaldo Silva. A partir daí emendou um personagem no outro, em ritmo alucinante. Em 2005, depois de protagonizar Alma gêmea, de Walcyr Carrasco, uma das maiores audiências do horário das 18h da Globo, Du teve aquele estalo que desde o Padre Vieira leva a mente dos talentos a ter a revelação: abriu mão de seu contrato com a emissora em um processo de transformação interna. E pulou fora, para enfrentar difíceis mas recompensadores desafios na sua vida profissional. “Estava ficando sem perspectivas, não conseguia mais trocar com as pessoas”, ele diz. “A grande exposição na TV e a velocidade da internet têm um ônus alto. Há muita banalização. Então, parei para me perguntar: onde somos colocados nesse balaio? Senti vontade de ficar mais livre, me sentir mais ator, mais disponível. Precisava dar uma parada para o bem geral de todos os que conviviam comigo”. Du tirou o rosto da TV e não saiu das artes cênicas. Mergulhou no teatro, que sempre foi a base de sua carreira. Corte seco, que consumiu seis meses de ensaios diários, ficou um ano em cartaz, rendendo-lhe muitas viagens e festivais. Estreou há pouco O livro, seu primeiro monólogo, com texto de Newton Moreno e direção de Christiane Jatahy. A peça, que virá a São Paulo nos próximos meses, é bastante intimista e se passa em um quarto, onde o personagem perde a visão depois de receber um livro. Para Du, o texto tem muito a ver com o seu atual momento, “mais introspectivo, desarmado e com desejo de processar todas essas verdades”. No final de 2010, nova vivência: estreou no Saia justa, da GNT, como um dos homens convidados num programa pilotado só por mulheres. A experiência deu tão certo que decidiu-se prorrogar sua participação até o final deste ano (os outros dois homens nesse clube das lulus são o jornalista Xico Sá e o ator Dan Stulbach, que se alternam a cada semana). Du vem a São Paulo uma vez por mês para gravar e diz que está adorando a experiência. “Pela primeira vez interpreto a mim mesmo. E acho muito interessante ter esse olhar masculino num programa só de mulheres. Como os homens são diferentes, tudo fica muito rico e diversificado”. Nesse intervalo de seis anos longe da TV, o carioca Du Moscovis também fez muito cinema – uma sequência de filmes. Um dos mais marcantes foi Amor?, de João Jardim – diretor também de Pro dia nascer feliz – , que estreou em

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“a grande exposição na TV e a velocidade da web cobram um alto ônus. Há muita banalização. parei pra perguntar: onde fico eu nesse balaio?”

abril e aborda diferentes relações em oito depoimentos de personagens, interpretados por um elenco que inclui Júlia Lemmertz, Ângelo Antonio, Mariana Lima e Lilian Cabral. “Fiquei muito mexido com a direção, com os diálogos e com a própria atuação dos atores. Eu me identifico com todos eles”, diz Moscovis. Outro trabalho importante foi

No alto, na peça Por uma vida um pouco menos ordinária, espetáculo que marcou o início dessa nova fase transformadora, e acima, no filme Amor?, de João Jardim, recém-lançado em circuito nacional


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